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16 dezembro 2024

Programação de final e início de ano (2024-2025)

Programação de final e início de ano (2024-2025)

Considerando a necessidade de férias, faremos uma pausa nas atividades da Igreja Positivista Virtual entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025. Entretanto, isso não equivale a ausência total de atividades; eis a nossa programação para esse período:

 

  • 16 de Bichat (17.12): última prédica positiva de 170 (2024) (às 19h)
  • Segundo dia neutro (31.12): celebração da Festa das Mulheres Santas, por Hernani G. Costa (às 19h)
  • 1º de Moisés (1.1): celebração da Festa da Humanidade (às 19h)
  • 19 de Moisés (19.1): celebração do nascimento de Augusto Comte (1798) (às 19h)
  • 7 de Homero (4.2): início das prédicas positivas em 171 (2025) (às 19h)

01 janeiro 2024

Celebração da Festa da Humanidade (170/2024)

No dia 1º de Moisés de 170 (1.1.2024) celebramos a Festa da Humanidade.

Tal celebração foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://l1nq.com/Jxnmz) e Igreja Positivista Virtual (aqui: https://l1nk.dev/60V4k).

As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*    *    *


Celebração da Festa da Humanidade – 170 (2024)[1] 

-        Ela é a mais importante festa do Positivismo, celebrando o verdadeiro ser supremo, a nossa verdadeira providência, o objeto contínuo de nossa devoção, nossos pensamentos e nossas ações

o   A celebração da Festa da Humanidade é ao mesmo tempo fácil e difícil

o   Há muito a ser falado em homenagem à nossa deusa – e, por isso mesmo, corremos o risco de sermos ingratos ao deixarmos de mencionar algum aspecto mais ou menos central, ou mesmo algum aspecto secundário

o   A data específica da Festa da Humanidade – dia 1º de Moisés, primeiro dia do ano – também é plena de referências e possibilidades:

§  Após a celebração da Festa Geral dos Mortos, na véspera, em que celebramos a subjetividade que vem antes de nós, celebramos hoje a grande continuidade humana

§  No calendário positivista concreto, o dia de hoje é consagrado a Prometeu, figura mitológica que, embora mitológica, integrando o panteão grego, aceitou sacrificar-se pelo bem da Humanidade

·         Com Prometeu temos o culto fetichista do fogo – culto que é espontaneamente rememorado todos os anos, com os fogos de artifício celebrando a esperança, a renovação e a permanência da vida, a busca de paz e prosperidade[2]

·         Além disso, cada vez mais o espetáculo dos fogos de artifício assumem um caráter mais de luzes e menos de barulho, indicando ao mesmo tempo a iluminação e o respeito aos nossos auxiliares animais e aos seres humanos mais frágeis (os autistas)

§  No calendário positivista abstrato, hoje se inicia o mês dedicado precisamente à Humanidade, com o vinculo mais universal possível, o religioso

o   Em face das inúmeras possibilidades, temos que nos resignar em falar de algumas coisas e em deixar algumas outras de lado

§  Aquilo que não citamos, não é citado por desleixo, mas por impossibilidade prática

-        Comecemos então nossa pequena celebração relembrando as palavras pronunciadas pelo apóstolo positivista inglês Richard Congreve na Igreja Positivista de Londres em todas as suas Festas da Humanidade – palavras repetidas por Miguel Lemos aqui no Brasil e, depois, também por Alfredo de Moraes Filho, de modo que nos orgulhamos de restabelecer e integrar uma tradição cultual que tem mais de 150 anos: 

Prece à Humanidade (Richard Congreve)

Com todos os centros de nossa fé onde quer que existam, com todos os seus discípulos esparsos, com os fiéis de todas as outras religiões ou crenças quaisquer, monoteístas, politeístas ou fetichistas, subordinando todas as distinções secundárias ao laço exclusivo de uma aspiração religiosa comum; com toda a raça humana, isto é, com o homem, onde quer que se ache e qualquer que seja a sua condição, subordinando também todas as distinções secundárias ao laço único de nossa comum Humanidade; com as raças animais que foram, durante a longa e trabalhosa ascensão humana, os nossos companheiros e auxiliares, como ainda o são; — estejamos hoje, nesta festa da Humanidade, unidos por uma consciente simpatia.

E não somente com os nossos contemporâneos que devemos hoje estar em comunhão simpática, mas também e sobretudo com essa parte preponderante de nossa espécie que representa o Passado. Comemoramos com reconhecimento os serviços de todas essas gerações que nos legaram o fruto de seus labores, desejando transmitir esta herança aumentada aos nossos sucessores. Nós aceitamos o jugo dos mortos.

Comemoramos também com gratidão todos os serviços de nossa Mãe comum, a Terra, o planeta que nos serve de morada, e com ela o orbe que forma o Sistema Solar, o nosso Mundo. Não separemos desta última comemoração a do meio em que colocamos esse sistema, o Espaço, que foi sempre tão propício ao homem, e que está destinado, mediante uma sábia aplicação, a prestar-lhe ainda maiores serviços, pois que ele se torna a sede reconhecida da abstração, a sede das leis superiores que coletivamente constituem o Destino do homem, e como tal introduzido em toda a nossa educação intelectual e moral.

Do presente e do passado estendamos as nossas simpatias ao porvir, às gerações futuras que com sorte mais feliz nos sucederão sobre a Terra; tenhamo-las sempre presentes ao nosso espírito a fim de completar a concepção da Humanidade, tal como nos foi revelada pelo Fundador de nossa Religião, pela plena aceitação da continuidade que constitui o seu mais nobre característico.

A memória, do maior dos servidores da Humanidade, Augusto Comte, e a dos seus três anjos – Rosália, Clotilde e Sofia – ocorre naturalmente nesta sua máxima festa, consagrada à glorificação de todos os que a têm servido.

Oh! O mais sábio e o mais nobre dos Mestres! Possamos nós, que nos proclamamos teus discípulos, animados pelo teu exemplo, sustentados pela tua doutrina, guiados pelas tuas teorias, vencer todos os obstáculos, que a indiferença ou a hostilidade semeia no nosso caminho; possamos nós no meio desta época revolucionária, sem nos deixar degradar por qualquer esperança de recompensa, nem nos desviar por qualquer insucesso dos nossos esforços, num espírito de submissa veneração, levar por diante a grande empresa a que consagraste a tua vida, a empresa da regeneração humana, por meio e no seio do culto sistemático da Humanidade.

 -        Como observou com grande simplicidade e correção o Almirante Moraes, “A concepção religiosa da Humanidade supõe duas noções fundamentais – a teoria dos entes coletivos e a personificação suprema da Humanidade no tipo materno, a fim de que o mesmo se torne um verdadeiro centro de nossa unidade moral e social”

o   A teoria dos entes coletivos indica que a Humanidade é um ser composto e que, como tal, ela desenvolveu-se ao longo do tempo

§  Os primeiros embriões da Humanidade aconteceram – como acontecem continuamente, todos os dias – nas famílias, que criaram as condições de existência dos seres humanos, proporcionando o abrigo material, intelectual e, acima de tudo, moral e afetivo

§  Com o aumento do tamanho das famílias e suas contínuas inter-relações, surgiram associações maiores, como as tribos e os clãs, passando afinal para as pátrias

§  As pátrias, por sua vez, têm por base a divisão do trabalho prático

§  À medida que as pátrias cresceram e desenvolveram-se, seus grandes pensadores sempre prenunciaram os vínculos universais, independentemente de tempo e espaço, de nacionalidade e de etnia

§  Depois dos tempos das guerras, em que as famílias e as pátrias bateram-se longamente, o tempo da paz universal, da cooperação e da convergência chegou há cerca de 170 anos, quando se afirmou afinal a plena universalidade humana, necessariamente pacífica

o   Por outro lado, embora a Humanidade seja verdadeiramente a única realidade para o ser humano, ela só pode existir e atuar por meio de agentes concretos, os seus servidores

§  Assim, a Humanidade é o conjunto dos seres humanos convergentes passados, futuros e presentes

§  A Humanidade atua e beneficia todos, mas nem todos os seres humanos integram-na efetivamente: aqueles que não são convergentes, aqueles que não cooperam de fato para o benefício coletivo não integram, ou melhor, não podem ter a esperança de um dia merecerem integrar a Humanidade

o   Um ser digno de veneração, de conhecimento, de atividade, de gratidão tem que ser, por si só, moralmente superior

§  Para o ser humano, a moralidade é maior e mais elevada nas mulheres, que, a esse respeito (como em muitos outros), são superiores aos homens

§  A definição positiva de moralidade é o desenvolvimento da ternura, isto é, o desenvolvimento do altruísmo, do amor, e a pureza, ou seja, a compressão do egoísmo

§  Assim, a figura da Humanidade é necessariamente de uma mulher, o que equivale a dizer que o Grão Ser positivo é uma deusa

§  A Humanidade é uma mulher na faixa de 30 anos, carregando em seu colo um bebê, ou seja, o futuro

§  Com isso, todos temos uma figura amorosa facilmente reconhecível, capaz de organizar e orientar nossos sentimentos, nossos pensamentos e nossas atividades

-        Do que vimos rapidamente, a Humanidade é uma concepção intelectual e moral; ela é nossa verdadeira providência

o   A Humanidade é nossa verdadeira providência porque é ela que fornece tudo ao ser humano em todos os momentos de suas vidas: sentimentos, idéias, colaboração no tempo, colaboração no espaço, recursos variados

§  Os seres humanos individuais restituem à Humanidade muito pouco do que recebem ao longo de suas vidas – e só se pode falar de verdade em restituições se elas forem úteis

§  A Humanidade, então, é a verdadeira “filha de seu filho”: cada um de nós só existe devido a ela, mas, inversamente, ela precisa dos esforços (altruístas) de cada um de nós para existir, manter-se e desenvolver-se

o   A providência humana atua sempre cada vez mais ao longo do tempo, na continuidade, que meramente na colaboração simultânea da solidariedade

o   A providência humana é múltipla:

§  Acima de tudo, ela é moral, ao dar-nos valores, ao indicar-nos o que é bom e correto

§  Ela é afetiva, ao dar-nos os sentimentos que constituem o fundo de nossas existências e que tornam nossas vidas dignas de serem vividas

§  Ela é intelectual, ao fornecer-nos idéias e conceitos, conhecimentos e habilidades, a começar pelas línguas com que nos comunicamos e todas as concepções que permitem que entendamos o mundo e atuemos nele

§  Ela é artística, ao oferecer-nos as imagens e as idealizações que sugerem e indicam como e quanto o ser humano e o mundo podem e devem ser melhores

§  Ela é prática, ao oferecer-nos a infraestrutura de que desfrutamos, as técnicas que empregamos para melhorar o mundo

o   Assim, é à Humanidade que devemos todos nós ser gratos

§  Quem agradece às divindades temporárias exercita a gratidão, o que é um exercício moral importante em si mesmo

§  Mas quem atualmente agradece às divindades temporárias na prática comete o erro moral e intelectual da ingratidão, ao desconsiderar (ou desprezar) a verdadeira providência e valorizar seres fictícios, para quem, aliás, o ser humano de nada vale

-        Para concluir esta celebração da Festa da Humanidade, as invocações lidas na Igreja Positivista do Brasil são mais uma vez tão belas quanto oportunas: 

Em nome da Humanidade:

O amor por princípio, e a ordem por base; o progresso por fim.

Tens, Senhora, tão grande potestade,

Que quem a graça quer e a Ti não corre

Sem asas voar lhe quer a vontade.

A tua benignidade não socorre

A quem T’implora só; com caridade

Freqüentemente à súplica precorre.

Em Ti misericórdia;

Em Ti piedade;

Em Ti magnificência;

Em Ti concorre

Tudo quanto no mundo

Há de bondade.

Ó Virgem-mãe, filha do teu filho!

A Ti, mais do que a nós mesmos,

Amemos sem cessar;

E a nós somente

O puro amor de Ti

Nos faça amar.

Ergamos os nossos corações à Humanidade e lhe testemunhemos o reconhecimento de que nos sentimos repletos pelos ensinamentos que acabamos de receber. Que estes frutifiquem em nossas almas e que, ao deixarmos esta prédica, levemos a resolução feita de dedicar todos os nossos esforços a auxiliar em nós e nos outros a vitória final do altruísmo sobre o egoísmo.

Rendamos graças especiais ao nosso Mestre, Augusto Comte, e à sua imaculada inspiradora, Clotilde de Vaux, aos quais devemos a sistematização da Humanidade e de sua sublime doutrina.

Que a tua palavra de vida, ó santa Humanidade, seja não somente bem aceita e compreendida, mas antes de tudo aplicada com zelo a todos os atos de nossa vida privada e pública.

Assim seja.



[1] Algumas fontes consultadas para auxiliar na elaboração desta celebração:

- Richard Congreve: “Prece à Humanidade” (Rio, 1936).

- Augusto Comte: “A Humanidade – extratos do Catecismo positivista” (Rio, 1936).

- Alfredo de Moraes Filho: “Humanidade– a deusa do futuro” (Rio, 1982). A sugestão desse discurso foi feita por  meu amigo Hernani Gomes da Costa.

[2] A lembrança dos fogos de artifício como um culto espontâneo do fogo também foi feita por meu amigo Hernani.

31 dezembro 2023

Cinco livros positivistas agora disponíveis na internet

Acabaram de ser incluídos no portal Internet Archive cinco livros positivistas, apresentando vários temas: a carreira de Augusto Comte, o relacionamento de Augusto Comte e Clotilde de Vaux, celebrações da Festa da Humanidade, sacramentos positivistas.

- Raimundo Teixeira Mendes: O ano sem par

- José Longchampt: Epítome da vida e dos escritos de Augusto Comte

- Richard Congreve: Prece à Humanidade

- Richard Congreve: Sacraments of the Religion of Humanity

- Alfredo de Moraes Filho: Humanidade, a deusa do futuro


01 abril 2022

Palavras na Festa da Humanidade

No dia 1º de Moisés de 168-234 (1.1.2022), por ocasião do lançamento da Rede Humanidade, tive a oportunidade e a honra de celebrar a Festa da Humanidade, falando algumas palavras naquele momento. Ainda assim, considerando o tempo extremamente exíguo que me foi assignado (15 minutos), pude apenas comentar algumas poucas coisas.

As anotações abaixo constituem o guia dessa minha rápida celebração.

*   *   *

Celebração da Festa da Humanidade

(1º de Moisés de 168-234)

 -        É uma alegria e uma honra participar do evento de lançamento da Rede Humanidade

-        É igualmente uma honra falar após o meu amigo Hernani, que fez uma bela celebração da Festa Geral dos Mortos do ano anterior

-        A presente celebração da Festa da Humanidade – que, aliás, é a maior e mais importante festa da Religião da Humanidade – é importante pelo menos por dois motivos:

o   é o início de um novo ciclo na celebração em si, após décadas de interrupção;

o   é um novo ciclo que se inicia com a Rede Humanidade

-        A Humanidade é o nosso Grão Ser, a nossa deusa

o   ela é real, histórica e composta

o   acima de tudo, ela é subjetiva e amorosa

-        Nós agradecemos os serviços prestados pelos antigos seres supremos, que foram transitórios e preparatórios, mas agora afirmamos o único e verdadeiro Grande Ser, a real providência humana

o   os antigos seres supremos foram necessários como guias temporários na longa evolução humana

o   esses antigos seres supremos são transitórios porque são fictícios e absolutos

-        Rendendo graças à Humanidade, esforçamo-nos cotidianamente para sermos dignos de incorporação a ela após nossas transformações

o   a incorporação é sempre voluntária e ocorre sete anos após a transformação, mediante pedido expresso do servidor, confirmado pela sua família e depois de uma rigoroso escrutínio moral, intelectual e prático

o   a incorporação une subjetivamente os servidores à Humanidade, que, assim, consagra a memória dos serviços prestados

22 setembro 2020

Richard Congreve: "Prece à Humanidade"

Está disponível no portal Archive.org o opúsculo comemorativo intitulado Prece à Humanidade, escrito pelo positivista inglês e apóstolo da Humanidade Richard Congreve (1818-1899), juntamente com uma prece do também positivista e apóstolo da Humanidade, o brasileiro Miguel Lemos (1854-1917).

Essa edição foi publicada em 1936; as preces foram elaboradas para serem lidas publicamente na Festa da Humanidade, que ocorre sempre no dia 1º de Moisés (a que corresponde o dia 1º de janeiro, no calendário júlio-gregoriano).

São dois belos exemplos de uma espiritualidade humanista e secular.

O opúsculo pode ser lido aqui.


Richard Congreve


Miguel Lemos


01 janeiro 2016

1º de janeiro - Festa da Humanidade

No dia 1° de janeiro - ou dia 1° de Moisés, no calendário positivista - comemora-se a Festa da Humanidade, que é a festa maior do Positivismo. 

A Humanidade é o conjunto de seres humanos convergentes, passados, futuros e presentes; ela é nossa verdadeira providência, pois todos os nossos recursos (morais, sociais, intelectuais) só são possíveis graças à ação da Humanidade, que evolui com o passar do tempo. 

Sermos dignos de integrarmos a Humanidade é o supremo ideal de todos os Positivistas; desenvolver o altruísmo, comprimir o egoísmo, promover as atividades pacíficas em prol do bem comum: eis o que a Festa da Humanidade resume.



Cartaz gentilmente elaborado por João Carlos Silva Cardoso.

02 janeiro 2011

1º de janeiro - Festa da Humanidade

A Humanidade

Autor: Eduardo Sá.

Fonte: Auguste Comte et le Positivisme (http://membres.lycos.fr/clotilde/images/humanity.jpg).


O ano novo não é apenas a mudança de ano, alterando um pouco nosso calendário. O dia 1º de janeiro é mais que isso: é o dia da fraternidade universal, a Festa da Humanidade.


O ano novo faz-nos pensar no que fizemos e no que podemos fazer. Conhecendo o passado, preparamos o futuro, ao melhorar o presente.


Assim, desejo um 2011 com paz, justiça e prosperidade: com amor, ordem e progresso.

04 janeiro 2007

Palavras na Festa da Humanidade

Festa da Humanidade

(1º de Moisés – 1º de janeiro)

“Nós cansamo-nos de agir e até de pensar, mas jamais nos cansamos de amar” (Augusto Comte).

O dia 1º de Moisés no calendário positivista concreto, a que corresponde o dia 1º de janeiro no calendário júlio-gregoriano, é a data da festa maior do Positivismo; é quando se comemora a festa da Humanidade.

A Humanidade é o símbolo do Positivismo, é nosso Ser Supremo, é a síntese de nossas aspirações. Esse Ser Supremo, embora seja abstrato, é real; como sabemos, ele é composto pelo conjunto dos seres humanos convergentes do passado, do futuro e do presente. Ou melhor: do passado e do futuro, pois os seres do presente, aqueles que vivem – nós – podemos apenas aspirar a sermos incorporados à Humanidade.

Todos somos servidores da Humanidade: todos contribuímos de alguma forma com o bem-estar moral, intelectual ou material do conjunto da sociedade. Sem dúvida que há diversos indivíduos que vivem apenas para si ou que vivem sem se preocupar com seus irmãos, seus semelhantes; além disso, há aqueles que, ao invés de procurarem melhorar a vida, procuram piorar as coisas, aumentando a miséria, o sofrimento, a dor: nem os primeiros nem os segundos integrarão a Humanidade.

O ser humano tem uma natureza mista, ao mesmo tempo boa e má, ou melhor, egoísta e altruísta. Diferentemente do que dizia São Paulo, o ser humano não é mal por natureza e bom apenas pela graça divina; na verdade, séculos de observação atenta indicaram e demonstraram que o ser humano possui pendores egoístas e pendores altruístas: todos temos que comer, todos temos nossos projetos pessoais e a maior parte das pessoas quer constituir famílias: esses são alguns dos pendores egoístas. Eles são mais ou menos disciplináveis, são mais ou menos passíveis de servirem a objetivos altruístas, mas nem por isso deixam de ser egoístas. O que ocorre é que isso não esgota as potencialidades do ser humano e não nos impede de sermos altruístas, ou seja, de realizarmos ações boas pelo desejo de sermos gentis, educados ou, simplesmente, generosos. A palavra “egoísmo” vem de outra, “ego”, que significa “eu”: egoísmo é preocupar-se consigo mesmo. “Altruísmo” vem de “alter”, “outro”: o altruísmo é preocupar-se com os outros. É claro que não é possível alguém não se preocupar consigo mesmo, pois todos temos que viver, mas isso não quer dizer que nossas vidas esgotem-se em si mesmas, que devamos preocuparmo-nos apenas conosco, em desconsideração com os demais.

Viver é agir, é realizar; mesmo quando não fazemos nada realizamos alguma coisa. Viver em sociedade exige esforços ativos e contínuos; as ações, para realizarem-se, exigem o conhecimento da realidade, o conhecimento de como as coisas são e de como elas podem vir a ser. Devemos sempre sonhar, devemos ter metas e projetos – mas esses projetos, para realizarem-se, devem ser, antes de tudo, possíveis: conhecer a realidade é uma exigência, não um luxo. Da mesma forma, a ação e o conhecimento nunca se dão gratuitamente, pois que são sempre motivados pelos nossos pendores, nossos sonhos, nossos desejos. Daí a importância de desenvolvermos o altruísmo ao máximo e disciplinarmos o egoísmo. Como diz a sabedoria popular, “o amor é a única coisa que aumenta quando é dividida”.

Quando alguém nasce, surge em um mundo que lhe dá tudo: a própria vida, amor, carinho, cultura, língua. É certo que lhe dá também dor, sofrimento, dificuldades de toda ordem: mas o fato é que sozinho não tem nada e qualquer coisa que deseje conseguirá apenas com o apoio dos demais. De modo geral, até a maioridade somos dependentes de nossos pais; a partir dos 18 anos – antes eram 21 – somos responsáveis por nós mesmos e, a partir de certo ponto, por nossas famílias. Ora: até os 18 anos continuamos consumindo, sem repor nada – embora as alegrias domésticas sejam muito grandes! Depois dos 18 anos passamos a retribuir tudo aquilo que recebemos – mas será que em algum momento conseguimos devolver, de verdade, o que recebemos? É difícil. São de fato poucos os que conseguem devolver alguma para os demais. Essa situação de “dívida objetiva” – para com nossos antepassados e também para com nossos contemporâneos – implica que o dedicar nossas vidas para melhorar a vida das outras pessoas, o “viver para outrem” é tanto uma necessidade social como uma regra moral.

Será possível sermos obrigados a sermos altruístas? Será “bom”? Uma escritora francesa do século XIX, cuja vida foi muito dura, dizia que “nada excede aos prazeres da dedicação” e que “não existe nada de real exceto amar”: curiosamente, a ação altruísta traz uma satisfação pessoal que nenhuma ação egoísta produz!

A Humanidade é a nossa verdadeira providência, pois ela dá-nos tudo de que precisamos: afeto, conhecimentos, alimentos. Mas dar tudo não significa fazer qualquer coisa, não significa não obedecer a regras: a Humanidade não é um ser caprichoso e voluntarioso; não é um ser que “escreve certo por linhas tortas”. A Humanidade é um ser verdadeiro, real, que se realiza por meio da ação de seus filhos, dos seres humanos reais; como dizia um poeta do renascimento, “ela é filha de seu próprio filho”. Assim, enquanto existirem seres humanos, existirá a Humanidade, mas cessada a vida humana, a Humanidade deixará também cessará. Sua existência submete-se às leis naturais – da Astronomia, da Física, da Química, da Biologia, da Sociologia, da Moral – como qualquer ser vivo, apenas com a diferença de que a Humanidade mantém-se ao longo do tempo, com os seres humanos.

O mundo – aí incluído, sem dúvida, o Brasil – passa por problemas enormes, cujas dificuldades aumentaram em virtude da chamada “globalização”; o fanatismo, a ignorância, a irresponsabilidade têm aumentado ao extremo nos últimos anos, a serviço de interesses egoístas e mesquinhos, além de seres fantasioso; apenas ações claramente humanas, altruístas e esclarecidas, por meio da ação conjunta, sinérgica, das diversas forças das sociedades, poderão resolvê-los.

Em outras palavras, o ideal supremo é amar, conhecer e servir a Humanidade. Feliz festa da Humanidade!