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12 fevereiro 2025

Hernani Gomes da Costa: o identitarismo como problema de classificação?

No dia 14 de Homero de 171 (11.2.2025) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores.

No sermão, nosso amigo Hernani Gomes da Costa abordou o seguinte tema: as dificuldades do identitarismo constituem um problema de classificação?

A prédica foi transmitida exclusivamente no canal Positivismo, aqui: https://www.youtube.com/watch?v=1dPo_Fr-6E4.

O roteiro da prédica encontra-se disponível abaixo.

*   *   *

Hernani Gomes da Costa: o identitarismo como um problema de classificação?

(14 de Homero de 171/11.2.2025)

 1.       Abertura

2.       Exortações iniciais

2.1.    Sejamos altruístas!

2.2.    Façamos orações!

2.3.    Como somos uma igreja, ministramos os sacramentos: quem tiver interesse, entre em contato conosco!

2.4.    Precisamos de sua ajuda; há várias maneiras para isso:

2.4.1. Divulgação, arte, edição de vídeos e livros! Entre em contato conosco!

2.4.2. Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Efemérides e calendário das próximas atividades:

3.1.    Dia 16 de Homero (13.2): Live AOP com Érlon

3.2.    Dia 17 de Homero (14.2) transformação de Georges Audiffrent (1909)

4.       Pedido de sugestões de temas para os sermões das prédicas positivas

4.1.    As sugestões são bem-vindas e necessárias, não somente para podermos fazer comentários interessantes, mas também para satisfazer anseios e preocupações do público

4.2.    Além disso, as sugestões públicas são uma forma de atualizarmos o Positivismo

5.       Leitura comentada do Apelo aos conservadores

5.1.    Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

5.1.1. O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

5.1.1.1.             O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

5.1.1.2.             Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

5.1.2. Não é possível entender a política proposta pelo Positivismo isoladamente da Religião da Humanidade

5.1.2.1.             Aliás, o desejo de separar a política dos valores e das concepções gerais de fundo é precisamente um dos problemas contemporâneos, é precisamente um dos sintomas da anarquia contemporânea

5.1.3. A religião estabelece parâmetros morais, intelectuais e práticos para a existência humana e, portanto, orienta a política, estabelece as suas metas, as suas possibilidades e os seus limites

5.1.3.1.             Outro lembrete: a religião, conforme o Positivismo estabelece, não é sinônima de “teologia”

5.2.    Últimas observações preliminares:

5.2.1. Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

5.2.2. O capítulo em que estamos é a “Introdução”, cujo subtítulo é “Advento dos verdadeiros conservadores”

5.3.    Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

6.       Sermão: O identitarismo é um problema de classificação positiva?

6.1.    O sermão será realizado por nosso amigo Hernani

7.       Exortações finais

7.1.    Sejamos altruístas!

7.2.    Façamos orações!

7.3.    Como somos uma igreja, ministramos os sacramentos: quem tiver interesse, entre em contato conosco!

7.4.    Precisamos de sua ajuda; há várias maneiras para isso:

7.4.1. Divulgação, arte, edição de vídeos e livros! Entre em contato conosco!

7.4.2. Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

8.       Término da prédica

17 dezembro 2024

Sobre a espontaneidade

No dia 16 de Bichat de 170 (16.12.2024) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores (em particular da sua "Introdução").

Na seqüência, apresentamos a programação de final e de início de ano:

  • 16 de Bichat (17.12): última prédica positiva de 170 (2024)
  • Segundo dia adicional (31.12): celebração da Festa das Mulheres Santas, por Hernani G. Costa
  • 1º de Moisés (1.1): celebração da Festa da Humanidade
  • 19 de Moisés (19.1): celebração do nascimento de Augusto Comte (1798)
  • 7 de Homero (4.2): primeira prédica positiva de 171 (2025)

Em seguida fizemos nosso sermão, abordando a espontaneidade.

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://youtube.com/live/PrwX1F7Q_0k) e Igreja Positivista Virtual (aqui: https://www.facebook.com/IgrejaPositivistaVirtual/videos/566203556164256).

As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*   *   * 

Sobre a espontaneidade

(16.Bichat.170/17.12.2024) 

1.       Invocação inicial

2.       Exortações iniciais

2.1.1. Sejamos altruístas!

2.1.2. Façamos orações!

2.1.3. Como Igreja Positivista Virtual, ministramos os sacramentos positivos a quem tem interesse

2.1.4. Para apoiar as atividades dos nossos canais e da Igreja Positivista Virtual: façam o Pix da Positividade! (Chave Pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Efemérides

3.1.    Dia 16 de Bichat (17.12): transformação de Eduardo de Sá (1940)

3.2.    Dia 20 de Bichat (21.12): início do verão

4.       Programação de final e início de ano:

4.1.    Dia 16 de Bichat (17.12): última prédica positiva de 170 (2024)

4.2.    Segundo dia adicional (31.12): celebração da Festa das Mulheres Santas, por Hernani G. Costa

4.3.    Dia 1º de Moisés (1.1): celebração da Festa da Humanidade

4.4.    Dia 19 de Moisés (19.1): celebração do nascimento de Augusto Comte (1798)

4.5.    Dia 7 de Homero (4.2): primeira prédica positiva de 171 (2025)

5.       Leitura comentada do Apelo aos conservadores

5.1.    Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

5.1.1. O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

5.1.1.1.             O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

5.1.1.2.             Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

5.1.2. Como nosso amigo Hernani G. Costa sempre realça, é necessário insistir em uma idéia que o materialismo e o ceticismo contemporâneos desprezam: não é possível entender a política proposta pelo Positivismo isoladamente da Religião da Humanidade

5.1.2.1.             Aliás, o desejo de separar a política dos valores e das concepções gerais de fundo é precisamente um dos problemas contemporâneos, é precisamente um dos sintomas da anarquia contemporânea

5.1.3. A religião estabelece parâmetros morais, intelectuais e práticos para a existência humana e, portanto, orienta a política, estabelece as suas metas, as suas possibilidades e os seus limites

5.1.3.1.             Outro lembrete: a religião, conforme o Positivismo estabelece, não é sinônima de “teologia”

5.2.    Últimas observações preliminares:

5.2.1. Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

5.2.2. O capítulo em que estamos é a “Introdução”, cujo subtítulo é “Advento dos verdadeiros conservadores”

5.3.    Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

6.       Sermão: sobre a espontaneidade

6.1.    O sermão desta semana foi sugerido pelo nosso confrade Eugênio Macedo – na verdade, foi sugerido publicamente por ele, em uma consulta que fiz (e que mantenho) à comunidade

6.1.1. Ao justificar esse tema, Eugênio lembrou que ele é um ator e que a espontaneidade é algo importante em sua profissão

6.1.2. Essa é uma justificativa importante: a relação das artes com o que é espontâneo – mas é claro que a espontaneidade é importante em todos os aspectos da vida

6.2.    A espontaneidade é um tema realmente desafiador, na medida em que ela é um aspecto da vida de todos e cada um de nós, mas, ao mesmo tempo, oferece algumas dificuldades para conceituar, por ser um pouco diáfana

6.3.    Como podemos entender a espontaneidade? Uma primeira abordagem sugere que é espontâneo é aquilo que ocorre naturalmente, isto é, sem um esforço (interno ou externo), a partir de impulsos internos

6.3.1. Essa definição inicial já indica que a espontaneidade tem íntimas vinculações com as artes – entretanto, não abordaremos tais relações nesta exposição

6.3.2. Há muitas situações em que a espontaneidade é altamente valorizada; geralmente são as situações em que manifestamos atributos afetivos e/ou altruístas: generosidade, respeito, apoio, alegria, simpatia etc.

6.3.2.1.             Inversamente, a falta de espontaneidade com freqüência é desvalorizada e entendida como um comportamento frio, mecânico, apático, ou mesmo puritano ou reprimido

6.3.3. A noção de espontaneidade como ação baseada em impulsos internos, sem esforço (e, em particular, sem força externa), indica imediatamente que o ser humano – e, na verdade, todo animal – age de fato a partir de motivações internas, sejam elas ou não devidas a reações ao ambiente

6.3.3.1.             Essas motivações internas com freqüência são chamadas de “instintos”

6.3.3.1.1.                   Os instintos, por sua vez, são orientações gerais em determinadas direções, com freqüência são potencialidades e mudam de intensidade ao longo da vida; assim, os instintos não são fatalidades nem implicam comportamentos e ações específicos

6.3.3.2.             Essas motivações internas rejeitam a tese do automatismo (como proposta por Descartes, afirmada por Hobbes e, no século XX, retomada por B. Skinner), como se os seres humanos e os animais fossem máquinas que apenas reagem passivamente a estímulos ambientais

6.3.3.3.             Isso, é claro, não significa que não ajamos de maneira espontânea em reação a estímulos externos aplicados sobre cada um de nós: a dor e o medo são exemplos fáceis, mas o carinho, a simpatia, o respeito, a honra também são estímulos exteriores que podem resultar em reações mais ou menos espontâneas

6.3.4. Em suma: a espontaneidade, então, consiste em manifestarmos externamente e com facilidade atributos internos

6.3.5. É importante notar que a espontaneidade pura e descontrolada não “funciona”, ou seja, não tem resultados adequados e satisfatórios para os indivíduos e a sociedade, não é adequada nem à felicidade individual nem ao bem-estar coletivo: dessa forma, todos precisamos de autocontrole sobre nossos instintos

6.3.5.1.             Isso se vê com clareza nas crianças, em que uma parte importante da educação consiste precisamente em desenvolver e aplicar o autocontrole

6.3.5.2.             A necessidade de controle e orientação dos impulsos (e, portanto, da espontaneidade) torna-se evidente quando consideramos que permanentemente é necessário o estímulo do altruísmo e a subordinação a ele do egoísmo

6.3.5.3.             Além disso, diferentes sociedades, em diferentes épocas, estimulam o autocontrole de alguns impulsos e, inversamente, estimulam a maior espontaneidade de outros impulsos: em outras palavras, há diferentes maneiras de conduzir e de lidar com os impulsos

6.3.5.3.1.                   Ao mesmo tempo, em toda sociedade há um sem-número de situações em que manifestamos de maneira obrigatória nossos sentimentos (o choro no funeral) ou em que somos proibidos de manifestar esses sentimentos (o riso alegre no funeral)

6.3.5.3.2.                   O resultado disso é que diferentes sociedades orientam diferentemente as espontaneidades

6.3.5.4.             Considerando as restrições e os estímulos sociais, podemos considerar que o que chamamos de espontaneidade refere-se, então, de maneira específica, à manifestação de nossas características (especialmente dos sentimentos) no dia a dia, na vida cotidiana, em que agimos mais ou menos sem provocação externa

6.4.    Precisamos insistir sobre as características sociais da espontaneidade; o processo da educação e as variações sociais já indicam então que a espontaneidade é bem mais que a mera manifestação de impulsos internos

6.4.1. De modo geral, a ausência de esforço que caracteriza a espontaneidade pode ocorrer devido à natureza das coisas ou então devido a um aprendizado (ou seja, a hábitos que foram internalizados) – ou a uma combinação dessas duas possibilidades

6.4.2. Os hábitos criados e internalizados não criam nenhuma habilidade que já não exista no ser humano (seja no ser humano individual, seja na espécie); o processo de educação apenas estimula e regula aquilo que já existe em nós, na forma de potencialidades

6.4.3. Além disso, muitas dessas potencialidades manifestam-se sozinhas ao longo do tempo da vida de uma pessoa: o processo de estímulo e orientação dos nossos instintos variam de acordo com a idade da pessoa

6.4.3.1.             Esse é um dos motivos por que a verdadeira educação não se limita à infância, mas é um processo que se estende ao longo de toda a vida

6.5.    Nos termos apresentados acima, torna-se claro que a espontaneidade aproxima-se da chamada “intuição”

6.5.1. A intuição refere-se ao conhecimento, enquanto a espontaneidade refere-se a todos os impulsos internos: a intuição são idéias e processos mentais que se tornam tão automáticos, exigem tão pouco esforço, que parece que não exigem esforço nenhum e que “sempre estiveram lá”

6.5.2. Assim, podemos dizer que a intuição são os processos especificamente intelectuais aprendidos que se tornaram espontâneos devido a um longo treinamento

6.6.    O que expusemos até agora se resume no seguinte:

6.6.1. A partir da natureza humana geral, cada indivíduo tem uma espontaneidade “geral”, básica, comum a todos os seres humanos, além de espontaneidades específicas

6.6.2. Essas diversas espontaneidades, que correspondem à manifestação de atributos e potencialidades, são estimuladas, controladas e orientadas de diferentes maneiras nas diferentes sociedades: essa orientação social dos atributos individuais corresponde à subordinação da Moral à Sociologia, na escala enciclopédica

6.7.    O que comentamos até agora sobre a espontaneidade refere-se aos atributos individuais, que são estimulados, controlados e orientados pela sociedade: mas há também a espontaneidade propriamente social, ou sociológica

6.7.1. As sociedades têm estruturas, funcionamentos e resultados específicos e diferentes dos dos indivíduos: é devido a essa realidade que se pode falar verdadeiramente em “leis sociológicas” e em Sociologia (em vez de tratarmos a sociedade como uma justaposição de indivíduos)

6.7.2. Toda sociedade tem, naturalmente, uma estrutura, que em seus elementos mínimos é estudada pela Estática Social: espontaneamente toda sociedade tem no mínimo linguagem, governo, família, religião e propriedade

6.7.3. Da mesma forma, toda sociedade desenvolve-se ao longo do tempo; esse desenvolvimento é estudado pela Dinâmica Social e, em linhas gerais, segue as leis sociológicas dinâmicas, isto é, as três leis dos três estados

6.7.4. Vale notar que o estímulo, controle e orientação social dos instintos individuais corresponde à espontaneidade social conduzindo a espontaneidade individual

6.7.5. Por que eu comecei a falar da espontaneidade individual antes da social, se a social precede a individual? Simplesmente porque a espontaneidade individual é mais fácil de tratar, pois é ela que vem à mente quando tratamos da espontaneidade

6.8.    Tudo o que falamos até agora se baseia no Positivismo e em reflexões filosóficas e sociológicas; mas como o Positivismo aborda esse tema de maneira mais direta e sistemática?

6.8.1. O dogma fundamental do Positivismo – isto é, a concepção intelectual fundamental do Positivismo – é a das leis naturais, das relações constantes de coexistência ou sucessão

6.8.2. A partir das leis naturais, o que o Positivismo faz é sistematizar a realidade (e a atividade) espontânea do mundo – o que equivale a dizer que a espontaneidade é pressuposta pelo Positivismo

6.8.3. Na verdade a idéia de que a matéria tem movimento espontâneo é uma das mais importantes, fundamentais e difíceis de ser apreendida:

6.8.3.1.             O fetichismo considera que tudo tem movimento espontâneo, ou seja, autônomo; o fetichismo vincula esse movimento à vida (no sentido de que tudo move-se porque tudo é vivo)

6.8.3.2.             A teologia substitui o fetichismo; em tal substituição, acaba com a concepção de que tudo move-se espontaneamente (porque tudo estaria vivo) e passa a pressupor que tudo o que se move deve o seu movimento a forças externas (que são os deuses)

6.8.3.2.1.                   Tal substituição empobreceu o entendimento afetivo e intelectual da realidade; mas, por outro lado, ela foi necessária para o começo da pesquisa das leis naturais (disfarçada sob a teologia pela pesquisa das causas)

6.8.3.3.             Aos poucos, a ciência – a ciência moderna – retomou a concepção do movimento espontâneo da matéria, ao mesmo tempo que abandonava as noções de deuses e de causas

6.8.3.4.             O desenvolvimento completo das leis naturais básicas (com a constituição da escala enciclopédica) e o estabelecimento do relativismo foram sistematizados pelo Positivismo, que completou esses aspectos pela necessária incorporação positivada do fetichismo

6.8.3.5.             A noção de que a matéria tem atividade espontânea, isto é, atividade própria independente de impulsos externos, começa na Cosmologia, passa para a Biologia e daí segue para a Sociologia e a Moral; em outras palavras, a atividade espontânea é de fato uma concepção geral do dogma positivo, pressuposta pela noção de leis naturais

6.9.    O Positivismo afirma a importância e a necessidade da espontaneidade na fórmula “agir por afeição e pensar para agir”

6.9.1. A espontaneidade está implícita na fórmula acima

6.9.2. Augusto Comte apresentou essa fórmula em duas passagens: a primeira no v. III da Política positiva (p. 78-79), de 1853, a segunda no Catecismo positivista (p. 67-68[1]), de 1852; das duas, a que nos interessa diretamente é a do Catecismo:

O verdadeiro espírito filosófico consiste, de fato, como o simples bom senso, em conhecer o que é, para prever o que há de ser, a fim de o aperfeiçoar tanto quanto possível. Um dos melhores preceitos positivistas declara, até, viciosa, ou, pelo menos, prematura, toda sistematização que não for precedida e preparada por um suficiente surto[2] espontâneo. Esta regra resulta logo do verso dogmático com que o Positivismo caracteriza o conjunto de nossa existência:

Agir por afeição e pensar para agir.

O primeiro hemistíquio[3] corresponde à espontaneidade e o segundo à sistematização consecutiva. Quaisquer que sejam os inconvenientes que a atividade irrefletida suscite, só ela pode ordinariamente fornecer os primeiros materiais de uma meditação eficaz que permitirá agir melhor.

6.10.                     Em suma:

6.10.1.   A espontaneidade, como manifestação dos sentimentos (em particular dos sentimentos altruístas), é efetivamente um valor a ser buscado

6.10.1.1.          A espontaneidade é necessária em termos afetivos, práticos e até intelectuais

6.10.1.2.          A espontaneidade é a atividade própria, interna, aos corpos; no caso dos animais e do ser humano, é chamada de “instintos”

6.10.2.   Devemos lembrar, entretanto, que assim como a espontaneidade é importante e necessária, o autocontrole e o controle social dos impulsos também é importante e necessário

6.10.2.1.          O estímulo do altruísmo e o controle e a orientação altruística do egoísmo é o melhor exemplo dessa necessidade

7.       Exortações finais

8.       Invocação final



[1] Augusto Comte, Catecismo positivista, Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 4ª ed., 1934.

[2] “Surto”, aqui, significa “desenvolvimento”.

[3] Hemistíquio é cada uma das metades de um verso.