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08 junho 2025

Textos e documentos disponíveis na internet

Estão disponíveis no repositório eletrônico Internet Archive diversos documentos e textos positivistas.





- Cartão de celebração do sesquicentenário de Clotilde de Vaux (português): https://archive.org/details/cartao-maximas-de-clotilde

- Décio Villares: A Humanidade com o futuro em seu colo (português): https://archive.org/details/decio-vilares-a-humanidade-catecismo-positivista

- Henrique Batista da Silva Oliveira: Esquema da Sociologia de Augusto Comte (português): https://archive.org/details/henrique-b.-s.-oliveira-esquema-da-sociologia-comtiana

- Luís Lagarrigue: Indústria da guerra, indústria da paz (espanhol): https://archive.org/details/luis-lagarrigue-industria-da-guerra-industria-da-paz-1943

- Luís Lagarrigue: O nacionalismo (português): https://archive.org/details/luis-lagarrigue-o-nacionalismo-1950

- Luís Lagarrigue: Supressão das castas na transição ocidental (espanhol): https://archive.org/details/luis-lagarrigue-supressao-das-castas-na-transicao-ocidental-1943

- Norton Demaria Boiteux: Centenário subjetivo de Elisa Mercoeur (português/francês): https://archive.org/details/norton-demaria-boiteux-centenario-de-elisa-mercoeur-1936

- Paulo Estevão Berredo Carneiro: Augusto Comte e Brasil (francês): https://archive.org/details/paulo-carneiro-augusto-comte-e-o-brasil


03 junho 2025

Prédica positiva (14.São Paulo.171/3.6.2025)

No dia 14 de São Paulo de 171 (3.6.2025) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores (em sua Primeira Parte, consagrada à "doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores").

Antes da leitura comentada, abordamos rapidamente o volume de Ramiro Marques, O livro das virtudes de sempre.

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui) e Igreja Positivista Virtual (aqui e aqui).

Devido a problemas na conexão da internet, a transmissão via Youtube foi interrompida logo após a metade e restabelecida em seguida. A versão indicada acima é a que se realizou via Facebook.

As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*   *   *


Prédica simples

(14 de São Paulo de 171/3.6.2025) 

1.      Abertura

2.      Exortações iniciais

2.1.   Sejamos altruístas!

2.2.   Façamos orações!

2.3.   Como somos uma igreja, ministramos os sacramentos: quem tiver interesse, entre em contato conosco!

2.4.   Precisamos de sua ajuda; há várias maneiras para isso:

2.4.1.     Divulgação, arte, edição de vídeos e livros! Entre em contato conosco!

2.4.2.     Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.      Datas e celebrações:

3.1.   Dia 15 de São Paulo (4.6): Live AOP com Valter Duarte Ferreira Fº: “Economia, obstáculo epistemológico”

4.      Sobre o volume O livro das virtudes de sempre, de Ramiro Marques (São Paulo, Landy, 2001)

4.1.    O autor era um pedagogo português, professor de ética e filosofia moral, viveu entre 1955 e 2023

4.1.1.     Lamentavelmente, como era português nós, no Brasil, não o conhecíamos (afinal, fazemos questão de ignorar e desprezar a realidade portuguesa, no que também lamentavelmente há uma reciprocidade do outro lado do Atlântico); apesar disso, ele desenvolveu uma importante carreira interna e externa (como se pode ver aqui)

4.2.   O livro aborda a ética de Aristóteles, apresentando-a como real, útil e prática – e adequada e necessária para os dias de hoje

4.2.1.     O argumento centra-se na concepção de “virtude”, que é a realização do bom e que se encontra no meio de dois vícios opostos (geralmente, a falta e o excesso de algum comportamento)

4.2.2.     A abordagem do autor tem, entre outras, duas grandes qualidades: (1) aborda o conjunto das obras éticas de Aristóteles (ele relaciona quatro, no total) e (2) ele não degrada Aristóteles ao reduzi-lo a Platão (como fez Giovanni Reale, em seu Introduçãoa Aristóteles (Rio de Janeiro, Contraponto, 2012))

4.3.   Parece-me que vale a pena citar esse livro devido a diversos motivos:

4.3.1.     Em primeiro lugar, as reflexões ético-morais de Aristóteles são extremamente próximas das de Augusto Comte; não por acaso, nosso mestre nomeou o mês da filosofia antiga (o terceiro mês do ano) com Aristóteles e incluiu dois livros do estagirita na Biblioteca Positivista (a Ética Nicomaquéia e a Política)

4.3.1.1.           Em particular, apesar dos fortes elementos teológico-metafísicos, a ética aristotélica é profundamente humana, realista e direcionada para a vida em comum (especialmente a vida cívica)

4.3.2.     Em segundo lugar, desde o final do século XIX o Ocidente vive marcado pelas reflexões ético-filosóficas e clínicas profundamente metafísicas e obscuras de Freud e de Nietzsche, que tinham concepções profundamente negativas e destruidoras do ser humano

4.3.2.1.           A esses dois deve-se juntar também Marx, compondo um trio de pensadores que exerceu as mais danosas influências filosóficas, sociais e políticas sobre o Ocidente, conduzindo a perspectivas negativas, contrárias à esperança, ao progresso, à fraternidade, à harmonia, favoráveis ao conflito, à disputa, à desesperança

4.3.2.2.           Freud, em particular, defendia uma concepção de ser humano como sempre doente, sempre problemático, dependente de “terapias” que exigem dedicação permanente (vários dias por semana), duram a vida inteira e, portanto, não curam nem resolvem nada, exceto a conta corrente dos psicanalistas

4.3.2.3.           A reafirmação da ética aristotélica – que, como indicamos, é largamente compartilhada pelo Positivismo – oferece um sopro de esperança e bom senso na reflexão ético-moral dos indivíduos e das sociedades, afirmando a possibilidade e a necessidade de reflexão e condução autônoma do comportamento, com vistas tanto à felicidade individual quanto ao bem comum

4.3.3.     Em terceiro lugar, embora no âmbito das nossas prédicas isto não tenha tanta importância, o livro foi escrito também com a preocupação de orientar os professores em sala de aula que desejem ou que tenham que abordar reflexões éticas, sejam em disciplinas específicas, seja de maneira “transversal”

4.4.   Todavia, apesar dessas qualidades, convém notar que a abordagem do autor apresenta alguns graves defeitos filosóficos de fundo, nomeadamente a crença em concepções absolutas e, daí, tanto a rejeição do relativismo quanto o gravíssimo equívoco de que o relativismo consiste na ausência de parâmetros

4.4.1.     Esses defeitos filosóficos do autor vinculam-se a concepções teológicas (católicas, em particular); mas, felizmente, elas têm um aspecto um tanto secundário no conjunto do livro e não afetam a competente exposição do pensamento de Aristóteles

5.      Leitura comentada do Apelo aos conservadores

5.1.   Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

5.1.1.     O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

5.1.1.1.           O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

5.1.1.2.           Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

5.2.   Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

5.3.   O capítulo em que estamos é a “Primeira parte”, cujo subtítulo é “Doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores”

5.4.   Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

6.      Exortações finais

6.1.   Sejamos altruístas!

6.2.   Façamos orações!

6.3.   Como somos uma igreja, ministramos os sacramentos: quem tiver interesse, entre em contato conosco!

6.4.   Precisamos de sua ajuda; há várias maneiras para isso:

6.4.1.     Divulgação, arte, edição de vídeos e livros! Entre em contato conosco!

6.4.2.     Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

7.      Término da prédica

 

Referências

- Augusto Comte (port.), Apelo aos conservadores (Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 1898): https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores.

- Augusto Comte (port.), Catecismo positivista (Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 4ª ed., 1934).

Giovanni Reale (port.), Introdução a Aristóteles (Rio de Janeiro, Contraponto, 2012).

Ramiro Marques (port.), O livro das virtudes de sempre (São Paulo, Landy, 2001).

Diálogo sobre a morte como transformação


O diálogo abaixo ocorreu em um grupo do Whattsapp dedicado ao estudo e à difusão do Positivismo, isto é, da Religião da Humanidade, nos dias 2 e 3 de junho de 2025. Como se pode ver pela pergunta inicial, o tema era o conceito positivo de morte como “transformação”. Essa pergunta inicial, por inúmeros motivos, é interessante e pode ser elaborada por muitas pessoas: por esse motivo, consideramos que esse diálogo vale a pena ser divulgado.

Para manter a privacidade do inquiridor, suprimimos seu nome; além disso, acrescentamos vários comentários, para a resposta ser um pouco mais completa e didática; por fim, editamos um pouco a resposta para fins de divulgação. 

*          *          *

 

Pergunta

O termo “transformação” para se referir à morte no Positivismo vem da famosa frase de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”?

 

Gustavo

Essa é uma boa pergunta, que permite muitas reflexões.

Antes de mais nada, é necessário rejeitar vigorosamente o fisicalismo – ou seja, o materialismo físico-químico – implícito nessa pergunta. Já veremos o que isso quer dizer e como aplicar esse princípio geral.

Quando o Positivismo, ou melhor, a Religião da Humanidade afirma que a morte de um ser humano deve ser chamada de “transformação”, a idéia é que a morte não é um fim absoluto, como querem o materialismo e mesmo muitas versões do espiritualismo. Quando uma pessoa morre, encerra-se para essa pessoa o fenômeno biológico da vida; ou seja, as trocas contínuas entre o corpo e o ambiente, que mantêm o equilíbrio interno.

De maneira bem didática, a vida pode ser entendida como andar de bicicleta: só mantemos o equilíbrio enquanto estamos andando, enquanto estamos em movimento; o próprio movimento cria as condições para que a bicicleta mantenha-se equilibrada e em movimento. Quando a bicicleta está parada, não há condições de manter-se o equilíbrio, embora a própria bicicleta e o ambiente continuem existindo.

Quando uma pessoa morre, as trocas contínuas entre o organismo e o ambiente cessam e o equilíbrio interno deixa de existir. A bem da verdade, continuam ocorrendo trocas entre o corpo morto e o ambiente, mas não mais no sentido da manutenção de um equilíbrio interno, mas da decomposição do corpo.

Em termos biológicos, a vida pode ser entendida da forma acima. Mas em termos sociológicos e morais, a vida é algo diferente, que se baseia na realidade biológica mas que assume um aspecto bem diferente. A noção de trocas contínuas permanece, mas elas passam a ocorrer de maneira compartilhada e em termos objetivos e subjetivos. Na verdade, o compartilhamento das trocas objetivas e subjetivas é algo que se manifesta já nos animais superiores, ou seja, especialmente nas aves e nos mamíferos, e que se realiza em sua plenitude com o ser humano. (A Biologia, assim, é preparatória para a Sociologia e a Moral.)

No caso do ser humano, esse aspecto de vida objetiva-subjetiva compartilhada assume uma característica ainda mais marcada: não há propriamente indivíduos, apenas a Humanidade; embora a Humanidade só possa existir e agir por meio dos indivíduos, estes só se realizam por meio da Humanidade. Nos termos de nosso mestre, no fundo os indivíduos são uma abstração, ao mesmo tempo em que valem as palavras de Dante: a Humanidade é “filha de seu filho”.

Enquanto os indivíduos – que, para terem de fato orientação, sentido e dignidade na vida, devem ser vistos e devem entender-se como servidores da Humanidade – vivem e morrem, a Humanidade permanece e desenvolve-se com o passar tempo. Dessa forma, se a vida humana é compartilhada, é objetiva e subjetiva, se só somos o que somos, se só podemos ser o que somos na e pela Humanidade, tem de fato algum sentido dizer que a morte dos indivíduos é um encerramento absoluto?

A vida objetiva-subjetiva compartilhada significa que todos atuamos de maneira “concreta” (objetivamente) e, necessariamente, também de maneira “abstrata”, isto é, moral e intelectual (subjetivamente: afetiva, filosófica, artística). Quando alguém morre, sua atividade objetiva termina; mas sua influência permanece, seja a influência subjetiva, seja também a influência objetiva.

Então, quando alguém morre, a carne morre, mas a influência dessa pessoa não deixa de ocorrer. Se a memória permanece e se os entes que morreram continuam exercendo influência sobre nós, como é que se pode dizer que a morte é de fato um fim absoluto? O que há, portanto, é uma transformação, da vida objetiva-subjetiva para a vida plenamente subjetiva. É isso que queremos dizer com “transformação”.

Por outro lado, muitas concepções espiritualistas consideram que existe algo chamado “alma”, algo que de fato é indefinível e incompreensível; a alma seria um fantasma, ou uma fumaça, ou – como diversas teologias sugerem – um sopro, que por obra da divindade insere-se no corpo e dá-lhe vida e movimento[1]. Nessas concepções, o corpo é como que uma casca que é habitada por tal sopro, ou melhor, pela alma; é a alma que dá vida ao corpo.

Para as concepções teológicas, com a morte, isto é, com a morte da carne, a alma abandona o corpo, havendo plenamente uma dissociação. A morte aí é definitiva; a carne apodrece e nada mais resta da pessoa; o que seria a sua essência – a alma – abandona a carne e vai para algum lugar (o além) em uma existência que seria mais “verdadeira”. Há aí uma confusão entre o objetivo e o subjetivo; essa confusão é em parte ingênua, é em parte generosa (altruísta), mas em parte também é profundamente interessada (ou seja, egoísta): trata-se por um lado de desejar que os nossos entes queridos continuem existindo, ou vivendo, e, por outro lado, trata-se também do nosso próprio desejo de nunca morrermos. Qualquer que seja a motivação, a confusão entre o objetivo e o subjetivo consiste em atribuir realidade objetiva à concepção teológica e totalmente fictícia de alma; em conseqüência disso, trata-se também de atribuir existência objetiva ao “outro mundo” (cujas realidade e característica são total e necessariamente ignoradas). A concepção teológica de alma (bem como a de “além”) é totalmente subjetiva; mas atribui-se a ela uma realidade objetiva: a dificuldade toda está em desfazer essa confusão e entender o que é e como se relacionam entre si cada um desses elementos e desses âmbitos.

Vale notar que a noção teológica de alma, portanto, é a origem do famoso dualismo mente-corpo, que tantos problemas filosóficos, morais e práticos produz até os dias de hoje. Essa concepção, aliás, é atribuída a Descartes, pela qual ele é um tanto injustamente criticado: na verdade, ele só deu uma roupagem metafísica a uma concepção que na verdade é plenamente teológica.

A concepção positiva de alma rejeita a noção do sopro divino e, portanto, rejeita a dualidade corpo-alma: a concepção positiva de alma considera-a como sendo o próprio corpo, estando localizada no cérebro. Nos termos de Augusto Comte, a alma consiste no conjunto das funções cerebrais; se a alma pode ter alguma objetividade, é apenas essa.

Ainda assim, isso não encerra a questão. Se a alma é estritamente individual (e, na concepção teológica, ela é radicalmente individual), como indicamos antes a existência humana é compartilhada – e compartilhada em termos objetivos e subjetivos. Quando alguém morre, em termos positivos não se pode falar em “alma”, mas é correto e necessário falar em memória, recordação, influência... é a subjetividade atuando plenamente aí.

A Religião da Humanidade concede um peso muito grande à influência subjetiva dos servidores da Humanidade; a noção de memória não ilustra bem esse peso, pois ela é meio passiva e meio fraca; já a influência subjetiva dos mortos pode ser dispersa, mas ela tem um aspecto bastante ativo e, portanto, bastante intenso. Na verdade, embora a Humanidade só possa existir concretamente por meio dos seres humanos vivos, a atuação da Humanidade ocorre cada vez mais, sempre e necessariamente, devido à influência, devido ao peso crescente que os mortos têm sobre os vivos (e também sobre os que ainda não nasceram); é por isso que o Positivismo faz questão de afirmar e realizar o culto aos mortos e é isso que significa a famosa e bela frase de nosso mestre, “Os vivos são sempre e cada vez mais, necessariamente, governados pelos mortos”.

Considerando tudo isso, para nós – que rejeitamos tanto as ficções teológico-metafísicas quanto o materialismo cientificista –, quando alguém morre não há separação de diferentes tipos de matéria (ou de essências); o que ocorre é, objetivamente, o fim das trocas que chamamos de vida e, subjetivamente, a afirmação da influência do morto sobre nós. É por isso que, ao tratarmos da morte, falamos mais propriamente em “transformação”.

No final das contas, resta pouco, ou melhor, não resta nada da fórmula de Lavoisier no conceito positivo de morte como transformação. A associação da transformação com a fórmula de Lavoisier talvez seja sugerida por uma interpretação fisicalista, ou cientificista, do conceito de morte como “transformação”; se é esse o caso, isso acaba sendo um bom exemplo de como por vezes é difícil superarmos determinados hábitos mentais, em particular aqueles que oscilam entre o materialismo cientificista e o espiritualismo teológico-metafísico.




[1] Claro que o sopro é sugerido pelo fato de que os seres humanos (e os animais superiores) viventes respiram, ou seja, “sopram”. Para as teologias que adotam a noção de alma e, em particular, a noção de alma como sopro, a divindade assopra a alma nos seres vivos e assim concede tanto a alma quanto a vida.

30 abril 2025

Prédica positiva: Apelo aos Conservadores

No dia 7 de César de 171 (29.4.2025) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores (em sua Primeira Parte, dedicada à doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores).


As anotações que serviram de base para a exposição estão reproduzidas abaixo.

*   *   *

Prédica simples – leitura comentada do Apelo aos conservadores

(7.César.171/29.4.2025) 

1.       Invocação inicial

2.       Exortações iniciais

2.1.    Sejamos altruístas!

2.2.    Façamos orações!

2.3.    Como Igreja Positivista Virtual, ministramos os sacramentos positivos a quem tem interesse

2.4.    Para apoiar as atividades dos nossos canais e da Igreja Positivista Virtual: façam o Pix da Positividade! (Chave Pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Datas e celebrações:

3.1.    Dia 27 de Arquimedes (21.4): transformaçãodo Papa Francisco

3.2.    Dia 2 de César (24.4): nascimento de Jean-François Robinet (1825 – 200 anos)

3.3.    Dia 9 de César (1.5): Dia do Trabalhador

3.4.    Dia 12 de César (4.5): transformação de Jorge Lagarrigue (1894 – 131 anos); comemoração de J. Lagarrigue, T. Carson, R. Congreve, A. Crompton e outros apóstolos positivistas

3.5.    Dia 13 de César (5.5): nascimento de Cândido Rondon (1865 – 160 anos)

4.       Leitura comentada do Apelo aos conservadores

4.1.    Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

4.1.1. O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

4.1.1.1.             O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

4.1.1.2.             Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

4.2.    Outras observações:

4.2.1. Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

4.2.2. O capítulo em que estamos é a “Primeira Parte”, cujo subtítulo é “Doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores”

4.3.    Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

5.       Exortações finais

5.1.    Sejamos altruístas!

5.2.    Façamos orações!

5.3.    Como Igreja Positivista Virtual, ministramos os sacramentos positivos a quem tem interesse

5.4.    Para apoiar as atividades dos nossos canais e da Igreja Positivista Virtual: façam o Pix da Positividade! (Chave Pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

6.       Invocação final

 

Referências

Augusto Comte (port.), Apelo aos conservadores (Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 1898): https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores.

Hector Juan Fiorini (port.), Teoria e técnica de psicoterapias (São Paulo, WMF Martins Fontes, 2013).

Valdir José Morigi, Samile Andréa S. Vanz e Karina Galdino (port.), O bibliotecário e suas práticas na construção da cidadania (Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 7, n. 1, p. 134-147, 2002): https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/390.

18 abril 2025

Livro disponível na internet: "A mulher"

Está disponível no Internet Archive o famoso e importante opúsculo de Raimundo Teixeira Mendes intitulado A mulher. Ele documento integra a coleção da Igreja Positivista do Brasil sob o número 273 e corresponde à versão escrita de uma conferência feita pelo apóstolo da Humanidade em 26 de Frederico de 54/110 (30.11.1908).

A publicação está disponível aqui: https://archive.org/details/n.-273-a-mulher.



16 abril 2025

A expressão "Conciliante de fato, inflexível em princípio"

No dia 21 de Arquimedes de 171 (15.4.2025) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos Conservadores (em sua Primeira Parte, dedicada à doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores).

Na parte do sermão apresentamos e explicamos a expressão "Conciliante de fato, inflexível em princípio), que é tanto um conselho prático-político quanto uma recomendação de sabedoria e de espiritualidade positiva.

Nessa ocasião também inauguramos o nosso canal no Instagram, neste endereço: Instagram.com/IgrejaPositivistaVirtual.

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://youtube.com/live/fuNp6YqUOLE) e Igreja Positivista Virtual.

As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*   *   *


A expressão “Conciliante de fato, inflexível em princípio”

(21.Arquimedes.171/15.4.2025) 

1.       Invocação inicial

2.       Exortações iniciais

2.1.    Sejamos altruístas!

2.2.    Façamos orações!

2.3.    Como Igreja Positivista Virtual, ministramos os sacramentos positivos a quem tem interesse

2.4.    Para apoiar as atividades dos nossos canais e da Igreja Positivista Virtual: façam o Pix da Positividade! (Chave Pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Datas e celebrações:

3.1.    Dia 22 de Arquimedes (16.4): nascimento de Ivan Lins (1904 – 121 anos)

3.2.    Dia 25 de Arquimedes (19.4): Dia do Índio

3.3.    Dia 27 de Arquimedes (21.4): Dia de Tiradentes

3.4.    Dia 28 de Arquimedes (22.4): Descoberta do Brasil (1500)

3.5.    Dia 28 de Arquimedes (22.4): sem prédica, devido ao evento organizado em parceria com a Igreja Positivista do Rio Grande do Sul: Abdon Nascimento: “Turismo paleontológico”

4.       Início da transmissão no Instagram

4.1.    Endereço: Instagram.com/IgrejaPositivistaVirtual

4.2.    As transmissão via Instagram ocorrerão em substituição às ocorridas no Facebook; ainda assim, é claro que o canal no Facebook permanece existindo

5.       Leitura comentada do Apelo aos conservadores

5.1.    Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

5.1.1. O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

5.1.1.1.             O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

5.1.1.2.             Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

5.2.    Outras observações:

5.2.1. Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

5.2.2. O capítulo em que estamos é a “Primeira Parte”, cujo subtítulo é “Doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores”

5.3.    Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

6.       Sermão: a expressão “conciliante de fato, inflexível em princípio”

6.1.    Como sabemos e como afirmamos sempre, o Positivismo é uma religião, ou seja, um sistema geral de regulação do conjunto da existência humana

6.1.1. Assim, ele não somente explica a existência humana, mas, mais importante, oferece parâmetros e princípios para a condução das nossas vidas

6.1.2. Além das regras gerais, elaboradas a partir do estudo da realidade humana, Augusto Comte oferece inúmeros conselhos específicos, práticos, para vários aspectos das nossas vidas

6.1.3. Entre esses conselhos específicos está a máxima “conciliante de fato, inflexível em príncípio”

6.1.4. Essa máxima tem aplicação direta na vida de cada um de nós, não somente em termos políticos, mas em termos gerais

6.1.4.1.             Assim, ela é um ótimo conselho prático, ou seja, ela é um exemplo da sabedoria prática valorizada e estimulada pelo Positivismo

6.2.    Em algum lugar, Augusto Comte afirmou: “Conciliant en fait, inflexible en principe

6.2.1. Eu procurei em várias obras de Augusto Comte essa citação, seja nas minhas anotações pessoais, seja em arquivos PDF: mas não consegui encontrar a citação original

6.2.2. A única citação mais ou menos textual que consegui obter foi na coletânea de Georges Duherme, Pensamentos e preceitos de Augusto Comte (Paris, Bernard Grasset, 1924, 5ª ed., p. 18): entretanto, o autor apenas colecionou citações, organizadas por grandes áreas (filosofia, política, moral), sem indicar a origem das citações

6.3.    Para tratarmos dessa máxima, convém notarmos que, em português, há uma diferença entre “em princípio” e “a princípio”; assim, para os lusofalantes, essa diferença é muito importante:

6.3.1. “A princípio” significa “no começo”: “ela começou a correr a princípio”

6.3.2. Já “em princípio” significa “por uma questão de princípios, por uma questão de valores fundamentais”: “não bebo em princípio”

6.4.    A fórmula “Conciliante de fato, inflexível em princípio”, então, conjuga duas concepções, duas exigências:

6.4.1. Por um lado, nós, positivistas, temos nossas concepções e nossos valores e não os sacrificamos de um ponto de vista teórico;

6.4.2. Por outro lado, a vida social exige compromissos, aceitação de limitações, acordos variados

6.4.3. Em outras palavras, a fórmula “Conciliante...” indica que não abrimos mão de nossos valores e de nossas concepções mas, considerando as necessidades sociais e políticas concretas, podemos – até devemos – aceitar na prática compromissos concretos

6.5.    A fórmula “Conciliante...” corresponde à aplicação prática do aspecto orgânico do Positivismo

6.5.1. Isso se dá porque temos uma preocupação em sermos convergentes, em colaborarmos (ativa ou passivamente) para a melhoria social, nos mais variados ambientes

6.5.2. De um ponto de vista filosófico, o aspecto orgânico opõe-se ao crítico; na prática política, isso se contrapõe à oposição sistemática, à oposição pela oposição

6.6.    Alguns exemplos bastante simples, diretos e importantes da aplicação do princípio “Conciliante...”:

6.6.1. No início da República brasileira, Miguel Lemos e Teixeira Mendes propuseram leis e projetos de leis, incluindo para a separação entre a igreja e o Estado e para a constituição federal: muitas dessas sugestões foram aceitas, mas outras não; sem deixar de criticar (e de justificar as críticas), eles acabaram apoiando em termos gerais as leis aprovadas (fosse o Decreto n. 119-A, de 7 de janeiro de 1890, que estabeleceu a separação entre igreja e Estado, fosse a Constituição Federal de 24 de fevereiro de 1891)

6.6.2. Em 18 de outubro de 2022 lançamos o manifesto “A bandeira nacional republicana não é fascista” (https://peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR127657); em 28 de agosto de 2024 lançamos o manifesto “Programa republicano mínimo – Orientações para o voto no dia 6 de outubro” (https://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com/2024/08/programa-republicano-minimo-orientacoes.html): em ambos os casos, como se pode comprovar diretamente nos textos, fizemos críticas à chamada “democracia”, devido aos graves problemas morais, filosóficos e políticos que ela apresenta; mas as críticas à chamada democracia jamais nos conduziu a defender o autoritarismo e/ou a negar as liberdades e as garantias legais atualmente existentes

6.6.3. Por motivos similares, em janeiro de 2025 solicitamos adesão à rede “Pacto pela Democracia” (https://www.pactopelademocracia.org.br/)

6.6.3.1.             Entretanto, talvez porque somos um canal pequeno, até o momento não tivemos nenhuma resposta

6.7.    A fórmula “Conciliante...” aplica, então, o relativismo do Positivismo; aliás, ao contrário do que os críticos afirmam, é exatamente devido a esse relativismo, é exatamente devido à preocupação em sermos conciliantes que não somos fanáticos, nem intolerantes, nem “inflexíveis”

6.8.    Mas é necessário notar que a conciliação de fato tem seus próprios limites, dados pela natureza dos princípios que defendemos:

6.8.1. Os princípios são os do altruísmo, da tolerância, do respeito ao ser humano, da não violência, do pacifismo, da dignidade humana

6.8.2. Dessa forma, situações que frontalmente ferirem nossos princípios e, em particular, a dignidade humana são inaceitáveis: a promoção do ódio e da violência, as guerras de conquista, a promoção e a prática da escravidão; humilhações diversas; a censura; o colonialismo, o genocídio e explorações; mas também o academicismo, o cientificismo, a subserviência

6.8.3. Nos casos em que a dignidade humana é desrespeitada, a atitude dos positivistas – como órgãos e representantes de um poder Espiritual – varia entre a crítica aberta e a cessação do concurso, incluindo aí as greves, a desobediência civil e até o martírio

6.9.    Ainda a respeito do relativismo, devemos notar que a fórmula “Conciliante” não se baseia em cálculos políticos de conveniência – cálculos que geralmente se transformam, ou que se disfarçam, em preocupações mesquinhas e egoístas –: o nosso relativismo baseia-se na preocupação em unir (em “conciliar”) a ordem e o progresso

6.9.1. A união da ordem com o progresso é possível porque nós, positivistas – e somente nós, positivistas –, reconhecemos ao mesmo tempo as necessidades da ordem e as exigências do progresso, unidas pelo amor

6.9.2. Uma outra forma de entender a conciliação entre a ordem e o progresso é o reconhecimento da legitimidade de determinadas concepções das perspectivas que defendem a ordem e o progresso

6.9.3. Em outras palavras, ao adotarmos uma perspectiva global, uma visão de conjunto, rejeitamos os particularismos e os vieses unilaterais

6.10.                     A fórmula “Conciliante de fato, inflexível em princípio” representa, no fundo, a distinção entre teoria e prática:

6.10.1.   A teoria corresponde aos princípios gerais e abstratos, válidos em todas as situações abstratas

6.10.2.   A prática corresponde à aplicação dos princípios em casos concretos

6.10.3.   A diferença entre a teoria abstrata e a prática concreta não é somente de abstração, mas tem a ver com as características da abstração: ela é sempre parcial e ignora as particularidades de cada caso; em oposição a isso, os casos concretos são totais e sofrem a influência simultânea de inúmeros fatores

6.11.                     Uma última observação, referente à política atual

6.11.1.   De modo geral, ao propor os temas das prédicas, faço considerações gerais, mais ou menos abstratas; com freqüência comento aspectos atuais, mas são comentários feitos de passagem e de improviso

6.11.2.   Contudo, no presente caso, convém ser explícito a respeito de um problema concreto, para evitar qualquer ambigüidade a respeito

6.11.3.   Consideramos que a fórmula “Conciliante de fato, inflexível em princípio” nominalmente não se aplica à articulação em curso, especialmente entre partidos políticos “do Centrão”, a favor da suposta anistia aos participantes da tentativa de golpe de Estado ocorrida entre novembro de 2022 e janeiro de 2023

6.11.3.1.          Esse é um dos citados casos em que a dignidade humana, o altruísmo, o relativismo exigem que não se aceitem compromissos

6.12.                     Em suma:

6.12.1.   A fórmula “Conciliante de fato, inflexível em princípio” corresponde ao mesmo tempo à força das nossas convicções e ao esforço em favor da convergência

6.12.2.   Essa fórmula tem uma inspiração geral política, mas pode e deve ser aplicada a todos os âmbitos da nossa vida social; assim, ela é mais um bom exemplo da espiritualidade positiva

6.12.3.   A “conciliação de fato” não corresponde, de maneira nenhuma, a transigirmos com situações imorais e indignas (humilhações, explorações, genocídios etc.)

6.12.4.   A fórmula consiste na aplicação da organicidade e do relativismo e também representa a distinção entre a teoria e a prática

7.       Exortações finais

7.1.    Sejamos altruístas!

7.2.    Façamos orações!

7.3.    Como Igreja Positivista Virtual, ministramos os sacramentos positivos a quem tem interesse

7.4.    Para apoiar as atividades dos nossos canais e da Igreja Positivista Virtual: façam o Pix da Positividade! (Chave Pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

8.       Invocação final

 

Referências

Augusto Comte (port.), Apelo aos conservadores: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

Georges Duherme (franc.), Pensamentos e preceitos de Augusto Comte (Paris, Bernard Grasset, 1924, 5ª ed.): https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k30755817?rk=107296;4

Gustavo Biscaia de Lacerda (port.), “Augusto Comte – A positividade filosófica como quarto estágio intelectual” (Revista de Teoria da História, Goiânia, v. 27, n. 2): https://revistas.ufg.br/teoria/article/view/80260/42103

Manifesto “A bandeira nacional republicana não é fascista”, de 18 de outubro de 2022: https://peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR127657

Manifesto “Programa republicano mínimo – Orientações para o voto no dia 6 de outubro”, de 28 de agosto de 2024: https://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com/2024/08/programa-republicano-minimo-orientacoes.html