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19 novembro 2019

A patada do Ministro da Educação e o desrespeito à República

Muitas pessoas estão afirmando que a violenta patada que o Ministro da Educação (!!!) deu foi “correta” ou “adequada” ou “justa”. Isso está errado, qualquer que seja o critério que se adote; infelizmente, muitas pessoas não percebem o erro. Assim, é necessário ser didático a respeito.

O Ministro da Educação não é um simples particular; aliás, por definição, ele não é “particular”, pois ocupa um eminente cargo público. Participando do segundo escalão da República, ele é um dos líderes do país. Se ele não gostou do comentário da moça – e, evidentemente, ele tem todo o direito de não gostar –, o que ele deveria ter feito era manter-se em silêncio ou simplesmente dito à moça: “você tem todo o direito de manifestar as suas opiniões”.

Em outras palavras, ele deveria ter agido conforme exige o decoro do alto cargo que ocupa. Ele não é um torcedor de time de futebol em um estádio durante uma partida; ele é chefe de uma das mais importantes burocracias do país, com caráter estratégico e um orçamento gigantesco.

A resposta do Ministro evidencia – mais uma vez – o seu caráter e a baixa qualidade do governo de que participa. A resposta do Ministro revela – mais uma vez – uma falha brutal no seu caráter. Quem considera que a resposta dele foi “adequada” não percebe que há diferenças substanciais entre os cidadãos comuns e os líderes políticos, entre o âmbito privado e a atividade pública.

No fundo, tanto o Ministro (e seu chefe, o Presidente da República) quanto todos aqueles que apoiam, aceitam e justificam a patada não entendem que vivemos em sociedade, ou melhor, que vivemos em uma República e que não somos apenas “indivíduos”, mas somos cidadãos. Dito de outra maneira, aceitar, apoiar e justificar a violenta grosseria do Ministro evidencia que seus apoiadores entendem as pessoas como particulares, como indivíduos fechados em seus mundinhos privados e que ignoram, quando não desprezam, a atuação pública, a atuação cívica. Em outras palavras, elas são individualistas, mesquinhas e egoístas.