No dia 17 de Moisés de 169 (17.1.2023) realizamos a prédica positiva, iniciando a leitura comentada da teoria do culto público (quinta conferência do Catecismo positivista). Na sequência, na reflexão semanal, fizemos algumas considerações sobre o que podemos chamar de teoria positiva das férias.
Antes da leitura comentada, lembramos alguns aniversários e centenários que ocorreram no início do ano: Teixeira Mendes (nascimento: 5.1.1855), Pierre Laffitte (morte: 4.1.1903), Luís Pereira Barreto (nasc.-morte: 11.1.1840-11.1.1923), Frederic Harrison (morte: 14.1.1923) - e, no início deste ano, a transformação do positivista chileno Miguel Vicuña (1948-1.1.2023).
A prédica está disponível nos canais Apostolado Positivista (https://www.facebook.com/ApostoladoPositivista/videos/1781211292278737/) e Positivismo (https://www.youtube.com/watch?v=r76pRHDU6FU); a exposição sobre a teoria das férias está disponível no Apostolado Positivista a partir de 51' 30".
Abaixo reproduzimos as anotações que nortearam nossa exposição sobre a teoria da férias.
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- À primeira vista, pode parecer tolo falar sobre as férias; mas elas são necessárias
- As férias correspondem a um período anual em que todo servidor da Humanidade cessa temporariamente suas atividades a fim de descansar
o Os períodos de descanso não são apenas anuais, mas são também semanais: não por acaso, temos o descanso semanal de dois dias (embora algumas categorias profissionais tenham esse descanso limitado a um dia ou a um dia e meio)
o Aliás, a necessidade de descanso impõe-se mesmo em períodos mais longos e a respeito de questões que nos imponham um esforço contínuo, como no caso das preocupações políticas (ou, em outro âmbito, no caso das preocupações financeiras)
- As férias correspondem a uma necessidade física e mental, mas também social
o A base física das férias está na lei da alternância da atividade e do repouso, em que todos os órgãos precisam repousar ou diminuir sua atividade
o A necessidade social corresponde à possibilidade de cada servidor visitar parentes e amigos, com isso reforçando e aprofundando os laços sociais e afetivos
§ É importante enfatizar a importância social – coletiva e afetiva – das férias, pois elas são atualmente entendidas apenas como momentos individuais de prazer hedonista
- Torna-se claro que as férias anuais e o descanso semanal não são um “direito”, mas uma necessidade e, portanto, uma obrigação devida a todos os servidores da Humanidade; assim, elas impõem-se como elementos da Estática Social, ou seja, da ordem
o Quem é contra as férias mas fala em “ordem social” para tal oposição na verdade revela preconceito, ignorância e desprezo pelo ser humano
o Da mesma forma, afirmar a rejeição às férias em nome da “ordem” evidencia antes de mais nada uma concepção puramente capitalista (ou industrialista) da ordem social, em que o ser humano é apenas um instrumento mecânico para geração do lucro
o Inversamente, afirmar as férias como um elemento do progresso revela a pobreza mental e intelectual de quem supostamente defende o “progresso”
- Pode parecer tolo afirmar politicamente a importância das férias, mas o fato é que, sob a influência do ultraliberalismo protestante (principalmente estadunidense, mas não somente dos EUA), nos últimos anos vários grandes capitalistas e várias grandes empresas têm-se manifestado resolutamente contra os aspectos da Estática Social que beneficiam os trabalhadores
o Outro aspecto que tais capitalistas e empresas têm combatido resolutamente são os contratos coletivos, a sindicalização dos trabalhadores e as greves
o É claro que, por outro lado, tais capitalistas e tais empresas cinicamente não recusam os aspectos da Estática que os beneficiam mais diretamente (como suas próprias possibilidades de acumulação de capital, suas taxas de lucro e seus bônus anuais)
o Entre tais empresas e capitalistas que desenvolvem ativamente políticas antitrabalhadores podemos citar Ellon Musk (Tesla, Twitter) e a Amazon
- No Brasil a rejeição das férias anuais e dos descansos semanais verifica-se nas práticas de precarização e de manutenção do trabalho precário, estimuladas pelos liberais, pelos neoliberais e pelos ultraliberais e também por empresários que são limitada e hipocritamente defensores da “ordem social”
o Essa precarização do trabalho pode ser verificada não somente no subemprego e nos “bicos”, mas também, nos últimos anos, na uberização do trabalho
o O subemprego, os bicos, a “uberização” do trabalho dificultam ou impedem a sindicalização, os contratos coletivos, as greves e, de maneira central para o que nos interessa, também as férias anuais e os descansos semanais