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10 setembro 2024

Prédica positiva de 2 de Shakespeare de 170 (10.9.2024)

No dia 2 de Shakespeare de 170 (10.9.2024) fizemos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Catecismo positivista; em particular, concluímos a leitura da duodécima conferência, dedicada à evolução histórica do desenvolvimento humano, ou seja, da religião (especificamente do fetichismo e do politeísmo).

Antes da leitura comentada, apresentamos a sugestão de uma "cinemateca positivista".

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://encr.pw/JqWFK) e Igreja Positivista Virtual (aqui: https://acesse.one/O9KJl).

Os tempos da prédica foram os seguintes:

00 min 00 s - início
04 min 09 s - exortações iniciais
17 min 13 s - efemérides
20 min 36 s - comentário sobre a palavra "tecnocracia"
27 min 40 s - comentários sobre a cinemateca positivista
1 h 03 min 00 s - leitura comentada do Catecismo positivista
1 h 52 min 56 s - exortações finais
1 h 59 min 44 s - término da prédica

As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*   *   *


Prédica positiva

(2.Shakespeare.170/10.9.2024)

 1.       Abertura

2.       Exortações iniciais

2.1.    Sejamos altruístas!

2.2.    Façamos orações!

2.3.    Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Efemérides

3.1.     22 de Gutenberg (2.9): transformação de Moysés Westphalen (1997)

3.2.    6 de Shakespeare (14.9): nascimento de Sofia Bliaux (1804)

3.3.    7 de Shakespeare (15.9): transformação de Paulo de Tarso Monte Serrat (2014)

4.       Comentário sobre tecnocracia

4.1.    O primeiro uso da palavra tecnocracia foi feito por W. H. Smyth, em 1914, que era seguidor de Thornstein Veblen

5.       Cinemateca positivista

5.1.    Comentários gerais

5.1.1. Assim como Augusto Comte sugeriu a Biblioteca positivista para os proletários do século XIX, podemos sugerir uma cinemateca positivista

5.1.2. Os filmes que sugerimos abaixo afirmam o altruísmo, a racionalidade, o humanismo, o drama humano

5.2.    Filmes sugeridos:

5.2.1. O náufrago (EUA, 2000, dirigido por Robert Zemeckis)

5.2.2. O fabuloso destino de Amélie Poulain (França, 2001, dirigido por Jean-Pierre Jeunet)

5.2.3. Tróia (EUA-Inglaterra-Malta, 2004, dirigido por Wolfgang Petersen)

5.2.4. Cruzada (EUA, 2005, dirigido por Ridley Scott)

5.2.5. Chef (EUA, 2014, dirigido por Jon Favreau)

5.2.6. Perdido em Marte (EUA, 2015, dirigido por Ridley Scott)

6.       Leitura comentada do Catecismo positivista

6.1.    Término do duodécimo capítulo, dedicado à evolução histórica da religião (em particular ao fetichismo, à teocracia e ao politeísmo)

7.       Exortações finais

8.       Término

14 agosto 2024

"Só se destrói o que se substitui" e "conservar melhorando"

No dia 2 de Gutenberg de 170 (13.8.2024) fizemos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Catecismo positivista (em sua duodécima conferência, dedicada à exposição histórica da evolução humana, isto é, da religião, em particular do fetichismo e do politeísmo).

No sermão abordamos as fórmulas "só se destrói o que se substitui" e "conservar melhorando".

A prédica foi transmitida no canal Igreja Positivista Virtual (aqui: https://l1nk.dev/o6uT4); devido a problemas técnicos, não foi possível transmiti-la no canal Positivismo. Ainda assim, a partir do Facebook, a prédica foi carregada no canal Positivismo (aqui: https://l1nq.com/uoBHN).

Os tempos da prédica são estes:

00 min 00 s - início da prédica

05 min 00 s - exortações

22 min 00 s - efemérides

26 min 00 s - início da leitura comentada do Catecismo positivista

1h 02 min 00 s - início do sermão

1h 58 min 00 s - término da prédica

As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*   *   *

Sobre as fórmulas “Só se destrói o que se substitui” e “conservar melhorando”

(2 de Gutenberg de 170/13.8.2024)

1.       Abertura da prédica

2.       Exortações

2.1.    Sejamos altruístas!

2.2.    Façamos orações!

2.3.    Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Efemérides

3.1.    1 de Gutenberg de 170: 700 anos da transformação de Marco Polo

3.2.    3 de Gutenberg de 170: 500 anos da transformação de Vasco da Gama

4.       Leitura comentada do Catecismo positivista

4.1.     Duodécima conferência, sobre a evolução histórica da religião, em particular sobre o fetichismo e o politeísmo

5.       Sermão: sobre as fórmulas “Só se destrói o que se substitui” e “conservar melhorando”

5.1.    Essas duas fórmulas são características do Positivismo

5.1.1. Outras filosofias e correntes políticas por vezes até as usam, mas, não por acaso, isso é raro

5.2.    Essas duas fórmulas apresentam com clareza o espírito construtivo do Positivismo e sua tendência antidestruidora

5.2.1. Sendo muito claro, essas fórmulas indicam um claro e honroso conservadorismo positivista

5.2.2. Como veremos adiante, o nosso conservadorismo não implica reacionarismo, nem imobilismo, nem servidão

5.2.3. Além disso, ele implica, exige e evidencia que tenhamos clareza a respeito do que é a ordem, do que é o progresso e das relações entre ambos

5.2.3.1.             Além disso, ele também se refere ao republicanismo (embora não tratemos desse aspecto nesta prédica)

5.3.    Essas duas fórmulas eram conhecidas largamente no século XIX e foram empregadas por Augusto Comte pelo menos no Catecismo positivista (“só se destrói o que se substitui” – “on ne détruit que ce qu’on remplace”, p. 3) e no Apeloaos conservadores (“conservar melhorando” – “conserver en améliorant”, p. XIII)

5.3.1. O “só se destrói” foi tornado famoso por Luís Napoleão Bonaparte; mas, como indica Miguel Lemos nas notas do Catecismo positivista (p. 449), podemos com facilidade atribuí-la a alguém muito superior, ou seja, a Danton

5.3.2. É curioso notar, além disso, que essa frase também é atribuída a Nietzsche (atribuída a ele em 2014 por Olavo de Carvalho, o que já dá a medida de o quanto é suspeita essa referência)

5.4.    Como trataremos do conservadorismo e do conservar, vale a pena vermos o que Augusto Comte indicou a respeito do adjetivo “conservador”

5.4.1. Augusto Comte indica que a expressão “conservador” surgiu na França, como título de um jornal hebdomadário (semanal) mantido por Luís de Bonald e Francisco-Renato Chateaubriand, com o apoio de Lamennais, durante a segunda metade da década de 1810; reacionários, esses autores aceitavam todavia muito do programa da Revolução Francesa (mesmo o programa destruidor); caído no esquecimento, depois, na chamada Monarquia de Julho (de Luís Felipe, 1830-1848), o termo foi retomado por antigos revolucionários que se tornaram retrógrados

5.4.2. Em 1855, já sem o parlamentarismo na França, Augusto Comte observa que “Assim começou a fase final do título de Conservador que, adotado de hoje em diante por republicanos libertos da atitude revolucionária, pode indicar por toda parte a disposição de conservar melhorando” (Apelo, p. XIII)

5.5.    Essas duas frases têm sentidos bastante claros:

5.5.1. O “conservar melhorando” indica (1) que devemos adotar como comportamento geral a conservação das instituições; mas (2) que essa conservação (2.1) não pode ser estática (2.2) mas esse movimento não é qualquer movimento, (2.3) não pode ser retrógrado, ou seja, (2.4) tem que ser progressista

5.5.2. No que se refere ao “só se destrói”: (1) a destruição, por si só, não tem valor; (2) a destruição deve subordinar-se a objetivos construtivos, construidores; (3) não é correto nem útil, dos pontos de vista moral e prático, destruir algo sem ter algum substituto para esse algo: sem o substituto, o ser humano fica à deriva (para Augusto Comte, tem-se então a anarquia)

5.5.3. O sentido de ambas as fórmulas é e tem que ser complementar; isso significa que tomadas isoladamente elas podem ser entendidas como contraditórias

5.5.3.1.             Na verdade, a complementaridade dessas fórmulas significa que elas têm sentidos que se sobrepõem, mas que há detalhes específicos de cada uma delas

5.5.4.  O sentido geral dessas frases, então, é que de modo geral temos que ser conservadores e procurar o melhoramento das instituições e das práticas; mas há situações em que a destruição tem que ocorrer

5.5.4.1.             A necessidade de destruição – ou de supressão, ou de mudanças mais pronunciadas – apresenta-se quando o progresso impõe-se

5.5.4.2.             Exemplos bastante claros: a substituição do absolutismo pelo relativismo, com as substituições correlatas das monarquias pelas repúblicas, da teologia pela positividade, da teocracia pela separação entre os dois poderes

5.6.    O sentido dessas frases tem um aspecto evidentemente político, mas esse aspecto pressupõe e implica sentidos filosóficos e morais

5.6.1. Assim é que essas fórmulas afirmam a positividade e levam em consideração a teologia e a metafísica

5.6.2. O aspecto construtivo dessas frases deixa claro que a metafísica é particularmente visada, devido ao caráter essencialmente crítico, ou seja, destruidor da metafísica

5.6.3. Inversamente, o aspecto orgânico e “conservador” (devido à dinâmica social e política vigente desde a Revolução Francesa, em que a teologia perdeu a liderança social) da teologia conduz a que se conceda a ela um certo respeito

5.6.4. Algumas observações específicas sobre a teologia e a metafísica antes de seguirmos adiante:

5.6.4.1.             A teologia e a metafísica são ambas absolutas: esse absolutismo tem inúmeras características e conseqüências, mas, aqui, podemos simplificar e entendê-lo como sendo a mentalidade do “tudo ou nada”

5.6.4.1.1.                   Além disso, como sabemos, a metafísica é a degradação da teologia (donde, aliás, o comum absolutismo de ambas), o que às vezes resulta em que a metafísica é uma teologia disfarçada e em outras ocasiões ela é a antiteologia

5.6.4.1.2.                   Em todo caso, enquanto a teologia muitas vezes – mas não sempre! – apresenta um caráter orgânico, a metafísica é sempre crítica, destruidora

5.6.4.2.             Dito isso, vale notar que o relativo respeito dado à teologia não implica que ela em si deva ser seguida e/ou que suas concepções sejam corretas: significa apenas que ela, com freqüência (mas não sempre), tornou-se “conservadora”, ou seja, não revolucionária, não destruidora

5.6.4.2.1.                   Esse respeito, então, não é ao conteúdo da teologia, mas a aspectos da sua prática social e política

5.6.4.3.             Por outro lado, devido à escandalosa e degradante importância social, política, moral e intelectual que a metafísica apresenta atualmente, é importante afirmar e reafirmar com clareza: recusar a metafísica e seu espírito destruidor não equivale, de maneira nenhuma, a “aceitar as coisas como elas estão” ou o “statu quo” ou, o que é equivalente para essa mentalidade, não equivale a aceitar e/ou a justificar injustiças

5.6.4.3.1.                   Assim, ao contrário do que o senso comum pressupõe e que a mentalidade metafísica afirma, criticar a metafísica não implica, de maneira nenhuma, ser a favor das injustiças nem ser a favor da retrogradação

5.6.4.3.2.                   A rejeição à metafísica e à criticidade metafísica consiste em recusar o espírito destruidor sistemático e a noção altamente equivocada e infantil de que o progresso consiste em destruir as coisas, buscando situações de terra arrasada

5.6.4.3.3.                   De maneira conexa, a rejeição à metafísica consiste em rejeitar o espírito forte e violentamente anti-histórico próprio à metafísica

5.6.4.3.4.                   O espírito destruidor e anti-histórico próprio à metafísica é fácil e exemplarmente visto no marxismo e no feminismo identitário: ambos rejeitam a história, adotam uma perspectiva “tudo ou nada”, criam entidades (o “capitalismo”, o “patriarcado”), não propõem de verdade nada de real etc.

5.6.4.4.             Inversamente, é central lembrar que a caracterização que Augusto Comte faz do Positivismo no Apelo aos conservadores, de 1855, como sendo conservador é complementar à caracterização feita em 1848-1851 no Discurso preliminar sobre o conjunto do Positivismo como o Positivismo sendo o “socialismo sistemático”

5.6.4.4.1.                   Evidentemente, essa necessária compatibilidade exige a rejeição dos absolutos filosóficos (e, daí, a harmonia da ordem com o progresso)

5.7.    O entendimento adequado – ou seja, o entendimento positivo: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático – do “conservar melhorando” e do “só se destrói” implica conjugar a ordem com o progresso

5.7.1. Isso, por sua vez, implica sabermos o que são a ordem e o progresso

5.7.1.1.             As concepções parciais da ordem e do progresso adotam perspectivas que opõem uma à outra e que, portanto, negam-se mutuamente

5.7.1.2.             É importante dizê-lo com clareza: apenas o Positivismo afirma a necessidade de compatibilizar a ordem e o progresso e, portanto, de ultrapassar as vistas e as práticas parciais próprias à ordem sem progresso e ao progresso sem ordem

5.7.2. A verdadeira concepção de ordem, que é a concepção apresentada apenas pelo Positivismo, não é o retorno à Idade Média, aos tempos bíblicos ou, mais recentemente, à violência político-militar do regime de 1964 (como querem os retrógrados/reacionários, ou a “direita”); a ordem também não é a aceitação das injustiças sociais ou a paz de cemitério (como querem os revolucionários, ou a “esquerda”)

5.7.3. A verdadeira concepção de progresso, que é a concepção apresentada apenas pelo Positivismo, não é a rejeição da ordem social, não é a anarquia institucionalizada, não é a ausência de parâmetros, não é a destruição sistemática e sistematizada, não é o espírito anti-histórico (como querem ao mesmo tempo os retrógrados/reacionários e os revolucionários)

5.7.4. A ordem é o respeito pelas instituições humanas fundamentais, respeito que contemple e permita ao mesmo tempo o desenvolvimento da natureza humana; inversamente, o progresso é esse desenvolvimento da natureza humana, que ao mesmo tempo modifica e consolida a ordem

5.7.5. Como definiu Augusto Comte: “a ordem é a consolidação do progresso; o progresso é o desenvolvimento da ordem”

5.7.5.1.             Em outras palavras, a ordem deve ser entendida como ordenamento, como arranjo, ao passo que o progresso deve ser entendido como desenvolvimento, como aperfeiçoamento

5.7.5.2.             Isso significa que toda ordem tem aspectos fundamentais que, com o passar do tempo, naturalmente se modificam e evoluem conforme as características próprias a essa ordem (ou a esse sistema); o progresso, que está implicado nessa concepção de ordem, consolida as instituições da ordem

5.7.6. Deveria ser evidente, mas cumpre afirmar e reafirmar, mesmo sob o risco de repetirmos algumas idéias que já expusemos aqui: essas concepções de ordem e de progresso estão muito, muito, muito distantes do que se tem vulgarmente por “ordem” e “progresso”, seja porque afirmamos com clareza a realidade e a correção de ambas as noções, seja porque nossos conceitos de ordem e progresso afastam-se radicalmente das concepções retrógradas/reacionárias e revolucionárias

5.8.    Em suma:

5.8.1. As fórmulas “só se destrói o que se substitui” e “conservar melhorando” são caraterísticas do Positivismo

5.8.2. Elas indicam a importância da conservação das instituições, das práticas, dos sentimentos

5.8.2.1.             Essa conservação tem um sentido contrário à destruição sistemática proposta pela metafísica política (ou seja, pelo espírito revolucionário)

5.8.2.2.             Inversamente, essa conservação não implica o reacionarismo, nem a retrogradação, nem a aceitação das injustiças, nem a paz de cemitério

5.8.3. Esse conservadorismo implica a união da ordem com o progresso, o que só é possível no e com o Positivismo

5.8.3.1.             “A ordem é a consolidação do progresso, o progresso é o desenvolvimento da ordem” – ou seja:

5.8.3.2.             A ordem deve ser entendida como arranjo, ou seja, como instituições fundamentais que evoluem com o passar do tempo

5.8.3.3.             O  progresso deve ser entendido como o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das instituições, além da consolidação dessas instituições

6.       Término da prédica

09 julho 2024

Sobre os manuais de autoajuda

No dia 23 de Carlos Magno de 170 (9.7.2024) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Catecismo positivista, em sua duodécima conferência, dedicada ao exame da evolução histórica da Humanidade, em particular do fetichismo e do politeísmo.

No sermão apresentamos algumas considerações filosóficas, morais e sociológicas sobre os chamados "manuais de autoajuda".

Antes do sermão insistimos que na semana passada o nosso canal Positivismo, no Youtube, foi censurado. (Ver aqui e aqui.)

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://l1nq.com/sxcYl) e Igreja Positivista Virtual (aqui: https://l1nk.dev/05OYN).

Os horários de cada parte são os seguintes:

0 min 0 s: início 

14 min 40 s: indicação das efemérides

18 min 10 s: aviso de férias

19 min 41 s: notícia sobre a censura sofrida

30 min 21 s: leitura comentada do Catecismo Positivista

1 h 05 min 57 s: início do sermão 

2h 15 min 28 s: exortações finais

2 h 23 min 10 s: término

As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas (e atualizadas) abaixo.

*   *   *

Sobre os manuais de autoajuda

(Prédica de 23 de Carlos Magno de 170/9.7.2024) 

1.      Exortações e comentários iniciais:

1.1.   Exortações:

1.1.1.     Sejamos altruístas!

1.1.2.     Façamos orações!

1.1.3.     Façamos trocas:

1.1.3.1.           Idéias, sentimentos, experiências: conversemos!

1.1.3.2.           Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

1.2.   Efemérides:

1.2.1.     28 de Carlos Magno: 14 de julho, início da grande crise ocidental (Revolução Francesa)

1.3.   Aviso: férias entre 24 de Carlos Magno (10 de julho) e 22 de Dante (5 de agosto)

2.      Censura do canal Positivismo (Youtube.com/ThePositivism), pelo Youtube

2.1.   Ocorrida nos dias 2 e 3 de julho, em um total de 18 vídeos e proibindo também a realização de eventos ao vivo

2.2.   Aparentemente, foi uma censura automática, realizada pela suposta “inteligência artificial”

2.2.1.     Alegadamente, porque os nossos vídeos infringiram os “parâmetros da comunidade”

2.2.2.     Os parâmetros alegados para censura são: estímulo à violência, estímulo a crimes, instruções para violência e para crimes, pornografia infantil, estímulo à violência autoinflingida: evidentemente, nenhum desses parâmetros aplica-se ao nosso canal

2.2.3.     Mas como se trata de um processo obscuro, em que não se sabe como começa nem como é processado, infelizmente não se pode descartar censura realizada por adversários (retrógrados e/ou revolucionários)

3.      Leitura comentada do Catecismo positivista

3.1.   “Conclusão” do livro, duodécima conferência: evolução histórica da religião, em particular do fetichismo e do politeísmo

4.      Sermão da semana: sobre os manuais de autoajuda

4.1.   Esse tema foi sugerido por diversos motivos, que aparentemente são díspares mas que, bem vistas as coisas, estão estreitamente relacionados:

4.1.1.     Por um lado, os chamados “manuais de autoajuda” são uma forma de literatura que há algumas (duas ou três) décadas faz muito sucesso e que, ao fazer sucesso, indica uma necessidade coletiva e individual – o que exige considerações da parte da Religião da Humanidade

4.1.2.     Por outro lado, muitos livros sugeridos para leitura pelo Positivismo já foram considerados como sendo de “autoajuda” – o que, evidentemente, também deve ser motivo de reflexão

4.2.   O que são os chamados “manuais de autoajuda”?

4.2.1.     São livros escritos basicamente por estadunidenses (ou por autores influenciados pela mentalidade própria aos Estados Unidos) que buscam oferecer orientação para a vida dos leitores

4.2.2.     Como o rótulo geral sugere, é uma literatura que pretende fornecer orientação individual, em que os leitores não precisam interagir com ninguém e podem atuar com autonomia; além disso, essa orientação individual é dada na forma de conselhos, regras, procedimentos etc.

4.2.3.     Esses conselhos são para as mais variadas áreas: sentimentos e emoções, carreiras e negócios, condução de relacionamentos e criação de filhos, administração financeira etc.

4.3.   É importante indicar a origem estadunidense devido a alguns traços gerais bastante salientes

4.3.1.     Esses traços não estão sempre presentes, mas são muito comuns

4.3.2.     Esses traços são pelo menos três:

4.3.2.1.           Por um lado, o já indicado elemento individualista da literatura: os conselhos dados são não somente para indivíduos consumirem, mas o viés adotado é especificamente individualista, no sentido de que se busca a satisfação estritamente individual, egoísta, apesar e mesmo contra a sociedade e a sociabilidade

4.3.2.1.1.                A felicidade individual é um objetivo supremo e em desconsideração com o bem comum

4.3.2.1.2.                Da mesma forma, a noção de self-made man com frequência é subjacente (ou até explícita)

4.3.2.1.3.                Nesse sentido, aliás, é uma pequena contradição o nome geral dado a essa literatura – “manuais de autoajuda” –, na medida em que a própria noção de manual, que são livros escritos por outros para auxiliar coletivamente, é contrária à idéia de individualismo egoísta

4.3.2.2.           Por outro lado, o aspecto comercial dos conselhos dados: os conselhos dados são vendidos

4.3.2.2.1.                O caráter comercial disso é tão intenso que, com freqüência, considera-se que quanto mais caros, melhores seriam tais conselhos

4.3.2.3.           Em terceiro lugar, seja como parte das técnicas de venda, seja como integrante da mentalidade teológica geral da cultura estadunidense, há com frequência também um forte elemento miraculoso nos conselhos dados: são sempre conselhos “revolucionários”, com efeitos milagrosos ou mágicos

4.4.   Como indicamos antes, muitos dos livros recomendados por Augusto Comte para leitura apresentam um aspecto que, por vezes, são entendidos como sendo de “autoajuda”

4.4.1.     Em que consiste essa “autoajuda”? Consiste nas sugestões, nas recomendações, nos conselhos práticos dados pelo autor para a condução cotidiana da vida do leitor

4.4.1.1.           Quais livros da Biblioteca Positivista apresentam esse aspecto? Podemos indicar pelo menos os seguintes:

4.4.1.1.1.                A arte de amar, de Ovídio

4.4.1.1.2.                A imitação de Cristo, de Tomás de Kempis

4.4.1.1.3.                Autobiografia, de Benjamin Franklin

4.4.1.1.4.                Máximas e reflexões, de Vauvenargues

4.4.1.1.5.                Da sobriedade, de Cornaro

4.4.1.1.6.                A arte de prolongar a vida, de Hufeland

4.4.1.2.           A recomendação de livros assim e a consideração de que eles seriam livros de autoajuda sugerem, ou exigem, reflexões tanto sobre esses livros quanto sobre a literatura de autoajuda em geral

4.4.2.     O objetivo da inclusão desses livros na Biblioteca Positivista é bastante claro: trata-se de oferecer conselhos e orientações práticos para que os indivíduos possam conduzir suas vidas e que possam lidar com questões cotidianas; em outras palavras, trata-se de ser útil, em um sentido bem prosaico

4.4.3.     Em outras palavras, essas recomendações são (1) feitas pelo sacerdócio positivo (2) para estimular e auxiliar a reflexão individual

4.4.4.     Vale a pena entender essa “utilidade individual”:

4.4.4.1.           Por um lado, isso evidencia que a Religião da Humanidade reconhece e busca satisfazer também as necessidades individuais

4.4.4.2.           Por outro lado, essa “utilidade” não esgota o conceito de utilidade para o Positivismo: como sabemos, ela refere-se às necessidades humanas em sentido amplo, começando pelas mais gerais (morais e coletivas), passando pelas intelectuais e chegando às mais específicas (materiais e individuais)

4.4.4.3.           Além disso, esse “individual” não é entendido como isolado ou contrário à noção de coletividade; aliás, bem ao contrário, trata-se de entender que, se a felicidade individual é legítima, sua satisfação só resultará em harmonia coletiva (e individual!) se for entendida como complementar ao bem-estar coletivo – e, como sabemos, essa complementaridade justamente só ocorre quando a felicidade individual é orientada para o bem-estar coletivo, ou seja, quando é orientada pelo altruísmo

4.4.5.     Assim, embora até se possa considerar que alguns livros recomendados pelo Positivismo sejam de “autoajuda”, tais livros não têm em si mesmos os aspectos individualistas, egoístas, antissociais próprios à atual literatura de autoajuda, nem são recomendados com esse espírito

4.4.5.1.           Aliás, também não recomendamos livros a partir de um espírito comercialista, nem espetacular nem miraculoso

4.5.   Convém entendermos sociologicamente o surgimento dos livros de autoajuda, isto é, da literatura que atualmente é assim denominada e que se apresenta dessa forma

4.5.1.     Antes de mais nada, temos que ter em mente que todo sistema filosófico, moral, religioso precisa de livros de divulgação e vulgarização, não somente para exposição popular e simplificada da doutrina, mas também para aplicação prática das suas idéias

4.5.1.1.           Assim, não somente é correta, mas, mais do que isso, é necessária a elaboração de livros, documentos e manuais práticos para a aplicação cotidiana de princípios

4.5.1.2.           Dessa forma, bem vistas as coisas, toda doutrina tem livros desse tipo, desde sempre: pensemos nos relatos mais antigos, seja de Direito, como o Código de Hamurábi, seja de... Matemática, como as tabuletas e os papiros egípcios, babilônicos, hindus etc.; ou Como tirar proveito dos seus inimigos e Como distinguir um bajulador de um amigo, ambos de Plutarco; ou, então, na chamada literatura “espelho do príncipe”, que eram conselhos dados pelos sacerdotes católicos para orientação prática dos governantes; ou então, ainda no âmbito do catolicismo, livros como os Exercícios espirituais, de Santo Inácio, ou A arte de aproveitar-se das próprias faltas, segundo São Francisco de Sales, de José Tissot

4.5.1.3.           Talvez seja um sinal muito ruim considerarmos que esses livros de aplicação prática individual sejam atualmente considerados de autoajuda, devido ao intelectualismo e ao hermetismo que se considera que devem ter os “verdadeiros” livros filosóficos e morais

4.5.2.     Indicamos antes que a atual literatura de autoajuda é de origem estadunidense e que, em virtude disso, ela apresenta pelo menos três características muito marcantes, o individualismo antissocial do self-made man, o comercialismo e o caráter espetacular

4.5.2.1.           Todavia, esses três aspectos, embora sejam de fato caracteristicamente estadunidenses, é importante indicar que eles são contemporâneos; assim, eles são característicos do que se chama própria e especificamente de “literatura de autoajuda”

4.5.2.2.           Os Estados Unidos têm uma tradição de obras de orientação pessoal, como a já clássica Autobiografia de Benjamin Franklin – que, aliás, como indicamos, também está na Biblioteca Positivista – e os livros de Orison Swett Marden

4.5.2.2.1.                No caso do livro de Franklin, é notável que ele tenha sido escrito sem referências teológicas, o que indica a emancipação do antigo embaixador dos Estados Unidos

4.5.2.2.2.                Já os livros de Orison Marden combinam bom senso comum e forte teologismo

4.5.3.     Como indicamos há pouco, os livros de regras e conselhos pessoais, então, apresentam desde sempre o caráter de complementos de atuação do sacerdócio, no sentido claro de oferecer sugestões práticas para o dia-a-dia das pessoas

4.5.4.     A atual literatura de autoajuda, todavia, inverte e rejeita esse caráter de complementaridade com o sacerdócio: claramente esses livros desconsideram o fato de que são, e devem ser, apenas apoios, apenas secundários

4.5.4.1.           A separação dos livros de autoajuda em relação ao sacerdócio tem que ser entendida em relação com a decadência (necessária) do sacerdócio teológico, por um lado, e com a constituição do que se pode chamar de “sacerdócio cientificista/metafísico” (que, por sua vez, ocorre na forma das universidades, por um lado, e, por outro lado, da psiquiatria, das psicoterapias e, ainda pior, das psicosseitas (como no caso exemplar da psicanálise))

4.5.4.2.           Embora os antigos sacerdócios tivessem o grave defeito de basearem-se na teologia, suas recomendações eram gratuitas e abertas a todos e as falhas decorrentes da teologia eram corrigidas pelo bom senso prático do sacerdócio

4.5.4.3.           As universidades ambigüamente rejeitam o antigo sacerdócio, mas, ao mesmo tempo, rejeitam e impedem a constituição de um novo sacerdócio positivo

4.5.4.3.1.                Essa rejeição/impedimento ocorre na forma da rejeição de afirmarem-se como sacerdócio, na forma da cultura especializante, na forma do absolutismo cientificista

4.5.4.4.           Em relação à psiquiatria: ela não é metafísica, pelo menos não em princípio; sendo um ramo da Medicina, ela tem um forte aspecto científico; entretanto, falta-lhe com freqüência a consideração e o respeito ao aspecto humano da prática, seja em termos de respeito à subjetividade, seja em termos de respeito à dignidade humana

4.5.4.4.1.                Esse é um problema geral da Medicina contemporânea – aspecto que, aliás, Augusto Comte criticava e lamentava

4.5.4.5.           Da mesma forma, as psicoterapias, por si sós, não são necessariamente metafísicas, embora um simples exame das teorias psicoterápicas evidenciem com rapidez e clareza que muitas – muitas! – delas são extremamente metafísicas

4.5.4.5.1.                Muitas psicoterapias, apesar de suas concepções metafísicas, apresentam práticas concretamente positivas, o que acaba tornando-as mais aceitáveis (ou menos criticáveis)

4.5.4.5.2.                Nas últimas décadas tem-se estabelecido um consenso no sentido de que a psiquiatria e as psicoterapias devem andar de mãos dadas, ou seja, que a parte farmacológica e a parte “empática” são complementares

4.5.4.6.           Já as psicosseitas constituem-se em grupos esotéricos e exotéricos, ou seja, são grupos restritos aos iniciados, com procedimentos demorados, com resultados totalmente incertos e, ainda pior, muitas vezes conscientemente caros

4.5.5.     Um aspecto muito saliente na atuação do que chamamos aqui de sacerdócio metafísico – à parte o fato de que muitos deles são, efetivamente, metafísicos – é que só acorre a ele quem está doente ou com problemas

4.5.5.1.           Importa reforçar: o antigo sacerdócio tinha uma atuação universal e gratuita; ele foi substituído por grupos profissionais que cobram por suas atuações mas que restringem essa atuação a quem enfrenta problemas (e problemas “clínicos”)

4.5.6.     Ora, como deveria ser evidente, a atuação do sacerdócio não pode limitar-se a quem tem problemas

4.5.6.1.           Inversamente, é necessário que médicos e psicoterapeutas reconheçam adequadamente sua integração ao sacerdócio (e que, a partir daí, orientem suas condutas profissionais)

4.5.6.2.           Um sinal bastante claro dessa rejeição (ou, talvez, apenas incompreensão) do caráter sacerdotal dos “profissionais da mente” é o fato de que muitos deles criticam os manuais de autoajuda (1) pensando apenas em quem tem problemas e (2) considerando que apenas os próprios “profissionais da mente” são capazes de oferecer orientação

4.5.6.2.1.                Dito isso, convém lembrarmos que há pessoas que realmente precisam de auxílio profissional

4.5.6.3.           Por outro lado, bem vistas as coisas, temos que reconhecer que o nosso comentário acima se defronta com uma ambigüidade: por um lado, muitos “profissionais da mente” exigem de fato um exclusivismo daninho; mas por outro lado, é necessário insistir muito que os livros de autoajuda são apenas auxiliares do sacerdócio

4.5.6.3.1.                Importa insistir: a atual literatura de autoajuda – ao basear-se no comercialismo, no individualismo extremo, em garantias mágicas de solução – nega o caráter social e histórico do ser humano e rejeita a atuação do sacerdócio

4.5.7.     Não somente a atuação do sacerdócio não pode limitar-se a quem tem problemas como há muitas pessoas – na verdade, bem vistas as coisas, a maior parte das pessoas e/ou na maior parte de suas vidas – que buscam orientação a partir da reflexão pessoal, da leitura filosófica e/ou literária

4.5.7.1.           Além disso, há outras tantas pessoas que não desejam ter que ir a um médico ou a um terapeuta – ou, então, que não têm dinheiro e/ou tempo para isso

4.5.8.     O resultado geral do que comentamos até agora é o seguinte: trata-se de uma desarticulação geral e necessária do antigo sacerdócio, sem que ele tenha sido adequadamente substituído pelo novo; nesse sentido, a passagem da teologia para a ciência limitou-se ao aspecto destruidor da metafísica e até da ciência, sem que a atual constituição dos “profissionais da mente” seja realmente adequada às necessidades sociais

4.5.9.     Os livros de autoajuda devem ser entendidos, então, como o resultado da degradação extrema do antigo sacerdócio sem que o sacerdócio positivo tenha tido ainda condições de estabelecer-se amplamente

4.5.9.1.           É claro que as características mais negativas corretamente criticadas nos livros de autoajuda – comercialismo, individualismo antissocial e até um mecanicismo mágico – integram plenamente essa decadência do antigo sacerdócio sem substituição pelo novo

4.6.   Em suma:

4.6.1.     Os livros de autoajuda correspondem a uma versão contemporânea de uma literatura historicamente muito comum, necessária e assessória da atuação sacerdotal

4.6.1.1.           Essa literatura consiste em aplicações práticas e em exemplos concretos de regras gerais, servindo para orientar a conduta cotidiana dos indivíduos

4.6.1.2.           Devemos repetir o óbvio: todos nós precisamos de orientações desse tipo

4.6.1.3.           É devido a essa necessidade que os livros de autoajuda têm tanto sucesso

4.6.2.     Os livros de autoajuda – ao basearem-se no comercialismo, no individualismo extremo, em promessas mágicas de solução – negam o caráter social e histórico do ser humano e rejeitam a atuação do sacerdócio positivo: esses defeitos, por si sós, já bastam para vermos com maus olhos essa literatura

4.6.3.     Além disso, o sucesso contemporâneo dos livros de autoajuda – incluindo aí os seus aspectos negativos, que infelizmente são parte importante de seu atrativo – corresponde à degradação extrema do sacerdócio teológico, sem que o sacerdócio positivo tenha ainda conseguido estabelecer-se plenamente (e, claro, por definição, sem que o sacerdócio cientificista/metafísico tenha condições de realizar essa tarefa)