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12 setembro 2024

RN24h: "Candidaturas teológicas crescem no país"

No dia 5 de setembro o jornal eletrônico RN24H publicou matéria para a qual fomos entrevistados; a matéria foi intitulada "Candidaturas com viés religioso crescem no Brasil".

O original da máteria pode ser lido aqui.

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Candidaturas com viés religioso crescem no Brasil; entenda motivos

O estudo apontou que o crescimento das candidaturas com viés religioso é 16 vezes superior ao das demais.

Publicado em 5 set 2024, às 23h52.

As candidaturas com viés religioso cresceram 225% em 24 anos no Brasil, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (IPRI), da FSB Holding.

Candidaturas com viés religioso crescem no Brasil; entenda motivos
Dados do IBGE, divulgados em 2010, apontam que cerca de 22% da população nacional se declara como evangélica. (Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE)

O IPRI realizou o levantamento com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram utilizados filtros para separar esses candidatos e aplicadas palavras-chave como pai, mãe, pastor, pastora, pr., missionário, missionária, bispo, bispa, apóstolo, apóstola, reverendo, irmão, irmã, ir., padre, abençoado, abençoada, babalorixá, ialorixá, ministro, ministra, ogum, exú, iansã, yansã, iemanjá, obaluaê, oxalá, omulu, oxóssi, oxum, oxumaré, xangô

O estudo apontou que o crescimento das candidaturas com viés religioso é 16 vezes superior ao das demais.

Em 2000, as candidaturas com viés religioso representavam 2.215 registros e saltaram para 7.206 em 2024. Já os demais postulantes cresceram 14% no período – de 399.330 para 454.689 pessoas.

“A gente tem mais candidatos que querem se colocar seu nome com esse vínculo. Temos estudos acadêmicos que vão mostrar que a religião evangélica no Brasil cresceu bastante nos últimos 15, 20 anos. E aí temos um contingente maior de eleitorado que vai buscar ter a sua representação política, buscar na democracia o seu representante, aquele que vai defender as suas ideologias”, explica André Jácomo, diretor do IPRI.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2010, apontam que cerca de 22% da população nacional se declara como evangélica. Como comparação, em 1980 esse número era de 6%.

Para Gustavo Biscaia de Lacerda, sociólogo e pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), esse crescimento das candidaturas evangélicas estão ligadas a uma sucessão de poder entre as matrizes religiosas do país.

“O Brasil é um país que surgiu a partir da colonização portuguesa, então a maior parte das nossas instituições é herdeira das instituições portuguesas. A Igreja Católica integrava plenamente a estrutura de poder no Brasil. A partir dos anos 1970, os evangélicos começam a se organizar de maneira mais agressiva. É um projeto muito explícito”, avalia o sociólogo.

Biscaia de Lacerda também apontou que foi a partir da década de 2010 que os evangélicos conseguiram ingressar de vez na política nacional.

“Por causa da mobilização da Lava Jato e pela crise de legitimação do Estado, os evangélicos passaram a deixar de querer ser somente sócios para serem os ativistas, os atores principais das coligações de poder. Então é uma lógica querer usar o Estado para impor suas crenças, mesmo em um Estado Laico”, prossegue.

Atualmente a bancada evangélica no Congresso Nacional reúne o maior conjunto de parlamentares na comparação com os demais grupos. Compõem essa frente parlamentar 213 deputados e 26 senadores.

Entre os paranaenses, fazem parte dessa bancada os deputados Diego Garcia (Republicanos), Felipe Francischini (UNIÃO), Filipe Barros (PL), Pedro Lupion (PP), Sargento Fahur (PSD) e Vermelho (PL), além do senador Flávio Arns (PSB).

Eleitores conservadores puxam candidaturas religiosas

Pesquisa desenvolvida pelo Ipec em 2024 apontou que 27% dos entrevistados se consideram conservadores. Por outro lado, 23% se definem como modernos ou progressistas.

Mesmo com empate técnico entre esses dois polos é possível apontar que o voto conservador é uma tendência nas disputas eleitorais. Com isso, os candidatos com viés religioso conseguiram uma base eleitoral para crescer nos últimos anos.

“Então uma vez que o eleitor demanda candidatos com uma ideologia mais conservadora, naturalmente a oferta desses candidatos tende a ser maior, que eles busquem se vincular dentro da forma como eles vão aparecer para esse eleitorado”, analisa Jácomo.

Biscaia de Lacerda observa que essa tendência do eleitorado conservador também encontra brechas para crescer dentro dos governos da esquerda no Brasil.

“Nós temos pobreza generalizada e ao mesmo tempo, uma insegurança social muito grande. E a esquerda lida muito mal com esse tema. A esquerda fica dizendo que o problema da segurança é causado pelas injustiças do capitalismo. Isso é muito bom, muito bonito, mas não resolve o problema”, complementa o sociólogo.

E dentro dessas brechas, Biscaia de Lacerda acredita que a comunicação das igrejas evangélicas é mais assertiva – até mesmo na comparação com a Igreja Católica.

“As igrejas evangélicas têm um apelo muito direto, muito imediato. É uma teologia altamente individualista e do sucesso aqui e agora. A teologia processual não vai combater a criminalidade, mas promete organizar a sociedade evitando ela. Os evangélicos em particular satisfazem, bem ou mal, as necessidades muito claras para a população”, finaliza.

Metodologia da pesquisa citada

A pesquisa Ipec, contratada pela Rede Globo, ouviu 2.512 pessoas entre 9 e 11 de setembro em 158 municípios.

A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.

01 fevereiro 2018

Campanha de arrecadação: publicação de "Comtianas brasileiras"

Peço sua ajuda para publicar o livro Comtianas brasileiras: Ciências Sociais, Brasil e cidadania, pela editora Appris, de Curitiba.
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Embora ele tenha sido escrito basicamente com fins acadêmicos, ele também busca alcançar um público maior – seja pelos temas tratados, seja porque alguns capítulos foram escritos especificamente para a grande divulgação e o grande debate de ideias.
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O custo de revisão, diagramação, arte e impressão será de cerca de R$ 4.000,00; dividindo esse valor entre vários colaboradores, é possível que cada um dê um pouco e o livro seja publicado sem dificuldade.
A título de retribuição pela sua ajuda, proponho o seguinte, de acordo com o valor doado:
-         R$ 100,00: um exemplar de Comtianas brasileiras
-         R$ 200,00: um exemplar de Comtianas brasileiras + um exemplar de Laicidade na I República brasileira
-         R$ 300,00: um exemplar de Comtianas brasileiras + um exemplar de Laicidade na I República + um exemplar de Curso livre de Teoria Política
-         R$ 400,00: dois exemplares de Comtianas brasileiras + um exemplar de Laicidade na I República + um exemplar de Curso livre
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-         R$ 600,00: dois exemplares de Comtianas brasileiras + dois exemplares de Laicidade na I República + dois exemplares de Curso livre
-         E assim sucessivamente. (Mas podemos conversar sobre quais os livros a serem enviados.)

Esta é uma campanha de arrecadação de fundos, para permitir a publicação do livro. Os exemplares a serem enviados serão apenas uma retribuição pela colaboração; não é, de maneira nenhuma, uma venda antecipada de volumes.

A sua ajuda é fundamental!

Eis o sumário do livro:


Apresentação
Parte I – Sobre os métodos das Ciências Sociais
1. Aplicando Comte atualmente, ou sobre a relevância contemporânea do Positivismo
2. Explicação vs. compreensão: respostas comtianas às críticas do interpretativismo
3. Sobre comparações interpretativas nas Ciências Sociais, ou sobre a possibilidade de uma ciência social que não seja comparativista e subjetivista
4. Vontades e leis naturais: liberdade e determinismo no Positivismo comtiano

Parte II – Brasil e cidadania
5. A “teoria do Brasil” dos positivistas ortodoxos brasileiros: composição étnica e independência nacional
6. O “secreto horror à realidade” dos positivistas: discutindo uma hipótese de Sérgio Buarque
7. Laicidade na I República brasileira: os positivistas ortodoxos
8. Cidadania e desigualdade em Augusto Comte
9. Entrevista sobre o Positivismo: maçonaria, política, pseudociência, Brasil, mérito