No dia 28 de César de 171 (20.5.2025) realizamos a nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores (em sua Primeira Parte, "dedicada à doutrina própria aos verdadeiros conservadores").
Na parte do sermão, abordamos a expressão usada por Augusto Comte, "destinação social".
Antes do sermão, fizemos uma apresentação pessoal de nossas atividades à frente da Igreja Positivista Virtual.
A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://www.youtube.com/live/wE5V1Z59bV8?si=Pn5x9RyN69sYKKCx) e Igreja Positivista Virtual (Facebook.com/IgrejaPositivistaVirtual e Instagram.com/IgrejaPositivistaVirtual).
As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.
* * *
Apresentação pessoal; a expressão
“destinação social”
(28.César.171/20.5.2025)
1. Invocação inicial
2. Exortações iniciais
2.1. Sejamos altruístas!
2.2. Façamos orações!
2.3. Como Igreja Positivista Virtual,
ministramos os sacramentos positivos a quem tem interesse
2.4. Para apoiar as atividades dos
nossos canais e da Igreja Positivista Virtual: façam o Pix da Positividade! (Chave Pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)
3. Datas e celebrações:
3.1. Dia 12 de César (4.5): transformação
de Jorge Lagarrigue (1894 – 131 anos); comemoração de J. Lagarrigue, T. Carson,
R. Congreve, A. Crompton e outros apóstolos positivistas
3.2. Dia 13 de César (5.5): nascimento
de Cândido Rondon (1865 – 160 anos)
3.3. Dia 19 de César (11.5): fundação da
Igreja Positivista do Brasil (1881 – 144 anos)
3.4. Dia 21 de César (13.5): União das
raças no Brasil (1888 – 137 anos); glorificação de Toussaint Louverture
3.5. Dia 24 de César (16 de maio):
nascimento de Luís Lagarrigue (1864 – 161 anos)
3.6. No Dia 7 de São Paulo (27 de maio) não
haverá prédica, devido ao evento promovido pela Igreja Positivista
Virtual, com a colaboração do Templo Positivista de Porto Alegre: às 19h 30,
“Contribuições para o desenvolvimento do Brasil”, exposto por Christian V. Kuhn
4. Leitura comentada do Apelo aos conservadores
4.1. Antes de mais nada, devemos
recordar algumas considerações sobre o Apelo:
4.1.1. O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas
ou grupos, mas a um grupo específico:
são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que
tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes
políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do
progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que
Augusto Comte apela
4.1.1.1.
O
Apelo, portanto, adota uma linguagem
e um formato adequados ao público a que se dirige
4.1.1.2.
Empregamos
a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser
mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se
refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa,
oposta à guerra
4.2. Outras observações:
4.2.1. Uma versão digitalizada da tradução
brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está
disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores
4.2.2. O capítulo em que estamos é a “Primeira
Parte”, cujo subtítulo é “Doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores”
4.3. Passemos, então, à leitura
comentada do Apelo aos conservadores!
5. Apresentação pessoal
5.1. Faço as prédicas pela internet há alguns anos, em diferentes
modelos, e tenho tido um crescente reconhecimento de minhas atividades
5.2. Desde o início eu parti do pressuposto
que, mais que por meio de títulos e pompas, a minha atuação deveria e deve
legitimar-se ao longo do tempo, pela qualidade dessa atuação, como um verdadeiro e efetivo poder Espiritual:
exposição clara, honesta, competente, autônoma, útil, informada, respeitadora e
valorizadora do público
5.2.1. Após alguns anos fazendo as prédicas,
convém agora eu fazer uma apresentação pessoal: a confiança do público no
sacerdócio tem que ser ao mesmo tempo no conjunto
do sacerdócio e em cada um dos
sacerdotes
5.2.2. Estes comentários assumem,
portanto, ao mesmo tempo um aspecto de apresentação
pessoal e também de prestação pública
de contas
5.2.2.1.
Em
termos de prestação de contas, ela é complementar às “circulares anuais” que tenho
elaborado, dando continuidade a uma prática iniciada por Augusto Comte e
continuada pelos seguintes grandes sacerdotes e apóstolos da Humanidade, embora
lamentavelmente interrompida nas últimas décadas
5.2.2.2.
Esta
apresentação pessoal consiste, portanto, em mais uma forma de “viver às claras”,
que é a condição política do “viver para outrem”
5.2.3. Esta exposição pessoal está
planejada para realizar-se em uma prédica regular, bem como em um vídeo curto,
isolado
5.2.3.1.
Nas
prédicas eu costumo usar, como é natural, a primeira pessoa do plural (o
“nós”); mas, como se trata de uma apresentação e de uma justificativa pessoais, nesta exposição eu usarei a
primeira pessoa do singular (o “eu”)
5.3. Eu sou Gustavo Biscaia de Lacerda;
sou sacerdote da Religião da Humanidade e Diretor e fundador da Igreja
Positivista Virtual
5.3.1. Sou sacerdote da Humanidade porque
sou oficiante da Religião da Humanidade; além disso, sou apóstolo da
Humanidade, difusor da Religião da Humanidade
5.3.2. Para essas atribuições, procuro
seguir as orientações da Igreja e Apostolado Positivista do Brasil, conforme as
disposições de 1881 (fundação da IPB) e os Expedientes de 1917/1927
(transformações de Miguel Lemos e R. Teixeira Mendes), que, por sua vez,
basearam-se nas orientações de Augusto Comte; ainda assim, é claro que as
disposições que adoto consideram a experiência histórica do Positivismo, ou
seja, consideram as inúmeras experiências concretas do Positivismo, bem como a
situação moral, social e intelectual que vivemos atualmente
5.3.2.1.
Uma
preocupação constante de minha atuação é com a “atualização” do Positivismo: já
dedicamos algumas prédicas a esse tema e consideramos que atualizar o Positivismo
consiste em adaptá-lo à realidade que vivemos, utilizar os meios adequados à
sua difusão, aplicá-lo à realidade concreta vivida pelos seres humanos
5.3.2.2.
Há
aspectos específicos da doutrina positivista que podem, e até devem, ser
revistos, em face de desenvolvimentos posteriores às elaborações de Augusto Comte;
entretanto, por um lado são aspectos muito pontuais e, por outro lado e mais
importante, o conjunto da obra de nosso mestre e a quase totalidade de suas
concepções mantêm-se relativisticamente inalteradas
5.3.2.3.
Rejeitamos
em particular a tendência, muito própria aos hábitos mentais contemporâneos,
profundamente marcados pela metafísica e sua criticidade destruidora, segundo
os quais a “atualização” do Positivismo consistiria na prática em “rever”, negar,
desprezar a obra de Augusto Comte, sem nenhuma preocupação com relativismo,
simpatia, organicidade e veneração; tais hábitos mentais são particularmente
ativos no jornalismo diário e nas academias, ambientes nos quais o novidadismo
destruidor, antiorgânico e antissimpático apresenta-se como virtuoso e
progressista, sendo com freqüência esgrimido por pessoas que se aproximam do Positivismo,
mas desconhecem a doutrina e, em particular, não entendem seus sentimentos, suas
idéias e suas preocupações práticas
5.3.3. Em particular, devo notar que o seguimento
das diretrizes da IPB significa o respeito geral a essas diretrizes e o
respeito à autoridade moral, espiritual, subjetiva
de Miguel Lemos e Teixeira Mendes; por outro lado, como órgão empírico da Religião
da Humanidade, mantenho autonomia objetiva
em minhas atividades e decisões: em última análise, a responsabilidade por
minhas ações é minha, sendo pessoal e intransferível
5.3.3.1.
A
responsabilidade pessoal e intransferível
pelas opiniões e ações do poder Espiritual é uma característica inerente a todos
os servidores da Humanidade, quer sejam espirituais, quer sejam temporais; em
qualquer caso, essa responsabilidade é condição e garantia da confiança
depositada pelo público no servidor da Humanidade
5.3.3.2.
A
responsabilidade pessoal e intransferível também se verifica na medida em que,
conversando com outros positivistas, pedindo esclarecimentos e sugestões – em
particular de nosso amigo de longa data, Hernani Gomes da Costa –, as opiniões expostas
e as ações tomadas são sempre decididas e assumidas em última análise por mim (mais
uma vez: isso não se trata de personalismo,
que seria incompatível com o altruísmo positivista, mas trata-se de responsabilização do servidor da Humanidade)
5.4. Atualmente tenho 48 anos e sou positivista
desde os 16 anos de idade; nasci e vivo em Curitiba, capital do Paraná; minha
profissão é de sociólogo, que exerço na Universidade Federal do Paraná
5.4.1. Olhando para trás, posso dizer que,
desde que conheci o Positivismo e mesmo antes, sempre me orientei para o sacerdócio da Humanidade, valorizando o
conhecimento do ser humano, valorizando a moral e a moralidade, assim como
valorizando o conhecimento positivo de modo geral
5.4.2. Em termos de carreira acadêmica e
profissional, fiz graduação em Ciências Sociais (na UFPR), mestrado em
Sociologia (na UFPR) e doutorado em Sociologia Política (na UFSC); também fiz
um pós-doutorado em Teoria Política (na UFSC) e um em Filosofia das Ciências
(na UERJ); desde 2004 sou sociólogo profissional na UFPR
5.5. Como positivista, entendo que a
obra de Augusto Comte é uma única, embora evidentemente ela tenha passado por
diferentes fases, que correspondem a um longo, importante e necessário processo
de amadurecimento moral e intelectual, que culminou na criação da Religião da
Humanidade, que, por seu turno, teve precisa e necessariamente como primeiro sacerdote (mas não único) Augusto Comte; nesse sentido,
procuro ser um positivista completo,
também chamado de “ortodoxo” ou, mais corretamente, de “religioso”, ao mesmo tempo
em que me distancio dos positivistas incompletos, ou heterodoxos, que são
meramente cientificistas, com freqüência anticlericais e/ou ateus
5.6. Como positivista completo, ou
ortodoxo, e ainda mais como sacerdote e apóstolo, procuro conhecer a obra de
Augusto Comte diretamente na fonte, além de conhecer a obra de outros
positivistas; é claro que “conhecer a obra” inclui não somente conhecer os
livros canônicos (a Política positiva,
o Catecismo positivista, a Síntese subjetiva etc.), mas também suas
cartas e suas ações concretas (conforme expostas em relatos de discípulos,
parentes e amigos); além de conhecer, é claro que também me esforço para aplicar essas concepções
5.6.1. Como comentei há pouco, procuro
filiar-me à tradição moral e prática estabelecida pela Igreja Positivista do
Brasil; nesse sentido, a tradição oral das práticas efetivas da IPB é
importante, mas em última análise a mera repetição oral de tradições é insuficiente e tem que ser lastreada em
documentos públicos, que assumem o
aspecto de documentos escritos e publicados
5.7. Sendo um positivista religioso e
tendo a pretensão de ser um sacerdote e um apóstolo da Humanidade, não apenas
correspondo à exigência intelectual fundamental – conhecer a obra de Augusto
Comte e ser capaz de expor e explicar com autonomia e responsabilidade pessoal
o Catecismo positivista e as últimas
concepções de nosso mestre –, como também procuro cumprir as exigências morais,
sociais e práticas correspondentes, em particular no sentido da separação entre
os dois poderes
5.7.1. Sou (1) um apóstolo porque difundo a
Religião da Humanidade e tenho conhecimento da doutrina; sou (2) um sacerdote porque atuo (ou procuro atuar) como um representante do poder Espiritual
positivo e, além disso, ministro os sacramentos da Religião da Humanidade; em
ambos os casos, (3) cumpro os requisitos
exigidos para cada uma dessas atuações
5.7.1.1.
A
concepção de que só houve e só há um sacerdote da Humanidade – Augusto Comte –,
embora seja generosa, é radicalmente equivocada, baseada em uma devoção mal
orientada, ignorante da doutrina e daninha para a prática religiosa
5.7.1.2.
A
minha condição de apóstolo e, principalmente, de sacerdote vincula-se também à
necessidade urgente de reconstituição dos quadros positivistas, especialmente
em termos práticos
5.7.1.2.1.
A
reconstituição atual dos quadros positivistas é um objetivo real e ocorre de fato
por diferentes meios; para nossa felicidade, podemos dizer com segurança que não
apenas a Igreja Positivista Virtual é uma realidade concreta como também o Templo
Positivista de Porto Alegre é atuante e há alguns anos fundou-se o Apostolado Positivista
da Itália; saímos, portanto, das angustiantes situações, vividas algumas décadas
atrás, em que não havia mais núcleos positivistas atuantes ou em que havia
somente um
5.7.1.3.
Também
é fundamental lembrar e afirmar que não basta alguém querer ser líder apenas
devido à pretensão para tal; é necessário conhecer a doutrina, praticá-la,
viver conforme seus parâmetros, difundi-la e ser um exemplo dela
5.7.1.3.1.
Embora
a vaidade e o orgulho sejam motivadores até importantes e embora eles impressionem bastante os ignorantes e os incautos, eles
são insuficientes como fundamentos para a vida sacerdotal/apostólica e, ao
longo do tempo, como já tivemos inúmeras ocasiões de comprová-lo, são
desastrosos para o Positivismo
5.7.2.
Não sou filiado a nenhum partido
político; nunca concorri a nenhum cargo público eletivo; não pratico o
jornalismo como profissão; não uso o Estado para difundir a doutrina
5.7.2.1.
Na
verdade, considerando as exigências próprias a cada um dos dois poderes
fundamentais (o poder Espiritual, que esclarece e aconselha, e o poder
Temporal, que manda), estou convicto de que quem pretende ser apóstolo da
Humanidade (ou sacerdote de qualquer doutrina) não pode nunca concorrer a
cargos e, inversamente, quem concorre não pode nunca ser apóstolo e/ou
sacerdote
5.7.3. Além disso, não promovo outras doutrinas nem outras associações que possam
concorrer, direta ou indiretamente, com o Positivismo: aliás, rejeito qualquer ambigüidade a esse respeito:
quando eu manifesto-me, procuro sempre deixar claro que é com base no
Positivismo, quer seja em termos estritamente pessoais, quer seja quando falo
em termos mais gerais
5.7.4. O sofrimento não é mérito, mas às
vezes ele pode evidenciar compromissos íntimos: a minha vinculação, a minha
identificação e a minha vida conforme o Positivismo são suficientemente grandes
e são atestadas por dificuldades e exclusões que sofri exatamente porque sou
positivista
5.7.4.1.
Um
exemplo claro é a censura sofrida em concurso público para professor de Ciência
Política na UFSC, em 2011, quando a banca, presidida por um liberal católico,
proibiu-me de lecionar lá porque sou positivista (embora feministas, marxistas,
liberais, anarquistas etc. etc. tenham permissão para lecionar nas
universidades públicas e para usar essas instituições não como cátedras, mas
como púlpitos)
5.7.4.1.1.
Vale
notar que o uso que se faz das universidades como púlpitos e não como cátedras (1)
despreza a separação entre o poder Espiritual e o poder Temporal, (2) confunde
e degrada o poder Espiritual, (3) atrapalha, dificulta e, no limite, impede a
reorganização espiritual e (4) justifica, mais uma vez, muitas das críticas de Augusto
Comte às instituições acadêmicas
5.7.4.2.
Além
disso, com freqüência comento nas prédicas que o ambiente metafísico atualmente
reinante na sociedade (ocidental) e na universidade gera equívocos e u’a
mentalidade contrária ao Positivismo, que nos impede de falar, ao mesmo tempo
em que se mente a nosso respeito e difundem-se doutrinas e “ideologias”
daninhas à sociedade e ao ser humano
5.8. Como é natural, os caminhos que
levam ao Positivismo são muito variados; há quem chegue a ele pela filosofia, há quem chegue pela política, há quem chegue pelo coração: conforme eu entendo a Religião
da Humanidade, ela satisfaz e deve satisfazer cada um desses caminhos, ao mesmo
tempo em que evidencia que os outros aspectos da vida humana também devem,
necessariamente, ser satisfeitos
5.8.1. O meu caminho foi basicamente
intelectual e moral, em que, adolescente, eu procurava uma orientação na vida,
mas também me preocupava com a política; chegando ao Positivismo, eu descobri e
reconheci cada vez mais a importância do coração, que no fundo é o aspecto
principal da Religião da Humanidade; além disso, a afirmação da visão de
conjunto e da realidade da totalidade humana são concepções que cada vez mais
aplico na minha vida
5.9. Seja por temperamento, seja devido
ao Positivismo, entendo os títulos e a pompa como formas que a vaidade mais
tola e mais superficial tem para justificar-se e impor-se, especialmente quando
essa vaidade é ignorante e sem méritos verdadeiros, ou seja, quando ela é vazia
5.9.1. Lembro que os sacerdotes, assim
como os integrantes do poder Espiritual de modo geral, têm que ter uma certa
vaidade, no sentido de buscarem a aprovação alheia; mas suas atividades não
podem resumir-se a satisfazer essa vaidade, pois isso no final das contas
degrada a doutrina, muito mais que o vaidoso
5.9.2. Da mesma forma, embora a pompa
estimulada pela vaidade impressione bastante o comum das pessoas, muitas vezes
resultando em apoios equívocos e equivocados, nossa missão como poder
Espiritual positivo consiste também em, por um lado, rejeitar a pompa, a
vaidade vazia, a ignorância e, por outro lado, em valorizar a visão de
conjunto, a existência real de atributos morais, intelectuais e práticos, a
atuação social e individual efetiva
5.9.3. Em vez de perseguir a satisfação da
vaidade e/ou do orgulho, considero que o poder Espiritual deve manter uma relação
de responsabilidade, seja para com a Humanidade em geral, seja para a sociedade
particular em que vive, seja para com os membros de sua igreja: em outras
palavras, em vez de o apóstolo e/ou o sacerdote buscar uma satisfação infantil
ao ser ouvido e/ou obedecido pelos demais, o parâmetro que deve guiar a sua
atuação é a responsabilidade depositada nele, como representante sistemático ou
empírico da Humanidade, e que em termos concretos consiste em que o público que
ouve o sacerdote e/ou apóstolo confia em seus conselhos e leva-os a sério
5.10.
Como
sacerdote e como apóstolo da Humanidade, entendo o aspecto de conselheiro do poder Espiritual: isso
implica não somente que devo rejeitar a imposição das minhas crenças pelo
Estado – bem como de qualquer outra crença –, mas que também devo ser um bom
conselheiro para quem precisa de conselhos
5.10.1. O aconselhamento próprio ao poder
Espiritual é coletivo – em termos
políticos, sociais e morais – e também individual
– em termos igualmente políticos, sociais e morais
5.10.2. O aconselhamento coletivo dá-se por meio da apreciação de
temas de interesse público e realiza-se na leitura comentada das obras de Augusto
Comte, nos sermões das prédicas e quando elaboramos “manifestos” políticos e
sociais
5.10.3. O aconselhamento privado ocorre tanto por meio das
prédicas em geral – que, afinal, são vistas e acompanhadas por indivíduos –
quanto por meio de aconselhamentos especificamente pessoais
5.10.4. Se é verdade que os indivíduos só
existem como abstrações, também é verdade que a Humanidade é um ser composto,
que existe em última análise pelos indivíduos; da mesma forma, a ação
sacerdotal modifica a sociedade também pela modificação dos indivíduos
5.10.5. É importante eu notar que, enquanto
eu preparei-me de modo especial ao longo de minha carreira em particular para o
aconselhamento coletivo, o sacerdócio
da Humanidade não pode nunca descuidar do aconselhamento individual: por esses
motivos, e por muitos outros ainda, tenho-me dedicado cada vez mais a conhecer
como lidar e como auxiliar de fato os indivíduos
que acorrem ao Positivismo
5.10.5.1.
A
preocupação com o aconselhamento individual tem-se desenvolvido ao longo das
prédicas, como resultado das interações ocorridas nas prédicas e também como
resultado do amadurecimento de minhas atividades como sacerdote e apóstolo
5.11.
O
último aspecto que quero comentar é que uma das conseqüências mais importantes
do item anterior é que minhas prédicas têm evoluído ao longo do tempo
5.11.1. Minha atuação dá-se basicamente
pelas prédicas, que realizo toda terça-feira a partir das 19h, nos canais Positivismo (Youtube.com/ThePositivism) e Igreja Positivista Virtual (Facebook.com/IgrejaPositivistaVirtual
e Instagram.com/IgrejaPositivistaVirtual)
5.11.2. Quando eu iniciei as minhas
prédicas à distância, já ocorriam nas manhãs de domingo as reuniões realizadas
pelo Guardião do Templo Positivista de Porto Alegre, Érlon Jacques de Oliveira:
com a especial e consciente preocupação de não o atrapalhar nem criar uma
concorrência com ele – concorrência que seria desnecessária, desleal,
contraproducente e antipositivista –, decidi realizar as minhas prédicas no
meio da semana e à noite
5.11.3. Sendo o progresso o desenvolvimento
da ordem correspondente, creio que, aos poucos e cada vez mais, modifiquei e
incrementei as prédicas, no sentido de torná-las mais sintéticas, mais
orgânicas e mais simpáticas, ou seja, mais úteis, mais claras, mais
interessantes, mais responsáveis e mais abertas ao diálogo
5.11.4. Esse progresso paulatino e
incremental dá-se por meio de ajustes
em meus procedimentos; no aumento de atividades; na diversificação das atividades; na mudanças
de canais para transmissão; no estudo e no aperfeiçoamento das condições e
das práticas de aconselhamento
5.11.4.1.
O
progresso paulatino e incremental também se dá, na medida de minhas possibilidades,
por meio do estudo e da pesquisa sobre tudo quanto é dito e comentado nas
prédicas, especialmente em termos de observações e dúvidas manifestadas pelo público;
esse estudo é feito para que eu possa responder e comentar satisfatoriamente o
que é dito pelo público
5.11.5. Assim, sem pretender que o formato
atual das prédicas seja excelente ou final, tenho certeza de que elas são hoje
muito melhores do que eram no início – e isso não porque temos agora maior
desenvoltura na exposição, mas porque as prédicas estão melhor estruturadas,
com mais elementos que indicam melhor o seu aspecto religioso e que satisfazem
melhor as necessidades coletivas e as individuais
6. A expressão “destinação social”
6.1. Como sabemos e como expomos em
diversos momentos de nossas prédicas, a obra de Augusto Comte é rica não
somente em máximas e fórmulas, mas também em expressões características
6.1.1. Uma dessas expressões, que nosso
mestre empregou em diversos momentos ao longo de toda a sua obra, é “destinação
social”; é sobre ela que queremos tratar hoje
6.2. A idéia presente nessa expressão é
ao mesmo tempo simples e poderosa: ela indica que uma sociedade e uma época são
orientadas no seu conjunto para a realização de determinados valores e ideais, em particular no sentido de satisfazer
necessidades sociais com fins altruístas
6.2.1. O conjunto dos esforços sociais é
orientado para a satisfação desses ideais, envolvendo e abrangendo também, e
necessariamente, os esforços individuais
6.2.1.1.
A
orientação social, portanto, realiza e consagra a orientação altruísta do
egoísmo
6.2.2. O sentido geral da expressão,
portanto, é o de uma orientação social dos esforços coletivos e individuais
6.2.3. Não se trata de um mero
aconselhamento, de sugestões fracas que são ouvidas e ignoradas; trata-se de
uma efetiva orientação geral dos esforços coletivos, a partir de convicções profundas e compartilhadas
6.2.3.1.
Trata-se
de fato, portanto, de sentimentos que orientam idéias e resultam em ações
concretas
6.2.4. Vale a pena insistir: a orientação
social engloba o conjunto das ações humanas, com intensidade, com vistas ao bem
comum, realizando tanto a felicidade individual quanto as melhorias coletivas
6.2.4.1.
Em
um sentido geral, a “destinação social” afirma o caráter sociológico das convicções
humanas e a conformação sociológica das preocupações individuais
6.2.4.2.
Mas,
de um modo mais específico, essa expressão afirma que toda sociedade deve
afirmar e valorizar o bem comum
6.3. A destinação social é
característica do Positivismo, ou seja, da positividade, que a assume
conscientemente como um parâmetro normativo
6.3.1. Com a teologia e a metafísica a
destinação social é possível, mas apresenta problemas:
6.3.1.1.
Na
teologia, a orientação social é disfarçada, confundida e até distorcida devido
às preocupações com as divindades
6.3.1.1.1.
Ao
longo da história, houve momentos em que o mero culto às divindades consistiu
em um progresso – por exemplo, quanto o culto astrolátrico constituiu-se, ou
quando se constituíram as teocracias iniciais
6.3.1.1.2.
Mas,
para além desses momentos fundantes, a orientação social sob a teologia ocorreu
devido ao esforço consciente dos sacerdotes e/ou dos líderes políticos, no que
Augusto Comte chamava de “sabedoria prática do sacerdócio”: nesses casos, o
sacerdócio empregou, de maneira socialmente útil, aquilo que é possível usar da
teologia dessa forma; uma outra maneira de o sacerdócio realizar a sabedoria prática
consiste em agir introduzindo elementos
externos à teologia ou, ainda,
consiste em atuar contra a teologia
6.3.1.1.3.
Em
outras palavras, enquanto a preocupação exclusiva com a teologia distancia-a do
ser humano (embora em alguns momentos isso paradoxalmente tenha representado
progresso), o bom senso sacerdotal, prestando atenção às efetivas necessidades
humanas, utiliza o que há de aproveitável na teologia em benefício do ser
humano; caso não seja possível tirar elementos úteis da teologia, a sabedoria prática
sacerdotal ignora, despreza ou mesmo combate a própria teologia
6.3.1.2.
Na
metafísica, o seu caráter crítico, destruidor,
sempre deturpa ou corrompe a destinação social das ações humanas, para além dos
problemas próprios ao caráter absoluto da metafísica
6.3.1.2.1.
Evidentemente,
houve casos históricos em que o aspecto destruidor da metafísica foi, por si
só, progressista: a metafísica platônica é um exemplo, na transição do
politeísmo para o monoteísmo, ou a metafísica teísta nos séculos XVI e XVII,
que corroeu o catolicismo e o protestantismo: mas, ainda assim, essas
destruições corresponderam à destinação social devido ao conjunto das
circunstâncias nas respectivas épocas, ou seja, considerando cada época em função
do movimento geral da Humanidade
6.4. Como indicamos, Augusto Comte
emprega essa expressão em toda a sua
obra; mas podemos vê-la mais concretamente ao tratar-se dos antigos romanos, em
particular comparando o período republicano com o período imperial
6.4.1. O período republicano corresponde à
fase expansionista, ou “imperialista”, de Roma, em que se promoveu a guerra de
conquista
6.4.2. Já o período imperial corresponde à
fase de consolidação das conquistas territoriais, à afirmação da paz interna e
ao começo das guerras de defesa
6.4.3. Augusto Comte emprega, assim, a
expressão “destinação social” para indicar que no período decadente do império (depois
de Otávio Augusto e Tibério, antes de Nerva e depois de Marco Aurélio, mas especialmente
a partir do século II) os romanos já não
tinham mais destinação social e que, por isso, tanto o conjunto da
sociedade quanto, em conseqüência, os indivíduos não tinham parâmetros maiores
para orientar, conduzir e regular suas condutas
6.4.4. Foi precisamente devido à falta de
destinação social que se assistiu na fase decadente do império aos numerosos
casos de depravação e degradação (Messalina, Nero, Cômodo etc.); inversamente,
foi devido à ocorrência de uma verdadeira destinação social que a república – até
as graves crises da decadência republicana (iniciadas pela necessária ação dos
irmãos Gracos) – presenciou inúmeros casos de devoção pessoal, com Fabrício,
Régulo, Paulo Emílio
6.4.5. O exemplo romano serve também para
indicar que uma sociedade pode ficar sem destinação social (1) porque seus
valores orientam-se para destinações egoísticas (é o caso do individualismo
anglossaxão, liberal, especialmente dos Estados Unidos), ou (2) porque a
destinação social prévia esgotou-se e não surgiu nenhuma outra destinação para
substituí-la (caso do esgotamento das guerras de conquista na Roma antiga)
6.5. Para além dos casos particulares –
que, no presente caso, são realmente exemplares,
isto é, servem como exemplos ilustrativos do ambiente social em cada grande
fase –, o que se deve notar é que a idéia de destinação social pode (e deve)
ser empregada de maneira mais geral e atualizada:
6.5.1. Em termos abstratos, a ausência de destinação social indica dois aspectos ao mesmo tempo:
6.5.1.1.
Por
um lado, a ausência de destinação social corresponde ao que Augusto Comte
chamava de “anarquia”, isto é, a ausência de parâmetros sociais compartilhados;
6.5.1.2.
Por
outro lado, a ausência de destinação social permite a afirmação de concepções
individualistas, egoístas, que negam totalmente o bem comum ou que subordinam o
bem comum aos interesses particulares dos indivíduos
6.5.2. Em termos mais concretos, em decorrência dos dois aspectos acima, isto é, a
“anarquia” com o egoísmo, a ausência de destinação social permite explicar os
crescentes desajustes e problemas pelos quais atravessam as sociedades
ocidentais contemporâneas, com taxas crescentes de violência, crimes,
degradações diversas:
6.5.2.1.
Em
particular as sociedades anglossaxãs (e a estadunidense de maneira muito
marcada), são sociedades ricas que consagra(ra)m o individualismo, rejeita(ra)m
um verdadeiro bem comum e que, com o término da Guerra Fria, perderam todos os
parâmetros e estímulos que controlavam o individualismo e que conduziam o
conjunto das sociedades para um bem comum
6.5.2.2.
A
atual disputa entre EUA e China pode ser entendida nos termos da “destinação
social”: por um lado a China, a partir de sua multimilenar tradição
confucionista (a que até mesmo o comunismo deu alguma contribuição), tem uma
intensa destinação social de suas atividades; por outro lado, o fascismo de Trump
revela toda a anarquia devida à ausência de destinação social e todos os
profundos desarranjos sociais, políticos e morais daí decorrentes
6.6.
Em suma:
6.6.1.
A destinação social é uma expressão
usada largamente por Augusto Comte
6.6.2.
Essa expressão indica uma forte orientação
da sociedade em prol de interesses coletivos e, em particular, em favor de
objetivos altruístas
6.6.3.
Essa expressa indica tanto a
orientação do conjunto da sociedade quanto de cada um dos indivíduos,
realizando portanto a orientação altruísta e o disciplinamento dos egoísmos
6.6.4.
Enquanto o Positivismo afirma
conscientemente a destinação social dos esforços, a teologia e a metafísica só
a afirmam de maneira indireta e, em todo caso, sempre sujeita aos limites e às
distorções próprias ao absolutismo teológico-metafísico
6.6.5.
A ausência de destinação social
conduz sempre a profundos desarranjos sociais, políticos e morais
7. Exortações finais
7.1. Sejamos altruístas!
7.2. Façamos orações!
7.3. Como Igreja Positivista Virtual,
ministramos os sacramentos positivos a quem tem interesse
7.4. Para apoiar as atividades dos
nossos canais e da Igreja Positivista Virtual: façam o Pix da Positividade! (Chave Pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)
8. Invocação final
Referências
Augusto Comte (port.), Apelo aos conservadores (Rio de Janeiro,
Igreja Positivista do Brasil, 1898): https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores.
Augusto Comte (port.), Catecismo positivista (Rio de Janeiro,
Igreja Positivista do Brasil, 4ª ed., 1934).
Delegação Executiva da Igreja Positivista
do Brasil (port.), A Igreja Positivista
do Brasil na hora da transformação de R. T. Mendes, Rio de Janeiro, Igreja
Positivista do Brasil, 1928; publicação n. 503.