O trecho abaixo afirma a “moderação” do
grau de complicação da Física, quando comparada com a Astronomia (antes) e com
a Química (depois).
Mais do que isso: afirma-se a
característica metodológica da Física, consistindo na experimentação. Tal método, Comte sublinha, não deve ser aplicado
em outras ciências se não for bem entendido como é aplicado na Física – o que,
inversamente, significa que as demais ciências podem aplicar a experimentação
mas com graus diferentes (inferiores) de sucesso.
Do ponto de vista lógico, a
experimentação é possível devido à semelhança entre os fenômenos estudados; tal
semelhança ocorre quase exclusivamente no mundo inorgânico. Ora, essa afirmação
implica, inversamente, que nas Ciências Humanas a experimentação não apresenta
grandes resultados, não lhe sendo o método mais adequado (sem ignorar as
considerações éticas envolvidas nas experimentações sociológicas e morais). Em
outras palavras, Comte já prenuncia neste
trecho que as Ciências Humanas têm seus próprios métodos, que não são cópias,
adaptações, emulações ou o que seja dos métodos das Ciências Naturais.
* * *
“Outre
cette efficacité générale, une tendance plus spéciale, qui s’y trouve
directement liée, manifeste davantage la haute participation de la physique à
la fondation de la logique positive. Le même degré modéré de complication
objective qui place là le berceau naturel de l’esprit inductif, y fait aussi
surgir la méthode expérimentale, qui forma son principal caractère jusqu’à
l’essor de la philosophie biologique. Envers les phénomènes immodifiables, ce
procédé est évidemment impossible, et leur extrême simplicité l’y rend
d’ailleurs superflu : son équivalent mental n’y sert jamais qu’à vérifier
sans découvrir. D’un autre côté, si les phénomènes se compliquent trop, leurs
modifications, naturelles ou artificielles, deviennent tellement variées que
l’on peut rarement y instituer une expérimentation vraiment décisive. Car, elle
exige toujours la comparaison de deux cas qui n’offrent aucune autre
différence, directe ou indirecte, que celle relative à l’influence ainsi
étudiée. Or, cette suffisante conformité est presque toujours impossible hors
de l’existence inorganique, et déjà même elle se réalise difficilement dans le
cas chimiques. L’essor normal de l’expérimentation convient donc à la physique
seule, dont il constitue la principale ressource. On ne doit l’appliquer
ailleurs qu’après l’avoir assez étudiée dans cette origine naturelle. Ainsi, en
développant beaucoup l’observation spontanée, première base de l’esprit
inductif, la physique y joint déjà un puissant artifice général, qui le
perfectionne essentiellement” (Comte, Système
de politique positive, v. I, p. 519-520).