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25 junho 2025

Simpatia, relativismo, tolerância

No dia 7 de Carlos Magno de 171 (24.6.2025) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores (em sua Primeira Parte - "doutrina destinada aos verdadeiros conservadores").

Na parte do sermão abordamos as relações necessárias entre simpatia, relativismo e tolerância.

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (https://youtube.com/live/w07dieOnUTQ) e Igreja Positivista Virtual (Facebook.com/IgrejaPositivistaVirtual e Instagram.com/IgrejaPositivistaVirtual).

As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*   *   *

Simpatia, relativismo, tolerância

(7.Carlos Magno.171/24.6.2025) 

1.       Invocação inicial

2.       Exortações iniciais

2.1.    Sejamos altruístas!

2.2.    Façamos orações!

2.3.    Como Igreja Positivista Virtual, ministramos os sacramentos positivos a quem tem interesse

2.4.    Para apoiar as atividades dos nossos canais e da Igreja Positivista Virtual: façam o Pix da Positividade! (Chave Pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Datas e celebrações:

3.1.    Dia 8 de Carlos Magno (25.6): transformação de Martins Fontes (1937 – 88 anos)

3.2.    Dia 11 de Carlos Magno (28.6): transformação de Teixeira Mendes (1927 – 98 anos)

3.3.    Dia 12 de Carlos Magno (29.6): nascimento de Júlio de Castilhos (1860 – 165 anos)

3.4.    Dia 13 de Carlos Magno (30.6): nascimento de Carlos Torres Gonçalves (1875 – 150 anos)

4.       Citação no canal de Deyvid Antônio

4.1.    No dia 23.6.2025, tivemos a honra de termos um livro de nossa autoria – O momento comtiano (Curitiba, UFPR, 2019) – comentado em uma resenha virtual por Deyvid Antônio

4.2.    Foi um comentário sereno, gentil e muito elogioso

4.3.    O vídeo pode ser visto aqui: https://www.youtube.com/watch?v=YOWGjUa_RzA

5.       Leitura comentada do Apelo aos conservadores

5.1.    Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

5.1.1. O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

5.1.1.1.             O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

5.1.1.2.             Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

5.2.    Outras observações:

5.2.1. Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

5.2.2. O capítulo em que estamos é a “Primeira Parte”, cujo subtítulo é “Doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores”

5.3.    Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

6.       Comentários sobre simpatia, relativismo e tolerância

6.1.    O tema do sermão de hoje, como tem ocorrido em diversas ocasiões, é plenamente religioso, ao referir-se ao conjunto da existência humana: afetivo, intelectual e prático

6.1.1. Embora por vezes seja cansativo e até óbvio, importa lembrar que “religioso” não tem um significado necessariamente teológico: a forma teológica da religião foi apenas uma grande etapa preparatória e, assim, transitória; o sentido permanente é o positivo, consistindo na concepção e na regulação geral da vida humana, em todos os seus aspectos

6.1.2. O tema desta semana – “simpatia, relativismo, tolerância” – relaciona aspectos intimamente relacionados da existência humana, respectivamente vinculados aos sentimentos, à inteligência e à atividade prática

6.1.2.1.             Além disso, como tudo na Religião da Humanidade, embora esse tema, ou melhor, a relação que desejamos evidenciar seja abstrata em um primeiro momento, o fato é que, como veremos, ela tem aplicações práticas diretas e contínuas

6.2.    Vejamos brevemente o que cada um dos três termos significa:

6.2.1. A simpatia é um dos termos básicos da Religião da Humanidade; ela pode significar, de maneira restrita, a boa vontade fundamental que devemos a princípio ter para com todos, assim como pode ter um sentido amplo, sendo sinônima de “amor”, “altruísmo”, “sentimentos” e/ou “afetos”

6.2.1.1.             Na definição da palavra “positivo”, apresentada no Apelo aos conservadores (p. 25 da tradução brasileira), Augusto Comte indica que o sétimo sentido, que completa e resume todos, é justamente a “simpatia”

6.2.1.2.             A simpatia é fundamental porque ela corresponde, como sinônima de amor, altruísmo, afeto ou sentimentos, aos elementos mais básicos da natureza, origem e destino de todos os nossos esforços

6.2.1.3.             Vale notar que o altruísmo assume um aspecto de oposição complementar com o egoísmo, quando consideramos o egoísmo a manifestação das necessidades e das aspirações particulares: é uma oposição porque o altruísmo e o egoísmo são princípios opostos, é complementar porque, dentro de determinados limites, tais necessidades e aspirações particulares são legítimas e são instrumentos do altruísmo

6.2.1.3.1.                   De qualquer maneira, a oposição complementar ocorre entre altruísmo e egoísmo; já entre simpatia e antipatia não há complementaridade, mas, sim, franca e simples oposição

6.2.2. O relativismo é um traço intelectual do pensamento positivo; ou melhor, é o traço intelectual, sua característica mais elementar

6.2.2.1.             O relativismo consiste em rejeitar o absoluto, isto é, consiste em rejeitar o que ignora as relações, as conveniências, o desenvolvimento histórico e social

6.2.2.2.             Também na definição da palavra “positivo” presente no Apelo aos conservadores, o aspecto relativo é o quinto atributo, que Augusto Comte classifica entre as propriedades sociais da positividade, juntamente com o seu aspecto orgânico

6.2.2.3.             É realmente notável que Augusto Comte tenha incluído o relativismo entre as propriedades sociais da positividade, o que indica a origem e a destinação desse atributo

6.2.2.4.             Como vimos, no caso do fundamento afetivo do ser humano, entre altruísmo e egoísmo há oposição complementar; no caso da característica intelectual, não há complementaridade, mas oposição clara e direta: relativismo e absolutismo opõem-se de maneira irrecorrível

6.2.2.4.1.                   Devemos notar que, se de uma perspectiva intelectual há oposição entre relativismo e absolutismo, é o próprio relativismo que nos conduz a reconhecer que o grosso do desenvolvimento do ser humano ocorreu sob o absolutismo, o que, seja por uma questão de princípios, seja por uma questão de necessidade histórica, conduz-nos a positivar, isto é, a “relativizar” as elaborações absolutas

6.2.2.4.2.                   Da mesma forma, como indicamos na prédica do dia 23 de Homero de 170 (20.2.2024), em que respondemos à pergunta “O relativismo impede convicções profundas?”, é importante termos clareza de que o relativismo não impede convicções profundas nem convicções estáveis e que, inversamente, o absolutismo não é garantia nem de estabilidade nem de firmeza nas convicções (como, por exemplo, lamentavelmente argumenta Ramiro Marques em seu O livro das virtudes de sempre) – mas, inversamente, o absolutismo permite e até estimula o fanatismo, ao contrário do relativismo

6.2.3. A tolerância é uma virtude prática, em que buscamos ter paciência com quem é diferente ou com quem discorda de nós

6.2.3.1.             Temos que ter clareza que a tolerância não é uma palavra habitualmente empregada por Augusto Comte em sua obra; em particular, não é empregada como um termo canônico, como são, por exemplo, altruísmo, simpatia, sociocracia etc.

6.2.3.1.1.                   Mas, apesar de não ser canônico, Augusto Comte usava essa palavra – pelo menos em dois sentidos diferentes

6.2.3.1.1.1.  Por um lado, com uma conotação negativa, no sentido de discutir tudo o tempo todo, criticando sem cessar os fundamentos da sociedade, não confiando uns nos outros e querendo opinar-se sobre o que não sabe e não se tem competência: a isso Augusto Comte chama de “tolerância sistemática” no v. IV da Filosofia positiva (cap. 46, p. 46); essa conotação surge em uma apreciação dos efeitos sociais e intelectuais da metafísica

6.2.3.1.1.2.  Por outro lado, com uma conotação positiva, no sentido de respeito às doutrinas de que discordamos, bem como aos aderentes dessas doutrinas: com essa conotação, Augusto Comte critica a profunda intolerância protestante (em particular nos EUA) (Filosofia positiva, v. IV, p. 47), afirma a necessidade de os céticos e os ateus respeitarem a Religião da Humanidade (Política positiva, v. IV, p. 387) e elogia a tolerância muçulmana (Política positiva, v. IV, p. 508, 511)

6.2.3.1.2.                   Vale notar que nosso mestre empregou “tolerância” também no sentido de aceitação de algo que em si não é muito bom, mas a própria aceitação não é algo necessariamente ruim: por exemplo, no v. II da Política positiva (p. 403), Augusto Comte observou que, contrariamente à civilização militar, a vida industrial é mais tolerante para com as mediocridades

6.2.3.1.3.                   Em outras palavras, para Augusto Comte a tolerância deve ser entendida no sentido habitual, embora ele tenha dado um sentido específico quando avaliou os efeitos sociais e intelectuais da metafísica

6.2.3.1.3.1.  Entretanto, talvez com a intenção de ser provocativamente polêmico, o sociólogo francês Pierre Arnaud, no livro Política de Augusto Comte (1965, p. 360-361), ignora o sentido positivo indicado acima e, concentrando-se apenas no sentido negativo, propõe uma interpretação enviesada da “tolerância sistemática”, ao sugerir que para Augusto Comte seria isso (a tolerância sistemática como sinônima de prática metafísica), de uma vez por todas, o que nosso mestre entendia pela “tolerância”

6.2.3.2.             Fizemos há pouco referência a um livro de Ramiro Marques; justamente nesse livro ele indica que a tolerância é um comportamento passivo, enquanto o respeito é um comportamento ativo

6.2.3.2.1.                   Nesses termos, a passividade da tolerância significa que não temos que gostar dos demais; o ativismo do respeito significa que fazemos um esforço para gostar e compreender os demais

6.2.3.3.             Os termos propostos por Marques fazem sentido quando contrapomos a tolerância ao respeito; mas ele parece-nos limitado, ao restringir sem maiores motivos o conceito de tolerância à passividade; assim, consideramos melhor entender a tolerância como um contínuo, em que podemos passar da aceitação resignada (e mais ou menos passiva) do que nos desagrada ao esforço (ativo) para compreender isso que nos desagrada

6.2.3.3.1.                   É claro que compreender o que nos desagrada não implica necessariamente concordar com o que nos desagrada; por outro lado, o esforço de compreensão é um dos passos fundamentais para buscar-se entendimentos efetivos, para além de tréguas, modi vivendi e acordos de conveniência

6.3.    Vejamos agora como é que esses elementos relacionam-se

6.3.1. Temos que lembrar que a verdadeira noção de religião implica sempre a visão de conjunto e as relações de tudo para com tudo

6.3.1.1.             É claro que essas relações de tudo para com tudo não se dão sem ordem: é um dos grandes méritos de nosso mestre perceber e formalizar que os sentimentos são a base e o destino final de toda a nossa existência, a inteligência é o instrumento que explica e permite nossas ações; finalmente, a atividade prática é o meio de satisfazermos nossas necessidades e é o grande regulador da inteligência

6.3.1.2.             A visão de conjunto religiosa é afirmada no conceito de “síntese”; as relações entre os vários elementos são sumariadas – ou melhor, são sintetizadas – nas máximas “o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim” e “agir por afeição e pensar para agir”

6.3.2. Nosso mestre afirmava que a simpatia e o relativismo implicam-se mutuamente

6.3.2.1.             A simpatia pelos demais leva-nos a considerar as opiniões dos outros, se não com seriedade, pelo menos com respeito; esse respeito implica o relativismo

6.3.2.1.1.                   A simpatia não é somente estática, ou da solidariedade, isto é, do presente; ela também e acima de tudo é dinâmica, referente à continuidade, isto é, do passado e do futuro: assim, ao termos simpatia para com os nossos antepassados e nossos antecedentes, desenvolvemos naturalmente o relativismo a respeito das suas e das nossas concepções

6.3.2.2.             Já o relativismo indica que nossas concepções mudam com o passar do tempo e que foi necessário um longo desenvolvimento histórico para chegarmos aonde chegamos – e que temos ainda um longo percurso até desenvolvermos completamente as nossas possibilidades

6.3.2.2.1.                   A compreensão de que o ser humano é limitado, é imperfeito e que se desenvolve ao longo do tempo – compreensão que integra o relativismo – estimula a humildade intelectual, a gratidão para com nossos antepassados, a boa vontade para com os demais: em outras palavras, o relativismo estimula a simpatia, o altruísmo

6.3.2.3.             A realização prática desses dois atributos – simpatia e relativismo –, como é fácil de perceber, é a tolerância

6.3.2.3.1.                   Podemos juntar outros atributos à tolerância, como a generosidade (que, aliás, une os bons sentimentos à atividade prática)

6.3.2.4.             No Apelo aos conservadores (p. 27), ao indicar as relações entre relativismo, organicidade e simpatia, nosso mestre resume a questão da seguinte maneira:

“A conexidade íntima destas duas propriedades [relativismo e organicidade] permite apreciar como é que elas se ligam à qualidade final [simpatia], única contestada hoje pelos positivistas incompletos. Porquanto, é tão impossível ficarmos relativos sem tornarmo-nos simpáticos, como ficarmos orgânicos sem tornarmo-nos relativos, sobretudo a respeito do campo principal de nossas concepções [a ciência da Moral], em que só o amor nos dispõe a construir e nos permite apreciar”

6.3.2.5.             Da mesma forma, o caráter sintético dessas concepções está exposto na primeira lei da Filosofia Primeira, justamente denominada de “lei-mãe”: “formular a hipótese mais simples, mais estética e mais simpática que comporte o conjunto dos dados disponíveis”

6.4.    Como todas as prescrições que Augusto Comte fazia, a afirmação da simpatia, do relativismo e da tolerância, mais que simplesmente válida para os positivistas, na verdade é uma afirmação do comportamento necessário para todos os seres humanos, a fim de que possamos viver em harmonia, isto é, com a satisfação justa e digna das necessidades individuais e coletivas, em paz e fraternidade

6.4.1. Isso equivale a dizer que a única forma de obtermos paz e dignidade, com a satisfação individual e coletiva das necessidades, é por meio da realização da simpatia, do relativismo e da tolerância

6.5.    Se isso é verdade – e, de fato, é, sim, verdade –, mais uma vez percebemos como os hábitos contemporâneos infelizmente estão muito distantes da positividade, na medida em que se mantêm profundamente metafísicos e, de qualquer maneira, absolutos

6.5.1. O absolutismo conduz à rejeição das concepções alheias, ou seja, à antipatia e à intolerância

6.5.2. Isso é muito perceptível no caso das teologias, cujos fundamentos na crença em divindades tornam bastante evidente a rejeição de todas as filosofias e religiões que não compartilham seus deuses e suas interpretações

6.5.3. No caso da metafísica, a intolerância absolutista por vezes se camufla em rótulos equívocos: às vezes é o “respeito às tradições”, em outras vezes é o “combate às discriminações”, às vezes são enunciados enviesados de “progresso”

6.5.3.1.             Apesar desses rótulos ambíguos, é fácil perceber que os revolucionários de direita (fascistas) e os revolucionários de esquerda (comunistas, pós-modernos, identitários) são todos absolutistas, destruidores e afirmam que eles próprios precisam e/ou exigem respeito, tolerância e simpatia, mas rejeitam esses predicados aos outros (em particular aos seus adversários)

6.6.    Teológicos e metafísicos são absolutistas por vício intelectual e, a partir disso, tendem à falta de simpatia e à intolerância – embora em muitos casos, devido ao bom senso prático e a altruísmos mais intensos que suas crenças, esses absolutistas sobrepujem suas fés e adotem comportamentos convergentes, positivos, ou seja, relativistas, simpáticos e tolerantes

6.7.    Sendo humanos e imperfeitos, alguns positivistas, por outro lado, por vezes acabam adotando um comportamento agressivo e tendencialmente intolerante – logo, absolutista

6.7.1. Tais situações podem ser vistas quando se critica algum grupo ou alguma filosofia de maneira demasiadamente agressiva e unilateral, com um espírito de combate muito destruidor e sem muita generosidade

6.7.2. Pressupondo-se a boa fé, esse comportamento da parte de positivistas muitas vezes se explica (embora não necessariamente se justifique) devido à falta de conhecimento da doutrina, e/ou à falta de experiência de vida, e/ou à falta de amadurecimento afetivo

6.7.3. Uma situação diferente surge quando alguém, dizendo-se positivista, apóia ativamente sentimentos, concepções e/ou práticas francamente contrários ou opostos ao Positivismo, como o apoio ao militarismo e/ou ao colonialismo: aí é necessário assumir a má fé e a hipocrisia

6.8.    Em suma:

6.8.1. Simpatia, relativismo e tolerância são atributos afetivos, intelectuais e práticos

6.8.2. Como nosso mestre não se cansava de repetir, a verdadeira religião tem um aspecto sintético, de conjunto, que, no presente caso, relaciona intimamente a simpatia, o relativismo e a tolerância, como se vê na fórmula “agir por afeição e pensar para agir” e, ainda mais, na fórmula sagrada, “o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”

6.8.3. A simpatia consiste em uma boa vontade, em uma generosidade para com os demais; ela conduz-nos a respeitar os outros, o que, por seu turno, estimula o relativismo e conduz à tolerância

6.8.4. O relativismo afasta as concepções absolutas, que são sempre estáticas, isolacionistas e particularistas; assim, ele conduz à simpatia e também estimula a tolerância

6.8.5. A tolerância, por seu turno, baseia-se na simpatia e estimula o relativismo

6.8.6. Esses três termos – simpatia, relativismo e tolerância – são, ou melhor, devem ser próprios não somente aos positivistas, mas são possíveis e necessários para todos os seres humanos – que, assim, devem deixar de lado o ódio, a antipatia e o ressentimento; o absolutismo; a intolerância e o desrespeito

7.       Exortações finais

7.1.    Sejamos altruístas!

7.2.    Façamos orações!

7.3.    Como Igreja Positivista Virtual, ministramos os sacramentos positivos a quem tem interesse

7.4.    Para apoiar as atividades dos nossos canais e da Igreja Positivista Virtual: façam o Pix da Positividade! (Chave Pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

8.       Invocação final

 

Referências

- Augusto Comte (franc.), Sistema de filosofia positiva, v. IV (Paris, Bachelier, 1839): https://archive.org/details/coursdephilosoph0004augu/page/30/mode/2up.

- Augusto Comte (franc.), Sistema de política positiva (Paris, E. Thunot, 1851-1854).

- Augusto Comte (port.), Apelo aos conservadores (Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 1898): https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores.

- Deyvid Antônio (port.), O Momento Comtiano – uma bibliografia fundamental (Pariconha, 2025): https://www.youtube.com/watch?v=YOWGjUa_RzA.

- Gustavo Biscaia de Lacerda (port.), O momento comtiano (Curitiba, UFPR, 2019).

- Gustavo Biscaia de Lacerda (port.), Prédica positiva: O relativismo impede convicções profundas? (Curitiba, Igreja Positivista Virtual, 23.Homero.170/20.2.2024): https://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com/2024/02/sera-que-o-relativismo-impede.html.

- Pierre Arnaud (franc.), Política de Augusto Comte (Paris, A. Colin, 1965).

- Raimundo Teixeira Mendes (port.), O ano sem par (Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 1900): https://archive.org/details/raimundo-teixeira-mendes-o-ano-sem-par-portug._202312/page/n7/mode/2up.

- Ramiro Marques (port.), O livro das virtudes de sempre (São Paulo, Landy, 2001).

21 março 2025

Augusto Comte: relativismo, organicidade, simpatia

“[...] É tão impossível ficarmos relativos sem nos tornarmos simpáticos como [é impossível] ficarmos orgânicos sem nos tornarmos relativos, sobretudo a respeito do campo principal de nossas concepções [o ser humano], em que só o amor nos dispõe a construir e nos permite apreciar” .

(Augusto Comte, Apelo aos conservadores, Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 1899, p. 27).



18 fevereiro 2025

Sobre simpatia e esperança

No dia 21 de Homero de 171 (18.2.2025) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores, em sua "Introdução".

No sermão abordamos a simpatia e suas relações com a esperança, em termos individuais e coletivo, indicando a sua importância para a felicidade individual e a ação política.

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://www.youtube.com/watch?v=IX-4oJlYZrk&t) e Igreja Positivista Virtual (aqui: https://www.facebook.com/IgrejaPositivistaVirtual/videos/1269497177455746).

As anotações que serviram de base para a exposição oral estão disponíveis abaixo.

*   *   *

Sobre simpatia e esperança

(21 de Homero de 171/18.2.2025) 

1.       Abertura

2.       Exortações iniciais

2.1.    Sejamos altruístas!

2.2.    Façamos orações!

2.3.    Como somos uma igreja, ministramos os sacramentos: quem tiver interesse, entre em contato conosco!

2.4.    Precisamos de sua ajuda; há várias maneiras para isso:

2.4.1. Divulgação, arte, edição de vídeos e livros! Entre em contato conosco!

2.4.2. Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Datas e celebrações:

3.1.    Dia 20 de Homero (17.2): nascimento de Agliberto Xavier (1869) e transformação de Paulo Carneiro (1982)

3.2.    Dia 24 de Homero (21.2): nascimento de Pierre Laffitte (1823)

3.3.    Dia 27 de Homero (24.2): nascimento de Teófilo Braga (1843)

3.4.    Dia 1º de Aristóteles (26.2): Live AOP com Érlon

4.       Leitura comentada do Apelo aos conservadores

4.1.    Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

4.1.1. O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

4.1.1.1.             O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

4.1.1.2.             Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

4.1.2. A religião estabelece parâmetros morais, intelectuais e práticos para a existência humana e, portanto, orienta a política, estabelece as suas metas, as suas possibilidades e os seus limites

4.1.2.1.             A religião, conforme o Positivismo estabelece, não é sinônima de “teologia”

4.2.    Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

4.3.    O capítulo em que estamos é a “Introdução”, cujo subtítulo é “Advento dos verdadeiros conservadores”

4.4.    Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

5.       Uma observação preliminar sobre as prédicas

5.1.    O objetivo das prédicas é expor a Religião da Humanidade, em suas concepções e em suas aplicações, ao maior público possível, ou seja, é popularizá-la

5.2.    Devido a esse motivo, evitamos a todo custo exibições de erudição

5.2.1. É claro que não se trata de rejeitar o conhecimento das coisas; as vistas gerais, exigidas por Augusto Comte, impõem o conhecimento de muita coisa

5.3.    Entretanto, há vários motivos que nos levam a rejeitar a ostentação da erudição:

5.3.1. A clareza na exposição

5.3.2. A rejeição do academicismo e do cientificismo

5.3.3. O seguir a recomendação didática de Augusto Comte: apresentar idéias a partir de casos claros e decisivos

5.4.    Este nosso esclarecimento é importante porque muita gente considera, mesmo sem admitir ou sem expressar publicamente, que exposições claras e diretas seriam simplistas, pobres e sem valor

5.4.1. Quando nós citamos, de modo geral citamos Augusto Comte, Clotilde de Vaux e os apóstolos da Humanidade (Miguel Lemos e Teixeira Mendes); procuramos restringir as citações a eles por questões de culto e de respeito, mantendo ao mesmo tempo nossas exposições claras e despretensiosas

6.       Sermão: Simpatia e esperança

6.1.    O tema que desejamos abordar hoje é um ótimo exemplo de temas e questões que têm uma origem afetiva e grandes conseqüências intelectuais e práticas políticas, diretas e indiretas

6.1.1. O que desejamos fazer é uma pequena reflexão ao mesmo tempo filosófica, sociológica e, claro, moral

6.1.1.1.             Apenas a título de comentário lateral: se eu incluísse muitas citações eruditas e referências bibliográficas, estas reflexões poderiam ser apresentadas como um “ensaio filosófico” acadêmico – o que, como comentamos há pouco, resolutamente não desejamos

6.1.2. O título que selecionei é apenas “simpatia e esperança”; esse título apresenta de maneira clara dois aspectos que nos interessam, mas, na verdade, queríamos dar um título um pouco maior: “amor, altruísmo, simpatia, generosidade – e esperança”

6.2.    Augusto Comte adotava, especialmente na fase religiosa, um procedimento ao mesmo tempo rico e sintético, a “polissemia”, em que usava uma palavra para expressar diferentes idéias, ou, dito de outra forma, ele usava uma palavra e ampliava bastante os seus sentidos

6.2.1. Uma palavra exemplar é “amor”, que cobre uma ampla variedade de sentidos: amor, altruísmo, simpatia, generosidade; o amor pode ser a fraternidade, o filial, o paterno, o materno; a simpatia pode ser a empatia, a amizade fraterna, a inclinação generosa, uma boa vontade geral para com os outros

6.2.2. É claro que cada palavra tem seu próprio sentido específico, ou melhor, seu próprio campo semântico; Augusto Comte não nega nem finge que não é assim; a polissemia que ele adota é um recurso filosófico e artístico, ao mesmo tempo sintético e afetivo

6.3.    Ao mesmo tempo, o dogma positivo e as fórmulas religiosas e práticas indicam de maneira reiterada que os sentimentos são a base de nossa existência, havendo conseqüências intelectuais e práticas disso: “o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”; “agir por afeição e pensar para agir”

6.4.    No caso da simpatia, Augusto Comte usa-a em pelo menos duas ocasiões: (1) ao enumerar os sete sentidos da palavra “positivo”, no Apelo aos conservadores (real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático), e (2) no enunciado da lei-mãe da filosofia primeira (“formular a hipótese mais simples, mais estética e mais simpática que comporte o conjunto de dados a representar”)

6.4.1. Como veremos, esses dois usos da simpatia estão estreitamente vinculados e têm inúmeras conseqüências

6.4.2. De modo geral, nós, positivistas, entendemos a palavra “simpatia” significando: (1) seguir a inspiração afetiva, (2) seguir a orientação altruísta, (3) estimular o altruísmo, a generosidade, a empatia, (4) ter uma boa vontade geral de princípio para com os outros

6.5.    A simpatia, assim, embora esteja evidentemente próxima do amor, é mais próxima do altruísmo que do amor propriamente dito, pois ela é mais geral, mais superficial e menos específica

6.5.1. O amor propriamente dito tem sempre um objeto específico: nossos cônjuges, nossos pais, nossos filhos, nossos irmãos, nossos parentes, nossos amigos; não por acaso a família é o âmbito social próprio ao cultivo dos sentimentos

6.5.2. Aliás, também porque o amor exige um objeto específico que é necessária a representação da Humanidade com imagens

6.6.    O que sugerimos aqui é que o altruísmo exige a simpatia para realizar para além das relações domésticas (ou “familiares”); ou, talvez, o altruísmo para além das relações domésticas consiste na simpatia

6.6.1. A proximidade nas relações sociais torna-se bastante evidente aí: esse é um dos motivos porque Augusto Comte afirmava que as mátrias do futuro têm que ser, necessariamente, pequenas

6.7.    Podemos passar agora diretamente para o tema deste sermão: a concepção positivista de que as idéias e as ações baseiam-se em sentimentos de fundo é ilustrada com clareza nas relações entre simpatia e esperança

6.7.1. Nossas vidas são sempre dedicadas a viver para outrem; o Positivismo evidencia essa orientação e torna-a a base da moral, de modo a conjugar a lei do dever com a regra da felicidade individual

6.7.2. Ao vivermos para outrem, cada um de nós deve orientar suas atividades para outrem, mesmo que seja apenas em termos subjetivos, isto é, apenas em termos de intenções

6.7.3. Pois bem: essa orientação das nossas ações para os outros (mesmo que seja uma orientação apenas em termos de intenções) exige sempre a simpatia para com os outros, isto é, a boa vontade para com os outros

6.7.4. Se não temos boa vontade, se não temos simpatia, não é possível de verdade vivermos para outrem; nesse caso, vivemos de maneira egoísta e mesquinha e/ou somos hipócritas a respeito do viver para os outros

6.7.5. A boa vontade geral para com os outros é a condição para vivermos para os outros; além disso, a simpatia estimula por si só as vistas gerais (ou seja, a simpatia estimula a síntese) e a colaboração (a simpatia estimula a sinergia)

6.7.5.1.             Outra conseqüência da simpatia é que a boa vontade para com os demais estimula a boa vontade em relação ao futuro, o que, em termos simples, é a esperança

6.7.6. Tanto a simpatia, ou a boa vontade básica geral, quanto a esperança não impedem nem negam o reconhecimento de que a vida implica dificuldades e que há problemas em muitas coisas: o realismo próprio à positividade garante-o

6.7.6.1.             É o mesmo realismo que permite e exige que se reconheça problemas e dificuldades que nos conduz a adotarmos uma perspectiva equilibrada da vida e a reconhecermos que o que somos hoje, de bom e de ruim, baseia-se no passado, que a longo prazo as coisas estão melhorando e que a ação humana esclarecida e altruísta é o que permite as melhorias

6.7.6.2.             O realismo da positividade exige, então, um equilíbrio nas apreciações

6.7.6.2.1.                   Essa necessidade de equilíbrio é ilustrada de maneira... simpática no livro A luneta mágica, de Joaquim Manuel de Macedo, de 1869

6.7.7. Duas outras conseqüências do primado da simpatia na positividade e na formulação elementar de hipóteses são as seguintes:

6.7.7.1.             Por um lado, um bom humor básico e geral: como dizem, “rir é o melhor remédio”

6.7.7.2.             Por outro lado, a adoção de perspectivas positivas e afirmativas na elaboração inicial de apreciações, recomendações, condutas e exemplos; apenas depois e secundariamente apresentar críticas, recriminações, punições

6.7.7.2.1.                   Isso é estrondosamente válido para a pedagogia; deveria ser óbvio que é também válido para a política prática e, inversamente, para a regulação dos sentimentos e a elaboração de idéias

6.8.    Essas considerações sobre a simpatia, o viver para outrem e a esperança podem parecer banais e sem relevância quando não temos nenhum contexto; então, vale a pena considerarmos a situação oposta, ou seja, quando não temos simpatia para com os demais

6.8.1. A antipatia básica de todos para com todos é curiosamente uma característica do Brasil dos últimos 30 ou 40 anos

6.8.1.1.             É claro que é uma antipatia que por vezes se mistura com simpatia e que portanto depende do que estamos considerando

6.8.1.2.             Tornou-se o discurso-padrão, em livros escolares e acadêmicos de História e Sociologia do Brasil, bem como em discursos políticos, adotar uma perspectiva “realista” do nosso país

6.8.1.3.             Esse realismo consiste em larga medida, às vezes quase exclusivamente, em reclamações, críticas e destruições sistemáticas da nossa história, dos nossos antepassados, das nossas origens: em nome da “criticidade”, nada nunca presta, todos sempre foram ruins, burros, desonestos, covardes, mentirosos, exploradores, humilhadores etc.; cada uma das etapas da nossa história foi ruim, bem como o conjunto do que veio antes (e “antes” = “precisamente neste momento”)

6.8.1.3.1.                   Como cada etapa anterior de nossa história foi ruim, desprezível, humilhante, degradante etc., cada uma delas exige sua repulsa intelectual e política; daí a necessidade constante e periódica de rupturas e reinícios: em grandes linhas é assim que se apresenta a história do Brasil

6.8.1.3.2.                   Se nossa história é só mentira, miséria, exploração e degradação, logo se impõe a pergunta: por que deveríamos perder tempo com o nosso país? Por que deveríamos perder tempo preservando o que quer que seja do país, a começar por nossos concidadãos mas passando pelas instituições e pela memória?

6.8.1.4.             Considerações semelhantes podem ser feitas a respeito do Ocidente

6.8.1.5.             A perspectiva geral negativa oferece então um quadro desequilibrado e, portanto, irrealista; não há realismo aí, apenas uma “criticidade” generalizada, isto é, destruição e autorrejeição generalizadas

6.8.1.6.             Essa criticidade generalizada e irrealista é própria da revolta metafísica contra a história, que resulta em perspectivas intelectuais e sentimentos anti-históricos, que buscam sempre rupturas e recomeços

6.8.2. Um exemplo disso é o livrinho O Brasil no império português, de Luiz Carlos Baptista de Figueiredo e Janaína Passos Amado Baptista Figueiredo (Zahar, 2000)

6.8.2.1.             Todas as palavras dos autores a respeito de Portugal são críticas, destruidoras e negativas; Portugal não teria nunca feito nada de bom, correto, útil, valoroso, corajoso

6.8.2.2.             Assim, é inescapável terminarmos de ler esse livro com duas impressões (que, é bom realçarmos, os autores não apresentam): (1) por termos sido colonizados por Portugal, o Brasil não presta e (2) seguindo uma concepção difundida, melhor teria sido se tivéssemos sido colonizados pelos franceses, ou melhor, pelos ingleses, pelos alemães ou pelos neerlandeses

6.8.3. Um outro exemplo, mais concreto e mais imediato, é dado pelo identitarismo: de maneira radical, o identitarismo ilustra muito bem os vínculos entre simpatia, viver para outrem e esperança, ou melhor, inversamente, os vínculos entre antipatia, particularismo e desesperança

6.8.3.1.             O identitarismo baseia-se em um conjunto de concepções: apenas quem partilha de um traço específico de identidade é bom, correto e valoroso; essas pessoas, que constituem minorias, são por definição exploradas e humilhadas pela “maioria”; a par da necessária e eterna humilhação, o sentimento que move a minoria identitária é o ressentimento; quem não integra esse grupo (1) ou também é humilhado, explorado e movido pelo ressentimento (2) ou é humilhador e explorador: em outras palavras, o sentimento de ódio é a mola propulsora dessa concepção intelectual, que se baseia em e estimula o particularismo

6.8.3.2.             Enfim: o identitarismo estimula o ódio social e afirma o particularismo social e de vistas; a noção de “lugar de fala” ilustra com perfeição essas limitações; é difícil de verdade entender porque, em tal situação, deve-se “viver para os outros” e, ainda mais, é difícil perceber qualquer esperança verdadeira em tal quadro: não há como melhorar, não há chance de as coisas mudarem; os humilhadores/exploradores sempre serão assim

6.8.3.2.1.                   Como o particularismo exclusivista é insustentável em termos políticos e intelectuais, mesmo a solução identitária para isso – o conceito e a prática de “intersetorialidade” – mantém o particularismo e consiste apenas na justaposição tática de vários particularismos, mantendo-se em todo caso o ódio social como base afetiva

6.8.3.2.2.                   Os defensores do identitarismo afirmam que essas concepções são justificadas pela realidade, pela profundidade, pela extensão e pela urgência das discriminações enfrentadas: sem negar muitos desses problemas, a dificuldade radical com isso está em que, como os exemplos gritantes de Gandhi, Martin Luther King e Nelson Mandela – e muitos e muitos outros – ilustram, problemas reais, profundos e urgentes podem ser tratados de diferentes maneiras, em particular de maneiras generosas e amplas, em vez de mesquinhas e estreitas

6.8.3.3.             O identitarismo baseia-se em maus sentimentos, articula-se em idéias ruins, resulta em uma prática desastrosa: se as conseqüências sociais disso são péssimas, em termos individuais elas também são: a ausência de esperança deprime e o ódio e o ressentimento impedem que vínculos mais amplos, mais profundos, mais sinceros, até mais leves, sejam constituídos; aí não há lei do dever (pois não há vínculos compartilhados nem obrigações mútuas), nem a possibilidade de felicidade individual

6.9.    Em suma:

6.9.1. Seguindo uma regra sugerida por Augusto Comte, que a derivou diretamente da noção de positividade e de simpatia, devemos sempre propor inicialmente nossos parâmetros de maneira afirmativa, positiva

6.9.1.1.             Dessa forma, a simpatia é um princípio moral, filosófico e prático realmente necessário para a vida coletiva, ao estimular a boa vontade básica geral de todos para com todos, a boa fé e a abertura para desenvolvermos relações duráveis e construtivas; isso tudo baseia-se em e estimula as vistas gerais; com isso, vivemos para os outros, conseguindo assim ao mesmo tempo termos esperança no futuro e realizarmos a lei do dever e a felicidade individual

6.9.2. É claro por vezes podemos então definir nossos parâmetros de maneira negativa

6.9.2.1.             A antipatia, a ausência de simpatia, o ódio, o ressentimento impedem a boa vontade básica geral, constituem o particularismo e o exclusivismo, impedem a esperança, impedem a lei do dever e resultam em profunda infelicidade, além de promoverem a irracionalidade na apreciação da história e da vida coletiva

7.       Exortações finais

7.1.    Sejamos altruístas!

7.2.    Façamos orações!

7.3.    Como somos uma igreja, ministramos os sacramentos: quem tiver interesse, entre em contato conosco!

7.4.    Precisamos de sua ajuda; há várias maneiras para isso:

7.4.1. Divulgação, arte, edição de vídeos e livros! Entre em contato conosco!

7.4.2. Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

8.       Término da prédica