02 janeiro 2025

Martins Fontes: "O poema da Humanidade", "O homem Humanidade"

Na celebração da Festa da Humanidade de 171 (1.Moisés.171/1.1.2025), recitamos alguns poemas logo no início do evento.

Dois desses poemas são de José Martins Fontes e reproduzimo-los abaixo.


Poemas de José Martins Fontes

(In: Nos jardins de Augusto Comte, Rio de Janeiro, 1938)

 

O POEMA DA HUMANIDADE

 

- Qu’est-ce que c’est une grand vie?

Une pensée de jeunesse realisée dans l’âge mûr

Alfred de Vigny

 

Assombro! Assombro! Espanto dos espantos!

De Augusto Comte a obra final seria

Um poema, sem exemplo, em XIII Cantos

XIII ascensões surgindo em sinfonia!

 

E, complemento estético, epopéia

E enciclopédia, insolorantemente,

Compendiária, em música européia,

Revoluções e surtos do Ocidente!

 

A língua destinada a essa grandeza,

Devera ser, glorificando a raça,

A italiana, em que a lírica beleza

Tem o aroma suavíssimo da raça!

 

Dante seria o pregador do poema,

Paradisíaco, ardoroso idílio,

Como, sendo diverso embora o tema,

Na Divina Comédia, o foi Virgílio!

 

As idéias do Mestre, os pensamentos

Dele, ornariam, clarificadores,

Traduzindo afeições e sentimentos,

As estrofes sagradas, como flores.

 

Ouvíramos assim: – A Humanidade,

(Ou cadeia dinâmica dos entes,

Mortos e vivos), em continuidade,

É o conjunto dos seres convergentes.

 

– Para instituir o bom, o verdadeiro,

Buscar, mas rima a rima, elo por elo,

O motivo moral, o fim ordeiro,

Segundo a excelsa concepção do belo.

 

– Sim, o Positivismo tem deveres,

E convicções impõe, mas esta escola,

Aos espíritos dá tantos prazeres,

Que disciplina, instrui, rege e consola.

 

– A Virgem-Mãe nosso ideal governa,

E, esclarecendo a fé, o amor inspira.

Pela Saudade, na Viuvez Eterna,

Choram todas as cordas desta lira.

 

Amar! Pensar! Agir! Sonhar! Sonhemos

Essa epopéia, essa sublimidade,

Que seria, em seus cânticos supremos,

A elevação do Homem à Humanidade!

 

O HOMEM HUMANIDADE

 

Homem, tudo fizeste! A Humanidade inteira,

Destinada a sofrer, acorrentada à dor,

Salvaste, redimiste! E a crença, justiceira,

Pela demonstração, tu conseguiste impor!

 

O constante castigo humilhava. À cegueira

Das várias religiões, revelaste, Senhor,

Que a poesia concentra a razão verdadeira,

Que a razão verdadeira é a poesia do Amor!

 

Deste, mais do que nós, a grandeza do exemplo,

Organizaste. E foste o farol, o fanal

Que, ensolarando a terra, extasiado, contemplo!

 

E, supremo esplendor do teu gênio, afinal,

Legaste às gerações que virão ao teu templo,

Sobre a paz da consciência a paz universal!


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