Na celebração da Festa da Humanidade de 171 (1.Moisés.171/1.1.2025), recitamos alguns poemas logo no início do evento.
Dois desses poemas são de José Martins Fontes e reproduzimo-los abaixo.
Poemas de José Martins Fontes
(In: Nos jardins de Augusto Comte, Rio de Janeiro, 1938)
O POEMA DA HUMANIDADE
- Qu’est-ce que c’est une grand vie?
Une pensée de jeunesse realisée dans l’âge
mûr
Alfred de Vigny
Assombro! Assombro! Espanto dos espantos!
De Augusto Comte a obra final seria
Um poema, sem exemplo, em XIII Cantos
XIII ascensões surgindo em sinfonia!
E, complemento estético, epopéia
E enciclopédia, insolorantemente,
Compendiária, em música européia,
Revoluções e surtos do Ocidente!
A língua destinada a essa grandeza,
Devera ser, glorificando a raça,
A italiana, em que a lírica beleza
Tem o aroma suavíssimo da raça!
Dante seria o pregador do poema,
Paradisíaco, ardoroso idílio,
Como, sendo diverso embora o tema,
Na Divina Comédia, o foi Virgílio!
As idéias do Mestre, os pensamentos
Dele, ornariam, clarificadores,
Traduzindo afeições e sentimentos,
As estrofes sagradas, como flores.
Ouvíramos assim: – A Humanidade,
(Ou cadeia dinâmica dos entes,
Mortos e vivos), em continuidade,
É o conjunto dos seres convergentes.
– Para instituir o bom, o verdadeiro,
Buscar, mas rima a rima, elo por elo,
O motivo moral, o fim ordeiro,
Segundo a excelsa concepção do belo.
– Sim, o Positivismo tem deveres,
E convicções impõe, mas esta escola,
Aos espíritos dá tantos prazeres,
Que disciplina, instrui, rege e consola.
– A Virgem-Mãe nosso ideal governa,
E, esclarecendo a fé, o amor inspira.
Pela Saudade, na Viuvez Eterna,
Choram todas as cordas desta lira.
Amar! Pensar! Agir! Sonhar! Sonhemos
Essa epopéia, essa sublimidade,
Que seria, em seus cânticos supremos,
A elevação do Homem à Humanidade!
O HOMEM HUMANIDADE
Homem, tudo fizeste! A Humanidade inteira,
Destinada a sofrer, acorrentada à dor,
Salvaste, redimiste! E a crença, justiceira,
Pela demonstração, tu conseguiste impor!
O constante castigo humilhava. À cegueira
Das várias religiões, revelaste, Senhor,
Que a poesia concentra a razão verdadeira,
Que a razão verdadeira é a poesia do Amor!
Deste, mais do que nós, a grandeza do exemplo,
Organizaste. E foste o farol, o fanal
Que, ensolarando a terra, extasiado, contemplo!
E, supremo esplendor do teu gênio, afinal,
Legaste às gerações que virão ao teu templo,
Sobre a paz da consciência a paz universal!
Nenhum comentário:
Postar um comentário