19 janeiro 2016

19 de janeiro, nascimento de Augusto Comte

19 de janeiro, nascimento de Augusto Comte, o fundador da Sociologia e da Religião da Humanidade





Primeiros anos

Em 19 de janeiro de 1798 nascia na cidade de Montpellier, no Sul da França, Isidore Auguste Marie François Xavier Comte – ou, como passou a chamar-se mais tarde, apenas Augusto Comte. Ainda adolescente, mudou-se para Paris, aonde foi estudar na Escola Politécnica; mas, devido ao clima político, que freqüentemente resultava em sérios problemas com a disciplina militar da Escola, foi obrigado a sair dela. Enquanto estudou lá, todavia, leu avidamente História, Filosofia, Moral e as várias ciências – interesse que manteve e desenvolveu ao longo da vida.

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Objetivo na vida: reformar a sociedade

Tornou-se professor de Matemática para ganhar a vida, mas sua preocupação fundamental era entender as profundas mudanças sociais, políticas e intelectuais por que passava a França e a Europa: Revolução Francesa, guerras napoleônicas, Revolução Industrial, miséria crescente, avanços científicos. Assim, elaborou e realizou o projeto de entender cientificamente a sociedade e o desenvolvimento histórico humano; para isso, após examinar historicamente as características de cada uma das ciências existentes até então – Matemática, Astronomia, Física, Química e Biologia –, criou a ciência da sociedade, a Sociologia.

Política positiva

Mas enquanto a Sociologia estuda a sociedade, esse estudo tem que ser aplicado na prática, para evitar, solucionar ou diminuir os problemas e conflitos que a sociedade enfrentava. Foi por esse motivo que Augusto Comte, com base nas pesquisas da Sociologia, passou a propor uma série de medidas e sugestões, no que chamava de "política positiva", entre as quais podemos citar as seguintes:
·         inclusão social dos trabalhadores
·         valorização das mulheres
·         responsabilidade social dos empresários
·         fim das guerras
·         instrução pública e popular
·         fortalecimento da sociedade civil
·         controle social do governo
·         afirmação dos deveres sociais mútuos

Uma nova ciência: a Moral Positiva

O conjunto dessas medidas resultava na valorização do altruísmo, isto é, nos esforços que cada indivíduo e cada grupo deve fazer em benefício dos outros indivíduos e grupos, no sentido de controlar e diminuir (mas não acabar com) o egoísmo. Isso implica esforços sociais e individuais, de modo que não apenas o conhecimento profundo e científico da sociedade é necessário, mas também o do ser humano individualmente tomado: assim, Comte criou também a ciência que estuda os indivíduos e os processos de educação, ou seja, a Moral Teórica (a "Psicologia") e a Moral Prática (a "Pedagogia").

A religião do altruísmo e da paz: a Religião da Humanidade


O conhecimento do ser humano é dado também pela ciência, mas o ser humano é uma totalidade, que engloba os sentimentos, a inteligência e as ações práticas, tanto individuais quanto coletivas, tanto hoje quanto ontem e amanhã. A ciência tem sempre perspectivas parciais e o ser humano precisa de perspectivas de conjunto: daí a necessidade da Filosofia e das Artes, que devem ser integradas e servir de base para Ciência e a Política. Esse conjunto, que valoriza o ser humano e o altruísmo, foi chamado por Augusto Comte de "religião" – e, portanto, daí surgiu a Religião da Humanidade, que é a grande síntese da obra de Comte e o maior ideal a que podemos aspirar.


13 janeiro 2016

Jean-Michel Muglioni: a França define-se por "uma" cultura?

Reproduzo abaixo uma interessante postagem do filósofo francês Jean-Michel Muglioni, que se questiona se a França republicana e laica define-se por uma "cultura francesa" ou se define-se pelas instituições universais próprias à República. 

A resposta, como é evidente, consiste em que a França é uma República universalista, não uma cultura particularista. Esse é um dos elementos subjacentes à laicidade e é um importante aspecto para considerar-se no combate aos integrismos teológicos, sejam cristãos, sejam muçulmanos, que têm agitado tão tristemente a França.

O original encontra-se disponível aqui.

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La France se définit-elle par « une » culture ?

La République Française ne se définit pas par « une » culture, par opposition aux sociétés multiculturelles, mais par la citoyenneté, qui est la reconnaissance de principes. Une certaine droite refuse l’idée républicaine et réduit en fin de compte l’identité française au simple rang de folklore, oubliant l’exigence d’universalité qui caractérise nos institutions.
Bruno Lemaire a fait de brillantes études littéraires, sanctionnées par une réussite aux concours les plus difficiles. Il a écrit notamment Musique absolueune répétition avec Carlos Kleiber (Gallimard, 2012) – Carlos Kleiber chef d’orchestre européen et citoyen du monde. Bruno Lemaire est cultivé. Or dans un débat1 où Jean-Luc Mélenchon répondait à la représentante du Front National que la laïcité de l’État ne juge pas des cultures et que la France est multiculturelle, Bruno Lemaire l’a interrompu, pour opposer au « modèle multiculturel » la croyance en « une culture française », « culture nationale ». Bref, il opposait au multiculturalisme un monoculturalisme. Or Jean-Luc Mélenchon ne défendait pas un multiculturalisme contraire à l’idée républicaine : il disait que les Français n’ont pas en commun « une » culture, mais des lois et des principes – liberté, égalité, fraternité. Il eut donc beau jeu de dénoncer le « catéchisme d’extrême droite » de son interlocuteur et de provoquer sa colère.
Bruno Lemaire a caractérisé alors la culture française par des grands hommes, de Gaulle, Bonaparte, des écrivains, Montaigne, Hugo, Camus, ce qui n’est pas sans vérité, mais il a répondu à Jean-Luc Mélenchon qui lui demandait si Kant appartient à la culture française : « c’est une culture qui appartient à la culture européenne, ce n’est pas la culture nationale », ou encore : c’est la « culture allemande » et non la « culture française ».
Ce qui m’a remis en mémoire une vieille affaire. Dans un lycée international, les directeurs des sections nationales réunis pour organiser leurs bibliothèques respectives déterminaient quels ouvrages ranger dans la bibliothèque générale. Le directeur de la section allemande demanda Dürer pour la bibliothèque allemande. Le représentant de la section anglaise dit calmement qu’il lui laissait l’art nazi et gardait Dürer dans la bibliothèque générale.
Je ne nie pas l’équivoque du terme « multiculturel » qu’on peut confondre avec « multiculturaliste », d’autant qu’aucune desdites cultures n’est « pure » : toutes sont mélangées, elles sont toutes mêlées les unes aux autres. Je soutiens que toute soumission de la loi républicaine aux exigences d’une culture est inadmissible. En fin de compte, c’est la notion de culture qui est confuse : Bruno Lemaire parlait « d’une » culture et non plus de « la » culture, comme si Montaigne, Hugo ou Camus relevaient « d’une » culture au sens ethnologique du terme. Était-ce ignorance ou démagogie ? Finira-t-il par soutenir qu’Achille appartient à la culture grecque et non à la culture française, et Gavroche seulement au folklore parisien ?
Ainsi ce débat permet au moins de savoir qu’il y a deux camps : d’un côté l’oubli ou même le refus de 1789, de l’autre une certaine façon de lui demeurer fidèle. Au moment où la plupart des partis et des politiques dits de gauche ont renoncé, comme la droite, à la culture – je dis bien « la » et non « une » -, Bruno Lemaire nous force à avouer que la distinction de la gauche et de la droite, même si elle ne correspond pas souvent à la place des députés au parlement, a un sens et permet bien d’opposer deux types de politiques.
Mais il y a peut-être des raisons d’espérer : le refus de la culture n’est pas universel. Je lis ici que le premier ministre italien a annoncé que l’Italie va dépenser à part égale deux milliards d’euros pour sa sécurité et pour sa vie culturelle, jugeant que la réponse au terrorisme n’est pas seulement sécuritaire : « La pensée de l’Italie, qui résonne fortement à travers l’Europe et le monde, est la suivante, dit-il : pour chaque euro supplémentaire investi dans la sécurité, il faut un euro de plus investi dans la culture ».
Lors de l’hommage national du 27 novembre dans la cour des Invalides, on a pu entendre outre laMarseillaise et une chanson française de Barbara, une chanson de Jacques Brel, une suite de Bach et un chœur de Verdi. Faut-il dire qu’il s’agit de culture belge, allemande et italienne, mais non française ?
PS. –  J’ai attendu la fin du 1er tour des élections régionales pour publier ces réflexions afin d’éviter tout malentendu.
© Jean-Michel Muglioni et Mezetulle, 2015.
Notes
  1. Des paroles et des actes, France 2, le 17 novembre 2015. [↩]

01 janeiro 2016

1º de janeiro - Festa da Humanidade

No dia 1° de janeiro - ou dia 1° de Moisés, no calendário positivista - comemora-se a Festa da Humanidade, que é a festa maior do Positivismo. 

A Humanidade é o conjunto de seres humanos convergentes, passados, futuros e presentes; ela é nossa verdadeira providência, pois todos os nossos recursos (morais, sociais, intelectuais) só são possíveis graças à ação da Humanidade, que evolui com o passar do tempo. 

Sermos dignos de integrarmos a Humanidade é o supremo ideal de todos os Positivistas; desenvolver o altruísmo, comprimir o egoísmo, promover as atividades pacíficas em prol do bem comum: eis o que a Festa da Humanidade resume.



Cartaz gentilmente elaborado por João Carlos Silva Cardoso.