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01 junho 2020

Celebração do sexto mês dos calendários positivistas

Entre os dias 20 de maio e 16 de junho de 2020 (ano bissexto) estamos no sexto mês dos dois calendários positivistas - são os meses de São Paulo, no calendário concreto ("histórico"), e da domesticidade, no calendário abstrato.

Para celebrar esses meses, fiz uma gravação - que, devido à minha inexperiência em usar programas de gravação, acabou ficando dividida em três partes. Elas estão disponíveis abaixo:

Parte 1 - disponível aqui.

Parte 2 - disponível aqui.

Parte 3 - disponível aqui.

Sugestões, comentários, dúvidas e até reclamações são bem-vindos, tanto neste blogue quanto no canal do Youtube!

Abaixo eu apresento as anotações que utilizei para essa exposição gravada.

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Roteiro da exposição sobre o mês de São Paulo





-        6º mês do calendário positivista concreto
o   Considerando o ano júlio-gregoriano de 2020 (ano bissexto), o mês de São Paulo começa em 20 de maio e termina em 16 de junho
o   Representa o catolicismo
§  É o primeiro mês da transição católico-feudal, entre a Antigüidade teocrático-greco-romana e a modernidade
§  O outro mês dessa transição é o de Carlos Magno
o   Na tríplice transição ocidental, o catolicismo representa a cultura afetiva após os desenvolvimentos intelectual grego e prático romano
§  Essa cultura afetiva desenvolveu-se mais pela repressão do egoísmo (pureza) que pelo estímulo do altruísmo (ternura)
§  Além disso, essa cultura desenvolveu-se mais pela sabedoria prática dos sacerdotes que pelo dogma católico por si só, que tendia a afastar os homens das preocupações humanas e dirigi-los para um egoísmo supraterreno
§  O catolicismo medieval, além disso, foi a última síntese que buscou realizar a verdadeira lógica, em que os sentimentos propõem os problemas e a inteligência (por meio das imagens e dos sinais) buscam resolvê-los; os derradeiros representantes dessa lógica, antes do Positivismo, foram os dignos místicos do final da Idade Média, representados por Tomás de Kempis



o   Os tipos semanais são estes:
§  Sto. Agostinho – a organização inicial do dogma católico, com os doutores e pais da igreja iniciais
§  Hildebrando (ou papa Gregório VII) – a ação temporal do catolicismo e dos papas, em particular tendendo à separação entre os poderes temporal e espiritual (do início como religião de Estado até a supremacia papal com Hildebrando)
§  S. Bernardo – a ação moral e intelectual das ordens católicas, em particular das ordens monásticas e dos monastérios
§  Bossuet – a decadência do catolicismo, com as ordens reformadoras (jesuítas), as igrejas nacionais (o galicanismo) e os protestantes mais puros (quacres)
-        O sexto mês do calendário positivista abstrato celebra a domesticidade
o   A domesticidade é o último laço sociológico fundamental, isto é, estático; os anteriores são: a Humanidade; o casamento; a paternidade; a filiação; a fraternidade
§  A domesticidade é o laço privado mais geral e menos íntimo; ele corresponde aos serviços prestados diretamente pelos diversos servidores da Humanidade: “Longe de dever desaparecer algum dia, a domesticidade há de ir sempre aumentando, purificando-se mais de toda servidão primitiva. Tornando-se plenamente voluntária, ela fornece a muitas famílias o melhor meio de servirem dignamente ao Grão-Ser, prestando uma assistência indispensável aos verdadeiros servidores dele, teóricos ou práticos. Este concurso para o bem público, conquanto indireto, é mais completo e menos incerto que o da maioria dos cooperadores diretos. Ela também pode cultivar mais nossos melhores sentimentos. Limitar a domesticidade a certas classes é ter dela uma noção muito estreita. Em todas as categorias sociais, e sobretudo entre os proletários, cada cidadão passou por semelhante situação, enquanto durou sua iniciação prática. Cumpre, pois, idealizar a domesticidade como o complemento dos laços de família e o início das relações cívicas” (Catecismo, 4ª ed., p. 151)
o   São quatro as relações compreendidas na domesticidade:
1)      A permanente completa à empregado residente (criado)
2)      A permanente incompleta à empregado diarista
3)      A passageira completa àaprendiz residente (patrão rico: pajem)
4)      A passageira incompleta à aprendiz não-residente (patrão pobre: aprendiz de ofício)
§  “Quanto ao sexto [mês], ele honra, em primeiro lugar, a domesticidade permanente, que sempre há de distinguir uma classe muito numerosa, porém especial; depois, a situação análoga em que todo homem se acha de ordinário em sua iniciação prática. O primeiro caso exige nitidamente uma subdivisão importante, que é habitualmente indicada pela residência; conforme a domesticidade é completa no criado propriamente dito, ou incompleta no caixeiro, ou empregado, apenas incumbido de um ofício determinado. Quando os costumes normais tiverem assaz conciliado o serviço doméstico, sobretudo feminino, com o pleno surto das afeições de família, o culto positivo fará sentir profundamente a superioridade moral da primeira situação, em que o devotamento se manifesta mais puro e mais intenso. A mesma distinção aplica-se, se bem que de um modo menos pronunciado, à domesticidade passageira, e também se acha neste caso indicada pelo domicílio. Daí resultam as duas outras festas do sexto mês, respectivamente consagradas aos pajens e aos aprendizes, conforme os patrões são ricos ou pobres” (Catecismo, 4ª ed., p. 159-160)
o   Augusto Comte realizou pessoalmente o laço da domesticidade, ao adotar (ad-rogar) sua empregada residente como filha – Sofia Bliaux Thomas

Efígie no túmulo no cemitério Père Lachaise

-        Em termos de centenários, comemoramos neste mês as seguintes figuras:
o   São Jerônimo (347-420, em Estridão – 1600 anos de morte) – no dia 4 à doutor da igreja[1]; tradutor da Bíblia, do hebraico para o latim (a Vulgata); historiador da igreja; manteve polêmicas contra várias heresias (como a ariana, a pelagiana, a origenista)



o   Hildebrando (1020-1085, em Salerno) (1000 anos de nascimento) – no dia 14 à papa; realizou a “reforma gregoriana”, afirmando a autonomia eclesiástica e, em particular, papal; combateu as simonias (vendas de milagres e serviços eclesiásticos) e o concubinato sacerdotal; promoveu a separação entre os dois poderes, na “Questão das Investiduras” (1075-1077), em que ficou famoso o episódio da “Ida a Canossa” (janeiro de 1077, contra o imperador Henrique IV)






Referências bibliográficas
Pierre Laffitte: Os grandes tipos da Humanidade, v. 3
Raimundo Teixeira Mendes: As últimas concepções de Augusto Comte
George Audiffrent: Opúsculos sobre o catolicismo
David Carneiro: História da Humanidade através dos seus grandes tipos, v. 4
Ângelo Torres: Calendário Filosófico



[1] Ele era um dos quatro doutores da igreja latina originais, instituídos em 1298 pelo papa Bonifácio VIII; os outros três são Gregório Magno, Ambrósio e Agostinho; todos estão no calendário positivista concreto.