Para celebrar esses meses, fiz uma gravação - que, devido à minha inexperiência em usar programas de gravação, acabou ficando dividida em três partes. Elas estão disponíveis abaixo:
Parte 1 - disponível aqui.
Parte 2 - disponível aqui.
Parte 3 - disponível aqui.
Sugestões, comentários, dúvidas e até reclamações são bem-vindos, tanto neste blogue quanto no canal do Youtube!
Abaixo eu apresento as anotações que utilizei para essa exposição gravada.
* * *
Roteiro da exposição sobre o mês de São
Paulo
-
6º mês do calendário positivista concreto
o
Considerando o ano júlio-gregoriano de 2020 (ano
bissexto), o mês de São Paulo começa em 20 de maio e termina em 16 de junho
o
Representa o catolicismo
§ É
o primeiro mês da transição católico-feudal, entre a Antigüidade teocrático-greco-romana
e a modernidade
§ O
outro mês dessa transição é o de Carlos Magno
o
Na tríplice transição ocidental, o catolicismo representa a cultura afetiva após os desenvolvimentos intelectual grego e prático
romano
§ Essa
cultura afetiva desenvolveu-se mais pela repressão do egoísmo (pureza) que pelo
estímulo do altruísmo (ternura)
§ Além
disso, essa cultura desenvolveu-se mais pela sabedoria prática dos sacerdotes
que pelo dogma católico por si só, que tendia a afastar os homens das
preocupações humanas e dirigi-los para um egoísmo supraterreno
§ O
catolicismo medieval, além disso, foi a última síntese que buscou realizar a
verdadeira lógica, em que os sentimentos propõem os problemas e a inteligência
(por meio das imagens e dos sinais) buscam resolvê-los; os derradeiros
representantes dessa lógica, antes do Positivismo, foram os dignos místicos do
final da Idade Média, representados por Tomás de Kempis
o
Os tipos semanais são estes:
§ Sto.
Agostinho – a organização inicial do dogma católico, com os doutores e pais da
igreja iniciais
§ Hildebrando
(ou papa Gregório VII) – a ação temporal do catolicismo e dos papas, em
particular tendendo à separação entre os poderes temporal e espiritual (do
início como religião de Estado até a supremacia papal com Hildebrando)
§ S.
Bernardo – a ação moral e intelectual das ordens católicas, em particular das
ordens monásticas e dos monastérios
§ Bossuet
– a decadência do catolicismo, com as ordens reformadoras (jesuítas), as igrejas
nacionais (o galicanismo) e os protestantes mais puros (quacres)
-
O sexto mês do calendário positivista abstrato celebra a domesticidade
o
A domesticidade é o último laço sociológico
fundamental, isto é, estático; os anteriores são: a Humanidade; o casamento; a
paternidade; a filiação; a fraternidade
§ A domesticidade é o laço privado mais geral
e menos íntimo; ele corresponde aos serviços prestados diretamente pelos
diversos servidores da Humanidade: “Longe de dever desaparecer algum dia, a
domesticidade há de ir sempre aumentando, purificando-se mais de toda servidão
primitiva. Tornando-se plenamente voluntária, ela fornece a muitas famílias o
melhor meio de servirem dignamente ao Grão-Ser, prestando uma assistência
indispensável aos verdadeiros servidores dele, teóricos ou práticos. Este
concurso para o bem público, conquanto indireto, é mais completo e menos
incerto que o da maioria dos cooperadores diretos. Ela também pode cultivar
mais nossos melhores sentimentos. Limitar a domesticidade a certas classes é
ter dela uma noção muito estreita. Em todas as categorias sociais, e sobretudo
entre os proletários, cada cidadão passou por semelhante situação, enquanto
durou sua iniciação prática. Cumpre, pois, idealizar a domesticidade como o
complemento dos laços de família e o início das relações cívicas” (Catecismo,
4ª ed., p. 151)
o
São quatro as relações compreendidas na
domesticidade:
1)
A permanente completa à empregado residente
(criado)
2)
A permanente incompleta à empregado diarista
3)
A passageira completa àaprendiz residente
(patrão rico: pajem)
4)
A passageira incompleta à aprendiz não-residente
(patrão pobre: aprendiz de ofício)
§ “Quanto ao sexto [mês], ele honra, em
primeiro lugar, a domesticidade permanente, que sempre há de distinguir uma
classe muito numerosa, porém especial; depois, a situação análoga em que todo
homem se acha de ordinário em sua iniciação prática. O primeiro caso exige
nitidamente uma subdivisão importante, que é habitualmente indicada pela
residência; conforme a domesticidade é completa no criado propriamente dito, ou
incompleta no caixeiro, ou empregado, apenas incumbido de um ofício
determinado. Quando os costumes normais tiverem assaz conciliado o serviço
doméstico, sobretudo feminino, com o pleno surto das afeições de família, o
culto positivo fará sentir profundamente a superioridade moral da primeira
situação, em que o devotamento se manifesta mais puro e mais intenso. A mesma
distinção aplica-se, se bem que de um modo menos pronunciado, à domesticidade
passageira, e também se acha neste caso indicada pelo domicílio. Daí resultam
as duas outras festas do sexto mês, respectivamente consagradas aos pajens e
aos aprendizes, conforme os patrões são ricos ou pobres” (Catecismo, 4ª
ed., p. 159-160)
o
Augusto Comte realizou pessoalmente o laço da domesticidade,
ao adotar (ad-rogar) sua empregada residente como filha – Sofia Bliaux Thomas
Efígie no túmulo no
cemitério Père Lachaise
-
Em termos de centenários, comemoramos neste mês
as seguintes figuras:
o
São Jerônimo (347-420, em Estridão – 1600 anos
de morte) – no dia 4 à doutor da igreja[1];
tradutor da Bíblia, do hebraico para
o latim (a Vulgata); historiador da
igreja; manteve polêmicas contra várias heresias (como a ariana, a pelagiana, a
origenista)
o
Hildebrando (1020-1085, em Salerno) (1000 anos
de nascimento) – no dia 14 à papa; realizou a “reforma gregoriana”, afirmando a
autonomia eclesiástica e, em particular, papal; combateu as simonias (vendas de
milagres e serviços eclesiásticos) e o concubinato sacerdotal; promoveu a
separação entre os dois poderes, na “Questão das Investiduras” (1075-1077), em
que ficou famoso o episódio da “Ida a Canossa” (janeiro de 1077, contra o
imperador Henrique IV)
Referências
bibliográficas
Augusto Comte: Sistema
de filosofia positiva,
Sistema de política positiva, Catecismo positivista, Síntese subjetiva
Pierre Laffitte: Os grandes tipos da Humanidade, v. 3
Frederic Harrison: O novo calendário dos grandes homens
Raimundo Teixeira Mendes: As últimas concepções de Augusto Comte
George Audiffrent: Opúsculos sobre o catolicismo
David Carneiro: História da Humanidade através dos seus grandes tipos, v. 4
Ângelo Torres: Calendário Filosófico
[1]
Ele era um dos quatro doutores da igreja latina originais, instituídos em 1298 pelo papa Bonifácio VIII;
os outros três são Gregório Magno, Ambrósio e Agostinho; todos estão no
calendário positivista concreto.