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17 setembro 2025

Ordem e Progresso contra o fascismo

No dia 7 de Shakespeare de 171 (16.9.2025) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores (em sua Primeira Parte - doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores).

Também manifestamos apoio à decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em 2 de Shakespeare de 171 (11.9.2025) que condenou o núcleo duro da organização fascista que, a partir da Presidência da República, tentou (mas felizmente fracassou) um golpe de Estado.

Da mesma forma, também lemos um artigo de nossa autoria que explica o "Ordem e Progresso" e como ele pode e deve ser aplicado para combater ao mesmo tempo o fascismo e o identitarismo.

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://youtube.com/live/takXxHZBrf0) e Igreja Positivista Virtual (aqui: https://www.facebook.com/IgrejaPositivistaVirtual/videos/1518644569156731).

As anotações que serviram de base para a noss exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*   *   *

Leitura comentada do Apelo aos conservadores

(7.Shakespeare.171/16.9.2025) 

1.      Invocação inicial

2.      Datas e celebrações:

2.1.   Dia 1º de Shakespeare (10.9): início do mês de Shakespeare, dedicado ao drama moderno

2.2.   Dia 5 de Shakespeare (14.9): nascimento de Sofia Bliaux (1804 – 221 anos)

2.3.   Dia 6 de Shakespeare (15.9): transformação de Paulo de Tarso Monte Serrat (2014 – 11 anos)

2.4.   Dia 8 de Shakespeare (17.9): transformação de Rodolfo Paula Lopes (1984 – 41 anos)

3.      Apoio à condenação, realizada pelo Supremo Tribunal Federal, de Jair Bolsonaro e seus asseclas, por tentativa de golpe de Estado, para instauração de um Estado fascista, autoritário e, portanto, extremamente violento

3.1.   O julgamento terminou em 2 de Shakespeare de 171 (11.9.2025)

3.2.   Apesar de a condenação em si ser motivo de comemoração, no final das contas isso é motivo de grande tristeza e lamento

3.2.1.     O golpe de Estado tentado mas felizmente fracassado resultaria, conforme as previsões mais serenas dos golpistas, em guerra civil, assassinatos, censura, perseguições, atentados etc. Tudo isso é chocante, desprezível e a condenação foi correta

3.2.2.     É importante lembrar que todo o processo ocorreu seguindo o devido processo legal, com direito ao contraditório, acesso às provas etc.

3.2.3.     Mas: os fatos de ter-se tentado um golpe de Estado no Brasil e de tanto o Brasil como o mundo indicam que se vive uma situação social, política, filosófica – religiosa, em uma palavra – que permite não apenas que o fascismo e o identitarismo surjam, mantenham-se, desenvolvam-se e prosperem mas que, no caso do fascismo, chegue a quase ter êxito em um golpe de Estado violento e fratricida. Isso é motivo de tristeza e grande preocupação

3.2.4.     O livro de nosso mestre, Apelo aos Conservadores, cuja leitura comentada estamos realizando, e o nosso artigo que leremos daqui a pouco tratam exatamente das situações sociais, políticas e filosóficas que permitiram e mantêm o fascismo e o identitarismo, bem como da única solução real e possível para esses problemas, dada exclusivamente pelo Positivismo e pela Religião da Humanidade

4.      Leitura do artigo “Ordem e Progresso” em tempos de fascismo e identitarismo, publicado em 8.9.2025 no Monitor Mercantil

4.1.   Disponível aqui: https://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com/2025/09/ordem-e-progresso-em-tempos-de-fascismo.html

4.2.   Como indicamos há pouco, o livro de nosso mestre, Apelo aos Conservadores, cuja leitura comentada estamos realizando, e o esse nosso artigo tratam exatamente das situações sociais, políticas e filosóficas que permitiram e mantêm o fascismo e o identitarismo, bem como da única solução real e possível para esses problemas, dada exclusivamente pelo Positivismo e pela Religião da Humanidade

5.      Exortações

5.1.   Sejamos altruístas!

5.2.   Façamos orações!

5.3.   Como Igreja Positivista Virtual, ministramos os sacramentos positivos a quem tem interesse

5.4.   Para apoiar as atividades dos nossos canais e da Igreja Positivista Virtual: façam o Pix da Positividade! (Chave Pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

6.      Leitura comentada do Apelo aos conservadores

6.1.   Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

6.1.1.     O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

6.1.1.1.           O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

6.1.1.2.           Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

6.2.   Outras observações:

6.2.1.     Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

6.2.2.     O capítulo em que estamos é a “Primeira Parte”, cujo subtítulo é “Doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores”

6.3.   Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

7.      Invocação final

 

Referências

- Augusto Comte (franc.), Sistema de filosofia positiva (Paris, Société Positiviste, 5e ed., 1893).

- Augusto Comte (franc.), Sistema de política positiva (Paris, L. Mathias, 1851-1854).

- Augusto Comte (port.), Apelo aos conservadores (Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 1898): https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores.

- Augusto Comte (port.), Catecismo positivista (Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 4ª ed., 1934).

- Gustavo Biscaia de Lacerda (port.), “Ordem e Progresso” em tempos de fascismo e identitarismo (Monitor Mercantil, Rio de Janeiro, 8.9.2025): https://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com/2025/09/ordem-e-progresso-em-tempos-de-fascismo.html.

- Raimundo Teixeira Mendes (port.), As últimas concepções de Augusto Comte (Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 1898): https://archive.org/details/raimundo-teixeira-mendes-ultimas-concepcoes-de-augusto-comte-i e https://archive.org/details/raimundo-teixeira-mendes-ultimas-concepcoes-de-augusto-comte-ii.

- Raimundo Teixeira Mendes (port.), O ano sem par (Rio de Janeiro, Igreja Positivista do Brasil, 1900): https://archive.org/details/raimundo-teixeira-mendes-o-ano-sem-par-portug._202312/page/n7/mode/2up.



09 setembro 2025

"Ordem e Progresso" em tempos de fascismo e identitarismo

No dia 8.9.2025 o jornal carioca Monitor Mercantil publicou o meu artigo "Ordem e Progresso" em tempos de fascismo e identitarismo.

O original está disponível aqui: https://monitormercantil.com.br/ordem-e-progresso-em-tempos-de-fascismo-e-identitarismo/.

Reproduzimos abaixo o texto.

*    *    *

‘Ordem e Progresso’ em tempos de fascismo e identitarismo

Desmoralização da direita e da esquerda e fim dessa polarização Por Gustavo Biscaia de Lacerda


Bandeira do Brasil - Ordem e Progresso (foto de André Maceira, CC)

Com uma certa e triste frequência, a frase “Ordem e Progresso” é alvo de polêmica. Geralmente, essas polêmicas envolvem o sentido da ordem e sua importância para o progresso, resultando em oposição entre direita e esquerda.

Um exemplo disso é o artigo que Djamila Ribeiro publicou em 28 de agosto na Folha de S. Paulo, intitulado “Independência ou morte”. O subtítulo desse texto resume as ideias e o conhecimento que a autora tem do “Ordem e Progresso”: “Pensar de forma independente é recusar o mito da ordem e progresso”.

Em um artigo que se esmerou em citar autoras feministas, a autora referiu-se uma única vez ao “Ordem e Progresso”, foi incapaz de explicar o que significa essa frase e resumiu a “ordem” à “manutenção da desigualdade”.

À parte sua escandalosa superficialidade, a autora repetiu um procedimento que, infelizmente, é corrente na esquerda, ao resumir a “ordem” ao status quo, à sociedade capitalista, à paz de cemitério ou a uma combinação desses sentidos.


Embora a esquerda faça questão de degradar dessa forma a noção de ordem, a direita faz questão de não se sair melhor ao tratar do “Ordem e Progresso”, na medida em que, por seu turno, despreza o progresso.

Ora, os erros da direita e da esquerda sobre o “Ordem e Progresso” são mais que fruto de ignorância; eles são mais que fruto de preconceitos e revelam disposições morais e políticas profundas e altamente danosas para a sociedade brasileira e para a Humanidade.


2 erros simétricos da direita e da esquerda

Direita e esquerda cometem erros simétricos a respeito do “Ordem e Progresso”. Elas assumem que: (1) ordem e progresso podem e devem ser encarados separadamente; (2) a ordem deve vir antes do progresso. É claro que essas considerações podem ser feitas isoladamente, mas, no caso da frase “Ordem e Progresso”, presente na bandeira nacional, todas elas estão erradas.

É natural que direita e esquerda considerem a ordem separadamente do progresso; na verdade, suas respectivas perspectivas exigem tal separação e definem-se exatamente pela parcialidade de suas vistas. Enquanto a direita valoriza a ordem contra o progresso, a esquerda afirma o progresso contra a ordem.

Para a direita, a ordem é o valor social primordial, tomando como base a memória das relações sociais antigas; o progresso, que implica mudança, corresponde à alteração sistemática das relações sociais — o que, para eles, é ruim. Essa concepção é estática; não por acaso, na direita estão os “conservadores”, embora, no fundo, eles devam ser chamados de “retrógrados”.

Já a esquerda quer o progresso sistemático; sua concepção é dinâmica, mas, por outro lado, ela considera que o passado (quando não o presente) é uma constante e eterna injustiça, que, portanto, deve ser destruída. Embora deseje ser progressista, a esquerda busca ser revolucionária e, ainda mais, destruidora.

Direita e esquerda entendem de maneira oposta a ordem e o progresso. A direita sacrifica o progresso em nome de uma ordem estática que tende a ser retrógrada; a esquerda sacrifica a ordem em nome de um progresso que tende a ser destruidor. É evidente que essas duas perspectivas são inconciliáveis e insustentáveis. A única solução é unir, de maneira íntima, a ordem com o progresso, entendendo-os como dois aspectos de uma realidade única.


Nos termos de Comte, ordem e progresso não são opostos e excludentes

Ora, embora possa parecer banal e trivial, é necessário que ordem e progresso não sejam definidos de maneiras opostas e excludentes, mas complementares. Para que ordem e progresso sejam dois aspectos de uma realidade única, a ordem tem que ser vista como dinâmica, e o progresso tem que considerar a manutenção da sociedade.

Nos termos claros e precisos de Augusto Comte, “o progresso é o desenvolvimento da ordem” e “a ordem é a consolidação do progresso”: apenas dessa forma é possível superar a oposição sociológica, filosófica e política entre a ordem e o progresso.

Unir a ordem ao progresso e, inversamente, o progresso à ordem implica necessariamente que a ordem tem que deixar de ser retrógrada e o progresso tem que deixar de ser destruidor. A direita tem que reconhecer o movimento e a busca de melhorias; a esquerda tem que abandonar o espírito destruidor e a concepção de que a ordem é sempre estática. Ambas têm que deixar de lado as concepções de que o antigo é bom ou ruim e que o novo é ruim ou bom apenas porque o antigo é antigo e o novo é novo.

Direita e esquerda — ou melhor, ordem e progresso — definem-se um em relação ao outro. A oposição mútua entre eles tem vários resultados negativos. O primeiro deles é que, se um nega o outro, nenhum deles é realmente levado a sério e nenhum dos dois se mantém.

Em segundo lugar, a negação mútua da ordem e do progresso faz com que os traços negativos de cada um deles se acentuem: a ordem torna-se cada vez mais retrógrada e o progresso, cada vez mais revolucionário, tornando-se anárquico. Em consequência disso, o embate mútuo torna-se ao mesmo tempo retrógrado e anárquico.

Em terceiro lugar, esse embate descamba para uma oscilação social e política, com períodos de ordem (estática) e de progresso (revolucionário). Essa é a dinâmica ocidental (e, por extensão, mundial) desde a Revolução Francesa.

As narrativas liberais e marxistas reproduzem a oposição entre direita e esquerda, ou seja, entre ordem e progresso, e são incapazes de perceber e reconhecer a oscilação: o século 19 caracterizou-se por isso; o período da II Guerra dos 30 Anos (1914-1945) caracterizou-se pela mesma oscilação; e a Guerra Fria (1947-1991) transformou a oscilação em disputa geopolítica.

A afirmação atual entre, por um lado, os tradicionalismos e sua forma política mais extrema, o neofascismo, e, por outro, os identitarismos, é apenas a versão mais recente e agressiva da oposição entre ordem e progresso.


Superação da oposição entre ordem e progresso

A superação da oposição entre ordem e progresso não é uma política de “centro”; é uma política que é ao mesmo tempo progressista, sem ser revolucionária, e que busca manter as instituições sociais sem ser retrógrada.

Essa política não é de extrema esquerda, o que a torna suspeita para a esquerda; ela não é de extrema direita, o que a torna suspeita para a direita. Ela respeita a história, sem ser tradicionalista; ela afirma o progresso, sem ser destruidora. Essa política não apenas rejeita os graves e profundos erros da direita e da esquerda, como torna esses dois lados (e sua oposição mútua) irrelevantes.

Não é por acaso que essa política é alvo dos fascistas e dos identitários; não é por acaso que tanto os asseclas dos Bolsonaros quanto Djamila Ribeiro critiquem o “Ordem e Progresso”. Eles não o conhecem, não o entendem e rejeitam-no; mas, com certeza, intuem que o “Ordem e Progresso” corresponde à superação de suas perspectivas opostas, ou seja, da necessária desmoralização desses opostos irreconciliáveis e do urgente fim dessa polarização.

Gustavo Biscaia de Lacerda é doutor em Sociologia Política e sociólogo da UFPR.

18 fevereiro 2025

Sobre simpatia e esperança

No dia 21 de Homero de 171 (18.2.2025) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores, em sua "Introdução".

No sermão abordamos a simpatia e suas relações com a esperança, em termos individuais e coletivo, indicando a sua importância para a felicidade individual e a ação política.

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://www.youtube.com/watch?v=IX-4oJlYZrk&t) e Igreja Positivista Virtual (aqui: https://www.facebook.com/IgrejaPositivistaVirtual/videos/1269497177455746).

As anotações que serviram de base para a exposição oral estão disponíveis abaixo.

*   *   *

Sobre simpatia e esperança

(21 de Homero de 171/18.2.2025) 

1.       Abertura

2.       Exortações iniciais

2.1.    Sejamos altruístas!

2.2.    Façamos orações!

2.3.    Como somos uma igreja, ministramos os sacramentos: quem tiver interesse, entre em contato conosco!

2.4.    Precisamos de sua ajuda; há várias maneiras para isso:

2.4.1. Divulgação, arte, edição de vídeos e livros! Entre em contato conosco!

2.4.2. Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Datas e celebrações:

3.1.    Dia 20 de Homero (17.2): nascimento de Agliberto Xavier (1869) e transformação de Paulo Carneiro (1982)

3.2.    Dia 24 de Homero (21.2): nascimento de Pierre Laffitte (1823)

3.3.    Dia 27 de Homero (24.2): nascimento de Teófilo Braga (1843)

3.4.    Dia 1º de Aristóteles (26.2): Live AOP com Érlon

4.       Leitura comentada do Apelo aos conservadores

4.1.    Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

4.1.1. O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

4.1.1.1.             O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

4.1.1.2.             Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

4.1.2. A religião estabelece parâmetros morais, intelectuais e práticos para a existência humana e, portanto, orienta a política, estabelece as suas metas, as suas possibilidades e os seus limites

4.1.2.1.             A religião, conforme o Positivismo estabelece, não é sinônima de “teologia”

4.2.    Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

4.3.    O capítulo em que estamos é a “Introdução”, cujo subtítulo é “Advento dos verdadeiros conservadores”

4.4.    Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

5.       Uma observação preliminar sobre as prédicas

5.1.    O objetivo das prédicas é expor a Religião da Humanidade, em suas concepções e em suas aplicações, ao maior público possível, ou seja, é popularizá-la

5.2.    Devido a esse motivo, evitamos a todo custo exibições de erudição

5.2.1. É claro que não se trata de rejeitar o conhecimento das coisas; as vistas gerais, exigidas por Augusto Comte, impõem o conhecimento de muita coisa

5.3.    Entretanto, há vários motivos que nos levam a rejeitar a ostentação da erudição:

5.3.1. A clareza na exposição

5.3.2. A rejeição do academicismo e do cientificismo

5.3.3. O seguir a recomendação didática de Augusto Comte: apresentar idéias a partir de casos claros e decisivos

5.4.    Este nosso esclarecimento é importante porque muita gente considera, mesmo sem admitir ou sem expressar publicamente, que exposições claras e diretas seriam simplistas, pobres e sem valor

5.4.1. Quando nós citamos, de modo geral citamos Augusto Comte, Clotilde de Vaux e os apóstolos da Humanidade (Miguel Lemos e Teixeira Mendes); procuramos restringir as citações a eles por questões de culto e de respeito, mantendo ao mesmo tempo nossas exposições claras e despretensiosas

6.       Sermão: Simpatia e esperança

6.1.    O tema que desejamos abordar hoje é um ótimo exemplo de temas e questões que têm uma origem afetiva e grandes conseqüências intelectuais e práticas políticas, diretas e indiretas

6.1.1. O que desejamos fazer é uma pequena reflexão ao mesmo tempo filosófica, sociológica e, claro, moral

6.1.1.1.             Apenas a título de comentário lateral: se eu incluísse muitas citações eruditas e referências bibliográficas, estas reflexões poderiam ser apresentadas como um “ensaio filosófico” acadêmico – o que, como comentamos há pouco, resolutamente não desejamos

6.1.2. O título que selecionei é apenas “simpatia e esperança”; esse título apresenta de maneira clara dois aspectos que nos interessam, mas, na verdade, queríamos dar um título um pouco maior: “amor, altruísmo, simpatia, generosidade – e esperança”

6.2.    Augusto Comte adotava, especialmente na fase religiosa, um procedimento ao mesmo tempo rico e sintético, a “polissemia”, em que usava uma palavra para expressar diferentes idéias, ou, dito de outra forma, ele usava uma palavra e ampliava bastante os seus sentidos

6.2.1. Uma palavra exemplar é “amor”, que cobre uma ampla variedade de sentidos: amor, altruísmo, simpatia, generosidade; o amor pode ser a fraternidade, o filial, o paterno, o materno; a simpatia pode ser a empatia, a amizade fraterna, a inclinação generosa, uma boa vontade geral para com os outros

6.2.2. É claro que cada palavra tem seu próprio sentido específico, ou melhor, seu próprio campo semântico; Augusto Comte não nega nem finge que não é assim; a polissemia que ele adota é um recurso filosófico e artístico, ao mesmo tempo sintético e afetivo

6.3.    Ao mesmo tempo, o dogma positivo e as fórmulas religiosas e práticas indicam de maneira reiterada que os sentimentos são a base de nossa existência, havendo conseqüências intelectuais e práticas disso: “o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”; “agir por afeição e pensar para agir”

6.4.    No caso da simpatia, Augusto Comte usa-a em pelo menos duas ocasiões: (1) ao enumerar os sete sentidos da palavra “positivo”, no Apelo aos conservadores (real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático), e (2) no enunciado da lei-mãe da filosofia primeira (“formular a hipótese mais simples, mais estética e mais simpática que comporte o conjunto de dados a representar”)

6.4.1. Como veremos, esses dois usos da simpatia estão estreitamente vinculados e têm inúmeras conseqüências

6.4.2. De modo geral, nós, positivistas, entendemos a palavra “simpatia” significando: (1) seguir a inspiração afetiva, (2) seguir a orientação altruísta, (3) estimular o altruísmo, a generosidade, a empatia, (4) ter uma boa vontade geral de princípio para com os outros

6.5.    A simpatia, assim, embora esteja evidentemente próxima do amor, é mais próxima do altruísmo que do amor propriamente dito, pois ela é mais geral, mais superficial e menos específica

6.5.1. O amor propriamente dito tem sempre um objeto específico: nossos cônjuges, nossos pais, nossos filhos, nossos irmãos, nossos parentes, nossos amigos; não por acaso a família é o âmbito social próprio ao cultivo dos sentimentos

6.5.2. Aliás, também porque o amor exige um objeto específico que é necessária a representação da Humanidade com imagens

6.6.    O que sugerimos aqui é que o altruísmo exige a simpatia para realizar para além das relações domésticas (ou “familiares”); ou, talvez, o altruísmo para além das relações domésticas consiste na simpatia

6.6.1. A proximidade nas relações sociais torna-se bastante evidente aí: esse é um dos motivos porque Augusto Comte afirmava que as mátrias do futuro têm que ser, necessariamente, pequenas

6.7.    Podemos passar agora diretamente para o tema deste sermão: a concepção positivista de que as idéias e as ações baseiam-se em sentimentos de fundo é ilustrada com clareza nas relações entre simpatia e esperança

6.7.1. Nossas vidas são sempre dedicadas a viver para outrem; o Positivismo evidencia essa orientação e torna-a a base da moral, de modo a conjugar a lei do dever com a regra da felicidade individual

6.7.2. Ao vivermos para outrem, cada um de nós deve orientar suas atividades para outrem, mesmo que seja apenas em termos subjetivos, isto é, apenas em termos de intenções

6.7.3. Pois bem: essa orientação das nossas ações para os outros (mesmo que seja uma orientação apenas em termos de intenções) exige sempre a simpatia para com os outros, isto é, a boa vontade para com os outros

6.7.4. Se não temos boa vontade, se não temos simpatia, não é possível de verdade vivermos para outrem; nesse caso, vivemos de maneira egoísta e mesquinha e/ou somos hipócritas a respeito do viver para os outros

6.7.5. A boa vontade geral para com os outros é a condição para vivermos para os outros; além disso, a simpatia estimula por si só as vistas gerais (ou seja, a simpatia estimula a síntese) e a colaboração (a simpatia estimula a sinergia)

6.7.5.1.             Outra conseqüência da simpatia é que a boa vontade para com os demais estimula a boa vontade em relação ao futuro, o que, em termos simples, é a esperança

6.7.6. Tanto a simpatia, ou a boa vontade básica geral, quanto a esperança não impedem nem negam o reconhecimento de que a vida implica dificuldades e que há problemas em muitas coisas: o realismo próprio à positividade garante-o

6.7.6.1.             É o mesmo realismo que permite e exige que se reconheça problemas e dificuldades que nos conduz a adotarmos uma perspectiva equilibrada da vida e a reconhecermos que o que somos hoje, de bom e de ruim, baseia-se no passado, que a longo prazo as coisas estão melhorando e que a ação humana esclarecida e altruísta é o que permite as melhorias

6.7.6.2.             O realismo da positividade exige, então, um equilíbrio nas apreciações

6.7.6.2.1.                   Essa necessidade de equilíbrio é ilustrada de maneira... simpática no livro A luneta mágica, de Joaquim Manuel de Macedo, de 1869

6.7.7. Duas outras conseqüências do primado da simpatia na positividade e na formulação elementar de hipóteses são as seguintes:

6.7.7.1.             Por um lado, um bom humor básico e geral: como dizem, “rir é o melhor remédio”

6.7.7.2.             Por outro lado, a adoção de perspectivas positivas e afirmativas na elaboração inicial de apreciações, recomendações, condutas e exemplos; apenas depois e secundariamente apresentar críticas, recriminações, punições

6.7.7.2.1.                   Isso é estrondosamente válido para a pedagogia; deveria ser óbvio que é também válido para a política prática e, inversamente, para a regulação dos sentimentos e a elaboração de idéias

6.8.    Essas considerações sobre a simpatia, o viver para outrem e a esperança podem parecer banais e sem relevância quando não temos nenhum contexto; então, vale a pena considerarmos a situação oposta, ou seja, quando não temos simpatia para com os demais

6.8.1. A antipatia básica de todos para com todos é curiosamente uma característica do Brasil dos últimos 30 ou 40 anos

6.8.1.1.             É claro que é uma antipatia que por vezes se mistura com simpatia e que portanto depende do que estamos considerando

6.8.1.2.             Tornou-se o discurso-padrão, em livros escolares e acadêmicos de História e Sociologia do Brasil, bem como em discursos políticos, adotar uma perspectiva “realista” do nosso país

6.8.1.3.             Esse realismo consiste em larga medida, às vezes quase exclusivamente, em reclamações, críticas e destruições sistemáticas da nossa história, dos nossos antepassados, das nossas origens: em nome da “criticidade”, nada nunca presta, todos sempre foram ruins, burros, desonestos, covardes, mentirosos, exploradores, humilhadores etc.; cada uma das etapas da nossa história foi ruim, bem como o conjunto do que veio antes (e “antes” = “precisamente neste momento”)

6.8.1.3.1.                   Como cada etapa anterior de nossa história foi ruim, desprezível, humilhante, degradante etc., cada uma delas exige sua repulsa intelectual e política; daí a necessidade constante e periódica de rupturas e reinícios: em grandes linhas é assim que se apresenta a história do Brasil

6.8.1.3.2.                   Se nossa história é só mentira, miséria, exploração e degradação, logo se impõe a pergunta: por que deveríamos perder tempo com o nosso país? Por que deveríamos perder tempo preservando o que quer que seja do país, a começar por nossos concidadãos mas passando pelas instituições e pela memória?

6.8.1.4.             Considerações semelhantes podem ser feitas a respeito do Ocidente

6.8.1.5.             A perspectiva geral negativa oferece então um quadro desequilibrado e, portanto, irrealista; não há realismo aí, apenas uma “criticidade” generalizada, isto é, destruição e autorrejeição generalizadas

6.8.1.6.             Essa criticidade generalizada e irrealista é própria da revolta metafísica contra a história, que resulta em perspectivas intelectuais e sentimentos anti-históricos, que buscam sempre rupturas e recomeços

6.8.2. Um exemplo disso é o livrinho O Brasil no império português, de Luiz Carlos Baptista de Figueiredo e Janaína Passos Amado Baptista Figueiredo (Zahar, 2000)

6.8.2.1.             Todas as palavras dos autores a respeito de Portugal são críticas, destruidoras e negativas; Portugal não teria nunca feito nada de bom, correto, útil, valoroso, corajoso

6.8.2.2.             Assim, é inescapável terminarmos de ler esse livro com duas impressões (que, é bom realçarmos, os autores não apresentam): (1) por termos sido colonizados por Portugal, o Brasil não presta e (2) seguindo uma concepção difundida, melhor teria sido se tivéssemos sido colonizados pelos franceses, ou melhor, pelos ingleses, pelos alemães ou pelos neerlandeses

6.8.3. Um outro exemplo, mais concreto e mais imediato, é dado pelo identitarismo: de maneira radical, o identitarismo ilustra muito bem os vínculos entre simpatia, viver para outrem e esperança, ou melhor, inversamente, os vínculos entre antipatia, particularismo e desesperança

6.8.3.1.             O identitarismo baseia-se em um conjunto de concepções: apenas quem partilha de um traço específico de identidade é bom, correto e valoroso; essas pessoas, que constituem minorias, são por definição exploradas e humilhadas pela “maioria”; a par da necessária e eterna humilhação, o sentimento que move a minoria identitária é o ressentimento; quem não integra esse grupo (1) ou também é humilhado, explorado e movido pelo ressentimento (2) ou é humilhador e explorador: em outras palavras, o sentimento de ódio é a mola propulsora dessa concepção intelectual, que se baseia em e estimula o particularismo

6.8.3.2.             Enfim: o identitarismo estimula o ódio social e afirma o particularismo social e de vistas; a noção de “lugar de fala” ilustra com perfeição essas limitações; é difícil de verdade entender porque, em tal situação, deve-se “viver para os outros” e, ainda mais, é difícil perceber qualquer esperança verdadeira em tal quadro: não há como melhorar, não há chance de as coisas mudarem; os humilhadores/exploradores sempre serão assim

6.8.3.2.1.                   Como o particularismo exclusivista é insustentável em termos políticos e intelectuais, mesmo a solução identitária para isso – o conceito e a prática de “intersetorialidade” – mantém o particularismo e consiste apenas na justaposição tática de vários particularismos, mantendo-se em todo caso o ódio social como base afetiva

6.8.3.2.2.                   Os defensores do identitarismo afirmam que essas concepções são justificadas pela realidade, pela profundidade, pela extensão e pela urgência das discriminações enfrentadas: sem negar muitos desses problemas, a dificuldade radical com isso está em que, como os exemplos gritantes de Gandhi, Martin Luther King e Nelson Mandela – e muitos e muitos outros – ilustram, problemas reais, profundos e urgentes podem ser tratados de diferentes maneiras, em particular de maneiras generosas e amplas, em vez de mesquinhas e estreitas

6.8.3.3.             O identitarismo baseia-se em maus sentimentos, articula-se em idéias ruins, resulta em uma prática desastrosa: se as conseqüências sociais disso são péssimas, em termos individuais elas também são: a ausência de esperança deprime e o ódio e o ressentimento impedem que vínculos mais amplos, mais profundos, mais sinceros, até mais leves, sejam constituídos; aí não há lei do dever (pois não há vínculos compartilhados nem obrigações mútuas), nem a possibilidade de felicidade individual

6.9.    Em suma:

6.9.1. Seguindo uma regra sugerida por Augusto Comte, que a derivou diretamente da noção de positividade e de simpatia, devemos sempre propor inicialmente nossos parâmetros de maneira afirmativa, positiva

6.9.1.1.             Dessa forma, a simpatia é um princípio moral, filosófico e prático realmente necessário para a vida coletiva, ao estimular a boa vontade básica geral de todos para com todos, a boa fé e a abertura para desenvolvermos relações duráveis e construtivas; isso tudo baseia-se em e estimula as vistas gerais; com isso, vivemos para os outros, conseguindo assim ao mesmo tempo termos esperança no futuro e realizarmos a lei do dever e a felicidade individual

6.9.2. É claro por vezes podemos então definir nossos parâmetros de maneira negativa

6.9.2.1.             A antipatia, a ausência de simpatia, o ódio, o ressentimento impedem a boa vontade básica geral, constituem o particularismo e o exclusivismo, impedem a esperança, impedem a lei do dever e resultam em profunda infelicidade, além de promoverem a irracionalidade na apreciação da história e da vida coletiva

7.       Exortações finais

7.1.    Sejamos altruístas!

7.2.    Façamos orações!

7.3.    Como somos uma igreja, ministramos os sacramentos: quem tiver interesse, entre em contato conosco!

7.4.    Precisamos de sua ajuda; há várias maneiras para isso:

7.4.1. Divulgação, arte, edição de vídeos e livros! Entre em contato conosco!

7.4.2. Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

8.       Término da prédica