25 dezembro 2009

Comemorações do ano 222 (2010)

Tipo*

Vida

CALENDÁRIOS

Positivista

júlio-gregoriano

Antístenes

440-370

16.Aristóteles

13.março

Arriano

80-160

19.Aristóteles

16.março

Bernardo de Palissy

1510-1590

22.Gutenberg

3.setembro

Cavendish

1731-1810

17.Bichat

19.dezembro

Froissart

1337-1410

15.Dante

30.julho

Domen. Guglielmini

1655-1710

23.Gutenberg

4.setembro

Henrique IV

1553-1610

6.Frederico

10.novembro

INOCÊNCIO III

1160-1216

21.Carlos Magno

8.julho

MONTGOLFIER

1740-1810

28.Gutenberg

9.setembro

Pergolesi

1710-1738

22.Shakespeare

1.outubro

Ptolomeu

130-160

19.Arquimedes

13.abril

Ritter

1776-1810

20.Bichat

22.dezembro

Santo Irineu

110-190

25.Aristóteles

22.março

Sólon

640-559

8.Aristóteles

5.março

Stahl

1660-1734

23.Bichat

25.dezembro

Sully

1560-1641

16.Frederico

20.novembro

TALES

640-550

7.Aristóteles

4.março

Teniers

1610-1690

13.Dante

28.julho

Velázquez

1599-1660

12.Dante

27.julho

Xenófanes

540-500

9.Aristóteles

6.março


FONTE: “Apêndice” de Apelo aos conservadores (autoria de Augusto Comte; Rio de Janeiro: Igreja Positivista do Brasil, 1899), organizado por Miguel Lemos.

NOTAS:

  1. Os nomes em itálico indicam os tipos adjuntos, considerados titulares nos anos bissextos.
  2. Os nomes em letras maiúsculas indicam chefes de semana ou de mês.
  3. As datas de vida reproduzem as indicadas por Miguel Lemos no “Apêndice” ao Apelo aos consevadores; algumas delas podem ter sofrido correção desde 1899, a partir de pesquisas historiográficas.
  4. Os artigos da Wikipédia foram selecionados basicamente em português, mas em diversos casos ou só havia em outra(s) língua(s) ou eram melhores em outra(s) língua(s) (francês e inglês, mas também espanhol e italiano).

13 dezembro 2009

Chico Alencar: A corrupção não é culpa do "sistema"

Caros amigos:

Vejam o discurso abaixo do Dep. Chico Alencar, enviado por um amigo do Rio de Janeiro. O Deputado argumenta que a corrupção que vivemos não é culpa do "sistema", mas das pessoas e, acima de tudo, dos valores que permitem, aceitam ou toleram as práticas criminosas e antirrepublicanas. Além disso, o Deputado critica - coberto de razão - que não adianta pôr a responsabilidade pelas canalhices em uma abstração chamada "sistema político", que deveria ser modificada, fazendo-se abstração dos motivos pessoais e dos valores que orientam as pessoas.

Embora o Chico Alencar seja da extrema-esquerda de origem marxista, nesse discurso ele apresenta-se radicalmente positivista: afinal, para o Positivismo não faz sentido, não é razoável querer mudar as instituições antes ou no lugar da mudança dos valores. A crise que vivemos não é "institucional" , ela é ética no sentido mais profundo; o que faz uma república algo "republicano" não são as instituições, mas os valores e as práticas dos cidadãos.

Gustavo.

* * *

http://www.chicoale ncar.com. br/chico2004/ chamadas/ pronuncs/ pronunc20091203c .htm


A culpa não é só do sistema

Virou costume se dizer que todos os escândalos de corrupção acontecem por causa do sistema político e da falta de uma reforma profunda nele. Sim, o sistema político-eleitoral brasileiro, mantido intacto tanto na era FHC quanto no período lulista, instituiu uma espécie de "democracia empresarial" e de "eleições de negócios". Nós, do PSOL, repetimos sempre que os partidos são, com poucas exceções, ajuntamentos de interesses difusos para fruir das benesses do poder, viabilizando aumento de patrimônio de suas figuras mais importantes. Adesistas sempre, com programas que servem apenas para encher papel. Por isso, cada vez mais, incidem pouco ou nada no dia a dia das pessoas, anestesiadas pela despolitização galopante. A não ser quando, com suas malfeitorias reveladas, os "políticos", ancorados nos seus partidos, provocam indignação cidadã, como a que move, neste momento, os que ocupam a Câmara Legislativa do Distrito Federal, protestando contra o detrito federal que ali, e nas instâncias do Executivo, se produz. Os mandatos são meios de vida e não serviço, representação.
Todas estas distorções são amparadas pelo modelo político vigente, é verdade. As doações ocultas de campanha, que poderiam acabar na recente mudança da legislação eleitoral aqui votada, foi mantida. Mas há uma base essencial, de caráter, que também responsabiliza os indivíduos que ingressam na vida pública por seus delitos. Afirmar que tudo vem do "sistema" pode contribuir para a minimização dos crimes e para a praga alastrada da impunidade. Há aqui, sr. presidente, parlamentares que, apesar do sistema, não se deixam corromper. O "todo mundo faz" ou o "é da nossa cultura" ou mesmo o "só com Reforma Política", que eu mesmo tanto reitero, acabam sendo leniência, senão cumplicidade, com esses desvios que abalam a República, e que precisam acabar. Quem os pratica não é inocente presa de um sistema perverso: é mau caráter mesmo! Nenhum sistema político, por mais viciado que seja, obriga a pessoa a ser desonesta e dar as costas ao interesse público.
Nessa linha, transcrevo aqui a coluna de Dora Kramer, publicada hoje em vários jornais do país, e que aborda esta questão com muita propriedade:

Responsável de plantão

Quando o primeiro escândalo de corrupção do governo Luiz Inácio da Silva emergiu das imagens de Waldomiro Diniz, então braço direito do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, extorquindo o dito empresário Carlos Augusto Ramos, também conhecido como o bicheiro Carlinhos Cachoeira, de imediato todas as vozes se levantaram em defesa de uma reforma política "profunda".
A tese por trás da proposta era a de que a culpa é do sistema político, eleitoral e partidário daninho. De lá para cá, repete-se a mesma cantilena a cada novo caso escabroso de corrupção, conferindo-se à reforma política o status de solução de plantão para todos os males.
Por esse raciocínio, o "sistema" é que seria o grande corruptor de pessoas inocentes, cujo desejo de governar para fazer o bem só se realiza ao custo da adesão à realidade nefasta fazendo política com as mãos sujas, não obstante o coração permaneça imaculado. Seria o preço a pagar.
Essa lógica sustentou o discurso de quem queria uma justificativa para apoiar a reeleição de Lula, mas não tinha coragem de dizer que estava pouco ligando para a ética. Esta servira como bandeira de oposição, mas atrapalhava a execução do projeto de poder.
Isso no caso do PT. Nos partidos que não haviam feito nenhum trato explícito com a ética na política, nem se apresentam justificativas. Muito embora também se agarrem com veemência na defesa da reforma política na hora em que a assombração transita por seus terreiros.
Depois da manifestação espontânea ao modo de Pôncio Pilatos - "as imagens não falam por si" -, orientado por sua assessoria sobre a ultrapassagem do limite do aceitável, o presidente Lula passou a considerar "deplorável" o que todo mundo viu sobre as atividades da quadrilha que atuava no governo de Brasília.
E, claro, atribuiu tudo à ausência da reforma política, acrescentando desconhecer as razões pelas quais ela não é aprovada. Levantou, porém uma suspeita: "Provavelmente porque os parlamentares seriam afetados pelas mudanças".
Para um gênio da política, Lula se mostra um tanto ingênuo. E esquecido. O primeiro enterro da reforma, ainda no primeiro mandato, ocorreu porque os partidos de sua base trocaram o arquivamento por votos a favor do projeto - fracassado - da reeleição do então presidente da Câmara, o petista João Paulo Cunha.
O funeral seguinte deu-se agora em 2009 pela conjugação de interesses dos partidos do governo e da oposição que, no lugar da reforma, aprovaram uns remendos que facilitaram sobremaneira o uso do caixa 2 e encurtaram os prazos para punições, na prática impedindo cassações de eleitos, inclusive os deputados de Brasília agora pegos com as mãos imundas na botija.
Isso quer dizer que o defeito primordial não é das regras - de fato defeituosas - é da deformação das pessoas, da permissividade geral e da impunidade de que desfrutam.

Agradeço a atenção,
Sala das Sessões, 03 de dezembro de 2009.

Chico Alencar
Deputado Federal, PSOL/RJ

08 dezembro 2009

"Julie & Julia", uma história positivista

O filme Julie & Julia é uma belíssima história real de duas mulheres e é uma história... positivista. Julia Child e Julie Powell eram duas mulheres que estavam sem rumo na vida e conseguiram objetivos por meio da culinária, uma nos anos 1950, a outra nos anos 2000.

Essa história pode ser vista como positivista, especialmente para Julie, a personagem dos anos 2000. Ela resolve fazer todas as receitas do livro de culinária francesa que Julia escreveu; são 524 receitas em 365 dias, cujos resultados Julie põe em um blogue que criou especificamente para isso. Enquanto faz as receitas, Julie conversa com Julia - é claro que essa conversa é subjetiva e isso fica dito e subentendido durante todo o filme.

No final do filme, Julie dialoga com seu marido: as conversas que manteve com Julia e o esforço de fazer todas as receitas fizeram dela (Julie) uma pessoa melhor. Mas Julia não gostara muito do blogue de Julie, o que entristeceu a última - ao que o marido comenta que a Julia perfeita existe apenas na cabeça de Julie e é essa Julia perfeita, idealizada, que torna Julie melhor.

Por que esse filme pode ser positivista? Por dois motivos.

Em primeiro lugar, porque é uma história puramente humana, de seres humanos que procuram solucionar seus problemas e, ao procurarem satisfazer algumas necessidades pessoais, melhoram a vida dos outros e encontram nisso sua satisfação. Isso é desenvolver o altruísmo, seja diretamente, seja por meio da regulação do egoísmo.

Em segundo lugar, porque vemos claramente, em particular no diálogo que esbocei acima, que os seres humanos vivos sofrem o tempo todo a influência subjetiva de quem está distante e de quem já morreu. Essa influência subjetiva está em nossas cabeças - objetivamente, não existem "espíritos" -, mas ela é fundamental para fazer de nós quem somos. Essas idealizações ocorrem necessariamente: seja porque elas ocorrem naturalmente, seja porque nós precisamos delas. Além disso, em particular, essas influências subjetivas são idealizadas por nós e, ao idealizarmos, nós procuramos melhorar, aperfeiçoarmo- nos, procurando seguir o exemplo subjetivo.

O Positivismo não é um grande sistema científico e cientificista: ele é, sim, um grande sistema de aperfeiçoamento do ser humano, por meio do desenvolvimento do altruísmo e da compressão do egoísmo: é isso que o filme apresenta. É por isso que ele é positivista.

27 novembro 2009

As críticas de Augusto Comte à Economia Política

O artigo "As críticas de Augusto Comte à Economia Política" foi publicado na revista Política & Sociedade (Florianópolis, v. 8, n. 15, out.2009) e está disponível no seguinte endereço:

http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/11794/11038

O resumo e as palavras-chave são os seguintes:

RESUMO: O objetivo deste artigo é apresentar as críticas de Augusto Comte à Economia Política de sua época, bem como as propostas de reforma social daí advindas. O arcabouço metodológico consiste em categorias propostas pela História das Idéias, em particular por M. Bevir e Q. Skinner. O que poderíamos chamar de “teoria econômica comtiana” está presente na sua “Estática Social”, na parte relativa à propriedade e aos elementos materiais da sociedade, e na sua “Dinâmica Social”, no que se refere às inter-relações entre as mudanças políticas, sociais e econômicas ao longo da história. Essa teoria econômica dialoga tanto com os liberais quanto com os “comunistas”, ao afirmar, por um lado, a necessidade da propriedade, mas também, por outro lado, a subordinação da propriedade às necessidades sociais e ao criticar severamente o individualismo. Daí resultam conseqüências diretas e indiretas: por um lado, a sociedade não é redutível ao “mercado” e o Estado não pode ser omisso frente às flutuações econômicas; por outro lado, os conflitos de interesses mais imediatos de proletários e “patrícios” não podem ignorar a origem social da riqueza, sendo necessárias medidas morais e legais para regular e resolver esses conflitos. Nesse sentido, Comte é também um prenunciador do Estado de Bem-Estar Social ou, pelo menos, um teórico da justiça social.

PALAVRAS-CHAVE: Augusto Comte, Positivismo, Sociologia, crítica à Economia Política, holismo metodológico, justiça social.