Máximas de Augusto Comte
Lista elaborada por C.G. Higginson (1858-?), Presidente da Sociedade
Positivista de Manchester
(Fonte: Revue
Occidentale, Paris, 2e série, tome VIII, 1893, 2e semestre, p. 306-310; disponível aqui.)
As siglas adotadas abaixo referem-se às seguintes obras
compulsadas de Augusto Comte:
I
Máximas formuladas por Augusto Comte
- O
amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim. (C)
- Viver
para outrem. (C)
- Família,
pátria, Humanidade. (A)
- Ordem
e progresso. (C, A)
- Viver
às claras. (C, A)
- Agir
por afeição e pensar para agir. (C)
- O
homem torna-se cada vez mais religioso. (C)
- Entre
o homem e o mundo é necessária a Humanidade. (A)
- Para
completar as leis são necessárias as vontades. (A)
- Conciliante
de fato, inflexível a princípio. (SS)
- Reorganizar
[a sociedade] sem deus nem rei, por meio do culto sistemático à Humanidade. (D)
- O
homem não tem nenhum direito senão cumprir seu dever. (D)
- O
espírito deve ser servidor do coração, mas jamais seu escravo. (D)
- O
dogma fundamental da subordinação contínua da política à moral [é] o que
distingue a sociabilidade moderna. (D)
- A
natureza social da propriedade e a necessidade de regrá-la. (D)
- Fundar
a religião universal sobre a sã filosofia após a ter elaborado a partir da
ciência real. (C)
- O
coração apresenta as questões que o espírito resolve. (C)
- A
religião consiste em regrar cada
natureza individual e em reunir todas
as individualidades. (C)
- Os
vivos são sempre, e cada vez mais, governados necessariamente pelos mortos. (C)
- Os
mais nobres fenômenos são por toda parte subordinados aos mais grosseiros. (C)
- Para
nossas mais altas funções espirituais, como em relação aos nossos atos mais
materiais, o mundo exterior serve-nos ao mesmo tempo de alimento, de
estimulante e de regulador. (C)
- O
Positivismo, perseguindo sempre o estudo das leis, caminha sem cessar entre
duas vias igualmente perigosas, o misticismo que pode penetrar até as causas, e
o empirismo que se limita aos fatos. (C)
- O
objetivo contínuo da vida humana [é] a conservação e o aperfeiçoamento do
Grande Ser [a Humanidade], que é necessário ao mesmo tempo conhecer, amar e
servir. (C)
- O
trabalho humano não pode ser senão gratuito. (C)
- Saber
para prever a fim de prover. (C)
- Não
existe sociedade sem governo. (C)
- A
educação deve sobretudo dispor a viver para outrem, a fim de reviver em outrem
para outrem, um ser espontaneamente inclinado a viver para si e em si. (C)
- O
sacerdócio deve renunciar completamente à dominação temporal e mesmo à simples
riqueza. (C)
- Entre
dois seres tão complexos e tão diversos como o homem e a mulher, não é
suficiente toda a vida para bem se conhecerem e amarem-se dignamente. (C)
- Quaisquer
que possam ser nossos esforços, a mais longa vida bem empregada não nos
permitiria nunca de retribuir senão uma porção imperceptível do que recebemos.
(C)
- O
progresso não é senão o desenvolvimento da ordem. (C)
- Devotamento
dos fortes em relação aos fracos; veneração dos fracos para com os fortes. (C)
- Grandes
deveres exigem grandes forças.
- Nossa
evolução afetiva consiste sobretudo em tornarmo-nos mais simpáticos. (C)
- Formar
a hipótese mais simples e mais simpática que comporta o conjunto dos dados a representar.
(C)
- Cada
entendimento apresenta a sucessão de três estados: fictício, abstrato e
positivo. (C, A)
- A
atividade é inicialmente conquistadora, em seguida defensiva e finalmente
industrial. (C, A)
- A
sociabilidade é inicialmente doméstica, em seguida cívica e finalmente
universal. (C, A)
- A
submissão é a base do aperfeiçoamento. (A, T)
- Todas
as populações atuais aspiram, mais ou menos, a desenvolver o amor universal conforme
uma atividade guiada por uma fé demonstrável. (A)
- Todo
o problema humano consiste em constituir a unidade pessoal e social por meio da
subordinação contínua do egoísmo ao altruísmo. (A)
- Ao
referir tudo à Humanidade, a unidade torna-se mais completa e mais estável que
ao esforçar-se por vincular tudo a deus. (A, T)
- Ao
suscitar a revolução ocidental, o conjunto da Idade Média legou dois problemas
inseparáveis: incorporar à sociedade moderna o proletariado espontaneamente
surgido; substituir o teologismo irrevogavelmente esgotado pela fé demonstrável
(A)
- Induzir
para deduzir a fim de construir. (SS)
- O
amor busca a ordem e conduz ao progresso; a ordem consolida o amor e dirige o
progresso; o progresso desenvolve a ordem e conduz de volta ao amor. (T)
- União,
unidade, continuidade. (T)
II
- É
indigno dos grandes corações derramar as perturbações que sentem. (Lucie, 7ª carta)
- Que
prazeres podem exceder os da dedicação? (Lucie,
8ª carta)
- Eu
compreendi, melhor que ninguém, a fraqueza de nossa natureza quando ela não é dirigida para um objetivo elevado e que seja inacessível às paixões (T, p. 333)
- São
necessários à nossa espécie, mais que às outras, deveres para fazer
sentimentos. (T, p. 374)
- Não
há na vida nada de irrevogável senão a morte. (T, p. 419)
- Todos
temos ainda um pé no ar sobre o limiar da verdade. (T, p. 484)
- Os
maus têm com freqüência maior necessidade de piedade que os bons. (T, p. 537)
III
Máximas adotadas por Augusto Comte de diferentes autores
- Toda
a seqüência de homens, durante o curso de tantos séculos, deve ser considerada
como um mesmo homem que subsiste sempre e que aprende continuamente. (Pascal, Pensamentos, II) (D)
- Não
se destrói senão o que se substitui. (Napoleão III, Obras políticas, II, p. 266 – mas mais Danton) (C, A)
- Non
è l’affezion mia tanta profonda / Che
basti a rendir voi grazia per grazia (Dante,
Paraíso, IV, 121) (C) (Meu
amor não é tão profundo que ele possa conceder-te a graça pela graça.)
- Amem
te plus quam me, nec me nisi propter te. (Tomás de Kempis, Imitação, III, 5) (C) (Possa
eu amar-te mais que a mim mesmo e não me amar senão por ti!)
- Os
grandes pensamentos vêm do coração. (Vauvenargues, Pensamentos, 127) (C)
- A
virtude é um esforço sobre si mesmo em favor dos demais. (Duclos, Considerações, V, cap. IV) (C)
- Nós
vamos com um passo mais firme seguindo que conduzindo. (Corneille, Imitação, I,
9) (C)
- Que
é uma grande vida? / Um
pensamento da juventude executado na idade madura. Alfred de Vigny (PP)
- Não
há no mundo nada de real senão amar. (Mme. Stael, Delphine, 3ª parte, carta 28) (PP, T, p. 81)
- Nil
actum reputans si quid superesset agendum. (Lucano, Farsália, II, 658; na Política positiva, Comte atribui-a a César) (PP) (Crer
que nada está completo se qualquer coisa permanece por fazer.)
- Homo
sum, et nihil humani a me alienum puto. (Terêncio, O punidor, I, I, 25) (A, p. 25) (Eu
sou homem e nada de humano é-me estrangeiro.)
- Non
sibi, sed toti genitum se credere mundo. (Lucano, Farsália, II, 383) (A, p. 25) (Não
se crer nascido para si mesmo, mas para o universo.)
- O
homem é o único [objeto] digno do estudo do homem. (Pope, Ensaio sobre o homem, II, 2) (essa máxima deveria ser citada na Moral teórica – 13ª carta a R. Congreve)