Mostrando postagens com marcador Atualização. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Atualização. Mostrar todas as postagens

01 janeiro 2025

Celebração da Festa da Humanidade - 171/237 (2025)

No dia 1º de Moisés de 171 (1.1.2025) realizamos a celabração da Festa da Humanidade

Aproveitando o ensejo dessa importantíssima comemoração, apresentamos alguns dos que consideramos serem os desafios do Positivismo no século XXI.

A celabração foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://youtube.com/live/RnXVQPQ87XE) e Igreja Positivista Virtual (aqui: https://www.facebook.com/IgrejaPositivistaVirtual/videos/571441322456943/).

As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*   *   *

Celebração da Festa da Humanidade – 171/237 (2025)

 


1.      Início:

1.1.   Invocação inicial

1.2.   Leitura de poemas de Generino dos Santos (Vergine Madre) e Martins Fontes (O poema da Humanidade, O homem Humanidade)

2.      Hoje é dia 1º de Moisés, dia da Festa da Humanidade

2.1.   O dia de hoje inicia o ano 171 da era normal, ou 237 da transição revolucionária

2.2.   A Festa da Humanidade é a mais importante celebração positivista, pois é quando celebramos o verdadeiro ser supremo, o ser supremo que dá nome à religião real, humanista, relativa, pacífica, altruísta, fraterna: a Religião da Humanidade

2.2.1.Assim, é motivo da mais profunda alegria e satisfação percebermos que é um hábito universal (ou melhor, cada vez mais universal) a celebração da fraternidade universal justamente neste dia, em que iniciamos um novo ciclo

2.3.   No calendário positivista, a Festa da Humanidade segue-se sempre à Festa Geral dos Mortos e, nos anos bissextos, também à Festa das Mulheres Santas

2.3.1.Essa seqüência permite-nos ao mesmo tempo nos lembramos dos nossos entes queridos, recuperarmos nossas energias e retomarmos nossos esforços em favor de nossos familiares, nossos compatriotas, nossos amigos, nossos colegas e a todos os seres humanos

2.3.2.Na noite de ontem tivemos a felicidade de ouvirmos e assistirmos a uma belíssima celebração da Festa das Mulheres Santas por nosso amigo Hernani Gomes da Costa (aqui: https://www.youtube.com/watch?v=O8t7kh4jS8U&t=11s)

2.4.   A renovação periódica de nossos votos e de nossas energias não é somente uma coincidência astronômica, devida à volta anual do nosso belo e querido Grão Fetiche – o planeta Terra – ao redor do Sol, na translação, mas é uma necessidade moral e social

2.4.1.Com certeza que a translação importa-nos muito e influencia poderosamente a vida de cada um de nós, mas é em termos superiores que a renovação cíclica é importante, ou seja, em termos biológicos, sociológicos e morais

2.4.2.Em termos biológicos, trata-se de que alternamos sempre períodos de atividade e de descanso, diária, semanal e anualmente; a vida humana é atividade, mas precisamos parar com freqüência para descansar e recuperar as energias

2.4.3.Em termos morais, além do descanso físico necessário, precisamos com freqüência parar também para refletirmos se nosso comportamento é adequado, ou seja, se é convergente, se é útil e também se é eficiente; se os sentimentos que inspiram e orientam nossas ações são altruístas e se estimulam o altruísmo de nossos irmãos na Humanidade

2.4.3.1.           A necessidade de pausas para reflexão é tão grande que nosso mestre, Augusto Comte, recomendava que nos ocupássemos de tais reflexões três vezes por dia (na forma da oração positiva), uma vez por semana (no culto semanal) e várias vezes por ano (na forma dos cultos doméstico e público)

2.4.4.Indo diretamente ao ponto: a necessidade moral do culto deve-se a que os impulsos egoístas em si mesmos são tantos e tão intensos e as dificuldades práticas da vida são também tantas, tão intensas e tão propensas ao egoísmo que é necessário reafirmar constantemente o altruísmo, por todos os meios possíveis e disponíveis – e mesmo todos esses meios são com freqüência insuficientes para nossas necessidades

2.4.5.Daí também a necessidade sociológica de renovações cíclicas de nossas forças, de nossos sentimentos altruístas e de nossas reflexões convergentes: a celebração coletiva por um lado orienta o conjunto da sociedade e, a partir disso, por outro lado, orienta e reforça em cada um de nós nosso altruísmo e nossa convergência

2.5.   A Festa da Humanidade, então, a partir da lembrança agradecida de nossos antepassados e nossos antecessores, retomadas nossas forças morais, intelectuais e práticas, é uma festa de esperança, alegria e altruísmo

3.      Justificada a importância do culto à Humanidade, passemos à celebração da própria Humanidade

4.      A Humanidade é o verdadeiro ser supremo; é ao mesmo tempo uma idealização intelectual e artística que estimula e orienta nossos sentimentos, nossos pensamentos e nossas atividades práticas, e uma realidade que se desenvolve ao longo do tempo, que nos fornece tudo o que temos e que permite que sejamos tudo o que somos

4.1.   A Humanidade, portanto, é a verdadeira providência: ela dá-nos alimentos, valores, idéias e orientação; ela dá-nos acolhimento, pertencimento e todas as possibilidades de que gozamos; ela dá-nos alegria, felicidade, metas; ela dá-nos palavras, imagens, riquezas; ela dá-nos nossas famílias, nossos amigos, nossos trabalhos, nossas pátrias, nossos concidadãos; ela dá-nos os meios de conhecer e utilizar o Grão Fetiche, nosso lar comum, e também o Grão Meio, o espaço abstrato que nos permite pensar para agir conforme o altruísmo

4.2.   As tendências metafísicas prevalecentes em nossa época, ou seja, as tendências destrutivas e críticas estabelecem como algo próprio dos “bens pensantes” a consideração de que a Humanidade não presta, de que os seres humanos são desprezíveis: alegadamente esse exercício dos “bens pensantes” teria por objetivo a valorização do ser humano e o progresso!

4.2.1.Essa consideração “crítica” – que não é, como se deseja e como se propagandeia, crítica no sentido de “consciente” e “realista”, mas apenas e cinicamente destruidora – desvaloriza o ser humano, nega o altruísmo, afirma apenas o egoísmo e também nega o progresso, isto é, o desenvolvimento histórico do ser humano

4.2.2.Se, por um lado, fazemos celebrações cíclicas, temos que nos lembrar que o desenvolvimento ao longo do tempo é verdadeiro, é real: embora nossas celebrações sejam cíclicas, a história da Humanidade não é a repetição cíclica das mesmas tendências – e, em particular, não é a repetição cíclicas das mesmas más tendências

4.3.   A Humanidade, além disso, é um ser composto, que por sua vez é objetivo e subjetivo:

4.3.1.A Humanidade existe e age por meio de seus órgãos vivos, os servidores da Humanidade, que também foram chamados por Augusto Comte de “agentes” da Humanidade, com isso querendo indicar que cada um de nós, a partir das condições sociais em que surgimos e vivemos, temos agência, ou seja, capacidade de ação

4.3.2.Cada um de nós existe concretamente, de maneira objetiva; ao mesmo tempo, nossas ações, bem como nossos sentimentos e nossas idéias, são condicionados e orientados pelo conjunto do que recebemos de nossos antepassados e de nossos antecessores; isso implica a subordinação sociológica das nossas vidas e evidencia o aspecto subjetivo de nossas existências

4.3.3.Se, durante nossas vidas objetivas, somos servidores da Humanidade, nem por isso a integramos: devemos tudo a ela e todos os nossos esforços são em seu favor, mas a incorporação à Humanidade implica o merecimento, ou seja, um esforço ativo e consciente, ao longo de nossas vidas, considerando as situações objetivas e subjetivas, sociológicas e individuais de cada um: apenas sete após a transformação individual de cada um, em que passamos da vida objetiva para a imortalidade subjetiva, é que se decide se cada servidor da Humanidade pode ser efetivamente incorporado a ela e, assim, se merece ou não um culto público específico

4.4.   Como dissemos antes, a Festa da Humanidade, então, é e deve ser uma celebração de paz, alegria, felicidade, esperança e altruísmo

4.4.1.Nossa época metafísica e crítica infelizmente entende manifestações de alegria, esperança, altruísmo como formas de alienação, de autoengano, de negação dos problemas e das dificuldades: essa é uma forma lamentável, triste e degradante de entender o ser humano

4.4.2.A Festa da Humanidade não finge nem nega as dificuldades próprias ao ser humano; mas, ainda assim, a celebração clara, direta, pura dos sentimentos generosos é necessária: são o amor, a esperança, a alegria que tornam a vida digna de ser vivida e compartilhada e que, assim, justificam os esforços que realizamos para enfrentar as dificuldades e os problemas; além disso, como comentamos antes, em face da maior energia do egoísmo e do estímulo que a vida prática dá ao egoísmo, precisamos sempre reafirmar constantemente os sentimentos generosos – máxime quando celebramos diretamente o verdadeiro Grande Ser

5.      Após celebrarmos a Humanidade, queremos aproveitar a ocasião para tratarmos de uma outra ordem de reflexões; celebrar a Festa da Humanidade inclui também considerar o que o futuro reserva-nos, seja em termos de previsões cosmológicas, sociológicas e morais, seja, a partir disso, em termos de projetos futuros

5.1.   Há algumas semanas, um rapaz que tem estudado o Positivismo, em um grupo do Whattsapp fez uma pergunta, talvez como uma questão sincera, talvez como uma crítica disfarçada; quaisquer que tenham sido os motivos, a questão tem que ser enfrentada: quais são os desafios que o Positivismo deve enfrentar no século XXI?

5.1.1.Essa questão tem a ver com o equívoco tema da “atualização” do Positivismo

5.1.1.1.           Esse tema é equívoco porque quem afirma a necessidade de atualização – algo com que qualquer positivista de modo geral concorda sem dificuldade nenhuma – com freqüência pressupõe que quem é novo na Religião da Humanidade e/ou jovem, apenas porque é novo e/ou jovem, saberia o que é o Positivismo, saberia o que é adequado para o Positivismo e saberia em que deveria consistir essa atualização – todas essas assunções de uma arrogância escandalosa

5.1.1.2.           Tratamos dos sentidos possíveis da atualização do Positivismo e da arrogância demonstrada por muitos novos e/ou jovens respectivamente em nossas prédicas dos dias 10 de São Paulo de 169 (30.5.2023) (aqui: https://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com/2023/05/sobre-comtismo-e-atualizacao-do.html) e 3 de Gutenberg de 169 (15.8.2023) (aqui: https://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com/2023/08/orgulho-no-estudo-do-positivismo.html)

5.2.   Para tratarmos dos “desafios do Positivismo no século XXI”, devemos considerar os desafios dos séculos XIX e XX; se não o fizermos, perderemos a historicidade da reflexão e a ação política não fará sentido

5.3.   Na pág. 480 do cap. 5 (“Apreciação sistemática do presente, a partir da combinação do futuro com o passado, donde quadro geral da transição extrema”) do vol. IV (“Contendo o quadro sintético do futuro humano”) da Política positiva Augusto Comte propôs sete medidas políticas gerais que a Religião da Humanidade e os positivistas deveriam perseguir

5.3.1.Essas medidas foram inspiradas pelo conjunto da história do Ocidente, em particular dos séculos XVIII e XIX

5.3.2.De qualquer maneira, todas essas metas mantêm-se atualíssimas, com as devidas mudanças devidas à alteração de contextos (ou seja, mutatis mutandis):

 

Medidas

Âmbito das medidas

Comentários

1

Liberdade especulativa com o fim dos orçamentos teóricos

Temporal

Necessários em todos os lugares

2

Substituição das Forças Armadas pela polícia

3

Instituição do triumvirato sistemático

4

Desenvolvimento do culto histórico

Espiritual

5

Estabelecimento das escolas positivistas

6

Ascendente do Positivismo sobre o comunismo

7

Decomposição dos grandes estados

Resume as duas séries anteriores

 

5.3.3.Essas medidas, claro, são precedidas e acompanhadas pela difusão do Positivismo, o que significa que são precedidas e acompanhadas pela propaganda da Religião da Humanidade, com a elaboração de materiais diversos, com a aplicação prática de nossas concepções, com a participação em debates públicos – e também com a formação de sacerdotes e apóstolos qualificados moral, intelectual e praticamente

5.3.3.1.           Bem vistas as coisas, a exigência de difusão do Positivismo está pressuposta nas metas 4 a 6 acima, em particular talvez na de n. 5 (escolas positivas)

5.3.4.Além disso, de maneira mais ampla e mais difusa, parece-nos que o objetivo de todas essas metas consiste em realizar e em dar concretude às características gerais do espírito positivo: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático, além de fraterno, histórico e objetivo-subjetivo

5.3.5.Assim, como uma sugestão pessoal nossa, poderíamos acrescentar itens 8, 8.1 e 9 à lista acima, ambos no âmbito do poder Espiritual, da seguinte forma:

-           Item 8: Constituição de um sacerdócio positivo

-           Item 8.1: Difusão e aplicação da Religião da Humanidade

-           Item 9: Realização e aplicação concreta do espírito positivo

5.4.   Considerando o conjunto do século XX, podemos considerar os seguintes desafios concretos, temporais e espirituais, que nos foram legados:

-           Temporais:

·                Afirmação radical do pacifismo e proscrição das guerras de conquista

·                Garantia das liberdades civis e política

·                Afirmação e defesa da dignidade humana

·                Apoio aos processos de descolonização, autonomia nacional e desenvolvimento nacional

·                Promoção da cooperação internacional pacífica, fraterna e construtiva

·                Combate aos fascismos e aos sovietismos

-           Espirituais:

·                Combate ao absolutismo academicista e ao cientificismo

·                Moralização urgente da ciência

·                Afirmação geral da positividade e combate geral à metafísica (moral, sócio-política)

5.4.1.Não é difícil de perceber que os desafios acima não medidas específicas; são, propriamente, “desafios”, isto é, problemas que nos exigem soluções

5.4.2.Da mesma forma, não é difícil perceber que os desafios acima podem e devem ser enfrentados por meio de aplicações práticas e específicas, ou até alternativas, dos objetivos indicados por Augusto Comte para o século XIX

5.5.   Considerando o quarto de século já transcorrido neste século XXI, podemos considerar os seguintes desafios temporais e espirituais:

-           Temporais:

·                Afirmação urgente da paz e da fraternidade universais

·                Apoio convicto à transição energética

·                Afirmação e estímulo à coordenação internacional e aos esforços nacionais para controlar e reverter a crise climática

-           Espirituais:

·            Afirmação e defesa da dignidade humana

·            Combate aos racismos e às discriminações

·            Combate aos identitarismos

5.5.1.Como dissemos a respeito do item anterior, não é difícil de perceber que os desafios acima não medidas específicas; são, propriamente, “desafios”, isto é, problemas que nos exigem soluções

5.5.2.Também não é difícil perceber que os desafios acima podem e devem ser enfrentados por meio de aplicações práticas e específicas, ou até alternativas, dos objetivos indicados por Augusto Comte para o século XIX

5.6.   Os tópicos que sugerimos acima, nos itens 3.3 a 3.5, por um lado são cumulativos de problemas que surgiram ao longo do tempo (por exemplo, a crise climática, a transição energética, o combate aos fascismos e aos identitarismos); mas, por outro lado, são formas atuais de desafios e necessidades antigos (a defesa das liberdades, a afirmação do altruísmo, do pacifismo, do relativismo)

5.7.   Como observamos antes, reconhecemos claramente que os tópicos acima de modo geral não são medidas específicas, mas são desafios a serem enfrentados; assim, eles apresentam um caráter menos específico que as medidas indicadas por Augusto Comte

5.7.1.Ainda que sejam menos específicas essas indicações, parece-nos que elas ainda assim permitem conjugar uma ampla possibilidade de atuação concreta dos positivistas com preocupações específicas em nossas vidas

5.8.   Por outro lado, importa insistir muito em que a centralidade da (1) reconstituição de um sacerdócio positivista (1.1) convergente, (1.2) bem formado, (1.3) atuante e (1.4) responsável impõe-se e antepõe-se a todas as metas acima: tal sacerdócio é condição preliminar para qualquer atuação posterior

5.8.1.Não foi por acaso que, no Apelo aos conservadores, nosso mestre afirmou com clareza e com todas as letras que a preocupação fundamental de todos os positivistas religiosos deve ser não a tomada do poder, mas a difusão do Positivismo

5.8.2.Um sacerdócio bem formado exige muitos aspectos sucessivos e, a partir disso, concomitantes: (1) ler Augusto Comte e os positivistas ortodoxos; (2) entender Augusto Comte e os ortodoxos; (3) viver as prescrições, orientações e concepções de Augusto Comte; além disso, é necessário conhecer o mundo e a sociedade em que se vive (mas, sendo bem franco, essa exigência nem precisaria ser lembrada, na medida em que ela com freqüência é afirmada mesmo para negar as exigências anteriores)

5.8.2.1.           Uma frase que era usada na Igreja Positivista do Brasil resume, pela negativa, o conjunto das indicações acima: como se dizia lá, “muitas pessoas entram no Positivismo, mas o Positivismo não entra nelas”, ou seja, são pessoas que passam a freqüentar o ambiente positivista, até passam a conhecer a doutrina, mas não a aplicam em suas próprias vidas, não sabem aplicá-la ao mundo e muitas vezes a distorcem sem o menor pudor (seja para justificar o injustificável, seja mesmo para o cúmulo de negar a Religião da Humanidade!)

5.9.   Os desafios do Positivismo são muitos, como, de resto, são os desafios que se impõem à Humanidade: a solução para uns e outros passa pelo mesmíssimo caminho, que é a difusão do Positivismo e do espírito positivo, com a reconstituição do sacerdócio positivo, convergente, altruísta e instruído

6.      Com essas reflexões, queremos concluir esta Festa da Humanidade, não apenas pela lembrança e pela reafirmação de seu amor, mas também pela indicação de que devemos amá-la e conhecê-la para sempre e melhor servi-la

6.1.   Invocação final

04 dezembro 2024

Continuação da leitura comentada do "Apelo aos conservadores"

No dia 2 de Bichat de 170 (3.12.2024) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores.

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://www.youtube.com/watch?v=MBd7OTbZJaA) e Igreja Positivista Virtual (aqui: https://www.facebook.com/IgrejaPositivistaVirtual/videos/1311730350195534).

As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*   *   *

Leitura comentada do Apelo aos conservadores

(2 de Bichat de 170/3.12.2024) 

1.       Abertura

2.       Exortações iniciais

2.1.    Sejamos altruístas!

2.2.    Façamos orações!

2.3.    Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Efemérides e calendário das próximas atividades:

3.1.    Dia 4 de Bichat (5 de dezembro): transformação de Sofia Bliaux (1861)

3.2.    Dia 11 de Bichat (12 de dezembro): Live AOP com Érlon Jacques de Oliveira, celebrando Pedro Cappeli

3.3.    Dia 23 de Bichat (24 de dezembro): não haverá prédica

3.4.    Faremos a celebração da Festa Geral das Santas Mulheres (31 de dezembro) em conjunto com a Festa Universal dos Mortos

3.5.    No dia 1º de Moisés (1º de janeiro) celebraremos a Festa da Humanidade

4.       Pedido de sugestões de temas para os sermões das prédicas positivas

4.1.    As sugestões são bem-vindas e necessárias, não somente para podermos fazer comentários interessantes, mas também para satisfazer anseios e preocupações do público

4.2.    Além disso, as sugestões públicas são uma forma de atualizarmos o Positivismo

4.3.    Cabe aqui uma cobrança pública:

4.3.1. Em face de cobranças e admoestações para “atualizar o Positivismo”, ainda que tenhamos pessoalmente muitas limitações, parece-me que estamos na direção certa e que a experiência prática de dois anos e meio de prédica positiva já comprovou fartamente que essa exigência de “atualização” não é tão evidente quanto se considera de maneira ingênua à primeira vista

4.3.2. Da mesma forma, até o momento ninguém que cobra, ou cobrava, “atualizações” manifestou apoio ou reconhecimento por nossos esforços ou, em sentido oposto, ninguém que cobra, ou cobrava, as atualizações ofereceu sugestões concretas, efetivas e com a própria colaboração para tais “atualizações”

5.       Leitura comentada do Apelo aos conservadores

5.1.    Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

5.1.1. O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

5.1.1.1.             O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

5.1.1.2.             Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

5.1.2. Como nosso amigo Hernani G. Costa sempre realça, é necessário insistir em uma idéia que o materialismo e o ceticismo contemporâneos desprezam: não é possível entender a política proposta pelo Positivismo isoladamente da Religião da Humanidade

5.1.2.1.             Aliás, o desejo de separar a política dos valores e das concepções gerais de fundo é precisamente um dos problemas contemporâneos, é precisamente um dos sintomas da anarquia contemporânea

5.1.3. A religião estabelece parâmetros morais, intelectuais e práticos para a existência humana e, portanto, orienta a política, estabelece as suas metas, as suas possibilidades e os seus limites

5.1.3.1.             Outro lembrete: a religião, conforme o Positivismo estabelece, não é sinônima de “teologia”

5.2.    Últimas observações preliminares:

5.2.1. Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

5.2.2. O capítulo em que estamos é a “Introdução”, cujo subtítulo é “Advento dos verdadeiros conservadores”

5.2.2.1.             Os demais capítulos são dedicados a caracterizar o Positivismo (cap. 1), indicar como os conservadores regenerados e orientados pelo Positivismo devem portar-se em relação aos retrógrados (cap. 2) e em relação aos revolucionários (cap. 3), para finalmente indicar em que consiste a missão específica de tais conservadores (Conclusão)

5.3.    Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

6.       Exortações finais

6.1.    Sejamos altruístas!

6.2.    Façamos orações!

6.3.    Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

7.       Término da prédica

31 maio 2023

Sobre "comtismo" e atualização do Positivismo

No dia 10 de São Paulo de 169 (30.5.2023) fizemos nossa prédica positiva. Dando continuidade à leitura comentada do Catecismo positivista, iniciamos a sétima conferência, dedicada à filosofia das ciências naturais; na parte do sermão abordamos a expressão "comtismo" e o que pode significar a "atualização" do Positivismo.

A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://l1nq.com/RRf9d) e Apostolado Positivista do Brasil (aqui: https://acesse.one/qWPWc). O sermão pode ser visto a partir de 53' 20".

*   *   *


Sobre “comtismo” e atualização do Positivismo

 

-        Uma das primeiras – ou, com freqüência, uma das únicas – observações feitas por quem não conhece o Positivismo e a Religião da Humanidade é que é necessário “atualizá-los”

o   Vinculada a essa questão está a diferença entre “comtismo” e “Positivismo”

-        Essas duas questões exigem alguns esclarecimentos e algumas reflexões

o   Vale notar que os comentários que farei aqui são mais ou menos pessoais e que, evidentemente, estou aberto a reflexões posteriores

-        Comecemos pela expressão “comtismo”:

o   “Comtismo” é uma expressão que denotaria a filosofia específica a Augusto Comte

§  Está muito claro o sentido usualmente depreciativo dessa expressão, ao querer reduzir o “Positivismo” a um mero “comtismo”, ou seja, ao querer reduzir o Positivismo a uma série de idiossincrasias e supostas esquisitices de Augusto Comte

o   Ao mesmo tempo em que reduz a obra de Augusto Comte a uma série de idiossincrasias, a expressão “comtismo” sugere que o “Positivismo” consiste em outras coisas que não a filosofia e a religião sistematizadas por A. Comte

§  Essa mudança de âmbito do Positivismo pode ocorrer com fins elogiosos ou depreciativos em relação especificamente ao Positivismo

o    Augusto Comte rejeitava a denominação – na verdade, como vimos, redução e degradação – de sua obra como “comtismo”

§  Para Comte, a doutrina positivista é superior aos seus órgãos quaisquer e, portanto, superior a ele mesmo: só isso já bastaria para rejeitar o “comtismo”

§  Assim, Comte insistia em que o Positivismo – e a Religião da Humanidade – deve ser entendido como uma elaboração sistematizada por ele a partir dos materiais legados pela Humanidade e que, portanto, não poderia, como não pode, ser reduzida às suas particularidades pessoais

o   Por outro lado, as referências a Augusto Comte, da parte dos positivistas, são constantes: não seria isso uma prova empírica do “comtismo”?

§  A resposta a essa pergunta é muito clara e direta: não, não é prova de “comtismo”

§  As referências que os positivistas fazem a Augusto Comte devem-se pelo menos a duas ordens de motivos:

·         Por um lado, trata-se de uma referência inescapável, na medida em que Augusto Comte foi o fundador do Positivismo e da Religião da Humanidade; ele elaborou – ou melhor dizendo, ele sistematizou – a síntese positiva e, portanto, é evidente que se deve fazer referência a ele

·         Por outro lado, trata-se de humildade, de reconhecimento da superioridade moral e intelectual de Augusto Comte e, assim, trata-se também da aplicação do princípio de que a “digna submissão é a base do aperfeiçoamento”

§  Em outras palavras, os positivistas referem-se com freqüência a Augusto Comte porque essa referência é inescapável e também porque se trata de homenageá-lo e reconhecer nele uma figura digna de emulação

o   Também é importante lembrar que, a despeito da determinadas tendências academicistas, o único “positivismo” para nós é o Positivismo de Augusto Comte; os demais supostos “positivismos” são exageros, ampliações conceituais indevidas, aplicações de boa ou má fé etc.

-        Mas, enfim, se o Positivismo não é meramente o "comtismo", o que diferencia uma coisa da outra na prática?

o   Para os nossos presentes propósitos, a resposta mais clara e mais direta é esta: trata-se da capacidade de desenvolvimento, aplicação e atualização do Positivismo – afinal, trata-se de uma doutrina relativista

§  Isso suscita, naturalmente, a questão da “atualização” do Positivismo

o   Além disso, de maneira mais profunda, considerando a relação de oposição complementar entre “amor” e “fé” (ou seja, entre afeições/atividades práticas e inteligência), o comtismo consiste no mero conhecimento da letra de Augusto Comte e de seus discípulos, ao passo que o Positivismo consiste em viver de fato a partir dos parâmetros da Religião da Humanidade

-        Passemos, então, ao tema da “atualização” do Positivismo: “atualizar” pode significar na prática três ou quatro coisas:

o   Aplicar a doutrina a questões atuais

o   Desenvolver e complementar a doutrina em aspectos mais ou menos secundários

o   Modificar os métodos de propaganda

o   Modificar a doutrina

-        Mas, antes de qualquer discussão efetiva sobre a atualização do Positivismo, temos que considerar diversos aspectos preliminares:

o   Antes de mais nada, muitos dos que criticam a desatualização do Positivismo desejam apenas o criticar, sem contribuir com nada além da crítica

§  Geralmente são teológicos ou metafísicos

§  Com freqüência tais críticos fazem observações superficiais sobre aspectos secundários do Positivismo e são moralmente muito inferiores ao Positivismo

·         Exemplo: Carl Sagan: em Cosmos ele critica longamente Augusto Comte (por este ser contra a análise espectrográfica das estrelas), ignorando de maneira mesquinha os elogios que Augusto Comte fez da Astronomia (aliás, em um livro de divulgação científica, a sua Astronomia popular); por outro lado, em O mundo assombrado pelos demônios, Carl Sagan afirma que o máximo da moralidade é a “regra de ouro” sugerida pelo protestantismo, em particular o prevalecente nos Estados Unidos: “não fazer aos outros o que não se deseja que se faça com você” é o cúmulo do egoísmo e a negação direta do altruísmo

o   Basicamente, quem fala em “atualizar” o Positivismo não o conhece nem o entende

§  Se não conhece e não entende, não tem absolutamente nenhuma condição de avaliá-lo e, portanto, de sugerir qualquer alteração nele

·         Quem não conhece a doutrina mas exige atualizações revela não apenas ignorância como também arrogância

§  É importante aqui destacar que o Positivismo implica, necessariamente, uma alteração de perspectiva

§  No âmbito do Positivismo não falamos em “iluminação”, em “revelação”, em “testemunho”; ainda assim, o adequado entendimento do Positivismo não é um processo total ou principalmente intelectual; é um processo afetivo que implica a mudança profunda e radical de como se entende a realidade: eu tenho usado a expressão “mudança de sensibilidade”

§  Essa mudança consiste na revalorização dos sentimentos, na substituição do absolutismo pelo relativismo e na aplicação geral da lógica positiva (sentimentos, imagens, sinais), com tudo o que isso implica

o   O segundo aspecto preliminar que temos que ter em mente ao tratarmos da atualização do Positivismo é entendermos a partir de qual filosofia (e de qual síntese) fala-se disso e, ainda mais, em qual contexto social

§  Saber de qual filosofia (ou de qual síntese) fala-se em atualização importa porque as concepções de mundo, sobre a realidade, seus valores etc. são determinados ou influenciados por essa filosofia: há que se considerar se essa filosofia (ou essa síntese) é compatível com o Positivismo, se é relativista ou não, se afirma a visão de conjunto ou não, se reconhece o altruísmo ou não; ou, por outro lado, se é materialista ou não, se é espiritualista ou não, se é metafísica ou não etc.

§  O que vale para a filosofia adotada pelos indivíduos vale muito mais e de maneira mais central para a sociedade; afinal, os valores e as concepções difundidas e vigentes em uma determinada época e em um determinado lugar influenciam poderosamente a maneira como os indivíduos pensam, estabelecendo parâmetros, impondo limites etc.

o   É necessário insistir nesta ideia: o contexto social mais amplo não é secundário; na verdade, ele faz toda a diferença

§  Os exemplos são inúmeros e variam conforme os períodos (ou seja, conforme os "contextos"); os exemplos que darei são todos do Brasil, mas poderiam ser estendidos a todos os países:

·         Nas décadas de 1890 a 1930, o Positivismo era criticado (ou ridicularizado) por defender o proletariado, por defender a proteção social aos idosos, às mulheres, aos desamparados; por defender os índios; por defender o ambientalismo; por defender a atuação social do Estado (contra o liberalismo econômico)

·         Nos anos 1930 e 1940 o Positivismo era criticado por ser a favor das garantias constitucionais, por ser a favor das liberdades, por ser a favor de reformas (e não de revoluções), por ser a favor do pacifismo (e não do militarismo), por ser a favor da concórdia entre as classes (e contra a luta de classes), por afirmar a visão de conjunto e também a atuação individual; por estar muito identificado com a I República

·         Nos anos 1960 a 1980 o Positivismo era criticado por ser a favor da visão de conjunto e a favor da atuação individual; por defender as reformas (e não as revoluções); por defender a moderação (e não os extremos); por defender a racionalidade (contra o irracionalismo maoísta e contra o misticismo vinculado a drogas dos hippies); por defender a concórdia entre as classes (e não a luta de classes); por estarmos identificados equivocadamente com os militares e até certo ponto corretamente com a I República

§  Em cada uma das conjunturas indicadas acima se afirmou que o Positivismo estaria ou seria “desatualizado” e, por implicação, que o Positivismo deveria “atualizar-se” nos sentidos criticados

§  Caso os positivistas tivessem-se “atualizado” conforme essas conjunturas e as respectivas cobranças, o Positivismo ficaria descaracterizado e degradado

§  Em meio a todas essas modas político-intelectuais e apesar delas (ou contra elas), o Positivismo comprovou-se correto

o   O atual contexto social é marcado, acima de tudo, pela metafísica e por seu espírito dissolvente, particularista, exclusivista, excludente – além de absolutista, academicista e/ou irracionalista: pós-modernismo, cientificismo academicista, identitarismo, tradicionalismo etc. etc.

§  Nesse contexto, a “atualização” do Positivismo consistiria em alterá-lo em direção à metafísica, ao seu absolutismo e ao seu espírito dissolvente: deveria ser claro que isso não seria “atualizar”, mas degradar

-        Passemos aos sentidos possíveis de “atualizar”, começando pela aplicação da doutrina:

o   Pode-se aplicar uma doutrina das mais diferentes maneiras

§  Podemos aplicar uma doutrina fazendo citações dela ou referindo-nos a seus autores: essa é uma forma bem superficial, basicamente intelectualista mas extremamente comum; na verdade, é o que mais ocorre

§  Podemos aplicar uma doutrina a partir de um conhecimento “médio”, nem superficial nem profundo; geralmente são intelectualistas e exigem uma certa simpatia; esse nível permite alguns desenvolvimentos, em particular intelectuais mas com certa freqüência formalistas

§  A aplicação a partir do conhecimento aprofundado é a mais difícil, pois exige tanto o conhecimento intelectual quanto a experiência “vital” da doutrina: é aí que a aplicação da doutrina torna-se mais rica, mais frutuosa e mais viva – e mais criativa

§  Assim, por si só, aplicar a doutrina é uma forma de atualizá-la

-        A respeito da atualização como desenvolvimento ou complemento da doutrina:

o   Deveria ser evidente (mas não é) que a atualização como desenvolvimento e/ou complemento exige tanto o conhecimento quanto a experiência subjetiva da doutrina, além do respeito e da simpatia pela figura do fundador (no caso, Augusto Comte), pelos seus discípulos sinceros e pela própria doutrina

o   O conhecimento da doutrina já sugere desenvolvimentos ou complementos, seja a partir de indicações do fundador, seja por lacunas que a doutrina sugere existirem

o   Conhecimentos ou movimentos sociopolíticos correntes podem sugerir ou inspirar alguns desenvolvimentos ou complementos na doutrina

§  Há uma condição fundamental para isso: esses desenvolvimentos ou complementos inspirados por novos conhecimentos ou outros movimentos têm que ser, evidentemente, coerentes e homogêneos com a doutrina

§  Também é importante lembrar que o método é superior à doutrina em si

o   Com facilidade aceitamos que há vários aspectos do Positivismo que estão “desatualizados” e que podem, também com maior ou menor facilidade, ser “atualizados”

§  Um exemplo da política mundial: atualmente existe a ONU e, de maneira correlata, o colonialismo europeu, que dominava o mundo no século XIX, já não existe mais

§  Um exemplo da política nacional: após a II Guerra Mundial desenvolveu-se o Estado de bem-estar social

§  Um exemplo das ciências: a Informática é uma área que demanda incorporação na classificação das ciências (minha sugestão pessoal é que seja entendida como integrante da Filosofia Terceira, isto é, como tecnologia derivada da Matemática)

-        No que se refere à atualização como mudança nos métodos de propaganda:

o   Essa talvez seja a forma mais simples, mas não necessariamente mais fácil, de atualizar

o   Ela consiste em usar dignamente todos os meios disponíveis, técnicos e sociais, para a propaganda

o   Mas sempre é necessário ter-se clareza de que a forma interfere no conteúdo e vice-versa; assim, determinadas formas de comunicação podem degradar o conteúdo, bem como determinados conteúdos devem evitar alguns formatos

-        No que se refere à atualização como mudança da doutrina:

o   Com freqüência, quem reclama “atualização” do Positivismo (ou, por outra, quem critica sua “desatualização”) demanda a mudança da doutrina

§  Por “mudança da doutrina” eu entendo aqui a mudança no “núcleo duro” da doutrina (relativismo, historicismo, defesa do altruísmo, visão de conjunto, natureza humana tríplice, prevalência da continuidade humana sobre a solidariedade etc.)

o   Uma coisa é realizar ajustes secundários maiores ou menores; outra coisa é propor a mudança de partes fundamentais da doutrina: estas mudanças fundamentais não são “atualizações”, mas são deformações

o   Como indicamos antes, a atualização como mudança da doutrina geralmente é proposta por quem não conhece e nem entende o Positivismo e, de qualquer maneira, é proposta por quem considera que o espírito do tempo presente, daquele em que se vive, é o cume da moralidade e da inteligência humana

§  Nos dias atuais (início do século XXI), isso consiste em o Positivismo fazer concessões, maiores ou menores, aos identitarismos de esquerda, aos identitarismos de direita, aos autoritarismos de direita, aos autoritarismos de esquerda, ao pós-modernismo e/ou ao ultraliberalismo

 

Observações de Hernani Gomes da Costa para colaborar com este sermão, feitas em 29.5.2023

Algumas reflexões que me ocorreram sobre o seu sermão:

1)      “Devo limitar aqui a apreciação do futuro e do presente pelo grau de precisão que comportam os volumes precedentes nos estudos respectivos da ordem e do progresso. Mas uma tal aproximação basta realmente a todas as necessidades atuais. Quando a sucessão humana exigir regras mais especiais, a moral as instituirá segundo uma sociologia mais desenvolvida, que poderá às vezes necessitar do aperfeiçoamento prévio da biologia e mesmo da cosmologia” (Augusto Comte, Política Positiva; Preâmbulo Geral, Tomo IV, p.8).

2)      O fator tempo não pode funcionar como um critério absoluto capaz de determinar por si só a validade de uma concepção.

3)      Diferenças sutis entre as idéias de “novo” e de “atual”: nem tudo que é atual é novo e vice-versa.

4)      Necessidade do estabelecimento de critérios simultaneamente afetivos, intelectuais e práticos para a plena caracterização do que possa constituir uma real atualização da doutrina. Da mesma forma, necessidade de comparar essa atualização com a dos aperfeiçoamentos de que são suscetíveis as imagens subjetivas dos nossos entes queridos falecidos.

5)      Maior simpatia, maior síntese e maior sinergia definem o perfil de uma verdadeira atualização da doutrina.

6)      Na caracterização de um aperfeiçoamento qualquer, o tempo designado como “presente” precisa estar subordinado tanto ao passado quanto ao futuro, constituindo-se assim como um verdadeiro intermediário de um e outro.

7)      É também importante lembrar o papel das utopias como marcos referenciais para as atualizações.

8)      É importante lembrar que as maiores retrogradações, sobretudo práticas, sempre reivindicaram para si o caráter de “modernidade”.

9)      A morte prematura de Augusto Comte deixou a doutrina inacabada e necessitando de uma inteira revisão. Este caráter deve distinguir a propaganda positivista daquela que é realizada por todas as religiões teológicas. É na assunção de sua incompletude que reside o sinal distintivo de sua perenidade.

10)  Diferença sutil entre “comtiano”, “comtista” e “positivista”.

11)  As lições que podemos aproveitar do que se chamou o “revisionismo” entre os marxistas, e do que se entende por uma “heresia” teológica, como tentativas malogradas de aperfeiçoamento doutrinário.

12)  Os assim chamados “livros didáticos” transformados em mercadoria descartável (tanto pelo orgulho e pela vaidade do pedantismo acadêmico quanto pela cobiça da burguesocracia) e vistos como uma espécie de mina inesgotável; eles promovem uma idéia distorcida daquilo em que consiste uma verdadeira atualização científica junto a quem mal começa seus estudos.