Máximas de Augusto Comte
Lista elaborada por C.G. Higginson (1858-?), Presidente da Sociedade
Positivista de Manchester
(Fonte: Revue
Occidentale, Paris, 2e série, tome VIII, 1893, 2e semestre, p. 306-310; disponível aqui.)
Augusto Comte Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte#/media/Ficheiro:Auguste_Comte.jpg |
As siglas adotadas abaixo referem-se às seguintes obras
compulsadas de Augusto Comte:
D: Discurso sobre o conjunto do Positivismo (1848)
C: Catecismo positivista (1852)
PP: Política positiva
(1851-1854)
A: Apelo aos conservadores (1855)
SS: Síntese subjetiva
(1856)
T: Testamento (edição
póstuma de 1884)
I
Máximas formuladas por Augusto Comte
- O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim. (C)
- Viver para outrem. (C)
- Família, pátria, Humanidade. (A)
- Ordem e progresso. (C, A)
- Viver às claras. (C, A)
- Agir por afeição e pensar para agir. (C)
- O homem torna-se cada vez mais religioso. (C)
- Entre o homem e o mundo é necessária a Humanidade. (A)
- Para completar as leis são necessárias as vontades. (A)
- Conciliante de fato, inflexível a princípio. (SS)
- Reorganizar [a sociedade] sem deus nem rei, por meio do culto sistemático à Humanidade. (D)
- O homem não tem nenhum direito senão cumprir seu dever. (D)
- O espírito deve ser servidor do coração, mas jamais seu escravo. (D)
- O dogma fundamental da subordinação contínua da política à moral [é] o que distingue a sociabilidade moderna. (D)
- A natureza social da propriedade e a necessidade de regrá-la. (D)
- Fundar a religião universal sobre a sã filosofia após a ter elaborado a partir da ciência real. (C)
- O coração apresenta as questões que o espírito resolve. (C)
- A religião consiste em regrar cada natureza individual e em reunir todas as individualidades. (C)
- Os vivos são sempre, e cada vez mais, governados necessariamente pelos mortos. (C)
- Os mais nobres fenômenos são por toda parte subordinados aos mais grosseiros. (C)
- Para nossas mais altas funções espirituais, como em relação aos nossos atos mais materiais, o mundo exterior serve-nos ao mesmo tempo de alimento, de estimulante e de regulador. (C)
- O Positivismo, perseguindo sempre o estudo das leis, caminha sem cessar entre duas vias igualmente perigosas, o misticismo que pode penetrar até as causas, e o empirismo que se limita aos fatos. (C)
- O objetivo contínuo da vida humana [é] a conservação e o aperfeiçoamento do Grande Ser [a Humanidade], que é necessário ao mesmo tempo conhecer, amar e servir. (C)
- O trabalho humano não pode ser senão gratuito. (C)
- Saber para prever a fim de prover. (C)
- Não existe sociedade sem governo. (C)
- A educação deve sobretudo dispor a viver para outrem, a fim de reviver em outrem para outrem, um ser espontaneamente inclinado a viver para si e em si. (C)
- O sacerdócio deve renunciar completamente à dominação temporal e mesmo à simples riqueza. (C)
- Entre dois seres tão complexos e tão diversos como o homem e a mulher, não é suficiente toda a vida para bem se conhecerem e amarem-se dignamente. (C)
- Quaisquer que possam ser nossos esforços, a mais longa vida bem empregada não nos permitiria nunca de retribuir senão uma porção imperceptível do que recebemos. (C)
- O progresso não é senão o desenvolvimento da ordem. (C)
- Devotamento dos fortes em relação aos fracos; veneração dos fracos para com os fortes. (C)
- Grandes deveres exigem grandes forças.
- Nossa evolução afetiva consiste sobretudo em tornarmo-nos mais simpáticos. (C)
- Formar a hipótese mais simples e mais simpática que comporta o conjunto dos dados a representar. (C)
- Cada entendimento apresenta a sucessão de três estados: fictício, abstrato e positivo. (C, A)
- A atividade é inicialmente conquistadora, em seguida defensiva e finalmente industrial. (C, A)
- A sociabilidade é inicialmente doméstica, em seguida cívica e finalmente universal. (C, A)
- A submissão é a base do aperfeiçoamento. (A, T)
- Todas as populações atuais aspiram, mais ou menos, a desenvolver o amor universal conforme uma atividade guiada por uma fé demonstrável. (A)
- Todo o problema humano consiste em constituir a unidade pessoal e social por meio da subordinação contínua do egoísmo ao altruísmo. (A)
- Ao referir tudo à Humanidade, a unidade torna-se mais completa e mais estável que ao esforçar-se por vincular tudo a deus. (A, T)
- Ao suscitar a revolução ocidental, o conjunto da Idade Média legou dois problemas inseparáveis: incorporar à sociedade moderna o proletariado espontaneamente surgido; substituir o teologismo irrevogavelmente esgotado pela fé demonstrável (A)
- Induzir para deduzir a fim de construir. (SS)
- O amor busca a ordem e conduz ao progresso; a ordem consolida o amor e dirige o progresso; o progresso desenvolve a ordem e conduz de volta ao amor. (T)
- União, unidade, continuidade. (T)
II
As sete máximas de Clotilde de Vaux (T, p. 99)
- É indigno dos grandes corações derramar as perturbações que sentem. (Lucie, 7ª carta)
- Que prazeres podem exceder os da dedicação? (Lucie, 8ª carta)
- Eu compreendi, melhor que ninguém, a fraqueza de nossa natureza quando ela não é dirigida para um objetivo elevado e que seja inacessível às paixões (T, p. 333)
- São necessários à nossa espécie, mais que às outras, deveres para fazer sentimentos. (T, p. 374)
- Não há na vida nada de irrevogável senão a morte. (T, p. 419)
- Todos temos ainda um pé no ar sobre o limiar da verdade. (T, p. 484)
- Os maus têm com freqüência maior necessidade de piedade que os bons. (T, p. 537)
Clotilde de Vaux Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte#/media/Ficheiro:Auguste_Comte.jpg |
III
Máximas adotadas por Augusto Comte de diferentes autores
- Toda a seqüência de homens, durante o curso de tantos séculos, deve ser considerada como um mesmo homem que subsiste sempre e que aprende continuamente. (Pascal, Pensamentos, II) (D)
- Não se destrói senão o que se substitui. (Napoleão III, Obras políticas, II, p. 266 – mas mais Danton) (C, A)
- Non è l’affezion mia tanta profonda / Che basti a rendir voi grazia per grazia (Dante, Paraíso, IV, 121) (C) (Meu amor não é tão profundo que ele possa conceder-te a graça pela graça.)
- Amem te plus quam me, nec me nisi propter te. (Tomás de Kempis, Imitação, III, 5) (C) (Possa eu amar-te mais que a mim mesmo e não me amar senão por ti!)
- Os grandes pensamentos vêm do coração. (Vauvenargues, Pensamentos, 127) (C)
- A virtude é um esforço sobre si mesmo em favor dos demais. (Duclos, Considerações, V, cap. IV) (C)
- Nós vamos com um passo mais firme seguindo que conduzindo. (Corneille, Imitação, I, 9) (C)
- Que é uma grande vida? / Um pensamento da juventude executado na idade madura. Alfred de Vigny (PP)
- Não há no mundo nada de real senão amar. (Mme. Stael, Delphine, 3ª parte, carta 28) (PP, T, p. 81)
- Nil actum reputans si quid superesset agendum. (Lucano, Farsália, II, 658; na Política positiva, Comte atribui-a a César) (PP) (Crer que nada está completo se qualquer coisa permanece por fazer.)
- Homo sum, et nihil humani a me alienum puto. (Terêncio, O punidor, I, I, 25) (A, p. 25) (Eu sou homem e nada de humano é-me estrangeiro.)
- Non sibi, sed toti genitum se credere mundo. (Lucano, Farsália, II, 383) (A, p. 25) (Não se crer nascido para si mesmo, mas para o universo.)
- O homem é o único [objeto] digno do estudo do homem. (Pope, Ensaio sobre o homem, II, 2) (essa máxima deveria ser citada na Moral teórica – 13ª carta a R. Congreve)