09 dezembro 2012

Comemorações de 225 (2013)


Comemorações do ano 225 (2013)
Tipo*
Vida
CALENDÁRIOS
Wikipédia**
Positivista
júlio-gregoriano
Bocácio
1313-1375
2.Dante
17.julho
Chardin
1643-1713
1.Gutenberg
13.agosto
Clairaut
1713-1765
10.Bichat
12.dezembro
Diderot
1713-1784
12.Descartes
19.outubro
Grétry
1741-1813
23.Shakespeare
2.outubro
Hildebrando
1013-1085
14.São Paulo
3.junho
Lacaille
1713-1782
5.Gutenberg
17.agosto
Lagrange
1736-1813
13.Bichat
15.dezembro
Sterne
1713-1768
18.Shakespeare
17.setembro
FONTE: “Apêndice” de Apelo aos conservadores (autoria de Augusto Comte; Rio de Janeiro: Igreja Positivista do Brasil, 1899), organizado por Miguel Lemos.
NOTAS:
  1. Os nomes em itálico indicam os tipos adjuntos, considerados titulares nos anos bissextos.
  2. Os nomes em letras maiúsculas indicam chefes de semana ou de mês.
  3. As datas de vida reproduzem as indicadas por Miguel Lemos no “Apêndice” ao Apelo aos consevadores; algumas delas podem ter sofrido correção desde 1899, a partir de pesquisas historiográficas.
  4. Os artigos da Wikipédia foram selecionados basicamente em português, mas em diversos casos ou só havia em outra(s) língua(s) ou eram melhores em outra(s) língua(s) (francês e inglês, mas também espanhol).

19 novembro 2012

Pequena homenagem ao Dia da Bandeira

Pequena homenagem prestada pelo amigo e jornalista João Carlos Silva Cardoso para o Dia da Bandeira, aproveitando a existência da Praia da Bandeira na Ilha do Governador, na cidade do Rio de Janeiro.

O original da notícia encontra-se aqui.

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Toponímia Insulana

Topônimo [Do grego top(o)- "lugar, localidade" + onoma - "nome"] S.m.: Nome próprio de lugar.
Assim, "toponímia" é o estudo linguístico e histórico da origem dos nomes de lugar.
Nossa proposta é apresentar ao internauta (insulano ou não) o "quem é quem" (ou o "o quê é o quê")
nos nomes dos logradouros da Ilha do Governador.
Colaborações para: joaocarlossilvacardoso@uol.com.br

Categoria: Bairros e Cidades
Postado por J.C.Cardoso em 19/11/2012 05:04

Praia da Bandeira (Cocotá [oficialmente, Praia da Bandeira]) - CEP: 21910-380
A Bandeira Nacional foi elaborada em 19/11/1889, por Raimundo Teixeira Mendes (1855-1927), alguns dias após a proclamação da República (em 15/11 do mesmo ano).
Popularmente, o verde representa as matas, as florestas; ao passo que o amarelo, o ouro e as riquezas minerais. Por outro lado, considerando que a bandeira imperial foi feita após a Independência, em 1822, o retângulo verde representaria a casa monárquica dos Bragança (família paterna de D. Pedro I) e losango amarelo representaria a casa dos Habsburgo (da família da imperatriz dona Leopoldina, primeira esposa de D. Pedro I).
A esfera azul representa, é claro, o céu da noite em que ocorreu a mudança de regime, 15/11, não uma representação exata, mas apenas uma idealização.
O "Ordem e Progresso" é da autoria do filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), fundador do Positivismo. Essa frase, que na Bandeira deve ser em maiúsculas verdes, indica um projeto sociopolítico de garantir que condições fundamentais da sociedade sejam sempre respeitadas e daí obter o progresso. Embora comum, essa frase não é a versão resumida da fórmula positivista completa ("O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim"). Enquanto a frase completa resume um complexo programa religioso, a da Bandeira apresenta valores políticos, capazes de serem compartilhados por todos os cidadãos e nações. Assim, a Bandeira não é "só" um símbolo de cores e formas: ela também apresenta um projeto de cidadania.
Esquema oficial, segundo a Lei n.º 5.700, de 1º/09/1971.
1.Para cálculo das dimensões, tomar-se-á por base a largura desejada, dividindo-se esta em 14 partes iguais. Cada uma das partes será considerada uma medida ou módulo.
2.O comprimento será de 20 módulos.
3.A distância dos vértices do losango amarelo ao quadro externo será de um módulo e sete décimos.
4.O círculo azul no meio do losango amarelo terá o raio de 3,5 módulos.
5.O centro dos arcos da faixa branca estará dois módulos à esquerda do ponto do encontro do prolongamento do diâmetro vertical do círculo com a base do quadro externo.
6.O raio do arco inferior da faixa branca será de oito módulos; o raio do arco superior da faixa branca será de 8,5 módulos.
7.A largura da faixa branca será de meio módulo.
8.As letras da legenda Ordem e Progresso serão escritas em cor verde. Serão colocadas no meio da faixa branca, ficando, para cima e para baixo, um espaço igual em branco. A letra P ficará sobre o diâmetro vertical do círculo. As letras da palavra Ordem e da palavra Progresso terão 1/3 de módulo de altura. A largura dessas letras será de três décimos de módulo. A altura da letra da conjunção E será de três décimos de módulo. A largura dessa letra será de 1/4 de módulo.
9.As estrelas serão de cinco dimensões: de primeira, segunda, terceira, quarta e quinta grandezas. Devem ser traçadas dentro de círculos cujos diâmetros são: de três décimos de módulo para as de primeira grandeza; de 1/4 de módulo para as de segunda grandeza; de 1/5 de módulo para as de terceira grandeza; de 1/7 de módulo para as de quarta grandeza; e de 1/10 de módulo para a de quinta.
As cores são: verde (RGB = 0/168/89 e CMYK = 100/0/100/0), amarelo (RGB = 255/204/41 e CMYK = 0/20/100/0), azul (RGB = 62/64/149 e CMYK = 100/100/0/0) e branco (RGB = 255/255/255 e CMYK = 0/0/0/0)

Texto de Gustavo Biscaia de Lacerda, doutor em Sociologia Política (UFSC) e cientista político da UFPR, exclusivamente para o Toponímia Insulana.
Dados das cores: Wikipedia
Bandeira: Flags of the World
Foto: www.multimania.fr/clotilde/disciple/brasil/m_br.xml

12 novembro 2012

MPF pede retirada de "deus seja louvado" das cédulas


O original da notícia encontra-se aqui.

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12/11/2012 14h58 - Atualizado em 12/11/2012 15h15

MPF em SP pede retirada da frase 'Deus seja louvado' das notas de reais

Procuradoria pediu à Justiça que termine à União a retirada da expressão.
Ação pede prazo de 120 dias para que notas sejam impressas sem frase.

Do G1, em São Paulo
185 comentários
Expressão 'Deus seja louvado' em nota de R$ 20 (Foto: Fábio Tito/G1)Expressão 'Deus seja louvado' em nota de R$ 20
(Foto: Fábio Tito/G1)
A Procuradoria da República no Estado de São Paulo pediu à Justiça Federal que determine a retirada da expressão “Deus seja louvado” das cédulas de reais.
A ação pede, em caráter liminar, que seja concedido à União o prazo de 120 dias para que as cédulas comecem a ser impressas sem a frase, anunciou nesta segunda-feira (12) a procuradoria. Dessa forma, a medida não gerará gastos aos cofres públicos, diz o Ministério Público Federal em São Paulo.
“O Estado brasileiro é laico e, portanto, deve estar completamente desvinculado de qualquer manifestação religiosa”, cita a procuradoria, como um dos principais argumentos da ação.
Uma das teses da ação é que a frase “Deus seja louvado” privilegia uma religião em detrimento das outras. Como argumento, o texto cita princípios como o da igualdade e o da não exclusão das minorias.
Imaginemos a cédula de real com as seguintes expressões: 'Alá seja louvado', 'Buda seja louvado', 'Salve Oxossi', 'Salve Lord Ganesha', 'Deus Não existe"
Procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias
O procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias, reconhece que a maioria da população segue religiões de origem cristã (católicos e evangélicos), mas lembra que o país é um Estado laico. “Imaginemos a cédula de real com as seguintes expressões: 'Alá seja louvado', 'Buda seja louvado', 'Salve Oxossi', 'Salve Lord Ganesha', 'Deus Não existe'”, argumenta.

A ação também pede à Justiça Federal que estipule multa diária de R$ 1,00 caso a União não cumpra a decisão. A multa teria caráter simbólico, “apenas para servir como uma espécie de contador do desrespeito que poderá ser demonstrado pela ré, não só pela decisão judicial, mas também pelas pessoas por ela beneficiadas”.

RepresentaçãoA procuradoria disse que recebeu, em 2011, uma representação questionando a frase nas notas. No inquérito, a Casa da Moeda informou ao órgão que cabe ao Banco Central a emissão e a “definição das características técnicas e artísticas das cédulas”.

A inclusão da expressão nas cédulas aconteceu em 1986, por determinação do então presidente José Sarney, de acordo com informações do Ministério da Fazenda passadas à procuradoria. Em 1994, com o Plano Real, a frase foi mantida pelo ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, supostamente por ser “tradição da cédula brasileira”, apesar de ter sido inserida há poucos anos, diz.
Ainda segundo a procuradoria, para o BC o fundamento legal para a existência da frase nas cédulas é o preâmbulo da Constituição, que afirma que ela foi promulgada “sob a proteção de Deus”.

O procurador Dias lembra, em nota, que não existe lei autorizando a inclusão da expressão religiosa nas cédulas brasileiras.

05 novembro 2012

"Um festival positivista"

"Um festival positivista" - nota publicada no The New York Times, de 16 de janeiro de 1881. O vínculo original encontra-se disponível aqui.

31 outubro 2012

Permanência do espírito absoluto disseminando o ateísmo

O espírito absoluto que reinava - e, a bem da verdade, ainda reina - nas ciências naturais faz delas um âmbito privilegiado para o desenvolvimento do ateísmo. Ora, o ateísmo é uma forma de teologia, embora pela via negativa: rigorosamente, o ateísmo nega a única resposta possível ("deus") para a pergunta que continua fazendo ("quem, ou o quê, criou o universo?"). 

A perspectiva relativa, ou positiva, é deixar de lado tal gênero de indagações: em vez de negar a única resposta possível, deve-se deixar de lado a própria pergunta; o tipo de raciocínio desenvolvido na pergunta teológica ("por quê?"; a investigação das causas) deve ser substituído pelo tipo de raciocínio próprio à positividade e à relatividade ("como?"; a investigação das relações entre os fatos observáveis, ou seja, das leis).

Assim, a manutenção do espírito absoluto nas ciências naturais de uma única vez apresenta três conseqüências nefastas: mantém as investigações de caráter teológico, estimula o ateísmo e, por fim, rejeita o espírito relativo e positivo.

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“C’est là surtout que réside l’athéisme proprement dit, plus hostile aujourd’hui à la vraie philosophie qu’aucun autre théologisme, comme l’explique mon Discours préliminaire. Le matérialisme y puise aussi ses principales forces intellectuelles, quoique la biologie dévellope davantage ses dangers moraux” (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 456).

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Tradução para o português:


"É sobretudo aí que reside o ateísmo propriamente dito, mais hostil hoje à verdadeira filosofia que qualquer outro teologismo, como o explica meu Discurso preliminar. O materialismo possui aí suas principais forças intelectuais, ainda que a Biologia desenvolva mais seus perigos morais" (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 456).

Crítica ao espírito absoluto das ciências naturais

Comenta-se com grande freqüência - quando não se acusa - que o Positivismo é cientificista, que introduz nas ciências humanas a lógica das ciências naturais e, principalmente, que faz a apologia da ciência - apologia que, não raro, é considerada acrítica. (Pós-modernos, adeptos da "Teoria Crítica", "hermenêuticos", marxistas, feministas e "reflexivos" são alguns que repetem, com grande satisfação, tais comentários.)

Pois bem: a passagem abaixo evidencia com clareza meridiana o quanto as observações acima são incorretas. (São tão incorretas que é chocante perceber que elas sejam tão repetidas. Cabe aí, sem dúvida, uma sociologia do conhecimento e, ainda mais, uma sociologia da ideologia.)

Para Augusto Comte, embora as ciências naturais sejam a base lógica e teórica do Positivismo, elas não são nem um pouco infensas a críticas nem são totalmente modelos de pensamento. Na verdade, como estão longe da Humanidade, isto é, como estão distantes do que se chama atualmente de "ciências humanas", as ciências naturais estão mais sujeitas a desvios teóricos de origem metodológica e moral. Quais são esses desvios? Por um lado, eles consistem na preservação do espírito absoluto nas ciências; por outro lado, como conseqüência do problema anterior, as ciências naturais são mais dispersivas, são mais avessas a qualquer disciplina intelectual, são menos preocupadas com o bem-estar coletivo: em suma, elas afirmam a ciência pela ciência, como se a ciência pudesse ser uma justificativa para si própria, sem preocupações morais mais profundas.

Por fim, cabe notar que as críticas de Augusto Comte ao absoluto na(s) ciência(s) rejeitam a "separação entre fato e valor" e a completa desvinculação das pesquisas científicas com respeito às questões sociais. Disso se seguem duas observações:

1) Exatamente porque conhecia com profundidade a ciência - sua história, sua lógica, seus encadeamentos - é que Augusto Comte pôde fazer tais críticas, ao contrário dos filósofos que pelo menos desde fins do século XIX tentam criticar a ciência (Nietzsche, Bergson, Macintyre, Sheldon Wolin, Charles Taylor, Adorno & Horkheimer etc. etc. etc.).

2) No Brasil do final do século XIX e do início do século XX, as preocupações morais e sociais do Positivismo eram vistas como obstáculos a pesquisas científicas: os cientistas nacionais - em particular os matemáticos - afirmavam a ciência pela ciência, as pesquisas feitas sem outras preocupações que não aquelas vinculadas a vasculhar cada vez mais sobre aspectos cada vez mais especializados da realidade. A ciência, para tais pesquisadores, seria uma prática voltada para si própria, um conhecimento esotérico. Hoje, no início do século XXI, tal perspectiva não é mais aceita, não é mais vista como legítima: mas o Positivismo continua sendo mal-visto e, por mais espantoso que seja, a ele são creditados os problemas que ele mesmo combatia.

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Plus indépendantes que toutes les autres, moins liées à l’Humanité, et comportant, avec une extension indéfinie, une culture plus facile et plus parfaite, les études cosmologiques sont à la fois les plus rebelles à toute saine discipline et celles que en ont le plus besoin. Après avoir longtemps fourni les sources exclusives de la véritable philosophie, elles constituent aujourd’hui le principal obstacle à sa systématisation finale. L’esprit absolu y trouve indirectement ses seuls appuis sérieux, plus nuisibles au vrai régime logique que les illusions directes d’une métaphysique discréditée. Par une étrange inversion, la nouvelle méthode subjective est, au fond, plus relative que l’ancienne méthode objective, qui doit lui emprunter aujourd’hui un caractére d’abord émané d’elle-même. Les divagations scientifiques de la cosmologie actuelle correspondent trop exactement à ses déviations logiques. Des recherches puériles et incohérents, inspirées par des conceptions antipositives, y dénaturent de plus en plus toutes les notions essentielles, que cette anarchie expose même à une prochaine décomposition” (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 455-456).

30 outubro 2012

Nova edição parcial do "Sistema de filosofia positiva"


Uma boa notícia: o Michel Bourdeau, que é um especialista sério no pensamento de Augusto Comte, está co-organizando uma nova edição do "Sistema de filosofia positiva" (vulgarmente conhecido como "Curso de filosofia positiva"). Essa edição, no entanto, é parcial, pois cobre apenas os capítulos 46 a 51 da "Filosofia", correspondentes a algumas lições sobre a Sociologia comtiana (as do v. IV da obra).

Reproduzo a notícia divulgada no blogue Positivists (http://positivists.org/blog/archives/477):



New edition of Auguste Comte’s ‘Cours de philosophie positive’, Lessons 46-51 (1830-42)


The volume contains Comte’s first six lessons on sociology edited and freshly annotated by Michel Bourdeau, Laurent Clauzade, and Frédéric Dupin.
  1. Political arguments showing the necessity and timeliness of the science of society
  2. Survey of the main philosophical attempts already made in order to create a social science
  3. The most important features of the positive method in the rational study of social phenomena
  4. Necessary relations between social physics and the other parts of positive philosophy.
  5. Preliminary considerations about social static : the general theory of the spontaneous order of human societies
  6. Fundamental laws of social dynamics : the general theory of the natural progress of mankind
Éditions Hermann, Paris, 2012, 480 pages, 17 x 24 cm, 48 €, publishers page for detailed information.

25 outubro 2012

Lógica positiva e moralidade


O caráter moral da lógica positiva é afirmado abaixo: a criação da Sociologia incorpora as idéias de sociabilidade e de altruísmo; tais idéias, de caráter relativo, influenciam a própria moral, que se torna relativa e, portanto, claramente direcionada para o ser humano. O estudo relativo das leis naturais – ou seja, das relações entre fenômenos – deixa para trás a pesquisa absoluta das causas – ou seja, das questões do tipo “de onde viemos?”, “quem criou o universo?” – e permite que se investigue as possibilidades e os graus de mudança no ser humano, o que conduz ao aperfeiçoamento moral.

Como se vê, não há nada de “separação entre fato e valor” aí, muito menos de “tecnocracia” ou de “reificação da realidade”. O que há, de fato, é preocupação com o ser humano e com o conhecimento (útil) da realidade.

*   *   *

“Mais la supériorité morale de la nouvelle logique religieuse est encore plus directe et plus profonde que sa préeminence intellectuelle ; car la subjectivité positive est nécessairement sociale, en vertu de sa réalité, tandis que la subjectivité théologique fut toujours personnelle, d’après son caractère absolu. Celle-ci concevait l’ensemble des êtres comme créé pour l’homme, tandis que celle-là destine l’humanité à perfectionner la faible portion de l’ordre universel qui comporte notre intervention. Or, si cette appréciation finale surpasse l’autre en rationalité, elle lui est encore plus supérieure en moralité. La première nous ayant seule gouvernés jusqu’ici, il a bien fallu y rattacher la culture des sentiments comme celle des pensées ; et même son règne affectif a dû se prolonger davantage que sa prépondérance spéculative, toujours compromise par l’activité pratique. Mais le privilége de sentimentalité ainsi attribué à l’ancienne logique religieuse ne repose que sur une appréciation empirique, qui, depuis longtemps, a cessé d’être vraie. Le déclin politique du monothéisme permit de sentir partout que sa morale tant vantée consistait nécessairement en un immense égoïsme, directement opposé à toute vraie sociabilité. Dans la nouvelle logique religieuse, la substitution spéculative du relatif à l’absolu et la substitution affective de l’humanité à l’homme sont toujours la suite naturelle l’une de l’autre” (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 452-453).

Historicidade da lógica positiva (objetividade+subjetividade)


A passagem abaixo evidencia o quanto a lógica positiva, que combina a objetividade com a subjetividade, é histórica. Mas “histórica” não no sentido de ser passageira, fugaz: histórica no sentido de que exigiu uma série de preparações intelectuais, morais e políticas para constituir-se. Por um lado, foi necessário que a objetividade das ciências naturais conhecesse o mundo e controlasse a subjetividade humana; por outro lado, a criação da Sociologia permite que a subjetividade torne-se relativa e incorpore a afetividade.
Assim, a historicidade da lógica positiva evidencia o quanto o “historicismo radical” contemporâneo, que afirma que há apenas rupturas históricas e que o ser humano é incapaz de acumular idéias e de transmitir valores, é falho.

Ao mesmo tempo, a lógica positiva afirma que os conhecimentos humanos devem ter um caráter sintético: não há “ciências históricas” (ou “ciências do espírito”) em contraposição às “ciências naturais”; há o conhecimento humano, que começa objetivo e analítico e, ao chegar à Sociologia (ou melhor, à Biologia), passa a ser sintético e também claramente subjetivo.

Em vez de “duas culturas” (científica versus humanística) ou “três culturas” (científica versus humanístico-literária versus sociológica), há apenas uma cultura: a síntese subjetiva.

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“Malgré ces divers indices de son aptitude immédiate, la vraie logique religieuse, à la fois objective et subjetive, ne fait certainement que de la naître. Tout son essor caractéristique appartient au prochain avenir. Son élément rationnel, seul cultivé jusqu’ici, ne pouvait être dignement conçu, faute d’une connaissance réelle des lois intellectuelles, seulement appréciables dans l’évolution scientifique de l’humanité. Aussi cette élaboration méthaphysique n’a-t-elle jamais abouti qu’à des préceptes vagues et stériles, même quand elle ne se préoccupait plus de formalités puériles ou vicieuses. Mais la logique affective dut encore moins avancer, puisque les phénomènes correspondants furent toujours regardés comme soustraits à toute loi. Elle ne fut sérieusement cultivée que dans le moyen âge, sous l’impulsion catholique, dont le déclin en suscita encore d’admirables essais, chez les principaux mystiques. A ces premiers rudiments empiriques, le positivisme peut seul faire succéder un vaste essor systématique, puisqu’il s’établit surtout dans l’ancien domaine de la grâce, désormais ramenée à des lois appréciables, sources nécessaires de prévision et d’action. 

[...]

Cette double aptitude fondamental du régime final repose entièrement sur le caractère positif de la nouvelle méthode subjective. Par cela seul que l’ancienne était théologique, ou même métaphysique, elle restait inconciliable avec la méthode objective, qui dut toujours être positive, pour fournir des prévisions réelles, propres à guider une activité efficace. Tandis que la subjectivité poussait l’esprit à l’absolu, l’objectivité le ramenait au relatif. Ce tiraillement continu ne permettait aucun équilibre logique. La cohérence mentale éxigeait d’abord l’homogénéité des méthodes. Or, la pratique ne pouvant renoncer à la marche objective, il fallait bien que la théorie abondonnât la marche subjective, du moins tant que dura l’évolution préparatoire. Ce préambule, désormais complet, a conduit l’essor analytique jusqu’à fournir, par la fondation de la sociologie, la base d’une nouvelle synthèse. Dés lors, la méthode subjective, appuyée sur le sentiment direct du Grand-Être, devient aussi relative que la méthode objective, coordonée d’après la conception générale de l’ordre extérieur. Ainsi s’organise notre vrai régime intellectuel, en rapport avec notre véritable destinée sociale. La pleine harmonie mentale n’aurait pu surgir auparavant, que si la philosophie théologique était devenue réellement objective ; ce qui fut toujours impossible, même sous le polythéisme” (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 451-452).

Utilização sistemática da subjetividade como instrumento analítico


Ao contrário de ser apologista da objetividade e do objetivismo, a obra de Comte erige a subjetividade como instrumento contínuo para compreensão da realidade. Aliás, bem mais do que isso: a subjetividade é entendida como um instrumento da “lógica positiva”, constituída pela lógica dos sentimentos, das imagens e dos sinais (esta última sendo a tradicional “lógica”, que atua nas elaborações científicas, filosóficas e técnicas). O que ocorre é que para Comte a subjetividade tem que ser regulada, em termos morais e intelectuais, pela objetividade: em caso contrário, fica sem parâmetro algum.

Nos termos das teorias sociológicas atuais, a combinação das lógicas objetiva e subjetiva permite “compreender” as ações humanas individuais e “explicar” seus encadeamentos. Não há aí nenhuma forma de misticismo.

Assim, é difícil levar a sério as afirmações das escolas “compreensivas”, “críticas”, pós-modernas e por aí vai segundo as quais o Positivismo negaria a subjetividade ou que ele reificaria uma sociedade “sem alma” – mesmo a despeito da fama e do prestígio de que tais escolas gozam. Afirmações desse tipo têm origem ou na ignorância ou na má-fé (ou em ambas).

*   *   *

“Ainsi se réalise déjà l’annonce placée au début de ce chapitre quant à la conciliation normale entre la logique de l’esprit, guidée surtout par les signes artificiels, et la logique du cœur, fondée sur la connexité directe des émotions. Quoique celle-ci, essentiellement subjective, ne semble d’abord convenir qu’à la culture morale, on vient de reconnaître combien elle peut s’adapter à l’élaboration intellectuelle, et toute la suite de ce traité le constatera de plus en plus. De même, l’autre, principalement objective, n’est pas nécessairement bornée à sa destination rationnelle ; elle comportera désormais une haute efficacité affective. Chacun peut déjà l’appliquer au culte des souvenirs intimes, qui deviennent à la fois plus nets et plus fixes quand on détermine assez le milieu interte avant d’y placer la vivant image. Ni l’esprit ni le cœur ne peuvent développer une paisible activité sans ce concours continu, instinctif ou systématique, entre la logique du sentiment et celle de la raison. J’ai expliqué, dans la préface finale de mon premier traité, comment j’eus le bonheur d’obtenir, dès mon début, cette harmonie décisive. Elle suivit nécessairement ma découverte initiale des lois sociologiques, qui fit dès lors converger toujours mes impulsions politiques et mes tendances scientifiques, d’abord indépendantes. C’est d’un tel équilibre primitif que j’ai tiré le privilège philosophique de consacrer tour à tour ma jeunesse et ma maturité à deux grandes élaborations réciproques, dont chacune semblait réservée à l’autre âge. Ainsi s’explique aussi la puissante réaction mentale que je dus à ma sainte compagne éternelle, et qui constitue une vérification décisive de cette harmonie nécessaire entre les deux méthodes universelles” (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 450).

23 outubro 2012

Criação do método subjetivo

Citação bastante grande que trata inicialmente do dualismo homem-mundo, das leis naturais e das leis lógicas (ou seja, epistemológicas), para em seguida tratar do que realmente interessa no capítulo I do v. I do Sistema de política positiva: a criação do método subjetivo positivo. Ele é o fundamento da Religião da Humanidade - e, como se pode constatar facilmente a partir da leitura dos trechos abaixo, não há absolutamente nada de misticismo nele; ao contrário, há preocupações sociais, morais, há a consciência das limitações humanas e dos meios de que dispomos para superá-las.

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“Toutes les spéculations positives reposent donc, en dernier ressort, sur un concours continu entre la fatalité et la spontanéité, sources respectives de constance et de variation. Le dogme fondamental du positivisme consiste ainsi dans l’harmonie universelle entre deux sortes de lois, à la fois antagonistes et solidaires, les unes extérieures ou physiques, les autres intérieures ou logiques. En termes plus généraux, et pourtant mieux définis, la constance des relations naturelles résulte de la conciliation permanente des lois biologiques avec les lois cosmologiques.

A travers les nuages métaphysiques, les vrais penseurs ont toujours pressenti, plus ou moins confusément, ce grande dualisme, base nécessaire de toutes nos connaissances. Surtout depuis Kant, on a compris que les lois physiques supposent des lois logiques, comme en sens inverse. Mais la saine philosophie biologique pouvait seule procurer une vraie consistance à ce premier aperçu, où d’abord les fonctions intellectuelles se trouvaient irrationnellement isolées des autres fonctions vitales. On a dès lors reconnu qu’une telle harmonie, nullement absolue, est toujours doublement relative à la nature de l’organisme et à celle du milieu. Elle varie, donc, même sur notre planète, entre les divers modes ou degrés d’animalité, quoique ses variations ne soient jamais arbitraires. Les spéculations humaines se présentent ainsi comme consistant surtout à concevoir cet ordre relatif, autant que le comporte notre nature et que l’exige notre situation. Mais ce dogme fondamental ne pouvait être pleinement compris, ni même purifié de toute tendance absolue, tant que la notion générale des lois biologiques proprement dites n’était pas complétée et systématisée par celle des lois sociologiques. Depuis cette fondation décisive, le système des notions humaines se trouve assujetti à une dernière classe de variations regulières, indépendantes de notre nature comme de notre situation, et seulement relatives à l’évolution sociale. Sa considération continue est tellement indispensable pour concevoir la marche véritable de nos pensées, que, sans elle, on ne saurait expliquer ni leurs caractères propres ni leur enchaînement mutuel, successif ou même simultané. D’un autre côté, si les lois correspondantes pouvaient nous être assez connues, elles seules suffiraient pour remplacer toutes les autres, sauf les difficultés de déduction. Car toutes nos découvertes, quoique accomplies toujours par des organes individuels, sont, au fond, des actes de l’Humanité, et dès lors régies directement par les lois propres au Grand-Être, de manière à comporter des prévisions sociologiques. Mais, d’une autre part, ces lois suprêmes de la philosophie relative se trouvent nécessairement subordonnées aux deux ordres de lois préliminaires, extérieures et intérieures. Ainsi, sans insister sur des hypothèses où il ne faut voir que d’utiles artifices didactiques, le système définitif de nos conceptions positives consiste à lier convenablement la notion de l’Humanité au dualisme préalable entre le monde et la vie.
Les deux éléments de ce grand dualisme sont donc à la fois plus distincts et plus inséparables que ne l’indique jusqu’ici leur étude respective. Pour se mieux représenter leur diversité et leur solidarité, il suffit de considérer la manière dont nous apprécierions la vie dans un milieu accessible seulement à notre lointaine mais complète exploration visuelle. Nous n’y apercevrions d’abord, comme envers nos planètes actuelles, que sa simple existence inorganique, qui absorberait les phénomènes biologiques. Mais leur propre réaction sur le milieu nous ferait ensuite distinguer ces événements moins prononcés, appartenant à des êtres plus complexes et plus variables. L’étude totale se décomposerait alors en deux, l’une inorganique, l’autre organique, qui deviendraient également indisciplinables à la vraie conception du système exploré. C’est à peu près ainsi, quoique à un degré beaucoup moindre, que nos procédons de loin à la découverte d’une nouvelle existence animale, ou même humaine. Le milieu seul nous frappe d’abord, et peu à peu nous en distinguons l’être sans cesser de l’y subordonner.
Ayant ainsi caracterisé l’harmonie nécessaire entre les deux parties essentielles de la philosophie naturelle, il faut apprécier l’ordre fondamental de leur succession, destinée surtout à fournir la base rationnelle de la philosophie sociale.
Cette commune destination détermine aussitôt la marche systématique des deux études préliminaires. En effet, les mêmes motifs généraux, soit scientifiques, soit logiques, qui nous ont d’abord représenté la cosmologie et la biologie comme devant précéder la sociologie, nous conduisent maintenant à reconnaître aussi que la cosmologie doit préparer la biologie.
Il n’y a donc aucune hésitation possible aujourd’hui entre les deux méthodes opposées que semble comporter la formation totale de la philosophie naturelle. La méthode objective, qui procède du dehors au dedans, du monde à la vie, peut seule convenir à une telle élaboration, tant systématique que spontanée. Mais il reste pourtant à déterminer aussi la participation finale de la méthode inverse ou subjective, qui va du dedans au dehors, de la vie au monde. Puisque l’Humanité lui dut son premier essor mental, il faut bien que, régénérée d’après un autre principe, elle concoure à fonder l’état normal de notre intelligence. Telles sont les deux grandes explications qui doivent compléter ce chapitre, suivant l’ébauche déjà présentée dans le discours préliminaire, d’après les bases posées par mon ouvrage fondamental.
Ce premier traité a tellement établi la vraie hiérarchie des sciences que je puis ici me dispenser de revenir sur une loi encyclopédique maintenant admise partout. On sait qu’elle résulte de la généralité décroissante et de la dépendance croissante des phénomènes correspondants. Ces deux principes, nécessairement équivalents, déterminent finalement la dignité graduelle des diverses sciences abstraites, d’après leur relation plus ou moins directe avec les phénomènes de l’humanité, moins généraux et plus dépendants que tous les autres.
Les lois cosmologiques sont essentiellement indépendantes des lois biologiques, qui n’y apportent que des modifications secondaires, presque toujours négligeables envers le milieu inerte, quoique indispensables à l’être vivant. Au contraire, l’existence organique se trouve intimement subordonnée à l’existence inorganique, même planétaire ; en sorte que quelques changements fort simples dans la constitution d’un astre empêchent d’y concevoir la vie. La généralité supérieure des lois cosmologiques est encore plus évidente, puisque les corps qu’elles régissent exclusivement prédominent au point de sembler réduire la vitalité à une sorte d’exception. Sur notre propre planète, la seule où nous puissions connaître les lois biologiques, la vie n’est possible que dans les couches superficielles ; et, même là, la masse totale des êtres correspondants ne constitue qu’une petite fraction de la masse inerte.
Ainsi, sous l’aspect scientifique, l’étude positive de la biologie exige une profonde connaissance générale de la cosmologie, dont les principales lois dominent toujours les diverses fonctions vitales. La subordination logique est encore moins contestable, puisque la simplicité des phénomènes inorganiques, suite nécessaire de leur généralité, les rend seuls propres à l’élaboration fondamentale de la méthode universelle.
Sous ses deux faces rationnelles, la coordination systématique des études préliminaires se trouve donc conforme à leur enchaînement spontané, en vertu des mêmes motifs essentiels, dont la prépondérance est à la fois dogmatique et historique. Cette coïncidence n’offre rien d’accidentel, d’après la similitude inévitabel entre l’initiation individuelle et l’évolution collective.
La méthode objetive doit donc prévaloir autant dans l’ordre dogmatique des connaissances réelles que dans leur filiation historique. Elle seule peut établir solidement le dogme fondamental des lois naturelles, en appréciant d’abord les cas les plus aptes à manifester l’invariabilité des relations. Si, au contraire, la méthode subjective dut présider à notre enfance intellectuelle, c’est uniquement d’après sa convenance exclusive envers la conception des causes proprement dites, sur laquelle devaient se concentrer nos premiers efforts. La simple opposition de ces deux marches, suivant leurs destinations caractéristiques, constitue la vraie source générale de l’antagonisme radical entre la philosophie positive et la philosophie théologique.
Mais cette immense lutte préliminaire, qui domina l’ensemble du passé, est maintenant terminée, puisque le positivisme, enfim complet, constitue irrévocablement la seule religion normale. Dès lors, il faut revenir sur l’exclusion provisoire de la méthode subjective par l’élaboration scientifique. Car cette marche possède, en elle-même, d’immuables propriétés, qui peuvent seules compenser les inconvénients du mode objectif. Notre constitution logique ne saurait être complète et durable que d’après une intime combinaison des deux méthodes. Le passé ne nous autorise nullement à les regarder comme radicalement inconciliables, pourvu que toutes deux soient systématiquement régénérées, suivant leur commune destination, à la fois mentale et sociale. Il serait tout aussi empirique d’attribuer à la théologie un privilège exclusif envers la méthode subjective que d’y voir la seule source de l’aptitude vraiment religieuse. Si désormais la sociologie s’est pleinement emparée de ce dernier attribut, elle peut également s’approprier l’autre, d’après leur intime connexité.
Pour cela, il suffit que la méthode subjective, renonçant à la vaine recherche des causes, tende directement, comme la méthode objective, vers la seule découverte des lois, afin d’améliorer notre condition et notre nature. En un mot, il faut qu’elle devienne sociologique, au lieu de rester théologique. Or, cette transformation finale, auparavant impossible, résulte spontanément de la récente extension des théories positives à l’évolution fondamentale de l’humanité.
En effet, cette conquête décisive termine enfin le régime provisoire de notre intelligence, et installe aussitôt son régime définitif. Jusqu’alors, l’esprit positif n’avait pu qu’élaborer instinctivement des matériaux, sans concevoir l’ensemble de l’édifice correspondant. Désormais, en reprenant, pour l’éducation dogmatique, ce préambule indispensable de l’évolution historique, sa marche deviendra pleinement rationnelle, d’après une constante appréciation de la construction finale qu’il doit préparer. La fondation de la sociologie permet à la méthode subjective d’acquérir enfin la positivité qui lui manquait, en nous plaçant irrévocablement au point de vue vraiment universel. Ainsi régénérée, cette méthode doit mieux développer son éminente aptitude exclusive à faire directement prévaloir la considération de l’ensemble, que seul est pleinement réel. Sans son ascendant normal sur la méthode objective, celle-ci ne pourrait assez éviter les aberrations théoriques qui lui sont propres, soit par divagations, soit par illusion.
Notre vraie constitution logique résulte donc d’un concours définitif entre la méthode subjective et la méthode objective, respectivement consacrées à diriger l’esprit d’ensemble et l’esprit de détail, également indispensables à nos constructions réelles. C’est à la première qu’il appartient désormais d’instituer toujours la seconde, qui, en retour, améliorera sans cesse ses matériaux dogmatiques. Leur ensemble fonde la logique vraimente religieuse, qui consacre, en les régénérant, les deux voies opposées que suivirent la théologie et la science pour préparer, chacune à sa manière, notre état définitif. Dans toute recherche ultérieure, le Grand-Être, enfin dégagé de ses divers précurseurs, posera directement chaque question, et instituera l’ensemble de la solution, en réservant l’élaboration à ses dignes organes individuels.
Je ne crains pas de citer ici mon exemple personnel, comme très-propre à eclaircir cette difficile appréciation. L’ensemble de mes travaux philosophiques confirme directement cette pleine conciliation finale entre la méthode objective et la méthode subjective, qui auront ainsi dirigé tour à tour mes deux élaborations principales. Dans mon traité fondamental, la première domine évidemment, au point de sembler tendre vers une prépondérance exclusive et irrévocable. Mais cet ascendant était alors conforme à la nature d’une opération philosophique où la saine analyse posait peu à peu les diverses bases essentielles d’une vraie synthèse. Ce premier travail aboutit enfin à permettre la régénération directe de la méthode subjective, par la fondation de la sociologie. Ainsi devenue aussi positive que l’autre, cette marche plus rationelle préside maintenant à mon second grand ouvrage. Je l’y ai déjà employée souvent, soit dans le discours préliminaire, soit même dans ce chapitre, pour systématiser davantage des conceptions dogmatiques qui d’abord émanèrent de la méthode objective. Cette explication directe de sa prépondérance normale me permettra désormais d’en mieux utiliser les hautes propriétés intellectuelles et morales.
L’accord naturel des deux méthodes se trouve ici constaté directement, puisque l’ordre dogmatique des sciences, déterminé d’abord par la méthode objective d’après leur simple enchaînement rationnel, vient d’être consacré par la méthode subjective au nom de leur destination religieuse. Cette concordance décisive deviendra encore plus sensible dans les deux chapitres suivants, où la même marche synthétique établira la constitution définitive de la cosmologie et de la biologie, que l’élaboration analytique put seulement ébaucher, ou plutôt préparer. Mon ouvrage fondamental fit graduellement converger les diverses théories positives vers un ensemble d’abord confus. D’après cette construction, le traité actuel fera directement réagir cet ensemble pour la systématisation finale des conceptions préliminaires que concoururent à le former. En un mot, l’un a tiré de la science une philosophie, que l’autre convertit en religion complète et définitive.
C’est ainsi que l’harmonie fondamentale des deux méthodes objective et subjective constitue enfin la vraie logique humaine, c’est-à-dire l’ensemble des moyens propres à nous dévoiler les vérités qui nous conviennent. Une telle construction était impossible jusqu’ici, soit faut d’un suffisant développement des divers procédés intellectuels, soit parce que leur commune destination sociale restait trop peu caracterisée. Mais par l’irrévocable substitution de la sociologie à la théologie pour le gouvernement religieux de l’humanité, l’esprit d’ensemble et l’esprit de détail, convenablement régénérés, se consacrent également au service continu du vrai Grand-Être. La longue antipathie entre l’analyse et la synthèse se chance en un éternel concours, où chaque méthode suppléera, suivant sa nature, aux principales imperfections de l’autre. Isolément employée, la marche objective, même systématisée, ne conviendrait qu’à la saine élaboration des éléments, mais en exposant toujours à méconnaître l’ensemble, ou du moins en plaçant sa conception générale à la fin d’une immense évolution, qui aurait presque épuisé l’essor mental. Réciproquement, l’usage exclusif de la marche subjective n’aboutirait qu’à faire toujours prévaloir la considération directe du système, mais sans laisser à l’esprit assez de liberté pour préparer dignement les matériaux d’une construction inébranlable. L’heureux concours de ces deux voies alternatives, dont chacune commence où l’autre finit, permet seul de réparer leur épuisement respectif, afin d’utiliser autant que possible nos chétives forces mentales, naturellement si inférieures aux difficultés de leur destination sociale. Aucun dogme de la religion finale ne saurait être assez établi qu’après avoir été démontré par les deux méthodes, quelle que soit celle d’où il émane d’abord. Sans cette confirmation décisive, la nouvelle foi surmonterait trop peu l’esprit de discussion habituelle, inhérent à la nature des convictions qui lui sont propres” (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 441-449).

Contra o academicismo


Não deixa de ser curioso afirmar-se que o Positivismo é a filosofia acadêmica (ou academicista) por excelência, haja vista a forte crítica feita por Augusto Comte precisamente ao academicismo, isto é, ao hábito intelectual e institucional de fazer pesquisas sem maiores preocupações que com a pura curiosidade. Para Comte, ao contrário, o conhecimento deve servir para o aperfeiçoamento humano; ao contrário que as filosofias “críticas” afirmam, esse aperfeiçoamento é antes e acima de tudo moral. O academicismo é um perigo que sempre ronda as elaborações teóricas, mesmo as das ciências humanas, quando não se tem em vista a melhoria do ser humano.

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“Ce n’est point une vaine curiosité qui doit présider à l’étude directe du vrai Grand-Être ; comme partout ailleurs, le sentiment y doit toujours dominer l’intelligence, sous peine de compromettre la moralité fondamentale. Sans doute, le grand phénomène du développement social constitue le plus admirable de tous les spectacles réels, et même, par suite, idéaux. Mais la noble satisfaction mentale attachée à sa pure contemplation ne doit jamais faire méconnaître ou négliger sa sainte destination. Au fond, nous ne devons étudier le véritable Être-Suprême que pour le mieux servir et l’aimer davantage. Notre principale récompense personnelle, dans une telle étude, résulte des nouveaux perfectionnements de tous genres, et sourtout moraux, qu’elle nous procure nécessairement. Or, sans une constante discipline religieuse, où le public assistera le sacerdoce, l’élaboration de cette science finale pourrait dégénérer en travaux académiques, autant qu’envers les sciences préliminaires. Quoique ces divagations offrissent plus d’intérêt théorique, elles ne comporteraient guère plus d’efficacité morale ni mentale. Leur danger deviendrait même supérieur, parce que là le point de vue concret diffère davantage de l’abstrait, de manière à exiger de puissants efforts, dont la stérilité nuirait à de meilleurs services. C’est pourquoi là, plus qu’ailleurs, l’élaboration concrète doit toujours se rapporter aux vraies exigences pratiques, en comprimant tout écart théorique. Il n’y a ici d’autre différence essentielle avec les cas ordinaires sinon que les philosophes y sont eux-mêmes les principaux ingénieures de l’art correspondant, dont la pratique doit être universelle. Mais cette distinction n’influe nullement sur la nature des saines études concrètes ni sur leur sage subordination continue aux besoins pratiques” (Comte, Système de politique positive, v. I, p. 435-436)