15 maio 2023

Positivismo contra o imperialismo ocidental na China

O trecho abaixo apresenta uma crítica dura e direta ao que chamamos atualmente de imperialismo, ou seja, ao esforço ativo de um conjunto de países para explorar econômica e politicamente um outro país - no caso, o Ocidente explorando a China. Essa crítica foi elaborada por Pierre Laffitte, positivista ortodoxo, em uma conferência realizada em 1858, ou seja, logo após a transformação de Augusto Comte (1798-1857).

O trecho abaixo foi extraído de uma série de conferências que Laffitte fez sobre a China; estas, por sua vez, integravam um curso de história geral da Humanidade.

Logo após a citação em português (cuja tradução é de minha autoria) reproduzo o original em francês.

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“Assim, as relações comerciais do Ocidente com a China tornaram-se cada vez mais anárquicas, sobretudo por meio da proteção da força pública. Elas podem melhorar-se, recebendo entretanto ainda mais de extensão, quando os governos compreenderem a necessidade de corrigir os seus abusos, em vez de entregarem-se aos impulsos de uma opinião pública que, infelizmente, favorece demasiado tais aberrações. – Porque, sob a preponderância sobretudo da autodenominada escola progressista, viemos, no Ocidente, a sistematizar a opressão e a exploração do resto do Planeta, sob o especioso pretexto de ‘civilização’. Formou-se relativamente à China, e às relações do Ocidente com ela, um conjunto de opiniões que se deve caracterizar.

Essas opiniões resumem-se em um sentimento orgulhoso da preponderância da civilização ocidental e em um desprezo cego por todas as outras civilizações quaisquer. Daí resulta a disposição de fazer prevalecer em toda parte, e sobretudo pela força, sob o vago nome de ‘progresso’, a anarquia mental e o industrialismo sem regras que cada vez mais prevalecem no Ocidente”.

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« Ainsi les relations commerciales de l’Occident avec la Chine ont pris um caractère de plus en plus anarchique, surtout par la protection de la force publique. Elles pourront s’améliorer, en recevant néanmoins plus d’extension encore, lorsque les gouvernements auront compris la necéssité d’en corriger les abus, au lieu de se laisser aller aux impulsions d’une opinion publique qui, malheureusement, favorise trop de telles aberrations. – Car, sous la prépondérance surtout de l’école soi-disant progressive on en est venu, en Occident, à systématiser l’oppression et l’exploitation du reste de la Planète, sous le spécieux prétexte de civilisation. Il s’est formé relativement à la Chine, et aux relations l’Occident avec elle, un ensemble d’opinions qu’il faut caractériser.

Ces opinions se résument en un sentiment orgueilleux de la prépondérance de la civilisation occidentale, et en un mépris aveugle de toutes les autres civilisations quelconques. D’où résulte la disposition à faire prévaloir partout, et surtout par la force, sous le nom vague de progrès, l’anarchie mentale et l’industrialisme sans règles quie prévalent de plus en plus en Occident. [...] »

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(Pierre Laffitte, Considérations générales sur l’ensemble de la civilisation chinoise et sur les relations de l’occident avec la Chine. Paris: Dunod, 1861, p. 139-140. Disponível, na edição de 1900, aqui : https://archive.org/details/considrationsg00laff/page/130/mode/2up.).

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