13 abril 2022

Curso livre de política positiva: roteiro da 4ª sessão

Reproduzo abaixo o roteiro da quarta sessão do Curso livre de política positiva, ocorrida no dia 29 de março, transmitida no canal Positivismo (disponível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=9kiJZwvb2x0) ou no próprio canal Apostolado Positivista (disponível aqui: https://www.facebook.com/ApostoladoPositivista/videos/391232223007541). Nessa seção, abordei a teoria da família e também a concepção positiva dos "indíviduos".

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Súmula

Sociologia Estática II: teoria da família; os indivíduos

 

Roteiro

-        Família:

o   É a instituição social que, ao mesmo tempo, mais sofre com as aberrações metafísicas e a que menos foi compreendida até hoje (“hoje”: até o advento do Positivismo)

§  É a menor unidade social a que a sociedade pode ser reduzida; assim, é a verdadeira “célula social”

o   Tem duas funções principais: moral e política

§  Função moral: desenvolve diretamente os sentimentos altruístas

§  Função política: prepara os cidadãos para a vida em sociedade (ou seja, prepara cidadãos)

o   A família tem uma origem egoísta – o impulso sexual –, mas é um erro reduzi-la a isso

§  O impulso sexual tem força mais inicial que permanente

§  A força do impulso sexual é maior no homem que na mulher

§  Após a ação do impulso sexual, outros instintos entram em ação, tanto egoístas quanto altruístas; a permanência do vínculo familiar desenvolve, estimula e reforça os instintos altruístas

·         Acessoriamente, isso também esclarece que o altruísmo não é a negação do egoísmo, mas a orientação em favor dos demais

o   A família pode ser reduzida ao casal elementar, mas é claro – ou melhor, deveria ser claro – que ela é muito mais ampla que isso, pois compreende os filhos, os avós, os agregados

§  Essas diversas relações desenvolvem e estimulam sentimentos altruístas:

·         Marido ßà mulher, irmãos ßà irmãos: apego

·         Filhos à pais: veneração

·         Pais à filhos: bondade

o   Em relação ao casal nuclear, a função da família é o aperfeiçoamento mútuo, muito mais que a reprodução humana

§  A teologia, como rejeita a existência natural do altruísmo, considera que a família serve apenas fins egoístas, notadamente a reprodução humana

§  Também vale notar que a teologia com freqüência considera que a família (esposa e filhos) é propriedade dos homens

§  A metafísica não se afasta muito disso, vendo na família pouco mais que um contrato com fins sexuais e/ou uma instituição de violência sistemática do homem contra a mulher

§  Há um gênero legalista de metafísica, para quem a família deve ser paulatinamente substituída pelo Estado

o   Como a existência humana é muito mais subjetiva que objetiva e como a função do casamento é o aperfeiçoamento mútuo, o Positivismo afirma a monogamia e a viuvez eterna (as segundas núpcias são uma forma disfarçada de poligamia)

o   Como os sentimentos altruístas são desenvolvidos e aperfeiçoados na família, ela é absolutamente central para a vida em sociedade (e, claro, também para os indivíduos)

§  O estímulo, o desenvolvimento e a manutenção do altruísmo, no âmbito familiar, cabe naturalmente às mulheres

§  Isso, evidentemente, corresponde à necessidade imperiosa de dignificar-se a atuação da mulheres e não as condenar a escravas dos homens

§  Somente a destruição metafísica, com seus fortes preconceitos antialtruísmo e antifamiliares, consegue ver na afirmação do papel doméstico e moral das mulheres uma forma de exploração, degradação e violência contra as mulheres

o   O papel político, ou melhor, cívico das famílias corresponde à sua preparação afetiva, o que inclui não somente os três instintos simpáticos (apego, veneração e bondade), mas também os instintos práticos (coragem, prudência e perseverança)

§  É importante notar que, embora a família seja a base da sociedade, ela tem que se submeter à polis

§  Essa submissão à polis é necessária para evitar os desvios da família, em particular dois:

·         Possibilidade de educação afetiva egoísta

·         Possibilidade de desenvolvimento de um egoísmo coletivo familista

·         A submissão à polis altera ordinariamente as famílias, corrigindo (ou evitando) esses dois desvios; mas é claro que a própria polis tem que se orientar altruisticamente e não pelas guerras

-        Papel dos indivíduos:

o   Os indivíduos isolados e/ou como fundadores da sociedade não existem; só é possível falar em indivíduos quando se faz referência prévia às sociedades em que eles surgiram

§  Os indivíduos como célula social são uma abstração nociva e imoral

o   Mas a religião visa a regrar e a religar, ou seja, a estabelecer a unidade e a harmonia individual e coletiva: evidentemente há um amplo espaço para os indivíduos no Positivismo

§  Em última análise, todas as ações – mesmo as ações da Humanidade – realizam-se por meio de indivíduos, isto é, de agentes individuais

o   Todo ser humano tem uma vida dupla, isto é, uma objetiva e outra subjetiva

§  A vida objetiva ocorre no presente; a Humanidade tem em cada ser humano um “ser” concreto, de carne e osso

§  A vida subjetiva ocorre no passado e no futuro; a Humanidade tem em cada ser humano um “agente

o   A Humanidade tem um caráter composto; isso acarreta sua capacidade de ação mas também sérias dificuldades, pois é sempre necessário combinar a independência individual com o concurso coletivo

§  A independência individual, no estado normal, requer de ordinário a plena liberdade, o que, por sua vez, rejeita a opressão

§  Essa plena liberdade implica as liberdades de pensamento (ou de consciência), de expressão e de associação

§  Além disso, a plena liberdade também é necessária para a submissão livre e digna

§  A liberdade individual necessária para o livre concurso coletivo implica a confiança; esta, por sua vez, implica sempre a responsabilidade (e a responsabilização)

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