01 setembro 2025

Objetividade, subjetividade e entendimento humano

As citações abaixo são extraídas do v. 2 do Sistema de política positiva, de Augusto Comte, em seu cap. 1. 


Elas tratam de várias questões fundamentais para o ser humano: como entendemos a realidade, qual a parte do mundo e qual a parte do ser humano em nossas idéias, qual o papel dos sentimentos... isso pode parecer, à primeira vista, mera discussão acadêmica, mas são reflexões que têm aplicações diretas e imediatas na vida de todos nós.

É uma leitura densa, mas muito recompensadora.

O volume 2 da Política positiva foi publicado em 1852 e seu subtítulo é este: “Contendo a Estática Social ou o tratado abstrato da ordem humana”.

O capítulo 1 desse livro tem por título o seguinte: “Teoria geral da religião, ou teoria positiva da unidade humana”.


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- Hipóteses, objetividade, subjetividade; separação inicial entre razão teórica e razão prática; pesquisa das leis preponderante sobre o objetivismo dos fatos e o subjetivismo das causas; relativismo e absolutismo das sínteses:

“Eu caracterizei suficientemente agora, sob todos os aspectos essenciais, o único modo sintético que convém plenamente à natureza humana. Seu desenvolvimento direto e especial pertence ao último volume deste tratado, quando seu advento decisivo encontrar-se-á convenientemente demonstrando a partir do conjunto do passado. Mas, para completar minha teoria geral da religião, resta-me aqui, como inicialmente anunciei, caracterizar sumariamente minha longa e difícil iniciação que exigia o estabelecimento da verdadeira unidade.

As diversas explicações precedentes devem ter feito implicitamente sentir que uma tal síntese não comportaria de maneira nenhuma um desenvolvimento imediato, malgrado a espontaneidade das tendências que nos conduzem a ela sempre. Será agora então fácil de motivar diretamente sua preparação necessária. Ela é igualmente exigida pela natureza intelectual e pela fonte moral da verdadeira religião.

Inicialmente, a fé devia ser essencialmente objetiva, desde que o dogma positivo consiste no conhecimento real da ordem universal. As inspirações subjetivas não podem concorrer para a elaboração dos seus diversos elementos senão por meio de uma influência secundária, suficientemente indicada acima, fornecendo as hipóteses destinadas a tornar-se leis, conforme sua verificação exterior. Quando a sistematização positiva é enfim possível, a subjetividade começa a prevalecer, como a única capaz de coordenar os materiais obtidos, seguindo as explicações de meu primeiro volume. Mas esse termo não chega senão após uma inteira extensão do espírito científico até os fenômenos menos gerais e mais complicados. Antes que essa condição seja suficientemente preenchida, a preponderância da subjetividade viciaria radicalmente todas as nossas teorias. Ora, uma tal realização não poderia ser incitada, desde que a descoberta da ordem natural não poderia fazer-se senão sucessivamente, procedendo sempre do mundo em direção ao homem, ou dos fenômenos mais gerais aos mais particulares.

Mas, por outro lado, em virtude mesmo dessa marcha característica, a objetividade não poderia nunca construir uma síntese qualquer. Se sua impotência para sistematizar é hoje reconhecida após vinte séculos de estéreis esforços, com mais forte razão ela seria inevitável antes da aquisição de materiais positivos. Toda síntese deve então ser subjetiva, ainda que ela não comporte realidade senão conforme uma base objetiva, cuja elabora demora muito tempo. Entretanto, o homem não pode nunca ficar sem uma síntese qualquer, para coordenar seus pensamentos, de maneira a dirigir sua conduta. Uma tal situação mental não admite outra saída senão a construção, inteiramente subjetiva, de uma síntese felizmente espontânea, mas necessariamente quimérica e então puramente provisória.

Ora, tal solução inicial, sem a qual nossa razão não poderia surgir, resulta naturalmente de nossas tendências primitivas em direção às concepções absolutas, que nos dispensariam de todas pesquisas especiais, ao permitir-nos deduzir sempre sem ter nunca induzido. As leis reais, vale dizer os fatos gerais, não puderam manifestar-se senão muito tarde, mesmo a respeito dos menores fenômenos celestes. Enquanto eles permanecem desconhecidos, o espírito humano persegue necessariamente a vã determinação das causas, vale dizer, das origens e das destinações absolutas. Essa pesquisa, então animada pela esperança de um império ilimitado sobre um mundo em que a ordem parece arbitrária, é a única que pode dissipar nosso torpor inicial. Um tal problema não comporta, mesmo hoje, outra solução que essa que surgiu inicialmente, a explicação do mundo conforme o homem, seguindo a assimilação espontânea da natureza morta à natureza viva. Assim se institui diretamente o método subjetivo, cujo livre desenvolvimento não sofre então nenhum entrave objetivo. Em uma palavra, nessa filosofia intuitiva, que pesquisa a essência de tudo, as vontades ocupam o lugar das leis. Uma semelhante síntese, que agora convém tão pouco à especulação quanto à ação, foi por muito tempo tão indispensável a esta quanto àquela. Recairemos sempre aí quando desejamos agir sistematicamente, sobre fenômenos de que ignoramos as leis especiais. Com efeito, na falta de noções exteriores, é necessário que nossa sabedoria siga com cuidado os impulsos interiores, mais morais que mentais, a menos que ela abstenha-se totalmente, o que se torna com freqüência impossível.

O primeiro estado de nossa inteligência não permite então nenhuma harmonia durável entre a razão prática e razão teórica. Enquanto uma, exclusivamente objetiva, não oferece senão fatos isolados, a outra, puramente subjetiva, não apresenta senão generalidades incapazes de ligar nossas noções particulares. Ainda que guiada por falsas aproximações, esta tende sempre à previsão sistemática, o mesmo ao que renunciamos em seguida. Mas aquela prepara também o estado normal, ao descobrir em toda parte algumas leis empíricas, que permitem previsões reais em inúmeros casos usuais. Nossa iniciação mental consiste sobretudo em combinar suficientemente essas duas tendências simultâneas em direção à realidade das noções e à generalidade das concepções. Essa combinação não se torna possível senão ao corrigir os excessos respectivos de objetividade e de subjetividade. Ora, o conjunto dos impulsos práticos dispõe a isso naturalmente, ao fazer cada vez mais sentir que esses dois vícios opostos impedem igualmente de prever para melhor agir. Afinal, um entrava toda indução geral e o outro, toda dedução real. Assim surgiu gradualmente a dupla preponderância do estudo das leis sobre o conhecimento dos fatos e sobre a pesquisa das causas.

Comparada à síntese definitiva, essa síntese provisória oferece semelhanças essenciais sob profundas diferenças. Sua espontaneidade característica torna-a inteiramente subjetiva; mas sua destinação exige que se a creia objetiva. Por aí se anuncia, e mesmo se prepara, a conciliação final das duas grandes condições especulativas. Cada síntese repousa sobre a preponderância do tipo humano: mas ele é pessoal em uma e social na outra. Sua principal diferença resulta da natureza absoluta da primeira, oposta à relatividade da segunda. Esse contraste científico é completado por seu contraste lógico, consistindo sobretudo em que as hipóteses primitivas não são nunca verificáveis, ao passo que as hipóteses definitivas são-no sempre. Conforme o conjunto dessas oposições, as duas sínteses tendem a tornar-se inconciliáveis, à medida que a última desenvolve seus verdadeiros caracteres.

Em segundo lugar, a apreciação social manifesta ainda melhor a impossibilidade inicial da verdadeira unidade e a necessidade de um regime preparatório. Além de que o Grande-Ser não poderia de maneira nenhuma ser apreciado então, ele não é mesmo suficientemente formado. Seu desenvolvimento decisivo supõe uma longa evolução, à qual devem presidir ficções espontâneas. O amor, com dificuldade suficiente hoje, mantém-se inicialmente de tal maneira restrito que o ódio domina em direção à quase totalidade da nossa espécie. Toda a atividade coletiva emana então dos instintos inferiores. Não podendo realizar a conquista de um mundo que parece tão invencível quanto inexplicável, cada associação parcial esforça-se sobretudo por submeter as outras. Mas essa tendência, no início cegamente destrutiva, regulariza-se desenvolvendo-se. Ela institui espontaneamente a sociabilidade preliminar, cimentando a união interior e conduzindo à incorporação exterior. A Pátria prepara a Humanidade e o egoísmo nacional dispõe ao amor universal.

Esse regime guerreiro, como o dogma fictício, permanece sempre incompleto, como conseqüência de sua comum oposição às exigências práticas. A atividade industrial surgiu sob um, da mesma forma que o espírito positivo sob o outro. Assim se desenvolvem os elementos definitivos durante a imperfeita dominação dos elementos primitivos, até que o aumento daqueles e a diminuição destes conduzem às lutas que aceleram o advento necessário da verdadeira unidade.

As duas potências provisórias tendem cada uma a dominar sem partilha. Entretanto, sua rivalidade natural pode ser suficientemente contida por uma afinidade espontânea, que lhes permite por muito tempo combinarem-se. O espírito absoluto do dogma fictício e o caráter egoísta do regime guerreiro são muito análogos para permanecerem sempre inconciliáveis. Ao combinarem-se, um estende sua preponderância e o outro aumenta sua consistência. Então as opiniões não demonstráveis e as autoridades não discutíveis apóiam-se mutuamente. De sua conexão resulta inicialmente a consolidação do regime inicial, mas em seguida sua tendência a dominar além de seu destino normal. De qualquer maneira, seu elemento temporal mantém-se mais compatível que seu elemento espiritual com o desenvolvimento da síntese final. Ele não é destinado, como este último, a uma inteira extinção; pois ele pode cessar de prevalecer sem perder toda eficácia. A atividade militar conservará sempre um ofício subalterno em relação às existências humanas e às organizações animais que violam ou rejeitam a harmonia universal sem poderem a ela serem trazidas de volta. Mas a fé sobrenatural já perdeu toda verdadeira utilidade entre as populações de elite; ela deve enfim apagar-se por toda parte, pois sua autoridade não pode nunca aceitar a subalternidade” (Política, v. II, p. 79-83).

Crítica à metafísica alemã, objetividade e subjetividade

As citações abaixo são extraídas do v. 2 do Sistema de política positiva, de Augusto Comte, em seu cap. 1. 

Elas tratam de várias questões fundamentais para o ser humano: como entendemos a realidade, qual a parte do mundo e qual a parte do ser humano em nossas idéias, qual o papel dos sentimentos... isso pode parecer, à primeira vista, mera discussão acadêmica, mas são reflexões que têm aplicações diretas e imediatas na vida de todos nós.

É uma leitura densa, mas muito recompensadora.

O volume 2 da Política positiva foi publicado em 1852 e seu subtítulo é este: “Contendo a Estática Social ou o tratado abstrato da ordem humana”.

O capítulo 1 desse livro tem por título o seguinte: “Teoria geral da religião, ou teoria positiva da unidade humana”.


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- Crítica à metafísica neokantiana, caráter aproximativo e conveniente das leis naturais, margem para elaboração estética das leis, acordo objetivo-subjetivo:

“Essa subjetividade assessória, viciosamente exagerada pelos pretensos sucessores de Kant, conduz ainda ignorantes pensadores a um idealismo não menos imoral que absurdo, que consagra involuntariamente uma completa personalidade e rejeita doutoralmente toda vida coletiva. Faz-se assim degenerar em retrogradação na direção do absoluto a direção filosófica mais própria a constituir o espírito relativo, conforme as diversas condições cerebrais de cada noção real. Mas, por outro lado, os puros cientistas [savants], e sobretudo os geômetras, na falta de um regime enciclopédico, resultam com freqüência, de uma forma inversa, na mesma degradação, ao exagerarem, por seu turno, a independência da ordem natural.

A sã filosofia caminha firmemente entre essas duas armadilhas contínuas. Ela representa todas as leis naturais como construídas por nós com materiais exteriores. Apreciadas objetivamente, sua exatidão não pode ser nunca senão aproximativa. Mas, estando destinadas apenas às nossas necessidades, sobretudo ativas, essas aproximações tornam-se plenamente suficientes, quando elas são bem instituídas segundo as exigências práticas, que fixam habitualmente a precisão conveniente. Além dessa medida, permanece com freqüência um grau normal de liberdade teórica, que devemos sabiamente usar para melhor satisfazer nossas puras inclinações mentais, inicialmente científicas, em seguida mesmo estéticas. Em relação às mais simples e melhor elaboradas de todas as leis reais, os geômetras, a despeito de si mesmos, aplicam freqüentemente essa preciosa faculdade ao justo aperfeiçoamento de suas concepções fundamentais. Eles empregam-na sobretudo para fornecer às relações abstratas uma plena continuidade, indispensável ao desenvolvimento das especulações matemáticas, mas que a ordem exterior desmentiria sempre, se conduzíssemos demasiadamente longe seu estudo sistemático. Por exemplo, a lei newtoniana da gravitação não convém mais para toda distância que a lei de Mariotte para toda pressão. Elas fornecem entretanto bases legítimas, uma à nossa mecânica celeste, a outra à teoria matemática de nosso gás. Sem essa continuidade subjetiva, seu uso racional tornar-se-ia quase ilusório.

Nossa construção fundamental da ordem universal resulta então de um concurso necessário entre o exterior e o interior. As leis reais, vale dizer os fatos gerais, não são nunca senão hipóteses suficientemente confirmadas pela observação. Se a harmonia não existisse de maneira nenhuma fora de nós, nosso espírito seria inteiramente incapaz de concebê-la; mas, em nenhum caso, ela não se verifica tanto quanto supomo-la. Nessa cooperação contínua, o mundo fornece a matéria e o homem, a forma de cada noção positiva. Ora, a fusão desses dois elementos não se torna possível senão por sacrifícios mútuos. Um excesso de subjetividade impediria toda visão geral, sempre fundada sobre a abstração. Mas a decomposição que nos permite abstrair permaneceria impossível se não descartássemos um excesso natural de subjetividade. Cada homem, ao comparar-se com os outros, remove espontaneamente de suas próprias observações o que elas têm inicialmente de muito pessoal, a fim de permitir o acordo social que constitui a principal destinação da vida contemplativa. Mas o grau de subjetividade que é comum a toda a nossa espécie persiste ordinariamente, aliás sem nenhum grave inconveniente. Nós não poderíamos reduzi-lo senão pelo comércio intelectual com outros animais, que não se estabelece senão raramente e para noções subalternas. Aliás, algumas restrições sucessivas que experimentaram assim a influência subjetiva, conforme uma necessidade crescente de ouvir-se com inteligências as mais diversas, jamais as concepções alcançariam uma pura objetividade. É assim tão impossível quanto inútil determinar exatamente as participações respectivas do exterior e do interior em cada noção real” (Política, v. II, p. 32-35)

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“A dificuldade principal da elaboração positiva consiste então na sucessão necessária de diversas grandes fases teóricas, em que cada uma depende da precedente e que entretanto não se tornam religiosamente eficazes senão por sua combinação total. Cada um desses graus sucessivos exige induções que lhes são próprias; mas elas não podem nunca se tornar sistemáticas senão sob o impulso dedutivo resultante de todas as ordens menos complicadas. Sem essa subordinação normal, conforme à dependência dos fenômenos, as leis naturais perderiam tanto consistência quanto racionalidade. Em uma tal hierarquia, as ordens inferiores propagam para o alto a regularidade e a fixidez diretamente próprias à sua simplicidade, ao passo que elas adquirem em retorno a dignidade inerente ao domínio superior. A eficácia religiosa da filosofia real depende sobretudo dessa dupla comunicação entre seus diversos elementos essenciais. Tais são as condições indispensáveis para estabelecer suficientemente a invariabilidade fundamental da ordem universal, cujo melhor tipo concernirá sempre aos fenômenos celestes, como os únicos subtraídos a toda intervenção humana.

Mas, malgrado a constante preponderância dessa primeira apreciação, o dogma positivo deve também caracterizar cuidadosamente as modificações normais que comporta quase sempre a economia natural. Para bem as conceber, é necessário inicialmente reconhecer que elas não oferecem nada de fortuito. Pois elas resultam diretamente da hierarquia geral dos fenômenos, em que cada ordem modifica todas aquelas que a dominam. Com efeito, a harmonia universal exige tanto essa reação quanto esse império. Haveria, sem dúvida, anarquia total se os fenômenos mais particulares não estivessem subordinados aos mais gerais. Mas a ausência de modificações inversas estabeleceria uma confusa identidade. A verdadeira distinção entre as grandes categorias naturais repousa essencialmente sobre essas reações necessárias, a cuja falta apenas as mais simples leis subsistiriam. É necessário então conceber a ordem real como tão distante do caos quanto da anarquia, ou como supõem ao mesmo tempo o movimento e a fixidez. Tal é, pelo menos, sua noção necessária em todo o mundo compatível com a vida; isso é o que constitui o único caso digno de exame.

Com efeito, a concepção de ordem universal como mais ou menos modificável resulta diretamente do grande dualismo filosófico entre a natureza morta e a natureza viva. Inicialmente, todo ser vivo, seja ele reduzido à existência vegetativa, modifica sem cessar o meio que o domina, conforme os materiais de que ele dispõe daí e os produtos que ele elabora. Por outro lado, ele modifica-se a si mesmo, para melhor se adaptar à sua situação. Esse duplo atributo expande-se sempre à medida que o ser torna-se mais elevado e mais desenvolvido. Ora, importa reconhecer que o ser não cria nunca no meio a aptidão para as modificações correspondentes: ele limita-se a utilizá-la. Se já o meio não fosse de maneira nenhuma modificável por si só, uma reação tão fraca quanto o é necessariamente a influência vital não lhe poderia alterar a constituição. Da mesma forma as mudanças que sofre a ordem material, apenas sob o conflito das potências inorgânicas, são com freqüência superiores a todas as provenientes dos seres vivos. Estes seres não fazem então senão determinar ao exterior o exercício de uma propriedade sobre a qual repousa sua existência. Mas essa relação constitui entretanto a única destinação necessária de uma tal aptidão exterior. Ainda que não pudéssemos de maneira nenhuma conceber a vida em um meio imodificável, suporíamos facilmente um tal meio, desde que nada nele vivesse, como em alguns planetas inabitáveis. A variabilidade normal da ordem material refere-se então essencialmente à existência vital, mas sem dela provir” (Política, v. II, p. 36-38).

Teixeira Mendes e sua esposa Ernestina

Na foto abaixo vêem-se Raimundo Teixeira Mendes e sua esposa, Ernestina, pouco antes da transformação da última, em 1912. No fundo da foto também se vê um quadro com uma foto do altar da Humanidade, na Igreja Positivista do Brasil.

A fonte é o portal Brasiliana Museus; a imagem original está disponível aqui: https://brasiliana.museus.gov.br/acervos/da-ernestina-de-carvalho-teixeira-mendes-30o-aniversario-de-seu-cazamento/.