O sociólogo Gilberto Freyre, que adaptou para o Brasil
algumas técnicas antropológicas dos EUA ao descrever em detalhes a intimidade
da sociedade colonial brasileira, publicou no final dos anos 1950 um livro
chamado Ordem e Progresso.
Embora G. Freyre reconhecesse que seus informantes podiam
ter suas memórias alteradas pelo tempo e pela afetividade, em vários casos
tomou as recordações alheias ao pé da letra, como se fossem a descrição da
verdade - e sem se preocupar em verificar se as afirmações obtidas
correspondiam ou não à verdade.
Assim, nesse livro ele reproduz, chamando de
"interessantíssimo", o relato de um monarquista idoso e ressentido,
que narra uma história que poderia detratar a ação política de Benjamin Constant, o fundador da República.
Pois bem: Ivan Lins - o historiador, não o cantor - publicou
um artigo em que comenta criticamente a história publicada e o procedimento de
Gilberto Freyre, notando o quão injuriosos e incorretos eles foram.
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