Vale notar que, à parte as manifestações dos próprios positivistas, essa foi a única manifestação ocorrida no Brasil contra o ataque da deputada, evidenciando o quanto direita e esquerda aliam-se em podres hábitos políticos e intelectuais para negar as ações do Positivismo.
Não conseguimos identificar os membros do grupo Morena. Entretanto, suas referências a Leonel Brizola e a Getúlio Vargas, a valorização do caráter miscigenado do país, a concepção do Brasil como "Nova Roma" e como sendo o germe de uma nova civilização (próprios a Darcy Ribeiro), sua valorização da educação e mesmo o nacionalismo - tudo isso nos levou a concluir que esse grupo é trabalhista e brizolista.
O desagravo publicado em 7.7.2020 foi excelente, apresentando alguns dos mais importantes aspectos da atuação positivista no Brasil - diga-se de passagem, aspectos em favor da ordem e do progresso nacionais. (O original publicado no Facebook encontra-se disponível aqui.)
Discordamos do extremo nacionalismo da postagem e da referência ao "globalismo": enquanto o "globalismo" é um conceito elaborado pelos conspiracionistas da extrema direita para combater a regulação internacional, o próprio nacionalismo com freqüência incorre em desvios de variadas ordens, sendo que sua solução é a submissão estática e dinâmica do conceito de "pátria" ao de "Humanidade". No mais, esse desagravo é exemplar; por isso, reproduzimo-lo abaixo.
* * *
NÃO HÁ POSITIVISTAS NO GOVERNO FEDERAL
Ao contrário do que afirma a deputada Carla Zambelli, não há!
O General Benjamin Constant, ministro da Instrução Pública durante o
governo republicano provisório do Marechal Deodoro, nasceu em Niterói em 18 de
outubro de 1836. Sua contribuição aos generais brasileiros formados após a
Guerra do Paraguai (na qual teve destacada participação como engenheiro militar) na Escola Militar da Praia Vermelha e na
Escola Superior de Guerra, foi inestimável.
Pela eloquência de Constant nas salas de aula
floresceram no Brasil as primeiras manifestações da apropriação nacional do ideário
positivista de Augusto Comte, que aqui tomou (como bem lembra o acadêmico José
Murilo de Carvalho) cores próprias, antropofagizando-se à realidade brasileira
e contribuindo para a construção de iniciativas pioneiras e generosas de
progresso social e inclusão social pela educação, especialmente no Rio Grande
do Sul de Júlio de Castilhos e no Pará de Lauro Sodré.
Decisivo para a queda da monarquia, o positivismo
de Benjamin Constant, calcado no aperfeiçoamento do Estado, na
profissionalização dos militares (dentro do princípio do soldado-cidadão,
semeador da Razão, da Ciência e da Soberania), na inclusão pela instrução
pública, na matriz industrial com divisão do trabalho social, na crítica ao
individualismo e às práticas ocultas, com o princípio do "viver às
claras", tornou-se contra-hegemônico durante a República Velha, uma
democracia de fachada marcadamente liberal.
Muito embora recebido post mortem o epíteto de "Fundador da República
Brasileira", por intermédio da Constituição Federal de 1891, e oferecendo
seu nome ao Instituto Benjamin Constant (antigo Imperial Instituto dos Meninos
Cegos, por ele dirigido), Constant em particular e os positivistas em geral
permanecem esquecidos, escamoteados que foram em vida pelos liberais e, perante
a História, diminuídos pela historiografia de esquerda, que os reputa
"autoritários" e "conservadores".
Foram, pelo contrário, os maiores promotores da
inclusão em seu tempo: com Nísia Floresta, da participação política da mulher.
Com Benjamin Constant, do ensino aos excluídos. Com Júlio de Castilhos, da
proteção ao trabalho. Com Rondon, da cidadania do indígena.
Quando lemos uma personagem como a deputada Carla
Zambelli, de rasas convicções e nenhum conhecimento de causa sobre os problemas
do Brasil, afirmar que "os positivistas são o pior câncer do Brasil",
como hoje fez, lembramos que não há um único general como Constant em um
governo permeado, do presidente da República ao mais modesto comissionado, por
liberais globalistas, antinacionais e de costumes fúteis e mercadológicos.
Não há, lamentavelmente, positivistas no governo,
deputada.
A Benjamin Constant, por sua contribuição à
Educação pública com a inclusão dos cegos e a formatação das primeiras escolas
de professores (especialmente da Escola Normal da Corte, atual ISERJ), as
nossas homenagens. Às contribuições dos positivistas, heróis nacionalistas, os
nossos respeitos.
Fonte: https://www.facebook.com/movimentoderesgatenacional/photos/a.633397013801477/900404603767382/?type=3&theater |
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