Mas, na verdade, o mais adequado é falarmos em "II Guerra dos 30 Anos", começando em 1914, terminando em 1945 e apresentando três grandes fases claramente marcadas: "I Grande Guerra", "Período da Paz Armada" e "II Grande Guerra".
(A I Guerra dos 30 Anos ocorreu entre 1618 e 1648 e, da mesma forma, compôs-se de diversas fases, algumas de guerra, outras de armistícios, envolvendo diferentes países em diferentes momentos.)
Substituir as expressões "guerras mundiais" por "grandes guerras" é necessário para evitar confusões terminológicas, ao mesmo tempo em que se recupera a terminologia empregada no período 1914-1919.
A expressão "Período da Paz Armada" é mais complicada, pois houve, sim, guerras no período: para citar apenas algumas, a guerra civil russa, a guerra externa russa, a guerra civil espanhola, a invasão italiana sobre a Etiópia, o imperialismo japonês em todo o Leste Asiático, as invasões nazistas sobre a Áustria e, depois, sobre a Tchecoslováquia. Então, correndo o (sério) risco de dar a impressão de que não houve conflitos armados no período, a expressão "Período da Paz Armada" tem as virtudes de indicar que se tratou de uma fase de rearmamento e que não houve uma conflagração geral. (Talvez seja possível usar expressões como "Fase do Tratado de Versalhes" ou "Fase da Liga das Nações"; em todo caso, "Período da Paz Armada", apesar de suas limitações, parece-me mais adequado.)
Em todo caso, um exame cuidadoso de todo esse período, isto é, do que começa em 1914 e termina em 1945, logo indica que é uma única grande conjuntura, marcada pelo belicismo e pelo revanchismo, pela ânsia em guerrear como forma adequada de solucionar as disputas políticas internacionais (e mesmo os problemas internos). Além disso, esse período caracteriza um longo e dolorosíssimo interregno nas aspirações humanistas, pacifistas, internacionalistas da Humanidade, com as conseqüências em termos de regimes políticos (foi um período de autoritarismos, rejeição das liberdades, estímulo das violências etc.).
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