No dia 10 de Gutenberg de 169 (22.8.2023) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Catecismo Positivista (em sua oitava conferência, dedicada à filosofia das ciências humanas).
Em seguida, na parte do sermão, abordamos dois temas: (1) a fórmula "Saúde e Fraternidade" e (2) a destruição/remoção de estátuas em face do relativismo histórico.
A prédica foi transmitida nos canais Positivismo (aqui: https://ury1.com/YYfqA) e Igreja Positivista Virtual (aqui: https://l1nk.dev/JzF4e). O sermão começou em 49' 22" e os comentários sobre a destruição de estátuas, em 1h 00' 40".
Devido a problemas técnicos com o sinal de internet, a transmissão da prédica foi prejudicada com inúmeras interrupções, encerrando-se o vídeo bem antes do que deveria, em 1h 26' 20".
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Sobre a fórmula “Saúde e Fraternidade”
- Nós, positivistas, empregamos habitualmente a fórmula “Saúde e Fraternidade”
o Essa fórmula não é especificamente positivista; na verdade, ela é republicana
o A origem dessa fórmula está na Revolução Francesa, indicando os novos hábitos desejados ao longo desse acontecimento, em particular na fase da Convenção Nacional (1792-1794), que foi a da prevalência dos dantonianos (embora não apenas da deles)
o Assim, quando nós, positivistas, usamo-la, nós afirmamos o nosso republicanismo, no duplo sentido que nosso mestre identificou para a “república” no curso da Revolução: (1) sentido negativo: rejeição da monarquia e (2) sentido positivo: regeneração moral, intelectual, política e social
§ Convém notar que, em virtude de seu republicanismo, essa fórmula também é uma afirmação da cidadania
§ Em sentido semelhante, na Política positiva, Augusto Comte afirma que todos devemos tratar-nos por “senhor” (“messieur”, o que ainda no século XIX tinha um caráter feudal), mas entendendo-nos como “cidadãos” (“citoyens”)
§ Essa é uma fórmula simples, clara e humana, sem o empolamento, a hipocrisia e o sobrenaturalismo tão comuns ao oficialismo de ontem como de hoje
o No Brasil, ela era empregada largamente no final do Império e no início da República
§ Era extremamente difundida, sendo empregada ordinariamente nas correspondências oficiais e particulares
§ Aliás, também em Portugal ela foi empregada: nos anos ao redor de 1910 (quando foi proclamada a República lá), as correspondências oficiais e particulares em Portugal usavam frequentemente essa fórmula
- Entretanto, o original em francês é “Salut et fraternité”, ou seja, “Saudações e fraternidade”
o Assim, a versão que adotamos em português consiste em uma tradução um pouco incorreta do francês
§ Inversamente, “saúde” em francês é “santé”
o O significado do original em francês é este: a pessoa que fala (1) saúda o interlocutor e, em seguida, (2) afirma o desejo de amizade com ela e, de modo mais amplo, com todos os seres humanos (fraternidade)
o Ainda assim, o francês “salut” vem do latim “salvus”, que por sua vez vem de “salvere”, que significa tanto (1) o “saudações” quanto (2) o desejar boa saúde
§ Em outras palavras, a tradução de “salut” como “saúde” corresponde ao sentido etimológico da palavra, o que é bastante aceitável
- Mas a tradução para o português, embora não corresponda exatamente ao francês, acaba sendo superior ao original:
o “Saúde e Fraternidade” significa (1) que o falante, em um primeiro momento, deseja ao seu interlocutor boas condições de saúde, ou seja, que esteja fisicamente bem e (2), em seguida, o falante afirma o desejo de manter boas relações com o interlocutor e com todo o gênero humano
o Dessa forma, a versão em português lembra a base física e material da existência humana e sua condição para o desenvolvimento dos nossos outros atributos, isto é, para o progresso em geral
o Em outras palavras, a versão em português aproxima-se com grande clareza da fórmula político-moral do Positivismo, que é o “Viver para outrem”
§ O “viver para outrem” significa que devemos orientar nossas vidas para o bem comum (“para outrem”), mas que, para isso, temos que cuidar de nossa saúde (“viver”)
- É interessante comparar o “Salut et Fraternité” e o “Saúde e Fraternidade” com suas versões em espanhol, italiano e inglês
o Em espanhol essa fórmula foi empregada também no sentido em português, ou seja, como “Salud y Fraternidad”
o Em italiano, as palavras para “saudações” e “saúde” são extremamente parecidas: “saluti” (saudações) e “salute” (saúde)
§ Assim, em termos fonéticos, o italiano permite preservar a feliz ambigüidade da fórmula: “Saluti e fraternità”
o Em inglês a fórmula difere bastante: “Salut et Fraternité” vira “Greetings and Fraternity”, “Saúde e Fraternidade” vira “Health and Fraternity”
- Por fim, vale notar que em 1890 (não por acaso, logo após a Proclamação da República) Miguel Lemos viu-se obrigado a defender a versão brasileira dessa fórmula, contra os adversários da República que se apresentavam como puristas lingüísticos
o Essa defesa foi feita no opúsculo “A fórmula: Saúde i Fraternidade”, n. 103 da série da Igreja Positivista
o Além disso, Miguel Lemos observa que o original francês Salut et Fraternité, desde a eclosão da Revolução Francesa, sempre foi traduzido em português (Brasil e Portugal) e em espanhol como “Saúde e Fraternidade”
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Sobre o relativismo histórico e
destruição/remoção de estátuas
- Em maio de 2020 o cidadão estadunidense George Floyd foi assassinado por policiais, na cidade de Minneapolis
o Na detestável situação racial dos Estados Unidos, George Floyd era negro e seus policiais, brancos
o A barbaridade do ato – o homem foi morto asfixiado, com o joelho de um dos policiais sobre seu pescoço durante quase dez minutos – foi imediatamente interpretada também, e principalmente, como uma atitude racista da polícia
o As reações a essa morte foram variadas: além das manifestações de pesar pela morte do homem, também houve uma forte campanha contra o racismo em geral e contra o racismo nas polícias – e, para o que nos interessa, curiosamente se desenvolveu uma campanha contra estátuas e nomes de logradouros e instituições homenageando figuras consideradas “polêmicas”, como Cristóvão Colombo[1], Winston Churchill[2] e Woodrow Wilson[3], além de estátuas e nomes de figuras mais diretamente associadas à degradação da África, do comércio escravista e da escravidão[4]
-
Antes de mais nada, é importante dizermos com
clareza: como positivistas, rejeitamos
radicalmente toda forma de racismo
o Assim, concordamos com o repúdio à barbaridade do ato que resultou na morte de George Floyd, cujo elemento racista ficou mais ou menos claro
o Também é importante notar que a situação própria aos Estados Unidos – com sua divisão radical entre “brancos” e “negros” (ou seja, entre descendentes de anglossaxões e descendentes dos africanos) e seu princípio de “one-drop rule”[5] – é uma situação específica dos Estados Unidos a partir de concepções racistas de pureza de raça e que, portanto, não é e não pode ser parâmetro para as chamadas relações étnicas
§ Pessoalmente, consideramos que, ao contrário do que se estabeleceu como política oficial no Brasil nos últimos dez ou 15 anos, somos a favor da mestiçagem, do reconhecimento dos mulatos, da mistura entre os grupos sociais brasileiros – e contra a estapafúrdia, forçada e violenta divisão social entre “brancos” e “negros” que se vem operando no país
- Referi-me ao caso George Floyd porque ele tem que ser comentado e porque ele ensejou as manifestações contra estátuas e nomes de logradouros e instituições, que é o que nos interessa aqui
o Entretanto, a relação entre o caso George Floyd e as manifestações contra estátuas e logradouros é um tanto indireta
o As estátuas e os logradouros criticados foram percebidos como homenageando racistas, colonialistas, imperialistas; por exemplo, além dos já citados Colombo, Churchill e W. Wilson, também foram objeto de repúdio público monumentos e homenagens a generais que lutaram pelo Sul escravista (Robert Lee[6]) e traficantes de escravos
§ Ou seja: a indignação moral contra o crime de racismo foi transferida para homenagens públicas a personagens ligadas ou percebidas como ligadas ao racismo
o Isso tudo exige reflexão cuidadosa, envolvendo pelo menos dois aspectos: o culto público e o relativismo histórico
- Comecemos com o culto público:
o Por definição, seu objetivo é criar sentimentos, valores e idéias compartilhadas entre os membros de uma pátria – ou melhor, de u’a mátria – e da Humanidade; trata-se de “co-memorar”, isto é, de “lembrar em conjunto”
o Estátuas, logradouros, instituições têm nomes e rostos definidos porque correspondem àqueles indivíduos cuja ação foi particularmente meritória para a coletividade nacional e/ou universal, em um ou mais âmbitos da existência humana
o Na maioria das vezes, essas homenagens são feitas a partir dos valores prevalecentes em um determinado contexto social:
§ Por exemplo, quando foi proclamada a República no Brasil, inúmeros logradouros tiveram os nomes modificados, de modo a homenagear o novo regime e deixar para trás a monarquia
§ Mas há homenagens mais amplas em termos de tempo e espaço, como o provam as estátuas de Cristóvão Colombo
- A Religião da Humanidade estabelece um duplo sistema de comemoração pública, indicado pelos dois calendários históricos
o O calendário tem como objetivo primordial celebrar valores em comum, em caráter cíclico; a isso se soma o aspecto pragmático, de organização do tempo
o A comemoração básica no âmbito do culto público positivista ocorre com o nosso chamado calendário abstrato, que apresenta as 13 funções sociológicas, históricas e político-morais da Humanidade (Humanidade, Casamento, Paternidade, Filiação, Fraternidade, Domesticidade, Fetichismo, Politeísmo, Monoteísmo, Mulher, Sacerdócio, Patriciado, Proletariado)
§ O calendário abstrato lembra-nos dos elementos estáticos, da evolução dinâmica e da constituição normal da Humanidade
§ Mas é um calendário abstrato, cuja função básica não é se referir a ninguém em particular (apesar de que, em vários casos, isso seja inevitável)
o Para complementar o calendário abstrato, indicando a evolução humana (em particular a própria ao Ocidente) e – isto é fundamental – suscitando o espírito de relativismo histórico, há o chamado calendário concreto
§ O calendário concreto apresenta os principais agentes da evolução humana em termos históricos: Moisés, Homero, Aristóteles, Arquimedes, César, São Paulo, Carlos Magno, Dante, Gutenberg, Shakespeare, Descartes, Frederico II, Bichat
§ Ao indicar agentes concretos, o calendário histórico permite-nos pelo menos efetivamente refletir (1) a respeito da responsabilidade individual (2) em face da coletividade e dos destinos humanos e (3) considerar as limitações e as possibilidades de cada qual; assim, mais que o calendário abstrato, o calendário concreto permite-nos (4) desenvolver o sentido de relativismo histórico
o Em ambos os casos dos calendários positivistas, o objetivo é lembrar-nos a todos de que o ser humano é antes de mais nada (1) produto da continuidade (ou seja, da evolução histórica) e que, cada qual em sua mátria, (2) também somos todos filhos da Humanidade
§ Em outras palavras, dois dos mais importantes objetivos dos calendários são combater o “presentismo” e o paroquialismo
§ É importante reforçar: o culto público, afirmando a continuidade histórica e a perspectiva humana geral, estimula o relativismo histórico; em contraposição, embora por si sós não impliquem absolutismo, o fato é que tanto o presentismo quanto o paroquialismo com freqüência andam de braços dados com o absolutismo filosófico e moral
· As remoções das estátuas, nos EUA, na Inglaterra e alhures, embora motivadas por bons sentimentos, caracterizam-se por um forte absolutismo moral
- Passemos ao relativismo histórico:
o Para a Religião da Humanidade, o relativismo não equivale ao “qualquer coisa está valendo”, ou “tudo é igual a tudo e tudo vale a mesma coisa”, isto é, ao arbitrário e à ausência de parâmetros
§ Apesar de sua puerilidade e sua superficialidade, esse sentido de arbitrário para o “relativo” é o mais comum nos dias atuais, mesmo entre pensadores profissionais
o O relativismo consiste na percepção de que nossos conceitos e nossas ações têm que se referir, sempre e necessariamente, ao ser humano; em conseqüência disso, o relativismo estabelece que não é possível adotarmos parâmetros alheios ao ser humano e supostamente válidos por si sós
o No que se refere à história, o relativismo evidencia que diferentes épocas e diferentes lugares têm diferentes concepções sobre o que é bom, verdadeiro e belo
o No âmbito da Religião da Humanidade, essa concepção básica do relativismo é complementada pela evidência de que o ser humano é mesmo um ser histórico, ou seja, que é ao longo do tempo e cumulativamente que ele desenvolve seus atributos
o Dessa forma, concepções que hoje consideramos boas com freqüência exigiram para sua constituição que, antes, concepções consideradas ruins vigessem durante muito tempo
§ Dois exemplos banais mas muito claros: (1) se hoje consideramos que a guerra por definição é um crime contra a Humanidade, isso só é possível porque durante quase toda a existência humana a guerra foi percebida como conatural ao ser humano e, embora origem de tragédias, também era a fonte de grandes virtudes; (2) se hoje consideramos que a escravidão é um crime contra a Humanidade (e que o trabalho dignifica o homem), milênios atrás considerávamos que a escravidão também era conatural ao ser humano e que o trabalho era fonte de degradação: deveríamos desprezar Aristóteles porque, para ele, os bárbaros eram naturalmente escravos e escravizáveis?
o Aplicando o relativismo histórico aos nossos conceitos morais, o resultado é que, sem abrir mão de nossos valores atuais, devemos ter clareza de que com freqüência estes nossos valores não eram os valores de nossos antepassados (e vice-versa)
§ Em outras palavras, há que se considerar e respeitar a fase histórica de cada figura que consideramos: não podemos desprezar ou rejeitar essas figuras históricas apenas porque seus valores não eram os nossos
§ Embora o absolutismo moral rejeite a aplicação dessa regra para o Ocidente contemporâneo, ela é seguida em todos os casos que não se referem diretamente à sociedade ocidental: por exemplo, julga-se que se deve respeitar os usos e costumes dos índios; os usos e costumes dos países muçulmanos ortodoxos etc.
o Um outro aspecto que se evidencia quando aplicamos o relativismo histórico é a respeito dos vários âmbitos da existência e da atuação humana
§ Como afirmava Augusto Comte, se a natureza humana é tríplice (afetiva, intelectual e prática), as ações dos indivíduos podem dar-se em vários âmbitos (artístico, filosófico, científico, político, econômico etc.)
§ Essa observação é em si mesma banal, mas serve para lembrarmo-nos de que se uma figura é homenageada, ela é homenageada devido à sua atuação em um determinado âmbito e não necessariamente em outros âmbitos (que, não raras vezes, são desconsiderados e/ou desprezados): Francis Bacon foi um dos mais importantes filósofos, mas em termos políticos considera-se que ele era um escroque
- Reunindo todos esses elementos, o que podemos concluir é o seguinte:
o Sempre haverá, e sempre deve haver, homenagens públicas a figuras que julgamos relevantes
§ A relevância que atribuímos às figuras homenageadas baseia-se nos valores prevalecentes em uma determinada época e considera aspectos específicos da atuação humana
o Diferentes contextos estimulam que homenageemos algumas figuras em detrimento de outras – o que, em determinadas situações, justifica a mudança de nomes de logradouros, de estátuas etc.
o Entretanto, devemos ter com enorme clareza em nossos espíritos não somente os valores que dizemos professar em um determinado momento, mas também que o ser humano é um ser histórico, que ele constitui-se a partir da continuidade humana e que muitos valores importantes hoje só são importantes porque, em muitos casos, valores opostos foram importantes antes
o Assim, embora devamos afirmar os nossos valores atuais, a afirmação do relativismo histórico exige que entendamos e contextualizemos os valores de nossos antepassados
§ Além disso, adicionalmente temos que lembrar que as homenagens referem-se com freqüência a aspectos específicos da existência humana e não à totalidade das ações dos homenageados
o Nos casos concretos que citamos:
§ As retiradas das estátuas de Colombo parecem-me profundamente equivocadas: ele é homenageado por ter-se arriscado a realizar a circum-navegação do globo terrestre, integrando toda a Humanidade; por outro lado, ele não teve culpa pelo trágico destino dos ameríndios
§ Da mesma forma, parece-me um erro a retirada das estátuas de Churchill: embora ele fosse imperialista, as homenagens que ele recebe são devidas à sua fundamental atuação na II Guerra Mundial, em que ele garantiu a resistência ocidental contra o nazismo
§ A Escola de Relações Internacionais da Universidade de Princeton, ao tirar de seu nome a referência a W. Wilson, comete o mesmo erro que a respeito de Churchill: um instituto de RI homenageia o pensador idealista e o criador da Liga das Nações, não o político racista do Sul dos Estados Unidos
§ As estátuas de traficantes de escravos não merecem maior respeito
- Por fim, vale notar que deixar de homenagear alguém com estátuas não é o mesmo que se esquecer dessa pessoa nem do que ela representou antes, mesmo que com um caráter negativo: por exemplo, em Moscou há o Parque das Estátuas Caídas, que, como um museu a céu aberto, lembra o culto à personalidade da época soviética
[1] A cidade de Chicago decidiu remover uma estátua de Colombo: https://www.reuters.com/article/eua-chicago-colombo-estatuas-idBRKCN24P21S-OBRWD (22.8.2023).
[2] Uma estátua de Churchill em Londres foi pichada e teve que ser protegida para não sofrer maiores depredações: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/06/londres-blinda-estatua-de-winston-churchill-para-evitar-ataques.shtml (22.8.2023).
[3] A Universidade de Princeton retirou do nome da sua Escola de Assuntos Públicos e Internacionais a referência a Woodrow Wilson: https://www.dn.pt/mundo/universidade-de-princeton-remove-nome-de-woodrow-wilson-da-escola-devido-a-politicas-racistas-12361622.html (22.8.2023).
[4] Ainda em Londres, estátuas do rei belga Leopoldo II e do comerciante escravista Robert Milligan foram retiradas: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/06/londres-blinda-estatua-de-winston-churchill-para-evitar-ataques.shtml (22.8.2023).
[5] A “one-drop rule” (“regra da gota única”) estabelece que, por mais que um indivíduo tenha um fenótipo (isto é, feições) “brancas”, caso ele tenha pelo menos uma única gota de sangue “negro”, ele será “negro”, isto é, será considerado e tratado como “negro”. O ideal de pureza racial (“branca”) é evidente nessa regra, bem como a discriminação racial contra os “negros”.
[6] A cidade de Charlottesville removeu uma enorme estátua eqüestre de Robert Lee e outra de Thomas Jackson: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-07-11/estatua-de-robert-lee-e-retirada-em-charlottesville-quatro-anos-depois-da-revolta-dos-supremacistas.html (22.8.2022). Como nota o autor dessa matéria jornalística, essas estátuas, especificamente nessa cidade, vinculam-se de maneira particularmente dramática ao racismo supremacista branco, o que, sem dúvida, foi um motivo adicional para sua retirada.
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