19 março 2025

Sobre a proteção dos ricos e poderosos ao sacerdócio

No dia 21 de Aristóteles de 171 (18.3.2025) realizamos nossa prédica positiva, dando continuidade à leitura comentada do Apelo aos conservadores (em particular, iniciando a Primeira Parte - "Doutrina apropriada aos verdadeiros conservadores").

Na parte do sermão começamos a leitura de uma carta filosófica de Augusto Comte a John Stuart Mill, datada de 18 de dezembro de 1845, em que aborda a obrigação moral e social dos patrícios de sustentarem materialmente o sacerdócio. (Inicialmente tínhamos a pretensão de ler toda essa carta; mas como ela é longa, com nove páginas, tivemos que dividir essa leitura entre duas prédicas.)


As anotações que serviram de base para a exposição oral encontram-se reproduzidas abaixo.

*   *   *


A proteção patrícia ao sacerdócio

(21 de Aristóteles de 171/18.3.2025) 

1.       Abertura

2.       Exortações iniciais

2.1.    Sejamos altruístas!

2.2.    Façamos orações!

2.3.    Como somos uma igreja, ministramos os sacramentos: quem tiver interesse, entre em contato conosco!

2.4.    Precisamos de sua ajuda; há várias maneiras para isso:

2.4.1. Divulgação, arte, edição de vídeos e livros! Entre em contato conosco!

2.4.2. Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

3.       Datas e celebrações:

3.1.    Dia 23 de Aristóteles (20.3): início do outono

4.       Ultrapassamos a marca de 500.000 visitas no blogue Filosofia Social e Positivismo (https://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com/) em 21 de Aristóteles de 171 – ou seja, hoje!

4.1.    As outras marcas foram atingidas nas seguintes datas:

4.1.1. 400.000 visitas: 16 de São Paulo de 169 (5.6.2023)

4.1.2. 300.000 visitas: 7 de Dante de 165 (22.7.2019)

4.1.3. 200.000 visitas: 27 de Aristóteles de 163 (24.3.2017)

4.1.4. 100.000 visitas: 8 de Dante de 161 (23.7.2015)

4.1.5. Criação em 4 de janeiro de 2007

5.       Leitura comentada do Apelo aos conservadores

5.1.    Antes de mais nada, devemos recordar algumas considerações sobre o Apelo:

5.1.1. O Apelo é um manifesto político e dirige-se não a quaisquer pessoas ou grupos, mas a um grupo específico: são os líderes políticos e industriais que tendem para a defesa da ordem (e que tendem para a defesa da ordem até mesmo devido à sua atuação como líderes políticos e industriais), mas que, ao mesmo tempo, reconhecem a necessidade do progresso (a começar pela república): são esses os “conservadores” a que Augusto Comte apela

5.1.1.1.             O Apelo, portanto, adota uma linguagem e um formato adequados ao público a que se dirige

5.1.1.2.             Empregamos a expressão “líderes industriais” no lugar de “líderes econômicos”, por ser mais específica e mais adequada ao Positivismo: a “sociedade industrial” não se refere às manufaturas, mas à atividade pacífica, construtiva, colaborativa, oposta à guerra

5.1.2. A religião estabelece parâmetros morais, intelectuais e práticos para a existência humana e, portanto, orienta a política, estabelece as suas metas, as suas possibilidades e os seus limites

5.2.    Uma versão digitalizada da tradução brasileira desse livro, feita por Miguel Lemos e publicada em 1899, está disponível no Internet Archive: https://archive.org/details/augustocomteapeloaosconservadores

5.3.    Passemos, então, à leitura comentada do Apelo aos conservadores!

6.       Sermão: a proteção patrícia ao sacerdócio

6.1.    Em uma carta a John Stuart Mill, do final de 1845, Augusto Comte faz um balanço semiprivado das relações políticas, sociais, filosóficas e morais entre o patriciado e o sacerdócio

6.1.1. Dizemos “balanço semiprivado” porque era uma carta pessoal de nosso mestre a Stuart Mill, que ele (nosso mestre) autorizou a divulgar conforme o destinatário julgasse adequado, sem a tornar totalmente pública

6.2.    A tradução que leremos é de Raimundo Teixeira Mendes, presente em O ano sem par, entre as páginas 567 e 579

6.2.1. Um primeiro volume da correspondência de Augusto Comte a John Stuart Mill foi publicado em 1877, sob o título Lettres d’Auguste Comte à John Stuart Mill – 1841-1846. Com 462 páginas, esse volume contém 45 cartas e quatro anexos. A carta abaixo corresponde à de n. XL desse volume, publicada entre as páginas 374 e 392; foi a partir dessa edição que Teixeira Mendes traduziu o texto abaixo. Já na coletânea da correspondência completa de Augusto Comte, organizada por Paulo Berredo Carneiro e Pierre Arnaud, a carta abaixo está no volume III, dedicado ao período entre abril de 1845 e abril de 1846 (o “ano sem par”), entre as páginas 238 e 248; no conjunto do epistolário comtiano, ela corresponde à missiva CCCLXVI.

6.3.    O que importa nessa carta?

6.3.1. Essa missiva apresenta, como é característico do Positivismo, inúmeros temas e aspectos estreitamente vinculados entre si, ainda que alguns sejam apenas citados enquanto outros sejam longamente desenvolvidos

6.3.2. O tema principal é a apreciação de nosso mestre a respeito do apoio, falho, do patriciado em favor do sacerdócio positivo

6.3.2.1.             O patriciado, como notamos há pouco, são os líderes políticos e industriais, ou seja, são os responsáveis pela gestão do poder e da riqueza

6.3.2.2.             A crítica principal de Augusto Comte é em relação ao patriciado inglês, que habitualmente era mais liberal e mais pródigo em protetorados desse tipo

6.3.2.3.             Mas, de qualquer maneira, a idéia principal aí é que o patriciado tem o dever – moral, pelo menos – de sustentar, de apoiar, o sacerdócio

6.3.3. Augusto Comte sugere aí um tema que foi desenvolvido mais tarde em diversas ocasiões: o patriciado como uma “cavalaria industrial”

6.3.3.1.             A noção de “cavalaria industrial” à primeira vista dá a impressão de que se trata de nostalgia pela Idade Média, mas é muito superior a uma tolice dessas

6.3.3.2.             A cavalaria medieval era constituída por militares em uma sociedade guerreira, violenta e “machista”; esses militares decidiam de vontade própria limitarem sua violência e, em vez de serem prepotentes, atuarem em defesa dos fracos e dos subordinados; além disso, submetiam-se ao protetorado moral das mulheres

6.3.3.3.             Isso não teve efeitos sistêmicos de grande envergadura, mas foi bastante grande para difundir-se e, além disso, produziu exemplos duradouros

6.3.3.4.             A cavalaria industrial, portanto, é a idéia de uma corporação de líderes industriais que promovam o exemplo e a prática do que se chama atualmente de “responsabilidade social” – entendendo que a responsabilidade social não é pelo lucro, mas pelo bem-estar público

6.3.3.5.             A responsabilidade social do patriciado, a ser estimulada e exemplificada pela cavalaria industrial, não impede nem substitui medidas políticas: entretanto, o Positivismo sempre afirmou que tais medidas políticas só podem vir depois das mudanças de sentimentos e de idéias (em caso contrário, as medidas políticas serão autoritárias, superficiais e efêmeras)

6.3.3.5.1.                   De modo geral, as filosofias políticas da nossa época desprezam as mudanças morais (como no caso do marxismo e do liberalismo) ou querem que essas mudanças aconteçam juntamente ou após as mudanças políticas (como o socialismo comum e a democracia); o catolicismo com freqüência deseja apenas as mudanças morais

6.4.    Outros aspectos expostos ou desenvolvidos na carta:

6.4.1. Afirmação dos deveres sociais e morais

6.4.2. Afirmação da necessidade de o patriciado manter materialmente, de maneira direta e indireta, o sacerdócio

6.4.3. Afirmação de que, como a riqueza é produzida sempre socialmente, ela deve necessariamente ter uma destinação social

6.4.4. Caracterização do comunismo e da possibilidade de revolução se e quando os patrícios não cumprem suas responsabilidades sociais

6.4.5. Afirmação da responsabilidade social e da noção de que os detentores do capital não são “donos” do capital, mas seus gestores; a riqueza é uma função, não uma condição

6.4.6. Crítica à divisão absoluta entre o público e o privado

6.4.7. Afirmação do caráter complementar e sucessivo das medidas morais e políticas para regulação social

6.4.8. Forte denúncia da mesquinhez acadêmica

6.4.9. Afirmação do dever – moralmente banal, mas importantíssimo em termos práticos – de o Estado defender seus servidores

6.4.10.   Argumento a favor da estabilidade dos servidores públicos

6.5.    A situação específica que motivou toda essa reflexão foram as sucessivas manobras acadêmicas, políticas e administrativas feitas na Escola Politécnica, entre 1840 e 1852, para impedir que Augusto Comte assumisse o cargo de professor efetivo de lá e, depois, para demiti-lo de suas funções subalternas (repetidor e examinador de admissão)

6.5.1. Essas manobras mantiveram Augusto Comte com salários baixíssimos e, cada vez mais, à sombra da miséria e da fome

6.6.    Passemos, então, à leitura da carta!

7.       Exortações finais

7.1.    Sejamos altruístas!

7.2.    Façamos orações!

7.3.    Como somos uma igreja, ministramos os sacramentos: quem tiver interesse, entre em contato conosco!

7.4.    Precisamos de sua ajuda; há várias maneiras para isso:

7.4.1. Divulgação, arte, edição de vídeos e livros! Entre em contato conosco!

7.4.2. Façam o Pix da Positividade! (Chave pix: ApostoladoPositivista@gmail.com)

8.       Término da prédica

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