O que significa a palavra “positivo”?
-
Na prédica do dia 2 de Aristóteles de 170
(27.2.2024) procuramos responder de maneira elementar à questão: “o
que é o espírito positivo?”
o Na
ocasião apresentamos características gerais do espírito positivo em si; para
isso, fizemos referência à palavra “positivo”, cujos sentidos definidos por
Augusto Comte apenas citamos, sem nos estender a respeito
o Então,
aproveitaremos esta prédica para tratar especificamente da palavra “positivo”,
comentando com algum vagar cada um dos seus sentidos
§ Também
faremos algumas observações adicionais sobre a palavra “positivo” e sobre um
certo emprego cotidiano de espírito positivo
o Um
aspecto que de modo geral é bastante claro no Positivismo e que se tornará
muito evidente ao tratarmos da expressão “positivo” é a ambigüidade (ou
polissemia) intencional de muitas palavras empregadas por Augusto Comte
§ Essa
polissemia constitui a riqueza do Positivismo e permite também o que Angèle
Kremer-Marietti chamou de “método
caleidoscópico” para entender o Positivismo
-
Esta prédica terá duas partes um pouco
distintas, que mantêm relação entre si, mas não são decorrentes uma outra:
o Inicialmente
trataremos mesmo da palavra “positivo”;
o Em
seguida abordaremos dois outros temas que valem a pena citar por si sós, mas
que guardam uma relação um pouco indireta com o tema principal desta prédica:
§ Buscar
a “positividade” em vez de apenas o Positivismo
§ Um
processo administrativo que busca(va) a propriedade intelectual da palavra
“positivo” no Brasil
-
Comecemos notando que a expressão “conhecimento
positivo” foi inicialmente utilizada por Francis Bacon (1561-1626) – por
exemplo, em seu Novum Organon (1620)
–, referindo-se precisamente aos conhecimentos positivos, no sentido amplo de
“real”, “certo”
-
Dito isso, Augusto Comte tratou dos sentidos da
palavra “positivo” em pelo menos duas ocasiões: no Discurso
sobre o espírito positivo (1844) e, depois, no Apelo
aos conservadores (1855)
o Embora
seja uma definição posterior, começaremos pela do Apelo, por ser mais completa e mais “canônica”
-
Eis o trecho em que Augusto Comte apresenta no Apelo (p. 25) os sentidos da palavra
“positivo”:
“A
nova síntese pode ser previamente caracterizada mediante uma suficiente
combinação entre as sete qualificações irrevogavelmente condensadas sob o
título positivo, que de hoje em
diante significa ao mesmo tempo real,
útil, certo, preciso, orgânico, relativo e mesmo simpático.
Comparando-se especialmente cada uma delas com a seguinte, o primeiro par
indica as condições fundamentais, o segundo os atributos intelectuais e o
terceiro as propriedades sociais da doutrina universal; a sucessão delas conduz
a assinalar a fonte moral dessa doutrina pela acepção final”.
-
Antes de tratarmos dos sentidos específicos da
palavra “positivo”, é importante lembrarmos que eles não são apenas
intelectuais, ou melhor, não são
intelectualistas
o A
palavra positivo refere-se às nossas
concepções quaisquer, que servem para esclarecer
os sentimentos e orientar as atividades práticas (conforme, por exemplo, a
máxima “agir por afeição e pensar para agir”)
-
Comparando cada sentido com seu sentido oposto,
podemos organizar o parágrafo acima neste quadro:
N. |
Acepção |
Opõe-se a |
Estatuto teórico |
1.
|
Real |
Irreal (fictício) |
Condições fundamentais |
2.
|
Útil |
Inútil |
|
3.
|
Certo |
Incerto |
Atributos intelectuais |
4.
|
Preciso |
Vago |
|
5.
|
Relativo |
Absoluto |
Propriedades sociais |
6.
|
Orgânico |
Crítico |
|
7.
|
Simpático |
Antipático (ou egoísta) |
Fonte moral |
FONTE: o autor, a partir de Comte (1899, p. 25-28).
-
Essa seqüência é a que se constituiu do ponto de
vista histórico; mas, como toda classificação positiva, ela pode ser lida tanto
de baixo para cima (da realidade para a simpatia) quanto de cima para baixo (da
simpatia para a realidade):
“As
sete acepções do termo fundamental da sã filosofia [positivo] são de tal
maneira solidárias que a sucessão delas poderia igualmente ser instituída
conjugando cada uma com a precedente para terminar na primeira, posto que a
marcha que acabo de seguir seja historicamente preferível” (p. 27-28)
-
A organização dos sentidos em pares corresponde
à prescrição de Augusto Comte de raciocinar, sempre que possível, a partir de
oposições duais
o O
par fundamental é real e útil; são duas condições que fundam os sentidos mas
que se completam: ou melhor, a segunda limita
a primeira:
§ O
real corresponde ao que existe efetivamente ou ao que se baseia na realidade; é
um atributo ao mesmo tempo intelectual e prático
·
O real opõe-se ao irreal, ou ao quimérico
§ O
útil delimita o âmbito do real àquilo que pode servir para o melhoramento das condições
do ser humano; é um atributo acima de tudo prático, embora evidentemente tenha
aspectos intelectuais e até afetivos
·
O útil opõe-se ao inútil, ou ao ocioso
·
Evidentemente, o critério fundamental da
utilidade é a utilidade social, ou
seja, as melhorias que podem surgir para a sociedade
·
Essas melhorias são, pela ordem de facilidade
decrescente e de importância/dignidade crescente: materiais, físicas
(biológicas), intelectuais e acima de tudo morais
§ Eis
o que Augusto Comte comenta a respeito da utilidade (p. 26):
“Mas,
no estado normal, a utilidade deve sempre completar a prescrição fundamental,
pois que a maioria das pesquisas verdadeiramente acessíveis são essencialmente
ociosas. A filosofia prática adiantou-se, sob esse aspecto, à filosofia
teórica; porque a condição inicial achando-se aí espontaneamente preenchida, a
atenção teve que concentrar-se sobre a outra, que não podia ser abstratamente
apreciada antes de nossa plena madureza”
§ Em
uma abordagem inicial podemos entender a utilidade como um critério restritivo da realidade, que se vê,
assim, limitada; mas os desenvolvimentos posteriores do Positivismo – em
particular, os da Síntese subjetiva (1856)
– orientam esses parâmetros para direções um pouco diferentes:
·
Devemos insistir que a utilidade afirmada aqui é
a utilidade social; dessa forma, mais
que restringir a realidade, a utilidade
estimula diretamente o altruísmo, ao orientar as concepções quaisquer para
o servir aos outros
·
Da mesma forma, a realidade não deve ser entendida como um critério restritivo: as
concepções humanas devem respeitar a realidade, embora não necessariamente se
aferrar a ela: o que mais importa é que as concepções não desrespeitem a
realidade
o Nesses
termos, a utilidade pode – e deve – inspirar concepções que auxiliam o ser
humano, que não são em si mesmas “reais” (isto é, existentes), mas que, em seu
caráter imaginativo, não desrespeitam a realidade
·
A
definição de “lógica positiva” segue precisamente esses parâmetros
ampliados:
“Para
caracterizar a lógica relativa que convém à síntese subjetiva, é preciso
comparar a sua definição normal com o esboço que formulei, seis anos atrás, na
introdução da minha obra principal [Sistema de política positiva]. Guiado pelo
coração, eu já ali proclamei e mesmo sistematizei a influência teórica do
sentimento. Uma apreciação mais completa fez-me também consagrar, no mesmo
lugar, o ofício fundamental das imagens nas especulações quaisquer. Sob este
duplo aspecto, o referido esboço foi satisfatório pois abraçou o conjunto dos
meios lógicos, retificando a redução que deles fazia a metafísica que só
empregava os sinais. Toda a imperfeição desse esboço consiste em que o destino
de tais meios achou-se excessivamente restrito, por não me haver eu desprendido
bastante dos hábitos científicos. Parece, por essa definição, que a verdadeira
lógica limita-se a desvendar-nos as verdades que nos convêm, como se o domínio
fictício não existisse para nós, ou não comportasse nenhuma regra. Nós devemos
sistematizar tanto a conjectura quanto a demonstração, votando todas as nossas
forças intelectuais, bem com as nossas forças quaisquer, ao serviço continuo da
sociabilidade, única fonte da verdadeira unidade.
Reconstruída
convenientemente, a definição da lógica, incidentemente formulada na página 448
do tomo primeiro da minha Política positiva, exige duas retificações conexas,
não no que se refere aos meios mas sim no que se refere ao objetivo. Deve-se
substituir nela desvendar as verdades por inspirar as concepções, para
caracterizar a natureza essencialmente subjetiva das construções intelectuais,
e a extensão total do seu domínio, não menos interior do que exterior. Com esta
dupla retificação, a minha fórmula inicial torna-se plenamente suficiente.
Então somos finalmente conduzidos a definir a lógica: O concurso normal dos
sentimentos, das imagens, e dos sinais, para inspirar-nos as concepções que
convêm às nossas necessidades morais, intelectuais e físicas. Não obstante, esta
definição exige duas explicações conexas, a primeira relativa aos meios que ela
indica, a segunda relativa ao fim que assinala” (Síntese
subjetiva, p. 26).
·
Uma aplicação prática dessas concepções
ampliadas de realidade e utilidade no âmbito da lógica positiva corresponde à Trindade
Positiva: são concepções úteis, imaginativas e que não desrespeitam a realidade
o O
segundo par corresponde aos “atributos intelectuais”: certeza e precisão
§ Como
vimos no sentido geral que Francis Bacon atribuiu à palavra “positivo”, além da
realidade, ele entendia-a como significando “certa”
§ A
certeza e a precisão muitas vezes são confundidas, mas a primeira é mais
importante que a segunda
·
Um exemplo simples esclarece a diferença: todos
temos certeza de que morreremos algum dia, mas não temos precisão de quando
isso ocorrerá
§ Assim,
a certeza opõe-se à incerteza, ou à vagueza
§ A
precisão opõe-se à imprecisão
o Os
sentidos quinto e sexto constituem as “propriedades sociais” da palavra
“positivo”: são o relativo e o orgânico
§ Na
verdade, bem vistas as coisas, esses dois sentidos são não apenas sociais, mas
são também intelectuais e morais
§ O
relativo opõe-se a absoluto; ele indica por um lado que o ser humano constitui-se
por meio de relações e, por outro lado, que só conhecemos o que é relativo (ou
seja, relacional)
·
O relativismo é um atributo exclusivo da
positividade e do conhecimento positivo
§ O
orgânico opõe-se ao que é crítico ou destruidor
·
O aspecto orgânico, ou construtivo, da
positividade era implícito quando da constituição das ciências inferiores; mas
a partir do momento em que a Sociologia e a Moral passaram a estar em questão,
esse atributo (organicidade) teve que se manifestar de maneira explícita (e até
militante)
·
Embora a teologia possa ter uma ação
destruidora, a organicidade opõe-se mais claramente à metafísica
·
Vejamos o que Augusto Comte diz a respeito
desses dois atributos (p. 26-27):
“Antes
de sua extensão decisiva aos fenômenos sociais, o espírito positivo se havia
sempre mostrado profundamente orgânico; aspirando por toda parte a construir,
ele não afastou as causas senão substituindo-lhes as leis, sem desenvolver, em
caso algum, um caráter diretamente crítico. Mas esta aptidão manifestou-se sobretudo
desde que ele se apoderou de seu principal domínio, reparando as devastações
que a impotência teológica e a discussão metafísica tinham gradualmente
infligido ao conjunto das noções sociais. O caráter relativo, por toda parte
inerente à sua tendência orgânica, teve que prevalecer especialmente em sua
construção da filosofia da história, necessariamente incompatível com a
natureza absoluta da antiga síntese”.
o O
último sentido é o simpático; ele opõe-se a antipático, a egoísta, a
estritamente racionalista
§ A
simpatia é o aspecto-síntese de todos os atributos e indica a fonte e a
destinação morais do Positivismo
§ Como
indicamos acima, a seqüência dos sete atributos pode ser lido de baixo para
cima (da realidade para a simpatia), conforme o critério histórico, quando de
cima para baixo (da simpatia para a realidade) conforme o critério moral
§ Vejamos
o que Augusto Comte diz a respeito da simpatia (p. 27-28):
“A
conexidade íntima destas duas propriedades [organicidade e relativismo] permite
apreciar como é que elas se ligam à qualidade final, única contestada hoje
pelos positivistas incompletos. Porquanto, é tão impossível ficarmos relativos
sem tornarmo-nos simpáticos, como ficarmos orgânicos sem tornarmo-nos
relativos, sobretudo a respeito do campo principal de nossas concepções, em que
só o amor nos dispõe a construir e nos permite apreciar. As sete acepções do
termo fundamental da sã filosofia [positivo] são de tal maneira solidárias que
a sucessão delas poderia igualmente ser instituída conjugando cada uma com a
precedente para terminar na primeira, posto que a marcha que acabo de seguir
seja historicamente preferível”
-
Antes dessa explicação, ele já esboçara uma
outra, um pouco menor (com seis
atributos) e um pouco diferente, no Discurso
sobre o espírito positivo (1844)
N. |
Acepção |
Opõe-se a |
1.
|
Real |
Irreal (fictício) |
2.
|
Útil |
Inútil |
3.
|
Certo |
Incerto |
4.
|
Preciso |
Vago |
5.
|
Construtivo |
Destrutivo (ou negativo) |
6.
|
Relativo |
Absoluto |
o As
duas diferenças entre a relação acima (de 1844) e a apresentada antes (de 1855)
são estas:
§ Em
1844 Augusto Comte empregava a palavra “construtivo” no lugar de “orgânico”
§ Em
1844 não havia menção à palavra “simpático”
·
É importante termos clareza de que a ausência da
simpatia na relação acima não
corresponde à ausência desse atributo nas concepções comtianas, como fica
extremamente claro no “Prefácio” que Paul Arbousse-Bastide escreveu para esse
livro[1]
·
Esse autor nota que desde o final da década de
1830, no curso oral de filosofia positiva e no curso de Astronomia popular,
Augusto Comte afirmava a base moral-afetiva da racionalidade humana
-
Agora que vimos os sentidos da palavra
“positivo”, ainda tratando um pouco dela, podemos mudar de âmbito de reflexão
o O
que nos interessa considerar agora não é exatamente uma aplicação prática e
específica da positividade, mas um comportamento que vale a pena ser estimulado
e que tem a ver com a positividade
o Enfim:
um hábito muito comum que costumamos adotar quando viramos positivistas:
procurar em livros, textos, notícias etc. referências a Augusto Comte, ao
Positivismo, à Religião da Humanidade
§ Não
há dúvida de que essa procura é importante por si só
§ Entretanto,
ela costuma esgotar-se em si mesma, isto é, na mera procura de referências a
nós
§ Além
de esgotar-se em si mesma, ela apresenta um aspecto negativo, no sentido de
que, caso o autor do documento não cite Augusto Comte (e/ou o Positivismo e/ou
a Religião da Humanidade) ou, no caso de citar, faça uma citação errada, uma
referência negativa etc., tal citação conduz a que tendamos a desconsiderar a
obra em questão
§ Essa
desconsideração não é injustificada, na medida em que o Positivismo estabelece
parâmetros morais, políticos e intelectuais de avaliação e, portanto, na medida
em que uma obra qualquer desconsidera ou despreza o Positivismo, o que essa
obra faz é desconsiderar ou desprezar esses parâmetros positivos de avaliação
§ Entretanto,
por outro lado, a despeito dos possíveis (e, com freqüência, efetivos) deméritos das obras que nos
criticam, o fato é que nós não podemos abrir mão dos nossos próprios parâmetros
de conduta e de sua aplicação, em particular o relativismo
o Dessa
forma, mais que procurar apenas o “Positivismo”, convém também, ou mais, procurar a positividade
§ A
procura da positividade e não só do “Positivismo” rende mais porque não se
limita a perguntas de sim/não (há ou não referências? Elas são corretas ou não?
Elas são favoráveis ou não?), mas, de maneira mais ampla, permite avaliar o
grau de aproximação conosco e, assim, permite estabelecer um diálogo – em
particular em obras que, mesmo que não nos citem, de diferentes maneiras
aproximam-se de nós
-
Para concluir esta prédica, uma última
observação sobre um emprego específico da palavra “positivo” no Brasil:
o No
Brasil as leis de propriedade intelectual permitem que palavras de uso comum
sejam registradas por empresas particulares
o Assim,
há alguns anos o grupo Positivo quis registrar para si as palavras “positivo” e
“positividade”
§ A
intenção dessa pretensão é explorar comercialmente a palavra e controlar o seu
uso público – em particular contra o Positivismo no Brasil
§ Evidentemente,
em tal pretensão, nós, positivistas, estaríamos impedidos de usar a palavra que
nos define em termos religiosos, filosóficos, políticos morais
§ A
pretensão do grupo Positivo estendia-se não apenas à palavra “positivo”, mas às
suas flexões e, por extensão, também a “positivismo”!
o É
necessário dizê-lo com todas as letras: evidentemente, embora isso seja
permitido pela lei, isso é um verdadeiro crime moral
o A
legislação brasileira deveria seguir o exemplo da de países como a Coréia do
Sul, que veda o registro comercial das palavras comuns, exigindo o emprego
comercial apenas de palavras “novas”, como “blu-ray” no lugar de “blue-ray”
-
Em suma:
o A palavra “positivo” tem sete sentidos, que
devem ser necessariamente conjugados para que ela faça sentido efetivo: real,
útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático
§ Isso indica a riqueza do Positivismo, por
meio de uma intensa polissemia
o No âmbito da positividade, uma aplicação
pequena mas importante é a substituição do hábito espontâneo de buscar
referências ao Positivismo, a A. Comte, à Religião da Humanidade pelo hábito de
procurar traços de positividade nas obras
§ É claro que tal substituição não se dá
negando os erros, as críticas, os problemas de quem nos cita (e cita errada
e/ou negativamente)
o A legislação comercial brasileira permite
que – contra o bem público e contra o Positivismo – palavras comuns tornem-se
propriedade intelectual de empresas privadas, que passam a controlar e a
explorar o seu uso
§ Entre essas palavras está “positivo”, que é
objeto da ambição do um grupo comercial
§ Embora seja legal, isso é totalmente imoral
§ Evidentemente, no que se refere a esse
aspecto, a legislação comercial brasileira é imoral e atenta contra os mais
elementares interesses universais e públicos
[1] ARBOUSSE-BASTIDE, Paul. 1990. A grande iniciação do proletariado. In: COMTE, Augusto. Discurso sobre o espírito positivo. São Paulo: M. Fontes.
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