Na postagem de 19.10.2023 intitulada "Sobre os calendários positivistas" (disponível aqui: https://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com/2023/10/sobre-os-calendarios-positivistas.html), retomamos e desenvolvemos as observações abaixo.
* * *
* * *
1)
Augusto
Comte criou dois calendários, o abstrato
e o concreto; ambos são históricos e
sociológicos.
a.
O
calendário abstrato visa diretamente ao culto, é plenamente universal e
organiza-se em termos de funções sociológicas estáticas e dinâmicas (Sistema de política positiva, v. IV, p.
137-154).
b.
O
calendário concreto (o mais conhecido) visa ao culto e à marcação do tempo, mas
também tem funções didáticas (Sistema de
política positiva, v. IV, p. 137-154, 398-399). Ele foi elaborado
basicamente para referir-se à evolução histórica do Ocidente (até a eclosão da
Revolução Francesa, em 14 de julho de 1789), devendo ampliar-se para toda a
Humanidade no futuro. Grosso modo,
ele representa a teocracia inicial e mais as três grandes fases da evolução
ocidental:
i. síntese absoluta
inicial na teocracia;
ii. a Antigüidade
(inteligência com Grécia; atividade prática com Roma);
iii. a Idade Média
(afetividade);
iv. a Modernidade (crise
própria à transição da teologia, da guerra e do absoluto para a positividade, o
pacifismo e o relativismo).
2)
Os
calendários que Augusto Comte elaborou são solares (e não lunares),
correspondentes aos dois movimentos da Terra: a volta ao redor de si mesma
(rotação) e a volta ao redor do Sol (translação), resultando em um ano de 365
dias (Sistema de política positiva,
v. IV, p. 131-137).
a.
Os
calendários são compostos por 13 meses, cada um com quatro semanas de sete dias;
um dia complementar é dedicado à Festa Universal dos Mortos; nos anos bissextos
mais um dia complementar é dedicado à Festa das Mulheres Santas.
b.
As
semanas dos calendários positivistas começam sempre na segunda-feira (lunedia,
como dizia Miguel Lemos) e terminam sempre aos domingos; o dia complementar e o
dia bissexto são “neutros”. Assim, por exemplo, a Festa da Humanidade, no dia
1º de Moisés, ocorre sempre em uma segunda-feira. Evidentemente, essa fixidez
não é compartilhada pelo calendário júlio-gregoriano, o que muitas vezes gera
confusão entre os dias das semanas.
3)
Augusto
Comte definiu duas contagens de tempo: uma correspondente à transição revolucionária e outra
correspondente à era normal (Sistema de política positiva, v. IV, p.
399-400).
a.
A
transição revolucionária começa com a eclosão da Revolução Francesa, em 1789;
essa contagem indica o quanto de tempo já se passou desde que teve início a
transição final em direção ao Positivismo. Assim, é uma contagem de tempo
relativo a uma fase transitória e crítica.
i. O ano de 2020 na
contagem júlio-gregoriana corresponde a 232 da transição revolucionária.
b.
A
era normal corresponde ao período em que o Positivismo já está plenamente
constituído como religião, ou seja, como regulação individual e coletiva das
forças humanas; assim, a era normal começa em 1855, após a publicação do volume
IV do Sistema de política positiva ou
tratado de Sociologia instituindo a Religião da Humanidade em 1854.
i. O ano de 2020 na
contagem júlio-gregoriana corresponde a 166 da era normal.
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