Por exemplo: hoje se comemora a gloriosa Proclamação da
República, em seus 130 anos.
O evento em si mesmo foi um avanço; a República é um regime
superior à monarquia. E, aliás, o
presidencialismo também é superior ao
parlamentarismo.
Além de ser um regime concreto, a República é um ideal
sociopolítico de ordem e progresso, de inclusão e desenvolvimento, de justiça,
respeito e tolerância.
Em vez de comemorarem-se esses valores todos, o que é que se
faz no aniversário de 130 anos da República?
Afirma-se que ela é fracassada, que ela não presta, que ela
traiu seus ideais... tudo isso dito de maneira “crítica” e “politizada”,
supostamente com grande seriedade e profundidade.
Pelo jeito, é bonito falar mal da República. O problema é
que o ideal que ela representa é simplesmente jogado fora com essa “criticidade”
extremamente ácida. Ora, se a República não presta, não há porque a manter; se
não há porque a manter, ela não será mantida.
Entre 1930 e 1937, críticas à República em tudo semelhantes
às que se fazem (no dia de) hoje eram difundidas e repetidas. Qual foi o
resultado? Revolução em 1930, guerra civil em 1932, golpe autoritário em 1937. A mesmíssima dinâmica entre 1961 e 1964, com os resultados
que todos conhecemos. (Isto é, que deveríamos conhecer.)
Aliás, a mesma dinâmica ocorreu em outros países: França,
Portugal, Espanha... nesses lugares, as críticas aos problemas concretos das
repúblicas levaram ao envenenamento e à morte da República como ideal,
resultando em regimes autoritários retrógrados, precedidos ou não por guerras
civis. Em tais lugares, a muito, muito custo as liberdades foram
reconquistadas, justamente no quadro de repúblicas (com a exceção da Espanha –
mas lá a monarquia foi um presente do assassino e psicopata Francisco Franco ao
seu pupilo, o futuro rei Juán Carlos II).
Em vez de os brasileiros alegre mas burramente repetirmos
que a República é ruim, deveríamos fazer como os estadunidenses sempre fizeram:
reconhecer os problemas e as deficiências, mas ao mesmo tempo reafirmar os
valores e os ideais, para, a partir disso, buscar as soluções das dificuldades.
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