21 dezembro 2017

O "Secreto horror à realidade": exame da crítica de Sérgio Buarque aos positivistas

Na década de 1930, o agora famoso historiador Sérgio Buarque de Holanda redigiu um libelo contra a I República brasileira (1889-1930) que se tornou famoso, o livro Raízes do Brasil. Entre inúmeras outras críticas, Sérgio Buarque afirmou que os positivistas brasileiros tinham um "secreto horror à realidade". Já na década de 1970, esse historiador retomou as críticas aos positivistas, agora com muita mais ousadia e acidez: tendo o desplante de afirmar que os positivistas brasileiros não conheciam corretamente a obra de Augusto Comte (!), Sérgio Buarque atribuiu-lhes a origem do ativismo político dos militares brasileiros e, por extensão, a origem dos golpes militares de 1930, 1945 e 1964.

Desde então, todas essas fantásticas críticas foram aceitas como verdadeiras pelos intelectuais e universitários brasileiros; sem conhecimento de causa mas transbordando de "criticidade", os "pensadores" nacionais sempre referendaram os comentários de Sérgio Buarque de Holanda.

Pois bem: no artigo "O 'secreto horror à realidade': exame das críticas de Sérgio Buarque aos positivistas", faço um exame detido das acusações feitas pelo antigo professor da Universidade de São Paulo, indicando, ainda que brevemente, os vários erros teóricos e factuais que ele comete ao tratar do Positivismo brasileiro.

O artigo foi publicado pela revista Educare et Educere, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Cascavel. 

O artigo pode ser lido aqui. O resumo e as palavras-chave estão indicados abaixo.

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http://e-revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/view/16768/12023

Resumo: O artigo examina criticamente as observações de Sérgio Buarque de Holanda a respeito do Positivismo no Brasil, em particular o vigente entre o fim do Império e a I República. Em um primeiro momento, são expostas as principais observações de Sérgio Buarque sobre o Positivismo, conforme aparecem em Raízes do Brasil e no v. 7 de História geral da civilização brasileira, com o objetivo de avaliarem-se os seus argumentos e seus recursos retóricos. Em seguida, avaliam-se as publicações do Apostolado e Igreja Positivista do Brasil de 1881 a 1917, em termos de quantidade e variedade temática. Os comentários finais são no sentido de que, bem ao contrário do que afirmava Sérgio Buarque, os positivistas não tinham nenhum “horror à realidade”, secreto ou não.

Palavras-chave: Sérgio Buarque de Holanda; positivistas ortodoxos; I República.