Reproduzo abaixo o roteiro da undécima sessão do Curso livre de política positiva, ocorrida no dia 17 de maio, transmitida no canal Positivismo (disponível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=h-gFTVJE63s) ou no próprio canal Apostolado Positivista (disponível aqui: https://www.facebook.com/ApostoladoPositivista/videos/373899144707386/).
Nessa seção, continuei a exposição sobre a Sociologia Dinâmica, abordando em particular, a lei prática dos três estados. Além disso, também fiz referência à data que Augusto Comte indicava como a fundação da Religião da Humanidade (16.5.1845) e ao nascimento de Luís Lagarrigue (16.5.1864).
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Súmula
Sociologia Dinâmica II: a lei dos três estados da atividade: guerra conquistadora, guerra defensiva, paz industrial
Roteiro
- Recordação de datas históricas: aniversário de Luís Lagarrigue (16.5.1864)
- Recordando alguns elementos da sessão anterior: as leis dos três estados são leis sociológicas, tanto explicativas quanto “compreensivas”
o A formulação final da lei intelectual dos três estados, afirmando o relativismo, acaba religando de maneira clara o final da carreira de Augusto Comte com o seu início, quando afirmou que “tudo é relativo, eis a única verdade absoluta”
- Sociologia Dinâmica II: a lei dos três estados da atividade: guerra conquistadora, guerra defensiva, paz industrial
o A segunda lei dos três estados estipula que as grandes civilizações e, de maneira mais ampla, a Humanidade passa por três etapas em suas atividades práticas: as guerras de conquista, as guerras de defesa e a atividade pacífica e industrial
o Essa seqüência é ao mesmo tempo lógica e histórica e é ilustrada de maneira particular no Ocidente pela sucessão Grécia, Roma, Idade Média, modernidade:
§ As guerras de conquista estabelecem um território amplo unificado; em seguida, as guerras de defesa protegem externamente o território conquistado, que, internamente, busca a paz; por fim, as relações internacionais deixam de lado as guerras para cederam lugar à paz
§ A história de Roma chega a ser didática no que se refere à passagem das guerras de conquista para as guerras de defesa: essa alteração ocorreu justamente quando a República cedeu lugar ao império; Júlio César foi o grande nome dessa transição (muito mais que Otávio Augusto)
o A mudança do padrão de comportamento coletivo, da guerra para a paz, implica necessariamente mudanças de valores e de “mentalidades”: a honra cede lugar ao conforto, o trabalho passa a ser valorizado, a vida passa a ser valorizada, a cooperação substituição a disputa
§ A escravidão, o militarismo, a violência, o butim cedem lugar ao trabalho livre, à tolerância, à busca de consenso e de mediação, às trocas e às dádivas
§ Os exércitos cedem lugar à polícia para a manutenção da ordem pública
o Estritamente nesse esquema, a guerra tem um caráter civilizador
§ Com “caráter civilizador” o que se quer dizer é que, nesse esquema, a guerra desempenha um papel histórico, ao permitir que o ser humano desenvolva-se e caminhe para a paz
§ As guerras de extermínio anteriores (por exemplo, as guerras indígenas) e as guerras de conquista posteriores (por exemplo, o imperialismo europeu) não entram nesse esquema
· As guerras tribais não têm papel civilizador (o que não significa que não desempenhem nenhum papel cultural e/ou político)
· As guerras modernas de conquista não colaboram com a paz nem estimulam o desenvolvimento humano, apenas a violência, o egoísmo coletivo e a rapacidade
o No âmbito estritamente nacional, as guerras apresentam um caráter altruísta e as habilidades próprias à liderança são facilmente perceptíveis
§ Essas duas características tornam ambíguas a guerra, especialmente no período moderno e em comparação com as atividades industriais, em que o caráter altruísta e as habilidades necessárias para o bom cumprimento das responsabilidades industriais são menos evidentes
o De qualquer maneira, vale em relação às atividades militares e pacíficas a observação geral de Augusto Comte: as concepções impassíveis de comprovação estão sempre próximas das ordens indiscutíveis
§ Ou seja, o absolutismo filosófico está sempre próximo do autoritarismo e da violência e, inversamente, o relativismo está próximo da tolerância e da possibilidade pública de discussão