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Súmula
Sociologia Dinâmica III: lei prática dos três estados (concl.); lei afetiva dos três estados
Roteiro
- Lei prática dos três estados (conclusão):
o A lei prática dos três estados estabelece que a atividade é primeiro militar conquistadora, depois militar defensiva e por fim pacífico-industrial
o A afirmação plena da paz industrial requer o relativismo e a ciência, bem como a sua disseminação social e geográfica
§ A indústria por si só existe desde sempre
§ O trabalho e os trabalhadores têm que ser valorizados e dignificados
§ O domínio do homem sobre a natureza tem que ocorrer e isso só é plenamente possível por meio da ciência
§ O relativismo também tem que prevalecer, a fim de deixar para trás o absolutismo político e moral, a desvalorização da vida, o estímulo à guerra e à violência
- Sociologia Dinâmica III: os três estados dos sentimentos: família, pátria, Humanidade
o A lei dos três estados dos sentimentos refere-se não tanto aos sentimentos em si mesmos, mas aos âmbitos superiores de sociabilidade ou, em outro sentido, de vinculação social e afetiva
§ Há uma correspondência entre os âmbitos da sociabilidade e os sentimentos altruístas: família à veneração; pátria à apego; Humanidade à bondade
§ Além disso, há que se notar que, ao mesmo tempo, os âmbitos de sociabilidade têm diferentes fundamentos no que se refere à natureza humana:
· Família: vínculos afetivos
· Pátria: vínculos práticos (economia e política)
· Humanidade: vínculos intelectuais (religião)
o A seqüência família, pátria, Humanidade é rigorosamente histórica, embora, como ocorre com as outras leis dos três estados, seja necessário apreendê-la em grandes períodos temporais
§ Vale notar que mesmo em momentos de afirmação das pátrias ocorreram vislumbres da noção de Humanidade
· Isso é possível de notar nos gregos e, ainda mais, entre os romanos
§ Considerando o caráter masculino (e bélico) da palavra “pátria”, Augusto Comte sugeria a sua substituição, no estado normal, por “mátria”
o Uma particularidade da lei afetiva dos três estados é que ela, ao contrário das duas leis anteriores, permite a coexistência dos três estados
§ Essa coexistência evidentemente é compatível com a coexistência dos três instintos altruístas
§ No caso das duas leis anteriores, os estados preliminares têm que ser ultrapassados e convictamente deixados para trás: temos que ultrapassar e rejeitar o absolutismo teológico-metafísico e também o militarismo
§ A coexistência dos três estados afetivos não significa, todavia, mera justaposição: ela implica a subordinação sucessiva dos âmbitos de sociabilidade: as famílias subordinam-se às pátrias (ou mátrias) e estas subordinam-se à Humanidade
- Há alguns aspectos adicionais que devem ser indicados a respeito das leis dos três estados:
o Cada uma das leis indica uma tendência importante por si só, mas a reunião e a combinação delas elabora um quadro cada vez mais completo, complexo e específico da realidade histórica humana
o É fácil perceber que os três estados finais e os três estados iniciais são solidários entre si:
§ O relativismo, a noção de Humanidade e a atividade pacífico-industrial apoiam-se e são condições uns dos outros; inversamente, o mesmo pode ser dito do absolutismo, das sociabilidades inferiores e do militarismo
§ Em outras palavras, essa mútua solidariedade significa que a plena realização do estágio final de cada lei implica e exige a realização do estágio final das outras leis: por exemplo, a noção de Humanidade exige o relativismo e enseja a atividade pacífica
o As leis dos três estados correspondem a tendências gerais da evolução humana:
§ A idéia de tendência indica que elas são direções gerais, que variam em intensidade e mesmo em direção ao longo do tempo: assim, às vezes elas andam mais rapidamente, às vezes são mais lentas; às vezes vão na direção das leis, às vezes sofrem recuos temporários
§ Augusto Comte usava a imagem das curvas assintóticas, que tendem para uma posição no infinito, mas que nunca chegam plenamente ao limite indicado
§ No limite, todos os povos seguirão voluntariamente as leis dos três estados; mas, em todo caso, diferentes temperamentos e necessidades conduzem a comportamentos diversos à daí a necessidade da pressão coletiva em favor das leis, seja a pressão temporal (política), seja a pressão espiritual (intelectual e moral)