Aumento da diversidade religiosa
Sobre o texto "Revolução quase silenciosa"
Reproduzo abaixo o texto de Helio Schwartzman, de 30 de junho de 2012. O vínculo original do texto pode ser encontrado aqui.
Concordamos de modo geral com as observações de H. Schwartz. De fato, a mudança demográfico-religiosa no Brasil é bastante ampla e séria e sua tendência é pela "evangelização" do país, em detrimento do catolicismo.
Essa mudança é de grandes proporções e feita sem sangue; todavia, convém notar que, a despeito do aumento da diversidade religiosa, ela também - e principalmente, talvez - é acompanhada do aumento da intolerância em geral e do fanatismo religioso. Assim, apesar de até agora não ter havido conflitos mais sérios, a tendência é que o aumento do número de evangélicos no país piore as condições das liberdades civis, políticas e sociais - ou seja, que crie "revoluções barulhentas" e mesmo violentas.
* * *
30/06/2012 - 03h00
Revolução quase silenciosa
DE SÃO PAULO
Dados do IBGE mostram que a proporção de católicos no Brasil continuou caindo entre 2000 e 2010 e que, pela primeira vez, verificou-se também uma redução em seu número absoluto. Isso tudo era mais ou menos esperado. A questão que intriga os especialistas é saber se há ou não um fundo do poço, um piso abaixo do qual os católicos não despencam.
E uma análise dos números de 2010 sugere que não. No ainda inédito artigo acadêmico "A dinâmica das filiações religiosas no Brasil entre 2000 e 2010", os demógrafos José Eustáquio Diniz Alves, Luiz Felipe Walter Barros e Suzana Cavenaghi mostram que a população evangélica tem proporcionalmente mais mulheres e jovens, e menos idosos. Isso significa que apenas pelo efeito da inércia demográfica, ou seja, mesmo que não houvesse novas conversões, o rebanho evangélico já cresceria mais do que o católico.
Mais interessante ainda, o texto mostra que o colar da região metropolitana do Rio de Janeiro, excluída a capital, funciona como uma espécie de "eu sou você amanhã" para o Brasil. O que ocorre nessa área em termos de religião acaba se repetindo no país 20 ou 30 anos depois.
E, olhado para esse conurbado, verificamos que os católicos são só 39%, enquanto os evangélicos já chegam a 34%. Mantidas as tendências atuais, no Brasil, até 2030, os católicos serão menos de 50% e, até 2040, deverá haver empate entre as filiações de católicos e evangélicos. Detalhe importante: os católicos caem com mais rapidez onde é maior a pluralidade de denominações. Ou seja, diversidade gera diversidade.
Ao que tudo indica, o Brasil caminha para um feito relativamente raro na história das nações, que é o de mudar sua religião hegemônica. E deve fazê-lo sem derramamento de sangue ou autos de fé. Só não será uma revolução silenciosa, brincam os autores, porque evangélicos não costumam respeitar a lei do silêncio.
Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve na versão impressa da Página A2 às terças, quartas, sextas, sábados e domingos e às quintas no site da .