Transformação de Augusto Comte, celebração de Sofia Bliaux[1]
- O dia 24 de Gutenberg (5 de setembro) é a data em que ocorreu a desastrosa transformação de Augusto Comte, há 166 anos
o A transformação de Augusto Comte foi “desastrosa” porque tirou da vida objetiva o fundador do Positivismo, que, embora já tivesse escrito o principal de sua obra, tinha ainda previstos muitos livros que desenvolveriam aspectos importantes da Religião da Humanidade
o Mas como sabemos, embora triste por si só, a transformação encerra a vida objetiva útil e inicia plenamente a vida subjetiva de todos nós
§ O nascimento deve ser sempre valorizado, mas é na transformação que podemos avaliar a atividade realmente desenvolvida pelos indivíduos e, daí, podemos avaliar se foram altruístas ou egoístas, construtivos ou destruidores etc.
§ Em outras palavras, enquanto o nascimento constitui apenas uma promessa – certamente, sempre uma bela e fundamental promessa, mas, ainda assim, apenas uma promessa –, é na transformação que avaliamos a vida e, portanto, que celebramos efetivamente a vida de cada um
o Assim, a data da transformação é realmente para ser celebrada
- Ao mesmo tempo, é a data da celebração de Sofia Bliaux
o No calendário da Igreja Positivista do Brasil, no dia 19.1 celebramos o nascimento de Augusto Comte e a memória de sua mãe, Rosália Boyer; no dia 8.10, celebramos a festa de Comte e Clotilde
o Assim, considerando a importância de Sofia para a vida de Augusto Comte e também a instituição dos seus “três anjos”, no dia 5.9 celebramos Sofia
- Sofia Bliaux nasceu em 18.9.1804, na pequena comuna de Oissy, no Somme (Norte da França)
§ Assim, ela era seis anos mais nova que Augusto Comte e 11 anos mais velha que Clotilde
o Quando criança mudou-se com os pais para Paris, onde levava uma vida pobre, tendo que trabalhar desde cedo, sempre com humildade e devotamento
o A obediência e o devotamento aos patrões era tanta que solicitou aos patrões a permissão para casar-se (no que foi atendida); seu marido, Martinho Thomas, era entregador de uma farmácia próxima à rua Monsieur-le-Prince; foi usando esse serviço (para receber poções e cremes de beleza) que Carolina Massin travou contato com Martinho Thomas e, a partir disso, soube das dificuldades crescentes de Sofia, que cuidava sozinha de uma casa grande com crianças que cresciam
o Após muitas insistências de Carolina Massin, Sofia afinal passou ao serviço de Augusto Comte em 1841 (um ano antes de Carolina abandonar definitivamente o lar conjugal); na verdade, na época Sofia entrou ao serviço de Carolina e não propriamente ao de nosso mestre
o Logo Sofia percebeu, por um lado, que Carolina era uma péssima esposa e que não dava paz de espírito a nosso mestre; por outro lado, ela percebeu que Augusto Comte era uma pessoa simples, de existência modesta, mas cuja atividade era intensa e que era inteiramente dedicada à renovação moral, intelectual e social e que, por isso, precisava de apoio material
§ A partir disso, a partir de uma humildade simples, confrontando a grandeza moral de Augusto Comte com sua própria existência modesta, ela entendeu que poderia e deveria dedicar-se a auxiliá-lo o máximo que pudesse
o Em 1842, quando Carolina Massin abandonou o lar pela última vez, Sofia permaneceu na rua Monsieur-le-Prince; mas, devido à vinculação inicial de Sofia com Carolina Massin, e devido à péssima experiência que tivera com sua ex-esposa, Augusto Comte desconfiava profundamente dela
§ Apenas com o passar do tempo, e considerando as simpatias de Comte para com os proletários, Augusto Comte foi reconhecendo a sinceridade da devoção de Sofia e tornando-a, bem como ao seu marido, uma companheira habitual em seu lar
o Quando o amor de Comte por Clotilde irrompeu, logo Sofia percebeu a importância disso para o filósofo e com freqüência atuava como mensageira entre ambos; depois também se tornou confidente de Clotilde
o Devido à sua triste história, a saúde de Clotilde era frágil; em suas últimas semanas (março de 1846), Sofia foi enfermeira, cuidadora e verdadeira irmã de Clotilde, tendo pernoitado 18 dias na casa de Clotilde, até seu falecimento
§ Após a morte de Clotilde, Sofia reconfortou Augusto Comte e mesmo o afastou de pensamentos de suicídio
o Em virtude da perseguição acadêmica que Augusto Comte sofria, em 1847 e, ainda mais, em 1848 ele perdeu seus modestos empregos acadêmicos; nesses dois anos, em 1847 e, depois, em 1848, Sofia e seu marido ofereceram suas economias para auxiliar Augusto Comte em suas despesas (que, em sua parte mais importante, eram destinadas à pensão de sua ex-esposa); o primeiro oferecimento foi recusado, mas o segundo nosso mestre viu-se obrigado a aceitar
o Observa
José Longchampt (p. 85) que Sofia converteu-se à Religião da Humanidade: “Foi
por estas conversações diárias que Augusto Comte realizou, na única mulher que
dele se aproximava, a primeira conversão à Religião da Humanidade”.
o Reconhecendo os sacrifícios feitos por Sofia ao longo dos anos, não apenas em termos de salário e de alimentação, mas também em termos de convívio com sua família, em 1848 Augusto Comte convidou Martinho Thomas que fosse morar em seu apartamento com Sofia e seu filho, o que o casal aceitou
§ Esse reconhecimento foi devido não apenas ao devotamento do casal, mas também devido à valorização da domesticidade e mesmo do casamento
§ Dando continuidade à afirmação da domesticidade em sua própria vida, Augusto Comte proclamou Sofia como sua filha em 18.7.1850, na cerimônia de casamento do dr. Segond
§ Mais tarde, a valorização de Sofia atingiu seu máximo com a consagração de ser indicada como um dos seus “três anjos”
o Após a morte de nosso mestre, Sofia recebeu de Augusto Comte um retrato de Clotilde, bem como lhe foi destinado uma pensão até sua morte, sob responsabilidade dos executores testamenteiros, e o direito de residir no apartamento da rua Monsieur-le-Prince
o Ela morreu em 5.12.1861; conforme solicitação explícita de nosso mestre em seu Testamento, ela foi enterrada juntamente com Augusto Comte, no “cemitério do Leste” (o Père Lachaise)
§ Em 28.3.1867 Martinho Thomas faleceu; seu filho, Paul Thomas, ficou sob a responsabilidade de José Longchampt e tornou-se também positivista
* * *
Independência do Brasil, celebração de José Bonifácio
- Esta exposição baseia-se em importante medida em uma postagem feita em 7.9.2015, chamada justamente “7 de setembro – Independência do Brasil e comemoração de José Bonifácio”
o Além disso, usamos aqui como referência as publicações do Apostolado Positivista do Brasil (como o opúsculo A pátria brasileira, de 1881, e a bela biografia de Benjamin Constant, escrita por Teixeira Mendes em 1891) e o livro de David Carneiro, A vida gloriosa de José Bonifácio de Andrada e Silva e sua atuação na Independência do Brasil (de 1977)
- O Positivismo celebra a Independência do Brasil e a memória de José Bonifácio porque o Brasil é uma pátria e, portanto, uma das associações humanas fundamentais
o Como sabemos, os três níveis normais de associações humanas são: a família (baseada nos sentimentos), a pátria (baseada na atividade prática) e a Humanidade (baseada na inteligência)
- Ao celebrar cada pátria, o Positivismo constitui-se como uma religião cívica
o Para entendermos o que isso quer dizer, e embora o Positivismo, como regra geral, rejeite as distinções sutis, temos que estabelecer a diferença entre “religião cívica” e “religião civil”
o Essa diferença espelha a diferença entre a teoria política absoluta (teológico-metafísica) e a teoria política relativa (positiva), especialmente no que se refere à divisão entre teoria e prática, ou, o que equivale em termos políticos, a divisão entre a igreja e o Estado
o A religião cívica celebra valores cívicos, mas faz questão de não se impor sobre os cidadãos nem de usar o apoio estatal para sua difusão: por definição, é a Religião da Humanidade
§ Vale lembrar que o Positivismo, como religião cívica, tem clareza de que as pátrias na sociedade normal serão denominadas de “mátrias”, organizadas em regimes sociocráticos e que isso implica, desde já (na verdade, desde o começo do século XIX), que todas as mátrias baseiem-se na fraternidade e na paz universal e, portanto, também na rejeição da violência, da guerra e do militarismo (e do nacionalismo imperialista e/ou xenofóbico)
o A religião civil é a religião imposta pelo Estado (ou seja, é obrigatória) e que tem a sua igreja sustentada pelo Estado: são as religiões teológicas e é a proposta da democracia de Rousseau
§ Rousseau, em sua proposta democrática, afirmava com todas as letras que o Estado tem que ter religião oficial, imposta a todos os cidadãos; inversamente, os cidadãos que rejeitassem essa religião oficial seriam presos ou, no limite, expulsos do país
-
No dia 7 de setembro celebramos a Independência do
Brasil e, por isso mesmo, comemoramos a figura de José Bonifácio de Andrada e
Silva (1763-1838), o grande “Patriarca da Independência”
-
Para realizarmos essa
celebração, temos antes que lembrar, ou afirmar, as condições e as exigências
da política moderna
o
A política moderna baseia-se na existência de
pátrias livres; essas pátrias têm que ser menores do que costumam ser ainda
hoje, mas, de qualquer maneira, a liberdade é uma condição fundamental e
insuperável
o
O que significa essa “liberdade”?
§ Significa
a possibilidade de decidir com autonomia os rumos a tomar, sem imposições
externas e de acordo com os parâmetros específicos de cada país
§ Assim,
ao mesmo tempo em que cada pátria deve poder decidir o que deseja fazer, sua
conduta deve caracterizar-se pelo respeito a todas as outras nações, no que se
refere à sua dignidade e às suas condições de existência, e ao desenvolvimento
de ações pacíficas e coordenadas com vistas à melhoria material e moral de
todas.
o
Em outras palavras, a política moderna não pode ser
definida pela “soberania”, entendendo-se a soberania como a consideração de que
cada país é o juiz único e último de suas ações, em desrespeito e
desconsideração aos demais países
o
Ao mesmo tempo, a necessária interdependência
política, material e moral não pode ser entendida e usada como desculpa para
intromissões e invasões de uns países sobre os outros.
o
Em termos internos, cada país deve buscar a
integração social, a redução e o fim da miséria, o combate e o fim das
discriminações sociais, o desenvolvimento técnico, científico e moral etc.
o
No caso do Brasil do início do século XIX, José
Bonifácio tinha clareza desses objetivos e dessas condições; foi por isso que
tratou de organizar as condições propícias para a independência do Brasil – e
que, sendo a eminência parda por detrás do então Príncipe Regente, obteve de
fato a independência nacional no 7 de setembro de 1822.
-
Ao falarmos da
Independência do Brasil, celebramos José Bonifácio: mas por que ele?
o O príncipe regente Pedro de Alcântara – depois
chamado no Brasil de “(dom) Pedro I” –, embora tenha sido necessariamente o
executor concreto da independência, não era uma pessoa preparada politicamente
em termos intelectuais, morais e práticos
§ Apesar disso, considerando a situação política,
social e institucional do Brasil na época, somente d. Pedro poderia realizar o “grito
do Ipiranga”
§ Evidentemente, a falta geral de condições morais,
intelectuais e práticas de Pedro de Alcântara não significava que ele não
tivesse sentimentos de simpatia pela população brasileira, que não tivesse
preconceitos de casta, que soubesse reconhecer o valor da pessoa e dos
conselhos de José Bonifácio
o Por outro lado, quem tinha o preparo e a estatura
moral, intelectual e prática era o conselheiro de Pedro de Alcântara, José
Bonifácio
§ José Bonifácio, além de ser um homem com a
preparação própria e a atividade prática do Iluminismo, tinha o enorme fator de
ser brasileiro
§ A primeira carreira de José Bonifácio desenvolveu-se
totalmente na Europa, com suas longas viagens de estudos e de pesquisas (em que
se revelou um grande pesquisador) e, depois, com sua atuação na burocracia pública
portuguesa (em que ocupou simultaneamente inúmeros cargos importantes)
§ A atuação propriamente política de José Bonifácio
ocorreu quando ele já era idoso (com cerca de 60 anos de idade) e voltara ao
Brasil buscando aproveitar sua aposentadoria
-
A independência do Brasil
era uma necessidade na época e, de qualquer maneira, seria uma necessidade
política do país
o Na época era uma necessidade porque, com o término
das Guerras Napoleônicas, a permanência da monarquia no Brasil não tinha mais
sua justificativa inicial (evitar a submissão à tirania militar de Napoleão)
§ Devemos lembrar que a família real e a corte
portuguesa fugiram em 1808 para o Brasil, transformando a antiga colônia em
sede do império
§ Depois, em 1815, o Brasil tornou-se membro
equivalente do império, que passou a ser o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
o Além disso, havia os exemplos americanos dos Estados
Unidos (1776), do Haiti (1798) e da América hispânica (décadas de 1800 a 1820)
§ Desde o fim do período colonial o Brasil já contava
com uma sociedade ativa, organizada, conhecedora dos seus interesses, com
projetos nacionais cada vez mais claros e disposta a realizar a independência
para isso
§ A independência nacional era vista sempre como
acompanhada da república
§ A vinda da família real em 1808 deu um fortíssimo
impulso à vida política, social e intelectual do país, reforçando as condições
para a autonomia e/ou a independência nacional
o Ao mesmo tempo em que o Brasil desenvolvia-se, as Cortes
Gerais de Lisboa, reunidas após a Revolução Liberal do Porto, de 1820, apesar
de afirmarem-se “liberais”, queriam retrogradar a situação do Brasil para a
condição colonial, o que implicaria necessariamente uma violenta opressão sobre
o país
§ A Revolução Liberal do Porto e as Cortes Gerais de
Lisboa (criadas após a revolução do Porto) seguiram o impulso da Revolução
Francesa mas adotaram o modelo inglês, em que a crítica ao Antigo Regime
assumiu a forma da aberração político-intelectual que é a chamada “monarquia
constitucional”
§ De maneira bastante representativa desse movimento
foi a exigência das Cortes Gerais de retorno de d. João VI a Portugal, mantendo
Pedro de Alcântara no Brasil como Príncipe Regente
§ A regressão do Brasil à condição de colônia seria
opressiva por si só, como a conjuntura própria à Inconfidência Mineira deixava
claro; mas, em face do desenvolvimento político, econômico e social do Brasil
ocorrido desde o século XVIII e fortemente estimulado pela vinda da família
real em 1808, a imposição do status
colonial ao Brasil implicaria, necessariamente, redobradas opressões e violências
§ Vale a pena notar que tanto a instituição da
monarquia constitucional quanto o projeto de regressão do Brasil à condição de
colônia são exemplares do caráter dissolvente, absolutista e anti-histórico da
metafísica
o De qualquer maneira, considerando a distância entre
os dois países, a disparidade de tamanho e as realidades sociais e políticas, a
independência do Brasil teria que acontecer cedo ou tarde
-
Sendo d. João VI obrigado
a voltar a Portugal e sendo públicas as pretensões das Cortes Gerais a respeito
do Brasil, logo percebeu José Bonifácio que seria necessário agir e com grande
rapidez
o A partir daí, ele procurou acercar-se de Pedro de
Alcântara, que soube reconhecer o valor do ancião
o José Bonifácio soube preparar Pedro de Alcântara
para a independência; mas, ao mesmo tempo, teve que enfrentar resistências inesperadas,
totalmente retrógradas e mesquinhas, como a de Domitila de Castro, a famosa
amante de Pedro de Alcântara tornada “Marquesa de Santos”, que apoiava o
projeto “recolonial”
o O episódio do “Dia do Fico” (9.1.1822), em que Pedro
de Alcântara rejeitou a ordem de retorno a Portugal, emitido pelas Cortes
Gerais, preparou o 7 de Setembro
-
Exemplares das superiores
condições morais, intelectuais e práticas de José Bonifácio são as suas
propostas para o Brasil
o
José Bonifácio tinha extrema clareza a respeito dos
problemas e das condições brasileiras de então
§ Para
ele, cumpria integrar o imenso território
nacional, assim como permitir e realizar a integração dos três grandes elementos étnicos nacionais, o português, o africano e o indígena
§ A
integração social implicava, necessariamente, a abolição da escravidão, a
miscigenação e, depois, o estímulo à alfabetização e à indústria
§ Todavia,
ao mesmo tempo, percebendo que o país tinha sua economia baseada na escravidão,
em um regime que naquele momento não tinha perspectivas para desaparecer, José
Bonifácio entendeu que só seria possível manter o Brasil unido por meio da
monarquia: afinal de contas, para ele, a escravidão era inimiga da República
§ Em
outras palavras, a monarquia foi instituída para garantir (pelo menos por algum
tempo) a permanência da escravidão – o que equivale a dizer que a monarquia foi
implantada no Brasil como um regime explicitamente escravista e escravocrata
§ A
monarquia apresentava algumas vantagens adicionais de caráter momentâneo: por
um lado, assegurava a continuidade institucional por meio da manutenção da
dinastia reinante; por outro lado, José Bonifácio temia que a república no
Brasil seguisse os passos da América espanhola, com a fragmentação política (e
territorial)
o
Essas propostas foram expostas com grande beleza
pelo pintor positivista Eduardo de Sá, na famosa tela “José Bonifácio, a
fundação da pátria brasileira”
-
Também importa notar que, assim como com
Tiradentes, a figura de José Bonifácio foi eternizada e celebrizada por nós,
positivistas
o
Mas, não por acaso, a historiografia atual despreza
essa nossa importância, ainda que aceite os resultados de nossa atuação
o
Esse desprezo da historiografia atual pela
importante atuação dos positivistas em favor da memória de José Bonifácio segue
o impulso destruidor da metafísica marxista desde a década de 1960 (ainda que a
historiografia atual não seja marxista) e revela, no final das contas, uma
profunda mesquinhez
-
Considerando que o
Positivismo é uma religião cívica e pacifista, importa afirmar com toda as
letras: os desfiles militares não
representam a República
o
Nesse sentido, nem a proposta cívica de José
Bonifácio nem o caráter pacífico-industrial da política moderna aceitam as
demonstrações usuais de “civismo”
o
Desde pelo menos o século XIX – portanto bem antes
do regime inaugurado em 1964 –, as comemorações do 7 de Setembro resumem-se a
paradas militares. Os desfiles de pelotões, tanques e armamentos acabam
concentrando nas Forças Armadas as idéias de “civismo” e “patriotismo” e
desvirtuando a convergência pacífica dos cidadãos em prol do bem comum – que é
o fundamento e o objetivo da política republicana
o
Já em 1881 os positivistas dizíamos exatamente
isso, repetindo-o desde então
-
O 7 de Setembro resume-se
na imponente máxima de José Bonifácio, segundo quem “A sã política é filha da
moral e da razão”
o
A sabedoria política de José Bonifácio pode ser
avaliada por esta frase, que resume de maneira brilhante o programa da política
moderna: “A sã política é filha da moral e da razão”
o
É devido a concepções como essas que, juntamente
com a Independência do Brasil, no dia 7 de setembro comemoramos também a
imponente figura do grande santista que foi José Bonifácio
o
Embora não seja de origem positivista, essa máxima
evidentemente está totalmente de acordo com os mais elevados princípios morais,
intelectuais e políticos propostos pelo Positivismo
§ A
concordância com o Positivismo ocorre também porque essa máxima corresponde aos
melhores valores da política moderna
[1] Estas anotações baseiam-se na Notícia sobre a vida e a obra de Augusto Comte, escrita pelo dr. Robinet (1860), no livro O ano sem par, de Teixeira Mendes (1900), no livro Epítome da vida e dos escritos de Augusto Comte, de José Longchampt (1898), e, principalmente, no artigo “Un des anges d’Auguste Comte – Sophie Thomas”, de Maurice Wolff (Mercure de France, 44 année, tomo CCXLV, n. 842, 15.jul.1933)