No dia 3 de setembro de 2021 tive a honra e a alegria de realizar a exposição inaugural do curso de extensão "200 anos de Sociologia", promovido em conjunto pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pela Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS); esse curso é organizado pelas professoras Fernanda Alcântara e Giulle da Mata.
Após a vergonhosa e (quase) total omissão da academia brasileira (incluindo aí a própria SBS) quando dos 200 anos de nascimento de Augusto Comte (em 1998) e dos 150 anos de sua morte (em 2007), a inclusão do fundador do Positivismo como autor que inaugura um evento sobre o bicentenário de uma das disciplinas fundadas por A. Comte não deixa de ser ao mesmo tempo alvissareira e um pequeno ato de desagravo.
Minha exposição, conforme anunciado antes (aqui), apresentou vários dos elementos fundamentais da Sociologia do fundador da Sociologia, isto é, de Augusto Comte. A gravação do evento está disponível no meu canal Positivismo (aqui) e no Youtube em geral (aqui), bem como a exposição para Powerpoint que elaborei está disponível aqui.
Os materiais indicados acima, bem como uma descrição e uma justificativa do evento como um todo, também podem ser obtidos no blogue da prof. Fernanda Alcântara (aqui).
[Nota acrescentada em 9.9.2021 e em 14.9.2021: a omissão da academia brasileira no que se refere ao bicentenário do fundador da Sociologia, em 1998, não foi total; houve três eventos.
O querido professor Valter Duarte Ferreira Filho, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizou dois eventos, um na UFRJ e outro na UERJ, celebrando o bicentenário de nascimento de Augusto Comte. O evento da UFRJ contou com a presença do cônsul da França e com a exposição de membros da Igreja Positivista do Brasil, como o meu caro amigo Hernani Gomes da Costa; o evento da UERJ foi uma apresentação realizada por Danton Voltaire Pereira de Souza, também da Igreja Positivista do Brasil.
Além disso, a UFRGS organizou um evento de vários dias, integrando comemorações internacionais e contando com palestrantes nacionais e estrangeiros. Houve uma sessão na Igreja Positivista do Rio Grande do Sul, presidida por Mozart Pereira Soares.]
Abaixo reproduzo as anotações que elaborei para a exposição de 3.9.2021.
* * *
o Que é o Positivismo?
§ O Positivismo é:
1) Uma religião secular, uma filosofia histórica, relativista e objetiva-subjetiva, uma prática humanista, pacifista, tolerante, universalista e includente
a.
É um sistema de educação
universal
2) “Real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico, simpático”
3) Uma religião que afirma, regula e estimula o altruísmo inato (que, por sua vez, orienta e limita o egoísmo também inato)
4)
Uma política humanista,
altruísta, racional, histórica, sensível à opinião pública e baseada em
evidências e nas liberdades
5) Uma afirmação da realidade humana e dos valores humanos
6) Uma afirmação da historicidade humana e, portanto, do relativismo
§ O Positivismo não é:
1) Não é ateísmo
2) Não é uma “teologia científica” (Religião da Humanidade)
3) Não é um cientificismo nem um academicismo
a.
Não é reducionista (ele afirma
a dignidade de cada ciência e, em particular, do ser humano e das Ciências
Humanas)
4) Não é um “naturalismo” (não reduz as Ciências Humanas às Ciências Naturais)
a. Não é a favor da oposição “explicação” versus “compreensão”
5) Não é um “empiricismo”
6) Não é ideológico
a. Não é uma ideologia burguesa
7) Não é militarista
8) Não é uma afirmação do Estado totalitário nem da sociedade sufocante anti-indivíduo
9) Não é otimismo ingênuo (“pensamento positivo”)
10) Não é nem idealista nem materialista
11) Não é fatalista nem nega a liberdade humana
- Confusão generalizada e intencional:
o Interpretações nacionais:
§ alemães (Escola de Frankfurt): desumanização do homem por meio da técnica e da razão instrumental; redução do ser humano a “coisas” (a serem manipuladas pelo capitalismo)
§
alemães (Dilthey,
interpretativistas): negação sistemática da liberdade e da subjetividade
humanas; redução do ser humano a “coisas” (como se fossem objetos das ciências
naturais)
§ anglófonos (Stuart Mill, Giddens, Alexander): no caso de Comte: ou uma obra delirante ou um mero prenúncio do “empiricismo” do Círculo de Viena
§ estadunidenses: Sociologia funcionalista, mecanicista e/ou qualitativista
§ franceses (Aron, Alain): há vários “positivismos” e o de Comte não é redutível a outros
o Interpretações ideológicas:
§ Marxismo: burguês, explorador, dominador, alienante
§ Liberalismo: autoritário, militarista
§ Catolicismo: ateu, totalitário, cientificista, militarista
§ Feministas: machista e patriarcal
§ Movimento Negro: racista, colonialista, desprezo pelos negros, desprezo pela contribuição africana
o Em suma: Comte e o Positivismo são a Geni (Chico Buarque, Geni e o zepelim – https://www.letras.mus.br/chico-buarque/77259/):
Joga pedra na Geni! Joga bosta na Geni! Ela
é feita pra apanhar! Ela é boa de cuspir! Ela dá pra qualquer um! Maldita Geni!
o São os inimigos preferenciais, que não precisam nem podem ser conhecidos e que existem apenas para serem desprezados à não importa o que Comte e os positivistas escrevem, mas o que os críticos desejam que eles sejam
- Comte como “clássico” (J. Alexander)
o “Positivismo” é a obra de Augusto Comte
- Vida e obra de Comte
o França posterior à Revolução Francesa
§ Busca de uma nova organização social e de novos princípios legitimadores, adequados a uma sociedade industrial e com a ciência
o Obras
§ Opúsculos de Filosofia Social (1816-1828) (em particular: Plano dos trabalhos científicos necessários para reorganizar a sociedade, de 1822 e 1824)
§ Curso de filosofia positiva, em 6 volumes (1830-1842) (em 1848 foi renomeado para Sistema de filosofia positiva) à coleção “Os pensadores” (lições 1 e 2)
§ Curso filosófico de Astronomia popular (1844)
§ Discurso sobre o espírito positivo (1844 – “Introdução” do Curso de Astronomia) à coleção “Os pensadores”
§
Discurso sobre o conjunto do Positivismo (1848) à coleção “Os pensadores” (2/3 do
cap. 1)
§ Sistema de política positiva, em 4 volumes (1851-1854)
§ Catecismo positivista (1852) à coleção “Os pensadores”
§ Apelo aos conservadores (1855)
§ Síntese subjetiva (1856)
§ Correspondência, em 8 volumes (1816-1857)
- Epistemologia comtiana:
o Questões de estilo de escrita e da forma de raciocinar:
§ Englobamento de contrários (Louis Dumont)
§ Estilo “criptográfico” e “chinês” (Ângelo Torres e Emmanuel Lazinier)
§ Perspectivas “telescópica” e “caleidoscópica” (Angèle Kremer-Marietti)
o Caráter tríplice da natureza humana: conjugação da espontaneidade com a sistematicidade: “Agir por afeição e pensar para agir”
§ princípio: sentimentos (impulso)
§ meio: inteligência (conselho)
§ resultado: ação prática (execução)
o
Caráter histórico da
natureza humana: desenvolvimento de atributos ao longo do tempo
§
Em particular: da paz,
da indústria, do trabalho livre, da ciência; do relativismo e da própria
historicidade
o Filosofia positiva: estudo das ciências para determinar: a lógica da ciência, as bases da Sociologia, as bases do novo poder espiritual, a síntese positiva e subjetiva
o Espírito positivo: bom senso comum, com a continuidade do conhecimento empírico e as elaborações científicas
§
Daí a busca das leis
naturais (relações entre os fenômenos) e a rejeição das “causas” absolutas
(teológicas e metafísicas)
§
Daí também a combinação
entre realidade e utilidade da ciência e a rejeição do academicismo
§
“Para completar as leis
são necessárias vontades”
o Acepções de “positivo”: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático
o Síntese subjetiva:
§ Visão de conjunto (em termos de natureza humana, de concepções e de objetivos): filosofia, arte, indústria, política, ciência
·
Todos devem
entendimentos gerais sobre tudo; em contraposição, a atuação prática é sempre
parcial
§ Subordinação da inteligência à afetividade e à atividade prática
·
Relações íntimas entre
simpatia, síntese e sinergia
§ Concepções que explicam e regulam o conjunto das realidades humanas e cósmica
§ Afirmação da preponderância normal das ciências superiores (Sociologia e Moral) sobre as ciências inferiores (Matemática até a Biologia), ao mesmo tempo em que “os fenômenos mais nobres subordinam-se aos mais grosseiros” à “multi” e “transdisciplinariedade”
·
O altruísmo e o egoísmo
são inatos (ou seja, são naturais) à mas: a maior fraqueza do altruísmo e o desenvolvimento
histórico da paz, da indústria e da ciência exigem o emprego constante e
permanente de todos os recursos sociais e individusia disponíveis para a
afirmação do altruísmo
§ Unidade da ciência: multiplicidade e autonomia das ciências; homogeneidade de método e de doutrina
§ Estabelece não apenas o que se pode conhecer e fazer, mas, acima de tudo, o que se deve fazer (ou não fazer)
§ Definição da moralidade: estímulo e prática do altruísmo (ternura), compressão do egoísmo (pureza)
o Lógica positiva:
§ Conjunto dos meios próprios a estimular e a orientar o pensamento humano: sentimentos, imagens, sinais
§ Caráter afetivo da inteligência
§ Subordinação da imaginação à observação (mas reconhecendo a legitimidade da imaginação e a relativa autonomia da inteligência)
§ Incorporação do fetichismo inicial ao positivismo final: radicalização da noção de afetividade
§ Leis da Filosofia Primeira
§ A Humanidade é a única realidade que reúne em si os sentimentos (universais), a atividade (compartilhada com o planeta Terra, ou Grão-Meio) e a inteligência (exclusiva da Humanidade, ou Grão Ser) à isso torna a intencionalidade o atributo exclusivo dos seres humanos
o Relativismo e subjetivismo:
§ “Relacionismo” cognitivo (sensações) e intelectual (relações entre fenômenos)
§ Antiabsolutismo
§ “Subjetivismo social”, relativo ao ser humano em geral à novo antropocentrismo
o Historicidade do ser humano e das concepções humanas:
§ o ser humano é um ser social e histórico: afirmação da solidariedade e da continuidade
§ a experiência histórica não é (e não pode ser) desperdiçada: os contextos mudam, mas há grandes continuidades (e mesmo essas continuidades mudam)
§ a história não é passado-presente-futuro, mas passado-futuro-presente
§ essas concepções são o fundamento último da Sociologia (cujo método específico é a “filiação histórica”)
- Leis dos três estados
o (1) Leis (2) sociológicas (3) dinâmicas:
§ inteligência: “cada entendimento oferece a sucessão dos três estados, fictício, abstrato e positivo, em relação às nossas concepções quaisquer, mas com uma velocidade proporcional à generalidade dos fenômenos correspondentes”
§ atividade prática: “a atividade é primeiro conquistadora, em seguida defensiva e enfim industrial”
§ afetividade: “a sociabilidade é primeiro doméstica, em seguida cívica e enfim universal, segundo a natureza peculiar a cada um dos três instintos simpáticos” (apego, veneração e bondade)
o a teologia e a metafísica são absolutas, enquanto a positividade é relativa
o
diferentes formulações
ao longo do tempo: de “estados fictício, abstrato e científico” para “estados
teológico, metafísico e positivo”
§
entregue a si mesma a
ciência tende a tornar-se absoluta à constituição de um quarto estado (filosófico, sintético e
relativo) em oposição à mera ciência (analítica e passível de voltar ao
absoluto)
o
desenvolvimento
histórico da paz, da indústria, do trabalho livre, da ciência, do relativismo,
da historicidade
- Escala enciclopédica
o lei explicativa da lei intelectual dos três estados
o multiplicidade das ciências à multiplicidade das leis naturais à autonomia das ciências (relações entre subordinação e dignidade)
§
Anti-reducionismo
§
Mudanças ao longo do
tempo: fundação da Moral como ciência suprema; Sociologia como preparatória da
Moral (v. II-III da Política)
o classificação das ciências (abstratas) e respectivos métodos:
§ Matemática: dedução
§ Astronomia: observação
§ Física: experimentação
§ Química: nomenclatura
§ Biologia: comparação
§ Sociologia: filiação histórica
§ Moral: construção
o critérios:
§ lógicos e históricos
§ generalidade decrescente e especificidade (complexidade) crescente
§ dedutibilidade decrescente e empiricidade crescente
§ quanto mais elevada a ciência, mais complexa e nobre ela é à mais modificável à maior capacidade de intervenção humana
o espírito positivo versus ciência
§ ciência: conhecimento analítico da realidade, por meio das leis naturais abstratas; conjunto mais ou menos homogêneo de doutrinas e métodos empregados na exploração de um determinado âmbito da realidade
§ espírito positivo: compreensão sintética da realidade, elaborada pela filosofia, abrangendo a ciência, a atividade prática (que deve ser sinergética) e os sentimentos (que devem ser simpáticos)
§ enquanto a ciência tende a secar e a isolar o ser humano (em termos intelectuais, afetivos e práticos), o espírito positivo busca desenvolver o espírito e a integrar o ser humano
·
o objetivo da ciência é
auxiliar o ser humano em seu desenvolvimento à antes de mais nada moral e, depois, material à é assim que se deve julgar e
avaliar a ciência
- Sociologia comtiana
o Busca de um novo poder espiritual: necessidade e oportunidade de fundação de uma ciência relativa à sociedade
§ necessidade de entender o que ocorria na Europa após a Revolução Francesa e de solucionar os problemas sociais e políticos
§ disponibilidade de meios intelectuais para isso (o desenvolvimento do método científico e a conseqüente maturidade intelectual para a criação da Sociologia)
o Em face da especialização das ciências, como proceder? Por meio da criação de uma nova disciplina
§ caráter múltiplo da Sociologia:
· afirmação da perspectiva humana (em termos morais)
· investigação da realidade humana (em termos científicos)
· investigação de aspectos específicos da realidade social
· afirmação da perspectiva de conjunto (continuidade e solidariedade) da existência humana
· proposição de medidas adequadas à solução dos problemas
o Método específico da Sociologia: filiação histórica:
§ historicismo
§ relativismo
§ visão de conjunto:
· Estática (sincronia: ordem)
· Dinâmica (diacronia: progresso)
o rejeição do materialismo:
§ o método específico da Sociologia é a filiação histórica, não a matematização da sociedade
§ criação da palavra “Sociologia” para marcar a diferença com Quétélet
o Elaboração de leis sociológicas qualitativas
o Proposta do “método patológico” (v. II da Política)
o Não há biologicismo, apenas o emprego eventual de algumas
metáforas baseadas na Biologia e plenamente reconhecidas como artifícios
lógicos à dignidade da Sociologia e
afirmação da “imaginação sociológica”
- Estática social: elementos presentes em todas as sociedades: religião, propriedade, linguagem, família, governo à sociologia comparativa
o Religião:
§ distinção entre teologia e religião
§ a religião busca a convergência do ser humano (síntese, simpatia, sinergia)
§ relativa continuidade entre a teologia e a ciência
§ teologia: fetichismo, astrolatria, politeísmo, monoteísmo
o Linguagem:
§ liame intelectual de existência da sociedade
o Propriedade
§ A teologia e a metafísica são incapazes de abarcar a realidade material da sociedade; portanto, são incapazes de solucionar seus problemas
§ A propriedade enquanto tal sempre existe (privada ou coletiva)
§ Manutenção e aumento dos tipos de capital
· material, intelectual e moral
· responsabilidade pessoal pela gestão dos recursos
· “O capital é social em sua origem e deve sê-lo em sua destinação”
§
Formas de transmissão do
capital: guerra: conquista; paz: dádiva, troca, herança
§ Emancipação paulatina dos trabalhadores (e das mulheres): escravos na Antigüidade, servos na Idade Média, trabalhadores livres na modernidade
§
Necessidade de concurso
entre o patriciado e o proletariado
·
Riqueza: força
concentrada; trabalho: força dispersa
·
Caráter instrumental da
luta de classes
o Governo
§ Conjugação dos princípios de Aristóteles e de Hobbes:
· Aristóteles: “a sociedade consiste na divisão do trabalho e na convergência dos esforços”
· Hobbes: todo governo baseia-se na força
§ “Não existe sociedade sem governo”
· Afirmação das vistas de conjunto da sociedade
· Preocupação em como se maneja o poder, não com quem o ocupa
·
Dois pólos
sociopolíticos: Estado e sociedade civil
§ Poderes:
· Temporal: manutenção da ordem civil (âmbito de aplicação das ciências inferiores)
· Espiritual: opiniões e crenças (âmbito de atuação das ciências superiores)
o Família
§ Principal realidade social dos seres humanos
§ Âmbito sobretudo afetivo, baseado nos três níveis da afetividade (apego, veneração, bondade)
§ Emancipação e dignificação da mulher: reconhecimento histórico da importância e da autonomia feminina; reserva moral da sociedade
- Dinâmica Social
o Evolução dos elementos da Estática Social com o passar do tempo
§ Sociologia comparativa e histórica à Filosofia da História
§ “O progresso é o desenvolvimento da ordem e a ordem é a base do progresso”
o Três leis dos três estados: inteligência, atividade prática, afetividade
§ Múltiplas relações entre as três leis dos três estados
§ Lei da atividade prática
· Estado militar-conquistador
· Estado militar-defensivo
· Estado pacífico-industrial
§ Lei da afetividade
· Família: vínculo afetivo
· Pátria: vínculo prático (econômico e político)
· Humanidade: vínculo intelectual
o Marcha histórica:
§ Fetichismo como fase comum a toda a Humanidade, seguida pela astrolatria e pelo politeísmo
§ No Ocidente: após a atuação das grandes teocracias (politeísmo conservador) há o desenvolvimento do politeísmo progressista (Grécia e Roma) e pelo monoteísmo
· Tríplice transição ocidental: entre Grécia (desenvolvimento da inteligência), Roma (desenvolvimento da atividade) e Idade Média (desenvolvimento da afetividade)
§ Após a Idade Média: duplo movimento ocidental, cada vez mais anárquico:
· destrutivo: mais rápido, correspondente à corrosão do regime católico-feudal (absoluto, militar)
· construtivo: mais lento, correspondente à constituição da sociedade positiva (relativista), pacífica e industrial
§ Descompasso crescente entre os movimentos: explosão social e política na forma da Revolução Francesa
·
Revoluções prévias:
intelectual (Enciclopedistas); burguesa (fim do Antigo Regime); proletária
(afirmação do problema social); faltaria a feminina
· necessidade de conciliação entre a ordem e o progresso
o Sociologia da ordem: fundada por José de Maistre
o Sociologia do progresso: pelo Marquês de Condorcet
o Contribuição de Augusto Comte: conjugação entre a ordem e o progresso (além do desenvolvimento da reflexão sobre as ciências, sobre o que é a cientificidade, sobre os métodos e o objeto da Sociologia, sobre a aplicabilidade da Sociologia etc.)
· constituição de vários partidos:
o militarista (Bonaparte)
o retrógrado (católico: José de Maistre)
o revolucionário (democrático e clericalista: Rousseau, Robespierre)
o revolucionário (monarquista e anticlericalista: Voltaire)
o construtivo (sociocrático, positivista: Diderot, Danton)
o Etc.
o Análises de conjuntura (v. IV e VI da Filosofia; v. III da Política;
Apelo): análises dos grupos sociais,
suas motivações, suas ações, suas variações históricas
o Sociologia do conhecimento, Sociologia da ciência: v. IV-VI
da Filosofia; v. I-III da Política
- Indivíduo e individualismo:
o Ambigüidade no uso da palavra “indivíduo”: realidade de carne e osso; mônada teológica; agente social
o Como a Sociologia parte do conjunto para as partes, não existem “indivíduos”, apenas seres humanos em sociedades
§ Antepor a análise dos indivíduos à das sociedades resulta em considerar os seres humanos como animais, não como seres humanos
o As “células sociais”, isto é, as menores unidades de análise sociológica são as famílias
o Apesar disso, a sociedade possui agentes: são os indivíduos
o Os “indivíduos” criticados por A. Comte são as elaborações próprias ao individualismo (que rejeita a sociedade e a vida coletiva, em uma busca da satisfação estritamente pessoal), que surgiram na Idade Média teológica e reafirmaram-se na Idade Moderna com a metafísica
o “Consagrar para regular”: indivíduo buscando a satisfação pelo altruísmo
- Religião da Humanidade
o Novo poder espiritual, totalmente humano
§
Aplicação e consolidação
dos princípios anteriores
o
Importância central em
termos morais, intelectuais e afetivos de Clotilde de Vaux
§
Clotilde é a cofundadora
da Religião da Humanidade
o Sistema de educação:
§ Individual e social
§ para a vida toda
§ objetiva e subjetiva
o “Humanidade”
§ “Grão-Ser”
§ real, abstrato, histórico, composto
§ “reencantamento do mundo”
§ “humanização do ser humano”
§
Veneração de uma figura feminina
o Culto: desenvolvimento da moralidade:
§ estímulo do altruísmo e compressão do egoísmo
§ cultos íntimos, privados e públicos
§ cultos abstratos e concretos
§ âmbito da arte
§ “Viver para outrem”
o Dogma:
§ conhecimento útil da realidade
§ baseado na ciência: espírito positivo
§ “Saber para prever a fim de prover”
o Regime:
§ ação positiva sobre o planeta (indústria; ecologismo)
§ “Viver às claras”
§ “Ordem e Progresso”
- Política
o Em termos gerais:
§ pacifismo, antimilitarismo, rejeição normal da violência
§ política humanista, altruísta, racional, histórica, sensível à opinião pública e baseada em evidências e nas liberdades
§ deveres
§ meritocracia com justiça social
§
afirmação da sociedade
civil
o Governo:
§ republicanismo
§ separação dos dois poderes (“laicidade do Estado”)
§ desenvolvimento econômico e social
o Justiça social:
§ incorporação social do proletariado
§ “funcionalismo público”
§ conjugação entre liberdades políticas e econômicas e atuação do governo (crítica ao liberalismo econômico)
§ caráter social da riqueza
§ responsabilidades individuais e coletivas
· noção de deveres: relações mútuas devidas entre indivíduos e grupos entre si
- (Bons) portais sobre Comte e o Positivismo
o Auguste Comte et le Positivisme: http://membres.lycos.fr/clotilde/
o Canal Positivismo: https://www.youtube.com/user/ThePositivism
o Classiques des Sciences Sociales: http://classiques.uqac.ca/classiques/Comte_auguste/comte.html
o Filosofia Social e Positivismo: http://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com/
o Igreja Positivista do Brasil: http://www.igrejapositivistabrasil.org.br/
o Igreja Positivista do Rio Grande do Sul: https://templopositivista.org.br/
o Maison d’Auguste Comte: http://www.augustecomte.org/
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