Mostrando postagens com marcador Humanidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Humanidade. Mostrar todas as postagens

28 maio 2017

David Carneiro e Henrique Batista da Silva Oliveira: Humanidade, bandeira, Aleijadinho

Reproduzo abaixo três pequenos textos de positivistas brasileiros: um do historiador paranaense David Carneiro, sobre a inauguração de uma estátua da Humanidade em Paris, e dois do Contra-Almirante Henrique Batista da Silva Oliveira, sobre a bandeira nacional brasileira e sobre as estátuas de Aleijadinho.

São textos interessantes, embora curtos; eles têm entre 20 e 30 anos e, sem dúvida alguma, valem a pena serem lidos, mesmo que a título de cultura geral.




18 abril 2015

Ateísmo como estado provisório do ser humano

O trecho abaixo, embora seja sumário e apenas comece uma explanação mais demorada, estabelece com clareza dois aspectos centrais do Positivismo e, portanto, da organização humana (social e individual):

(1) o Positivismo não é ateísmo;

(2) a permanência do ateísmo atrapalha, quando não impede, a reorganização mental e social em bases puramente humanas. 

Em outras palavras, a emancipação em relação à teologia é condição necessária, mas é não é nem suficiente nem pode ser o estado permanente do ser humano.

L'entière emancipation théologique devant constituer aujourd'hui une indispensable préparation à l'état pleinement positif, cette condition préalable entraîne souvent des observateurs superficiels à confondre sincèrement ce régime final avec une situation purement négative, qui présentait, même dans le siècle dernier, un caractère vraimente progressif, mais qui désormais dégénère, chez ceux où elle devient vicieusement permanente, en obstacle essentiel à toute véritable organisation sociale et même mentale.


(Auguste Comte, "Discours préliminaire – première partie: esprit fondamental du Positivisme", inSystème de politique positive, v. 1, 1851, p. 46. É possível contextualizar esse trecho no conjunto do livro consultando-os aqui.)

12 janeiro 2015

"A Humanidade", de Eduardo de Sá

A pintura abaixo, em dois formatos diferentes, é de Eduardo de Sá, A Humanidade com o porvir em seus braços (1900), do acervo da Casa de Clotilde de Vaux, em Paris.

Conforme as indicações de Augusto Comte, a Humanidade deve ser u'a mulher na faixa dos 30 anos; geralmente as feições da esposa subjetiva de Comte, Clotilde de Vaux, são utilizadas para tais representações.

As simbologias da imagem são claras: a Humanidade, consistindo do conjunto dos seres humanos convergentes passados, futuros e presentes, protege o futuro. Além disso, a mulher educa as novas gerações, formando o caráter dos seres humanos (altruístas, sintéticos, sinérgicos).




05 fevereiro 2013

Dois artigos sobre Comte: "Sete novas idéias" e "Corpo científico"

Dois artigos sobre Augusto Comte e o Positivismo, lidos recentemente, que apresentam de maneira clara perspectivas interessantes e atuais. São eles:

1) "The seven new thougths of the Positive Polity", escrito pelo positivista britânico John Henry Bridges, publicado em 1915 e disponível no portal Positivists.org (http://positivists.org/40.html). As "sete novas idéias" são: (1) a definição de Humanidade; (2) a proposição do método subjetivo; (3) a teoria cerebral; (4) a Moral como a ciência superior; (5) a sociocracia baseada na separação entre a Igreja e o Estado; (6) a afinidade entre o fetichismo e o Positivismo e (7) a prática social como sendo mais importante que a fé.

2) "Le Corps scientifique selon Auguste Comte", escrito pela pesquisadora francesa Annie Petit em 1990 e disponível aqui. Nele a autora apresenta as diversas concepções de ciência que Augusto Comte teve ao longo da vida, explicando-as em detalhe. Entre inúmeras outras conclusões, a autora demonstra (1) que o Positivismo não é um "cientificismo"; (2) que Comte não propunha um governo dos cientistas; (3) que, exceto em seus escritos de juventude, Comte não atribuía alta moralidade aos cientistas (bem ao contrário, aliás); (4) que a ciência não se justifica por si mesma; (5) que a epistemologia comtiana não é a mesma coisa que a "epistemologia positivista" (como entendida atualmente); (6) que os cientistas não podem ser alheios aos problemas sociais; (7) que a Sociologia e a Moral devem "revisar" as Ciências Naturais.

São dois artigos de pequena extensão, diretos e sistemáticos. Acima de tudo, são muito instrutivos. Vale a pena a leitura.

02 maio 2011

Religião e Positivismo

O Positivismo é uma religião. Mas o que isso quer dizer? No dia-a-dia, a palavra “religião” tem os sentidos de (1) “teologia” e (2) “instituições religiosas”, ou seja, são as crenças nas divindades e/ou as organizações que promovem essas crenças.

Para nós, positivistas, a religião são também as instituições, mas não somente isso; em vez de serem apenas as teologias, a religião é o conjunto de práticas, de instituições, de idéias, de valores que fazem o ser humano conhecer-se cada vez melhor, que o aperfeiçoam. Em outras palavras, para o Positivismo a religião é o esforço moral e intelectual para o ser humano melhorar como indivíduo, como membro de família, como cidadão e como integrante da Humanidade.

A teologia é apenas uma das várias fases da religião e mesmo ela não assume uma única forma: o fetichismo é muito diferente do politeísmo e estes são diferentes do monoteísmo. Nenhuma dessas formas é igual às outras, de modo que não se pode falar que “todas as religiões são iguais” somente porque todas essas modalidades acreditam em seres sobrenaturais. Se há algo em comum a todas as religiões é que elas são meios para um fim: o fim é o “religare” do ser humano, isto é, do ligar cada um a si mesmo e, em seguida, religá-lo aos vários vínculos sociais.

Assim, nós, positivistas, somos religiosos: não acreditamos nos deuses e procuramos melhorar os seres humanos. Isso é religião, não a crença nos deuses.

02 janeiro 2011

1º de janeiro - Festa da Humanidade

A Humanidade

Autor: Eduardo Sá.

Fonte: Auguste Comte et le Positivisme (http://membres.lycos.fr/clotilde/images/humanity.jpg).


O ano novo não é apenas a mudança de ano, alterando um pouco nosso calendário. O dia 1º de janeiro é mais que isso: é o dia da fraternidade universal, a Festa da Humanidade.


O ano novo faz-nos pensar no que fizemos e no que podemos fazer. Conhecendo o passado, preparamos o futuro, ao melhorar o presente.


Assim, desejo um 2011 com paz, justiça e prosperidade: com amor, ordem e progresso.

04 janeiro 2007

Palavras na Festa da Humanidade

Festa da Humanidade

(1º de Moisés – 1º de janeiro)

“Nós cansamo-nos de agir e até de pensar, mas jamais nos cansamos de amar” (Augusto Comte).

O dia 1º de Moisés no calendário positivista concreto, a que corresponde o dia 1º de janeiro no calendário júlio-gregoriano, é a data da festa maior do Positivismo; é quando se comemora a festa da Humanidade.

A Humanidade é o símbolo do Positivismo, é nosso Ser Supremo, é a síntese de nossas aspirações. Esse Ser Supremo, embora seja abstrato, é real; como sabemos, ele é composto pelo conjunto dos seres humanos convergentes do passado, do futuro e do presente. Ou melhor: do passado e do futuro, pois os seres do presente, aqueles que vivem – nós – podemos apenas aspirar a sermos incorporados à Humanidade.

Todos somos servidores da Humanidade: todos contribuímos de alguma forma com o bem-estar moral, intelectual ou material do conjunto da sociedade. Sem dúvida que há diversos indivíduos que vivem apenas para si ou que vivem sem se preocupar com seus irmãos, seus semelhantes; além disso, há aqueles que, ao invés de procurarem melhorar a vida, procuram piorar as coisas, aumentando a miséria, o sofrimento, a dor: nem os primeiros nem os segundos integrarão a Humanidade.

O ser humano tem uma natureza mista, ao mesmo tempo boa e má, ou melhor, egoísta e altruísta. Diferentemente do que dizia São Paulo, o ser humano não é mal por natureza e bom apenas pela graça divina; na verdade, séculos de observação atenta indicaram e demonstraram que o ser humano possui pendores egoístas e pendores altruístas: todos temos que comer, todos temos nossos projetos pessoais e a maior parte das pessoas quer constituir famílias: esses são alguns dos pendores egoístas. Eles são mais ou menos disciplináveis, são mais ou menos passíveis de servirem a objetivos altruístas, mas nem por isso deixam de ser egoístas. O que ocorre é que isso não esgota as potencialidades do ser humano e não nos impede de sermos altruístas, ou seja, de realizarmos ações boas pelo desejo de sermos gentis, educados ou, simplesmente, generosos. A palavra “egoísmo” vem de outra, “ego”, que significa “eu”: egoísmo é preocupar-se consigo mesmo. “Altruísmo” vem de “alter”, “outro”: o altruísmo é preocupar-se com os outros. É claro que não é possível alguém não se preocupar consigo mesmo, pois todos temos que viver, mas isso não quer dizer que nossas vidas esgotem-se em si mesmas, que devamos preocuparmo-nos apenas conosco, em desconsideração com os demais.

Viver é agir, é realizar; mesmo quando não fazemos nada realizamos alguma coisa. Viver em sociedade exige esforços ativos e contínuos; as ações, para realizarem-se, exigem o conhecimento da realidade, o conhecimento de como as coisas são e de como elas podem vir a ser. Devemos sempre sonhar, devemos ter metas e projetos – mas esses projetos, para realizarem-se, devem ser, antes de tudo, possíveis: conhecer a realidade é uma exigência, não um luxo. Da mesma forma, a ação e o conhecimento nunca se dão gratuitamente, pois que são sempre motivados pelos nossos pendores, nossos sonhos, nossos desejos. Daí a importância de desenvolvermos o altruísmo ao máximo e disciplinarmos o egoísmo. Como diz a sabedoria popular, “o amor é a única coisa que aumenta quando é dividida”.

Quando alguém nasce, surge em um mundo que lhe dá tudo: a própria vida, amor, carinho, cultura, língua. É certo que lhe dá também dor, sofrimento, dificuldades de toda ordem: mas o fato é que sozinho não tem nada e qualquer coisa que deseje conseguirá apenas com o apoio dos demais. De modo geral, até a maioridade somos dependentes de nossos pais; a partir dos 18 anos – antes eram 21 – somos responsáveis por nós mesmos e, a partir de certo ponto, por nossas famílias. Ora: até os 18 anos continuamos consumindo, sem repor nada – embora as alegrias domésticas sejam muito grandes! Depois dos 18 anos passamos a retribuir tudo aquilo que recebemos – mas será que em algum momento conseguimos devolver, de verdade, o que recebemos? É difícil. São de fato poucos os que conseguem devolver alguma para os demais. Essa situação de “dívida objetiva” – para com nossos antepassados e também para com nossos contemporâneos – implica que o dedicar nossas vidas para melhorar a vida das outras pessoas, o “viver para outrem” é tanto uma necessidade social como uma regra moral.

Será possível sermos obrigados a sermos altruístas? Será “bom”? Uma escritora francesa do século XIX, cuja vida foi muito dura, dizia que “nada excede aos prazeres da dedicação” e que “não existe nada de real exceto amar”: curiosamente, a ação altruísta traz uma satisfação pessoal que nenhuma ação egoísta produz!

A Humanidade é a nossa verdadeira providência, pois ela dá-nos tudo de que precisamos: afeto, conhecimentos, alimentos. Mas dar tudo não significa fazer qualquer coisa, não significa não obedecer a regras: a Humanidade não é um ser caprichoso e voluntarioso; não é um ser que “escreve certo por linhas tortas”. A Humanidade é um ser verdadeiro, real, que se realiza por meio da ação de seus filhos, dos seres humanos reais; como dizia um poeta do renascimento, “ela é filha de seu próprio filho”. Assim, enquanto existirem seres humanos, existirá a Humanidade, mas cessada a vida humana, a Humanidade deixará também cessará. Sua existência submete-se às leis naturais – da Astronomia, da Física, da Química, da Biologia, da Sociologia, da Moral – como qualquer ser vivo, apenas com a diferença de que a Humanidade mantém-se ao longo do tempo, com os seres humanos.

O mundo – aí incluído, sem dúvida, o Brasil – passa por problemas enormes, cujas dificuldades aumentaram em virtude da chamada “globalização”; o fanatismo, a ignorância, a irresponsabilidade têm aumentado ao extremo nos últimos anos, a serviço de interesses egoístas e mesquinhos, além de seres fantasioso; apenas ações claramente humanas, altruístas e esclarecidas, por meio da ação conjunta, sinérgica, das diversas forças das sociedades, poderão resolvê-los.

Em outras palavras, o ideal supremo é amar, conhecer e servir a Humanidade. Feliz festa da Humanidade!