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07 abril 2022

Curso livre de política positiva: vídeo da 5ª sessão

No dia 5 de abril ocorreu a quinta sessão do Curso livre de política positiva, com transmissão ao vivo no canal do Facebook Apostolado Positivista: Facebook.com/ApostoladoPositivista.

Nessa sessão apresentamos, no âmbito da Sociologia Estática de Augusto Comte, a teoria da linguagem.

O vídeo pode ser visto no canal Positivismo (disponível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=q_dkUU5qxY8) ou no próprio canal Apostolado Positivista (disponível aqui: https://www.facebook.com/ApostoladoPositivista/videos/348766450387303).

A programação completa do Curso pode ser vista aqui.

Além disso, conforme o calendário de comemorações da Igreja Positivista do Brasil, no dia 5 de abril celebramos a memória da cofundadora da Religião da Humanidade, Clotilde de Vaux (1815-1846), na data de sua transformação.

21 julho 2021

Henrique B. S. Oliveira: "Ave Clotilde"

Em 1990 o saudoso Almirante Henrique B. S. Oliveira compôs o hino Ave Clotilde, em homenagem à colocação de um novo busto de Clotilde de Vaux na Capela da Humanidade. Essa Capela fica justamente na antiga residência da santa cofundadora da Religião da Humanidade, na rua Payenne, 5, em Paris, e desde o início do século XX é propriedade da Igreja Positivista do Brasil.

Esse hino baseia-se na Ave Maria de Gounod e deve ser acompanhada por essa música (disponível, por exemplo, aqui). Como se verá, é um poema pequeno e simples, mas muito bonito e tocante. Para que seja possível aproveitar melhor essa composição, logo após a versão original em francês segue-se uma pequena tradução para o português.


*   *   *


Ave Clotilde


Ave Clotilde,

De Comte, douce dame,

Qui éleva tendrement

Son noble couer souffrant.

Sortit des deux, même âme,

Le don, le plus fécond,

D'amour, le plus profond.


Sainte Clotilde,

Par ton altruisme plein,

Accueille dans ton sein

La fleur reconnaissante

D'une prière constante

     Amen


*    *    *


Ave Clotilde


Ave Clotilde,

De Comte, doce dama,

Quem elevou ternamente

Seu nobre coração sofredor.

Saída dos dois, mesma alma,

A dádiva, a mais fecunda,

De amor, o mais profundo.


Santa Clotilde,

Por teu altruísmo pleno,

Acolhe em teu seio

A flor reconhecedora

De uma prece constante

     Amém.

14 abril 2021

Roteiro da exposição sobre o quarto mês dos calendários positivistas (Arquimedes e Filiação)

O vídeo correspondente ao roteiro abaixo encontra-se disponível aqui.


*   *   *


Roteiro da exposição sobre o quarto mês dos calendários positivistas

 

Parte I – Mês concreto: Arquimedes

 


 

-        4º mês do calendário positivista concreto

o   Considerando o ano júlio-gregoriano de 2021, o mês de Arquimedes começa em 26 de março e termina em 22 de abril

o   O quarto mês concreto representa a ciência antiga

§  É o quarto mês da Antigüidade

§  Ele é antecedido por Moisés (a teocracia inicial), Homero (a poesia antiga) e Aristóteles (a filosofia antiga) e seguido pelo derradeiro mês da Antigüidade (César)

-        A respeito do mês de Arquimedes é necessário retomarmos comentários feitos anteriormente, tanto no mês de Homero quanto, principalmente, no de Aristóteles

o   Além disso, no Catecismo há poucas referências a Arquimedes ou à ciência grega; de modo geral, elas estão associadas aos comentários sobre a filosofia grega

-        A ciência foi o terceiro e último ramo intelectual a separar-se da árvore teocrática, após a poesia e a filosofia

o   Os primeiros filósofos gregos têm suas elaborações ainda muito próximos da teologia, utilizando mitos antigos para refletir sobre o mundo, mas, ao mesmo tempo, tendendo à positividade; assim, há um caráter geral metafísico permeando essa filosofia:

§  “Nessa longa elaboração mental [grega], cumpre distinguir três fases desiguais fielmente caracterizadas no quadro concreto [isto é, no calendário positivista concreto]. O movimento começa pela arte de que Homero é o eterno representante. Forçoso era que a poesia, ao mesmo tempo mais independente e mais peada, fosse a primeira a desprender-se do tronco teocrático, de modo a começar a emancipação ocidental. Ela prepara o advento da filosofia que, em princípio esboçada por Tales e Pitágoras, personifica-se enfim no incomparável Aristóteles, por tal forma superior ao seu tempo que só pode ser apreciado na Idade Média. Sob a presidência de sua eterna elaboração, este segundo surto fica assaz caracterizado a ponto de fazer sentir em breve aos verdadeiros pensadores a impossibilidade de ultrapassá-lo sem um longo preâmbulo científico que pudesse desenvolver suficientemente sua primordial base positiva. Então a ciência real, admiravelmente representada por Arquimedes, tornou-se, por sua vez, o objeto principal do gênio grego, cuja aptidão estética e força filosófica se achavam irrevogavelmente exaustas” (Catecismo, p. 412-413)

o   A filosofia grega tem o caráter próprio à filosofia conforme Augusto Comte usa essa expressão, isto é, reflexão geral e sistemática sobre o mundo e o homem

§  Ao mesmo tempo em que os filósofos refletiam sobre o mundo, eles também refletiam sobre o homem, de sorte que eles pensavam em termos ao mesmo tempo cosmológicos e morais: Tales e, ainda mais, Pitágoras e sua escola são totalmente exemplares a esse respeito

§  Vale notar que Tales e Pitágoras, ao mesmo tempo em que eram filósofos, foram também cientistas, sistematizando e levando bastante adiante o conhecimento obtido da teocracia egípcia; deve-se a Tales a primeira lei natural – a lei da soma dos ângulos internos dos triângulos planos

o   A filosofia grega raciocina em termos estáticos, repelindo a dinâmica – desde a Matemática até a Moral –; isso pode ser visto com clareza tanto na filosofia quanto na ciência; assim, no máximo os gregos desenvolveram concepções de ordem, mas não de progresso (para o qual faltava também um longo registro histórico, que permitisse claramente a noção de sucessão)

-        Arquimedes é referido duas vezes nos calendários positivistas:

1)      Sendo o titular do quarto mês do calendário concreto;

2)      Sendo celebrado na primeira semana do oitavo mês do calendário abstrato, dedicada ao politeísmo intelectual (Catecismo, p. 477) à essa semana celebra a batalha de Salamina, isto é, a vitória do gênio grego sobre a teocracia persa, bem como diversos outros nomes além do de Arquimedes: Homero, Ésquilo, Fídias, Tales, Pitágoras, Aristóteles, Hipócrates, Arquimedes, Apolônio, Hiparco

-        O mês e as semanas do mês de Arquimedes correspondem ao seguinte:

o   Arquimedes – reúne o conjunto da ciência antiga, especialmente da Matemática, da Astronomia, da Biologia e de apontamentos históricos

o   Hipócrates – reúne pesquisadores biológicos, anatomistas e médicos (incluindo alguns muçulmanos)

o   Apolônio de Perga – reúne os grandes matemáticos gregos

o   Hiparco – reúne os grandes astrônomos e estudiosos da mecânica celeste (incluindo alguns muçulmanos), em que a Astronomia torna-se uma ciência e não mais meras coleções de cartas celestes

o   Plínio, o Velho – reúne pensadores e cronistas históricos, cujos materiais serão utilizados séculos depois (quando a Sociologia for, enfim, criada); também reúne investigadores (agricultura, arquitetura, geografia) cujas descobertas são passíveis de serem aplicados ao melhoramento da vida

 

Parte II – Mês abstrato: a filiação

-        O quarto mês do calendário positivista abstrato celebra a filiação

o   É o terceiro mês que celebra os laços fundamentais, em número de cinco: casamento, paternidade, filiação, fraternidade e domesticidade

-        A filiação corresponde ao laço que liga no âmbito doméstico os filhos aos pais e às mães, em que se desenvolve e sistematiza a subordinação dos mais novos, dos mais fracos e dos inferiores aos mais antigos, mais fortes e  superiores:

o   Assim, a filiação completa a relação inaugurada pela paternidade e que é sistematizada em termos morais, tanto no âmbito doméstico quanto no cívico, pela fórmula: “dedicação dos fortes pelos fracos, veneração dos fracos para com os fortes”

-        São quatro as modalidades determinadas por nosso mestre na filiação, com as respectivas festas semanais; elas vão das mais completas, fortes e íntimas para as mais incompletas e fracas:

1)      Natural – são os laços completos e por vezes involuntários que ligam os pais aos filhos, mas em todo caso sendo laços de origem biológica

2)      Artificial – os laços criados voluntariamente entre pais e filhos, por meio das adoções

3)      Espiritual – são os laços de apoio principalmente moral, mas também intelectual e artístico

4)      Temporal – são os laços de patrocínio material

 

Parte III – Comemorações de aniversários e feriados cívicos

-        Em termos de aniversários, comemoramos neste mês as seguintes figuras:

o   Clotilde de Vaux (1815-1846) – nascimento e morte (9.Arquimedes – 3.abr.; 11.Arquimedes – 5.abr.)

o   David Carneiro (1904-1990) – nascimento (4.Arquimedes – 29.mar.)

o   Eduardo de Sá (1866-1940) – nascimento (7.Arquimedes – 1º.abr.)

o   Antonin Dubost (1842-1921) – morte (22.Arquimedes – 16.abr.)

o   Dia do Índio (25.Arquimedes – 19.abr.)

o   Dia de Tiradentes (1791) (27.Arquimedes – 21.abr.)

o   Descobrimento do Brasil (1500) (28.Arquimedes – 22.abr.)











 

Referências bibliográficas

Augusto Comte: Sistema de filosofia positiva, Sistema de política positiva, Catecismo positivista, Síntese subjetiva

Frederic Harrison: O novo calendário dos grandes homens

Raimundo Teixeira Mendes: As últimas concepções de Augusto Comte

David Carneiro: História da Humanidade através dos seus grandes tipos

Ângelo Torres: Calendário Filosófico

Comité des travaux historiques et scientifiques: Sociétés savantes de France

20 janeiro 2021

Dois vídeos franceses sobre Augusto Comte

 Eis dois vídeos franceses sobre Augusto Comte:


1) "O jardim de Augusto Comte" ("Le jardin d'Auguste Comte") - é a apresentação em vídeo de uma pequena montagem feita na Casa de Augusto Comte em Paris; foi uma forma simples, simpática e inteligente de embelezar e aproveitar os espaços disponíveis em um museu histórico que está agora (janeiro de 2021) fechado devido à pandemia de covid-19.

A autora da montagem colocou cortinas com fotos de vegetação e de rios, dando a impressão de que a Casa de Augusto Comte está em um jardim... segundo a artista, essa bela imagem contrasta com o aspecto imponente e "urbano" de Paris, assim como também contrastaria com o Positivismo (embora esta última observação seja totalmente errada: Augusto Comte afirmava a importância da preservação da natureza, o respeito aos animais e a necessidade moral de que os templos da Humanidade sejam ladeados por bosques.)


2) Uma apresentação geral da Capela da Humanidade, em Paris: essa apresentação ocorreu no programa televisivo Télématin de 20 de setembro de 2014; a Capela da Humanidade, por seu turno, foi criada pela Igreja Positivista do Brasil em 1904, sob a supervisão direta de Raimundo Teixeira Mendes, que ficou em Paris durante cerca de dois anos, a fim de comprar e reformar o imóvel.

Os apresentadores do programa Télématin são irônicos ao tratarem do Positivismo e cometem vários erros em sua exposição; da mesma forma, o então Presidente da Casa de Augusto Comte, Jean-François Braunstein, não é propriamente respeitoso com a memória de Comte (ou com a de Clotilde de Vaux). Apesar desses sérios problemas, as imagens são interessantes, especialmente porque, sendo um vídeo, não têm o caráter estático das fotografias.

23 setembro 2020

Luís Lagarrigue: "Quadros da Religião da Humanidade (síntese subjetiva)"

 Em 1939 o positivista chileno Luís Lagarrigue (1864-1949) publicou uma pequena edição com vários quadros, tabelas e informações, de caráter sintético e sinóptico, da Religião da Humanidade, isto é, do Positivismo, fundado por Augusto Comte (1798-1857).

Embora em si mesma essa publicação não seja explicativa - ela não tem essa intenção -, ela fornece de maneira resumida e prática vários elementos da Religião da Humanidade, o que é extremamente útil, não há dúvida.

O caráter belamente ortodoxo e pio dessa publicação já se verifica no seu título: Quadros do culto e do dogma da Religião Universal, instituída por Clotilde de Vaux e Augusto Comte.

Essa publicação está disponível aqui.



19 janeiro 2020

19 de janeiro, aniversário de Augusto Comte, o fundador da Religião da Humanidade


No dia 19 de janeiro comemora-se o aniversário de nascimento de Augusto Comte (1798-1857), o fundador da Sociologia, da Moral Positiva, da História das Ciências e, mais importante que isso, da Religião da Humanidade.

Busto de Augusto Comte em frente à Universidade Sorbonne, em Paris.
Abaixo do nome está escrito "Merci par tout!" ("Obrigado por tudo!").

A Religião da Humanidade, ou simplesmente “Positivismo”, é uma religião humana e humanista, que busca harmonizar as várias facetas da natureza humana, entendendo que essa natureza compõe-se de três elementos – os sentimentos, a inteligência e a ação prática –; esses elementos, por sua vez, atuam tanto nos indivíduos quanto na vida coletiva. Assim, os seres humanos são sempre motivados pelos sentimentos, que podem ser altruístas ou egoístas; para viverem, devem conhecer a realidade que os cerca e, a partir disso, agem nas sociedades.

Augusto Comte percebeu que a moralidade humana consiste em agir sempre com vistas ao altruísmo, ou seja, em benefício dos demais, mesmo quando cada indivíduo e cada sociedade tem que satisfazer as suas próprias necessidades particulares. Esse princípio fundamental da moralidade é também o que permite que os seres humanos sejam felizes e, ao mesmo tempo, é o que permite que as concepções que cada um tem da realidade – a filosofia, a ciência – sejam organizadas de maneira racional e coerente. Por fim, todos sabemos que ao longo de nossas vidas enfrentamos inúmeros desafios, que exigem de cada um respostas intelectuais e práticas; como se diz, viver em sociedade não é fácil: a moralidade positiva, baseada na realização do altruísmo, permite que essas dificuldades sejam diminuídas e adequadamente tratadas, minorando os sofrimentos humanos e permitindo o máximo de justiça.

A Religião da Humanidade é uma “religião”: é um sistema de coordenação das concepções e dos comportamentos humanos. Ela não é uma teologia, pois não usa como princípio regulador máximo nenhuma entidade sobrenatural (os deuses); apesar disso, a Religião da Humanidade tem um símbolo maior, que representa os grandes valores humanos, resumidos no amor: é a própria Humanidade, representada por uma moça de cerca de 30 anos tendo em seu colo uma criança... a Humanidade cuidando e preparando, com amor, as gerações futuras.

Eduardo de Sá - A Humanidade

Estátua da Humanidade, Igreja Positivista do Brasil.

A história da humanidade é a grande escola de que dispomos. Graças ao lento acúmulo de pequenas e grandes modificações ocorridas ao longo dos anos, dos séculos, dos milênios, o ser humano pode erguer-se das pequenas famílias que viviam nas cavernas, com medo de tudo, até a grande civilização mundial que busca, cada vez mais, a paz entre todos os povos, o respeito a todas as culturas e todos os grupos, o trabalho digno, a justiça social. Também é graças à historicidade humana que a concepção de uma religião positiva, humana, foi possível, após o desenvolvimento das religiões fetichistas, politeístas e monoteístas: assumindo a liderança do ser humano, a Religião da Humanidade respeita, glorifica e agradece o serviço prestado por essas religiões anteriores. Por fim, também é graças à  historicidade humana que foi possível conhecermos o mundo que nos cerca e a realidade de que fazemos parte – cósmica, social e individual. A própria Religião da Humanidade é um fruto da historicidade do ser humano.

A Religião da Humanidade valoriza profundamente a subjetividade, isto é, os sentimentos, as crenças íntimas. Mas essa subjetividade também tem que ser regulada: o mundo existe objetivamente, com as suas regularidades que não dependem das nossas crenças nem dos nossos sentimentos. Entender que a mais rica subjetividade não pode negar a objetividade das leis naturais também é fonte de felicidade.

O reconhecimento de que a realidade tem seus princípios próprios, que o próprio ser humano tem um funcionamento específico, leva-nos a mais uma das características da Religião da Humanidade, o seu relativismo. O relativismo positivo não significa que “qualquer coisa vale”; ele significa que o ser humano não pode explicar toda a realidade a partir de um único princípio, de um único conceito, que explicaria tudo de uma única vez e sem fosse necessário referir-se a mais nada. Assim, no que Comte chamava de "síntese subjetiva", a Religião da Humanidade abandona e rejeita as concepções absolutas.

A Religião da Humanidade foi criada em 1848 por Augusto Comte sob a influência de sua esposa subjetiva, a sofrida Clotilde de Vaux (1815-1846). Após uma vida de dificuldades e sacrifícios, Augusto Comte apaixonou-se pela jovem Clotilde, cuja vida também se caracterizava por sacrifícios e dificuldades imensos; o apoio de Clotilde às reflexões de Comte permitiram a ele que entendesse profundamente o quanto o amor é poderoso... o amor de Comte por Clotilde permitiu ao filósofo perceber que o verdadeiro fundamento do ser humano, da moralidade real, é mesmo o amor, que é uma outra forma de denominar o altruísmo.

Busto de Clotilde, de Décio Villares.

Retrato de Clotilde, de Etex.

Todas essas concepções belas e reais foram condensadas na profissão de fé de um dos mais ilustres positivistas e mais ilustres cidadãos brasileiros, o Marechal Rondon:

 
Marechal Rondon

Eu Creio:

Que o homem e o mundo são governados por leis naturais.

Que a Ciência integrou o homem ao Universo, alargando a unidade constituída pela mulher, criando, assim, modesta e sublime: simpatia para com todos os seres de quem, como Poverello, se sente irmão.

Que a Ciência, estabelecendo a inateidade do amor, como a do egoísmo, deu ao homem a posse de si mesmo. E os meios de se transformar e de se aperfeiçoar.

Que a Ciência, a Arte e a Indústria hão de transformar a Terra em Paraíso, para todos os homens, sem distinção de raças, crenças,: nações – banido os espectros da guerra, da miséria, da moléstia.

Que ao lado das forças egoístas – a serem reduzidas a meios de conservar o indivíduo e a espécie – existem no coração do homem: tesouros de amor que a vida em sociedade sublimará cada vez mais.

Nas leis da Sociologia, fundada por Augusto Comte, e por que a missão dos intelectuais é, sobretudo, o preparo das massas humanas: desfavorecidas, para que se elevem, para que se possam incorporar à Sociedade.

Que, sendo, incompatíveis às vezes os interesses da Ordem com os do Progresso, cumpre tudo ser resolvido à luz do Amor.

Que a ordem material deve ser mantida, sobretudo, por causa das mulheres, a melhor parte de todas as pátrias e das crianças, as pátrias do futuro.

Que no estado de ansiedade atual, a solução é deixando o pensamento livre como a respiração, promover a Liga Religiosa,: convergindo todos para o Amor, o Bem Comum, postas de lado as divergências que ficarão em cada um como questões de foro íntimo, sem perturbar a esplêndida unidade – que é a verdadeira felicidade.

15 agosto 2019

Máximas de Augusto Comte

Máximas de Augusto Comte

Lista elaborada por C.G. Higginson (1858-?), Presidente da Sociedade Positivista de Manchester
(Fonte: Revue Occidentale, Paris, 2e série, tome VIII, 1893, 2e semestre, p. 306-310; disponível aqui.)

Augusto Comte
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte#/media/Ficheiro:Auguste_Comte.jpg

As siglas adotadas abaixo referem-se às seguintes obras compulsadas de Augusto Comte:
PP: Política positiva (1851-1854)
SS: Síntese subjetiva (1856)
T: Testamento (edição póstuma de 1884)

I
Máximas formuladas por Augusto Comte
  • O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim. (C)
  • Viver para outrem. (C)
  • Família, pátria, Humanidade. (A)
  • Ordem e progresso. (C, A)
  • Viver às claras. (C, A)
  • Agir por afeição e pensar para agir. (C)
  • O homem torna-se cada vez mais religioso. (C)
  • Entre o homem e o mundo é necessária a Humanidade. (A)
  • Para completar as leis são necessárias as vontades. (A)
  • Conciliante de fato, inflexível a princípio. (SS)
  • Reorganizar [a sociedade] sem deus nem rei, por meio do culto sistemático à Humanidade. (D)
  • O homem não tem nenhum direito senão cumprir seu dever. (D)
  • O espírito deve ser servidor do coração, mas jamais seu escravo. (D)
  • O dogma fundamental da subordinação contínua da política à moral [é] o que distingue a sociabilidade moderna. (D)
  • A natureza social da propriedade e a necessidade de regrá-la. (D)
  • Fundar a religião universal sobre a sã filosofia após a ter elaborado a partir da ciência real. (C)
  • O coração apresenta as questões que o espírito resolve. (C)
  • A religião consiste em regrar cada natureza individual e em reunir todas as individualidades. (C)
  • Os vivos são sempre, e cada vez mais, governados necessariamente pelos mortos. (C)
  • Os mais nobres fenômenos são por toda parte subordinados aos mais grosseiros. (C)
  • Para nossas mais altas funções espirituais, como em relação aos nossos atos mais materiais, o mundo exterior serve-nos ao mesmo tempo de alimento, de estimulante e de regulador. (C)
  • O Positivismo, perseguindo sempre o estudo das leis, caminha sem cessar entre duas vias igualmente perigosas, o misticismo que pode penetrar até as causas, e o empirismo que se limita aos fatos. (C)
  • O objetivo contínuo da vida humana [é] a conservação e o aperfeiçoamento do Grande Ser [a Humanidade], que é necessário ao mesmo tempo conhecer, amar e servir. (C)
  • O trabalho humano não pode ser senão gratuito. (C)
  • Saber para prever a fim de prover. (C)
  • Não existe sociedade sem governo. (C)
  • A educação deve sobretudo dispor a viver para outrem, a fim de reviver em outrem para outrem, um ser espontaneamente inclinado a viver para si e em si. (C)
  • O sacerdócio deve renunciar completamente à dominação temporal e mesmo à simples riqueza. (C)
  • Entre dois seres tão complexos e tão diversos como o homem e a mulher, não é suficiente toda a vida para bem se conhecerem e amarem-se dignamente. (C)
  • Quaisquer que possam ser nossos esforços, a mais longa vida bem empregada não nos permitiria nunca de retribuir senão uma porção imperceptível do que recebemos. (C)
  • O progresso não é senão o desenvolvimento da ordem. (C)
  • Devotamento dos fortes em relação aos fracos; veneração dos fracos para com os fortes. (C)
  • Grandes deveres exigem grandes forças.
  • Nossa evolução afetiva consiste sobretudo em tornarmo-nos mais simpáticos. (C)
  • Formar a hipótese mais simples e mais simpática que comporta o conjunto dos dados a representar. (C)
  • Cada entendimento apresenta a sucessão de três estados: fictício, abstrato e positivo. (C, A)
  • A atividade é inicialmente conquistadora, em seguida defensiva e finalmente industrial. (C, A)
  • A sociabilidade é inicialmente doméstica, em seguida cívica e finalmente universal. (C, A)
  • A submissão é a base do aperfeiçoamento. (A, T)
  • Todas as populações atuais aspiram, mais ou menos, a desenvolver o amor universal conforme uma atividade guiada por uma fé demonstrável. (A)
  • Todo o problema humano consiste em constituir a unidade pessoal e social por meio da subordinação contínua do egoísmo ao altruísmo. (A)
  • Ao referir tudo à Humanidade, a unidade torna-se mais completa e mais estável que ao esforçar-se por vincular tudo a deus. (A, T)
  • Ao suscitar a revolução ocidental, o conjunto da Idade Média legou dois problemas inseparáveis: incorporar à sociedade moderna o proletariado espontaneamente surgido; substituir o teologismo irrevogavelmente esgotado pela fé demonstrável (A)
  • Induzir para deduzir a fim de construir. (SS)
  • O amor busca a ordem e conduz ao progresso; a ordem consolida o amor e dirige o progresso; o progresso desenvolve a ordem e conduz de volta ao amor. (T)
  • União, unidade, continuidade. (T)

II
As sete máximas de Clotilde de Vaux (T, p. 99)
  • É indigno dos grandes corações derramar as perturbações que sentem. (Lucie, 7ª carta)
  • Que prazeres podem exceder os da dedicação? (Lucie, 8ª carta)
  • Eu compreendi, melhor que ninguém, a fraqueza de nossa natureza quando ela não é dirigida para um objetivo elevado e que seja inacessível às paixões (T, p. 333)
  • São necessários à nossa espécie, mais que às outras, deveres para fazer sentimentos. (T, p. 374)
  • Não há na vida nada de irrevogável senão a morte. (T, p. 419)
  • Todos temos ainda um pé no ar sobre o limiar da verdade. (T, p. 484)
  • Os maus têm com freqüência maior necessidade de piedade que os bons. (T, p. 537)

Clotilde de Vaux
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte#/media/Ficheiro:Auguste_Comte.jpg

III
Máximas adotadas por Augusto Comte de diferentes autores
  • Toda a seqüência de homens, durante o curso de tantos séculos, deve ser considerada como um mesmo homem que subsiste sempre e que aprende continuamente. (Pascal, Pensamentos, II) (D)
  • Não se destrói senão o que se substitui. (Napoleão III, Obras políticas, II, p. 266 – mas mais Danton) (C, A)
  • Non è l’affezion mia tanta profonda / Che basti a rendir voi grazia per grazia (Dante, Paraíso, IV, 121) (C) (Meu amor não é tão profundo que ele possa conceder-te a graça pela graça.)
  • Amem te plus quam me, nec me nisi propter te. (Tomás de Kempis, Imitação, III, 5) (C) (Possa eu amar-te mais que a mim mesmo e não me amar senão por ti!)
  • Os grandes pensamentos vêm do coração. (Vauvenargues, Pensamentos, 127) (C)
  • A virtude é um esforço sobre si mesmo em favor dos demais. (Duclos, Considerações, V, cap. IV) (C)
  • Nós vamos com um passo mais firme seguindo que conduzindo. (Corneille, Imitação, I, 9) (C)
  • Que é uma grande vida? / Um pensamento da juventude executado na idade madura. Alfred de Vigny (PP)
  • Não há no mundo nada de real senão amar. (Mme. Stael, Delphine, 3ª parte, carta 28) (PP, T, p. 81)
  • Nil actum reputans si quid superesset agendum. (Lucano, Farsália, II, 658; na Política positiva, Comte atribui-a a César) (PP) (Crer que nada está completo se qualquer coisa permanece por fazer.)
  • Homo sum, et nihil humani a me alienum puto. (Terêncio, O punidor, I, I, 25) (A, p. 25) (Eu sou homem e nada de humano é-me estrangeiro.)
  • Non sibi, sed toti genitum se credere mundo. (Lucano, Farsália, II, 383) (A, p. 25) (Não se crer nascido para si mesmo, mas para o universo.)
  • O homem é o único [objeto] digno do estudo do homem. (Pope, Ensaio sobre o homem, II, 2) (essa máxima deveria ser citada na Moral teórica – 13ª carta a R. Congreve

19 janeiro 2017

Dia de Augusto: 19 de janeiro, nascimento de Augusto Comte


Augusto Comte (1798-1857)

No dia 19 de janeiro comemora-se o "Dia de Augusto", ou seja, o nascimento de Augusto Comte (1798-1857). Mais conhecido por ser o criador da disciplina científica dedicada ao estudo da sociedade - isto é, a Sociologia -, a que acessoriamente o levou a criar a História da Ciência, sua importância efetiva deve-se muito mais à criação da disciplina da Moral (a Psicologia Científica e a Pedagogia Positiva) e, a partir disso, da Religião da Humanidade.


A Humanidade, de Eduardo de Sá

A Religião da Humanidade - considerada por Augusto Comte como tendo sido criada também por sua esposa subjetiva, Clotilde de Vaux - afirma a primazia da moral na vida humana, ou seja, do desenvolvimento e do estímulo do altruísmo, que orienta, disciplina e limita o egoísmo; além disso, afirma a necessidade da atividade pacífica contra os diversos tipos de violência. Essas concepções surgem à luz da história da Humanidade e são esclarecidas pelo conhecimento da realidade, ou seja, da ciência.


Clotilde de Vaux, de Décio Villares

Assim, a data de 19 de janeiro é um dia para comemorar-se não apenas o nascimento de um indivíduo  específico, mas, ainda mais, a doutrina e a religião que afirmam o ser humano, a fraternidade, a paz.

Muitos aspectos da Religião da Humanidade são sintetizados nestas frases:


O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim
Viver para os outros.
Viver às claras.
Agir por afeição e pensar para agir.

29 agosto 2016

Opúsculos da Igreja Positivista disponíveis na internet

A Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Unesp - tem uma biblioteca digital. No acervo dessa biblioteca há diversas publicações da Igreja Positivista do Brasil, que indico abaixo, juntamente com os vínculos para acesso aos documentos.

Essa relação apresenta livros de Augusto Comte e também de Raimundo Teixeira Mendes; além deles, há uma obra de Condorcet ("Meios de aprender a contar") e de Clotilde de Vaux (correspondência e obra literária).

Entre os livros de Comte, estão o "Sistema de filosofia positiva" (indicado abaixo como "Cours de philosophie positive"), o "Discurso sobre o conjunto do Positivismo" e o "Discurso sobre o espírito positivo".

Já entre as obras de Teixeira Mendes estão disponíveis os dois volumes da imponente e importante biografia de Benjamin Constant Botelho de Magalhães, fundador da República brasileira.

Comte, Augusto & Vaux, Clotilde. 1916. Clotilde de Vaux, née Marie, et Auguste Comte. Le positivisme, esquisse d'un tableau de la fondation de la religion de l'humanité. Rio de Janeiro: Temple de l'Humanité. Disponível aqui.

Comte, Augusto & Vaux, Clotilde. 1916. Clotilde et Comte, très saints fondateurs de la religion de l'Humanité. Rio de Janeiro: Temple de l'Humanité. Disponível aqui.

Comte, Augusto. 1877. Cours de Philosophie Positive. Paris: J.-R. Baillière. Disponível aqui.

Comte, Augusto. 1896. Testament d’Auguste Comte. Paris: Fonds Typographique. Disponível aqui.

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