Nessa seção, continuei a exposição sobre a Sociologia Dinâmica, abordando em particular, a lei prática dos três estados. Além disso, também fiz referência à data que Augusto Comte indicava como a fundação da Religião da Humanidade (16.5.1845) e ao nascimento de Luís Lagarrigue (16.5.1864).
* * *
Súmula
Sociologia Dinâmica II: a lei dos
três estados da atividade: guerra conquistadora, guerra defensiva, paz
industrial
Roteiro
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Recordação de datas históricas: aniversário de
Luís Lagarrigue (16.5.1864)
-
Recordando alguns elementos da sessão anterior:
as leis dos três estados são leis sociológicas, tanto explicativas quanto
“compreensivas”
o
A formulação final da lei intelectual dos três
estados, afirmando o relativismo, acaba religando de maneira clara o final da
carreira de Augusto Comte com o seu início, quando afirmou que “tudo é
relativo, eis a única verdade absoluta”
-
Sociologia Dinâmica II: a lei dos três estados
da atividade: guerra conquistadora, guerra defensiva, paz industrial
o
A segunda lei dos três estados estipula que as
grandes civilizações e, de maneira mais ampla, a Humanidade passa por três
etapas em suas atividades práticas: as guerras de conquista, as guerras de
defesa e a atividade pacífica e industrial
o
Essa seqüência é ao mesmo tempo lógica e
histórica e é ilustrada de maneira particular no Ocidente pela sucessão Grécia,
Roma, Idade Média, modernidade:
§ As
guerras de conquista estabelecem um território amplo unificado; em seguida, as
guerras de defesa protegem externamente o território conquistado, que,
internamente, busca a paz; por fim, as relações internacionais deixam de lado
as guerras para cederam lugar à paz
§ A
história de Roma chega a ser didática no que se refere à passagem das guerras
de conquista para as guerras de defesa: essa alteração ocorreu justamente
quando a República cedeu lugar ao império; Júlio César foi o grande nome dessa
transição (muito mais que Otávio Augusto)
o
A mudança do padrão de comportamento coletivo,
da guerra para a paz, implica necessariamente mudanças de valores e de
“mentalidades”: a honra cede lugar ao conforto, o trabalho passa a ser
valorizado, a vida passa a ser valorizada, a cooperação substituição a disputa
§ A
escravidão, o militarismo, a violência, o butim cedem lugar ao trabalho livre,
à tolerância, à busca de consenso e de mediação, às trocas e às dádivas
§ Os
exércitos cedem lugar à polícia para a manutenção da ordem pública
o
Estritamente nesse esquema, a guerra tem um
caráter civilizador
§ Com
“caráter civilizador” o que se quer dizer é que, nesse esquema, a guerra
desempenha um papel histórico, ao permitir que o ser humano desenvolva-se e
caminhe para a paz
§ As
guerras de extermínio anteriores (por exemplo, as guerras indígenas) e as
guerras de conquista posteriores (por exemplo, o imperialismo europeu) não
entram nesse esquema
·
As guerras tribais não têm papel civilizador (o
que não significa que não desempenhem nenhum papel cultural e/ou político)
·
As guerras modernas de conquista não colaboram
com a paz nem estimulam o desenvolvimento humano, apenas a violência, o egoísmo
coletivo e a rapacidade
o
No âmbito estritamente nacional, as guerras
apresentam um caráter altruísta e as habilidades próprias à liderança são
facilmente perceptíveis
§ Essas
duas características tornam ambíguas a guerra, especialmente no período moderno
e em comparação com as atividades industriais, em que o caráter altruísta e as
habilidades necessárias para o bom cumprimento das responsabilidades
industriais são menos evidentes
o
De qualquer maneira, vale em relação às
atividades militares e pacíficas a observação geral de Augusto Comte: as
concepções impassíveis de comprovação estão sempre próximas das ordens
indiscutíveis
§ Ou
seja, o absolutismo filosófico está sempre próximo do autoritarismo e da
violência e, inversamente, o relativismo está próximo da tolerância e da
possibilidade pública de discussão